Autoria do Dr. Telmo Diniz
A palavra “chato” possui diferentes significados. Pode se referir a uma superfície plana, que não tem relevo. Pode ser um tipo de parasita, conhecido por ser o piolho das partes íntimas (Pthirus pubis), que causa a pediculose pubiana, etc. Entretanto, hoje, uso o meu texto no sentido de conhecermos um pouco melhor aqueles indivíduos que são incômodos e notadamente inoportunos.
As características bem marcantes da maioria dos chatos é serem inconvenientes, repetitivos, geralmente acham-se os donos da verdade, e muitas das vezes são extremamente irritantes. O chato é uma pessoa que fala, quando deveria escutar. É egoísta, fala de forma compulsiva e só quer propalar assuntos de seu interesse. Sempre acha que ele só tem direitos e nenhum dever. Acha-se autorizado a fazer o que bem entende. É impertinente e não sabe se comportar em nível social. Não percebe que é e está inadequado. A chatice só é percebida pelos outros e não pelo principal interessado.
Os chatos são pessoas que não têm limites claros. Falam muito de perto, são pegajosos, ou seja, pegam o tempo todo no outro, enquanto conversam, pois querem a atenção toda para si. São pessoas que não percebem os limites do próximo, não se dão conta de que está sendo inoportuno, porque o chateado normalmente não sinaliza que não está gostando. E este é um ponto importante a ser observado. Caso você se veja junto a um chato, mostre claramente sua insatisfação.
A voz, os gestos e o modo de relacionar-se dão pistas sobre o grau de importunação dos chatos. Também são, de forma frequente, politicamente incorretos. O chato intelectual quer falar somente de suas ideias e projetos, além de ter uma grande dificuldade em relaxar. A repetição é uma característica e um traço forte dos chatos, podendo até fazer certo paralelo com casos ansiosos e neuróticos, tipo transtorno obsessivo compulsivo (TOC). Poderia sugerir até uma nova nomenclatura para o chato: a “chatice neurótica”.
O chato convicto aprendeu a viver à sua própria maneira e não sabe ser de outra forma. Ele desenvolve um maneirismo e se beneficia disso na medida em que fica acomodado com as situações. Uma marca dos chatos é a afirmação: “Eu sou assim mesmo, e não vou mudar!”. É incrível como o chato sempre quer provar a sua sinceridade, falar da “sua verdade” e, principalmente, provar a sua infinita honestidade. Sempre pensa que o tempo é todo dele e que todos estão à sua disposição para ouvir suas colocações, sem tempo definido. Haja paciência!
Teriam, então, os chatos uma saída terapêutica? Pois bem, eles podem perder empregos, amigos, oportunidades de negócios, vendas, além de vários outros problemas. Muitas vezes, eles não têm a humildade de perceber que estão perdendo para eles mesmos. A ajuda de um bom psicólogo em uma terapia comportamental poderá ser de grande utilidade para fazer o chato entender que deve mudar sua postura e melhorar suas relações interpessoais.
Respondendo: chatos dispostos a fazer terapia podem melhorar sua chatice.
Nota: imagem copiada de nepo.com.br
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Entre meus inúmeros defeitos, eu acho que há um percentual considerável de chatice. É fato que há pessoas que amam minha presença e outros tantos que a evitam. Acredito que o mais chato de tudo é tentar agradar a todos, tarefa impossível de ser realizar. O maravilhoso Oswaldo Montenegro define com maestria diversos tipos de chato . Segue o link e letra .
https://www.youtube.com/watch?v=z7sZTLG8Vtc
Ah, todo chato é bonzinho
nunca nos faz nenhum mal
ah, todo chato é calminho
como se faltasse sal
Ah, todo chato te conta
aonde passou o Natal
E sempre te dá um dica
de onde ir no carnaval
Ah, todo chato cutuca
pra você prestar atenção
chama cabeça de cuca
e arranha um violão
diz que inventou uma música
e toca as seiscentas que fez
e quando você abre a boca e boceja
ele toca tudinho outra vez
Ah, todo chato é gosmento
mas não há como evitar
eu sou um chato e meu Deus não me aguento
só me tacando no mar.
OBS: Muito chato tudo isso que disse ?
Ju
Você não é chato coisíssima alguma… risos. Chatos ou não, todos nós temos pessoas que se alegram com a nossa companhia e outras que nos querem ver pelas costas. O chato que mais me incomoda é o “sabe-tudo”, que não deixa ninguém falar. Com esse tipo eu não tenho paciência. Na primeira oportunidade, eu escapo de sua presença.
Eu não conhecia a canção do Oswaldo Montenegro. Muito legal, mesmo!
Grande abraço,
Lu
LuDias, bom dia!
Para ser honesto, falar o que pensa, não levar desaforos, é ser chato?
Abração
Mário Mendonça
Mário
Isso vai depender do que você fala, como fala e por quanto tempo fala…
O ideal é sempre buscarmos o equilíbrio nas nossas ações, pois, às vezes, a honestidade excessiva pode ser confundida com grosseria.
Abraços,
Lu
Prezada
Então sou chato e grosso.
Abração
Mário Mendonça
Mário
Pelos anos de contato com você, ainda que virtualmente, tenho a certeza absoluta de que sua observação é falsa. Você é uma pessoa afetiva e linda.
Abraços,
Lu
Lu Dias
Tu precisas me conhecer.
Mário Mendonça
Mário
Nem sempre a “fera” é selvagem como se pinta… risos.
Você sempre foi uma pessoa sensível e gentil.
Beijos,
Lu
Este texto me faz lembrar que existem vários tipos de chatos. Eu me identifico com o “chato apaixonado”, aquele chato que sempre quer ter razão no relacionamento, que tem pouca empatia pela realidade do outro e encontra em qualquer motivo pequeno grandes argumentos para discussões que não levam a nada (na verdade as discussões são pretextos para falar e externalizar apenas o ponto de vista do chato). Este tipo de chato adora ser o dono da verdade na relação. Sim, é muito difícil do chato perceber que ele é chato. Se ninguém diz então… Podem correr anos, e ele ainda se achar o “cara maneiro que gosta de dialogar” – um diálogo de um homem só (né?).
Este artigo me faz repensar algumas atitudes minhas diante do meu relacionamento. Talvez seja o caso de eu tentar me conhecer mais, limitar o comportamento e dizer apenas o que é realmente importante dizer.
Redleg
Você pode ser um “chato apaixonado”, mas é também uma pessoa humilde, capaz de apontar seus próprios defeitos. Parabéns!
Num relacionamento, a necessidade de falar sempre de si, denota também certa insegurança por parte do “falador” em relação à pessoa com a qual divide seu amor. Na verdade, ainda que seja através de brigas, ele quer se ver no centro das atenções da companheira, quer que ela ocupe seus pensamentos, colocando-o como a principal referência. Para um observador mais perspicaz fica clara a sua baixa autoestima. Muitos relacionamentos acabam por causa desse tipo de diálogo, que você sabidamente chama de “um diálogo de um homem só”.
Gostei muito do seu comentário.
Grande abraço,
Lu
O artigo é excelente!
Talvez todos possamos, de repente, fazer o papelão do tal “chato”. O texto leva-nos a fazer uma reflexão sobre este tema, que pode melhorar e muito a nossa vida. O difícil, em todos nós, sem exceção, é entender o “nosce te ipsum”(conheça-te a ti mesmo).
Sócrates é atribuída aceitação, que restou na história e na filosofia, que nos leva a refletir sempre sobre o nosso interior, a grande dificuldade de entendermos o que somos. Isto é demasiadamente difícil. Há uma barreira tremenda: o ego, que tem como frutos a vaidade, a soberba, o orgulho. O ego é o outro eu que defende o que somos externamente e não deixa que possamos nos avaliar corretamente, de uma forma mais eficaz, para que possamos modificar nosso comportamento.
Imagine uma pessoa inconveniente, que age de uma forma insuportável com os que a rodeiam, mas que tem, como todos, a grande dificuldade de conhecer a a si própria. O que sou, na verdade? Sou um chato!? Como reconhecer que estamos agindo de uma forma grosseira, penalizando aqueles com quem nos relacionamos?
O ego traz-nos a dificuldade de reconhecer nossos defeitos, o que leva as pessoas a não entenderem a gravidade do seu agir.
Poucos são aqueles que percebem seus erros, suas imperfeições. Ora, somos humanos e podemos, é claro, ser “chatos” querendo impor nossos pontos de vista e tentar fazer o mundo rodar ao nosso redor, como se todas as razões do mundo estivessem conosco. Precisamos ser educados, acima de tudo, para entender que a humildade é a saída para nossas falhas e imperfeições. E está, acredito, nos exemplos de humildade, a correção de nossos defeitos. Para haver uma boa convivência com nosso próximo, talvez o ensinamento de Sêneca seja eficaz, quando asseverou:
“Longo é o caminho ensinado pela teoria; curto e eficaz o do exemplo.”
Edward
Concordo plenamente consigo. O seu comentário é uma aula de sensatez, além de mostrar os caminhos a serem seguidos para nos tornarmos pessoas boas. Não resta dúvida de que a humildade é mais importante deles.
Abraços,
Lu