Autoria do Dr. Telmo Diniz
O termo “burnout”, em melhor tradução livre, seria algo como “consumido pelo fogo”. É uma síndrome que compreende uma condição de estresse ligada intimamente ao trabalho da pessoa. Sua principal característica é o estado de tensão emocional e estresse crônico, provocados por condições de trabalho desgastantes. A pessoa vai literalmente sendo consumida e suas forças vão se exaurindo aos poucos, dia após dia.
A síndrome é muito mais prevalente em pessoas cuja profissão exige envolvimento interpessoal direto e intenso, como entre profissionais das áreas de educação (professores), saúde (médicos, enfermeiros, cuidadores de idosos), assistência social, líderes religiosos, área de recursos humanos, agentes penitenciários, bombeiros e policiais. Caso sua profissão seja lidar diuturnamente com o ser humano, mantendo contato próximo com outros indivíduos, é um potencial candidato de, mais cedo ou mais tarde, vir a desenvolver alguns sintomas desta síndrome.
O indivíduo que “experimenta” a Síndrome de Burnout pode apresentar:
- fadiga constante,
- distúrbios de sono,
- dores musculares,
- dores de cabeça e enxaquecas,
- problemas gastrointestinais, respiratórios e cardiovasculares.
Em mulheres, as alterações no ciclo menstrual são comuns. Sintomas psicológicos também estão presentes, como:
- dificuldade de concentração,
- lentificação do pensamento,
- sentimentos negativos sobre o viver e trabalhar,
- impaciência,
- irritabilidade,
- baixa autoestima,
- desconfiança,
- depressão,
- e, em alguns casos, até paranoia.
Geralmente, com toda esta sobrecarga emocional, a pessoa passa a negligenciar suas obrigações, fica mais agressiva nas relações e perde a capacidade de relaxar. Além disso, tende ao isolamento, perde interesse pelo trabalho e em outras atividades que antes eram prazerosas.
As causas da Síndrome de Burnout compreendem um quadro multidimensional de fatores individuais e ambientais, que estão ligadas a uma percepção de desvalorização profissional. O ambiente de trabalho e as condições de realização deste podem também determinar o adoecimento ou não do sujeito. Esta síndrome vai além do estresse comum. É um misto de estresse e depressão, no qual o tema trabalho é a constante principal. Trata-se de uma doença ocupacional, portanto.
É sempre importante ressaltar a relevância de um diagnóstico correto, para que não se cometam erros, como a confusão entre a Síndrome de Burnout e a depressão. A primeira tem vários sintomas de depressão, que estão diretamente ligados e relacionados com o trabalho da pessoa. Portanto, o tratamento passa pelo uso de medicações como antidepressivos e ansiolíticos, além de abordagem psicoterapêutica, em que o profissional irá trabalhar com o paciente uma ressignificação do seu cotidiano e mudança de hábitos de vida, incluindo aí exercícios físicos e atividades de relaxamento. Tenho o costume de perguntar aos pacientes se seu trabalho é um meio de vida ou de morte? Pense nisso!
Nota: ilustra o texto uma pintura de Edvard Munch
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Lu
Fui diagnosticada com síndrome do pânico, mas me encaixo demais nas descrições desta Síndrome de Burnout. Passei os piores 4 meses da minha vida no último semestre letivo. Sou professora universitária e a pressão e auto cobrança acabaram comigo. Já estou tratando há 4 meses com ESC. Comecei com 10 mg, fui pra 15 e agora estou com 20 mg. Sinto que voltei a viver. A oração foi essencial para minha recuperação. Uma hora destas quero fazer um relato do que passei, pois quem sabe, pode ajudar alguém. Eu era extremamente resistente e preconceituosa a remédios psiquiátricos e vejo que muitas pessoas relutam em pedir ajuda por este motivo.
Grande Abraço.
Lu Silva
Seja bem-vinda a este espaço. Sinta-se em família.
Amiguinha, a depressão, a Síndrome do Pânico e a Síndrome de Burnout são bem parecidas em seus sintomas. Somente um profissional com grande conhecimento na área é capaz de diferenciá-las. Como você é professora, uns dos profissinais mais “escolhidos” por tal síndrome, a avaliação fica mais fácil. Sempre acho que a Síndrome do Pânico é uma consequência de algo mais sério. Quanto à Síndrome de Burnout, ela é também tratada com antidepressivos. Ainda assim, não deixe de ter uma conversa com seu psiquiatra a respeito.
Será um prazer receber o seu relato que, com certeza, irá ajudar muitas pessoas.
Abraços,
Lu
Lu,
Este artigo é muito esclarecedor.
Como professor, tenho assistido inúmeros colegas de profissão enfrentando momentos difíceis no cotidiano, principalmente devido aos problemas com a saúde. A Síndrome de Burnout pode explicar estes fatores e aqui, tão bem colocados, o tratamento vai além de medicação, torna-ser necessário uma mudança de postura, atividades físicas, etc.
Nossa profissão de professor é muito importante, deve ser uma janela para a vida, sempre!!! E por isso precisamos cuidar da saúde!!!
Um grande abraço,
Luiz Cruz
Luiz
Não tem sido fácil a vida dos professores em nosso país. Além da desvalorização financeira ainda não tem o respeito dos alunos, em suma, da sociedade. Pesquisas mostram que se trata de uma categoria com sérios problemas de saúde em razão do trabalho. A continuar assim, tornar-se-á uma classe em extinção.
Abraços,
Lu
Boa-noite, Lu!
Havia comentado no outro post sobre o remédio oxolato de escitalopram e sobre o fato de ter sido diagnosticada com essa síndrome de burnout. Creio que não seja só o trabalho, mas a vida em si que anda nos desgastando. Eu trabalho há quase 3 anos em um “call-center”, e claro que é estressante, mas não ao ponto de me paralisar. Sempre gostei de trabalhar lá, mas estou no penúltimo semestre da faculdade, e na primeira aula sobre o TCC, à noite, eu acordei de madrugada apavorada, logo após vieram tantas preocupações, eu sempre sofri com a famosa ansiedade. Comecei a passar várias noites sem dormir, sofrendo por antecipações. Chega uma hora em que o corpo e a mente não aguentam, ou seja o meu trabalho era algo de que eu gostava, mas estou indo por obrigação, devido ao cansaço em que me encontro.
Sinto muitas dores de cabeça e outros sintomas, por isso corri ao psiquiatra, porque realmente estava precisando de ajuda. Estou tendo várias reações com o remédio, o ESC de 10 mg, e parece que piorei, quando comecei a ingeri-lo, mais ansiosa, mais sono, formigamento na cabeça, uma moleza, sem ânimo pra viver, enfim, amanhã vou a uma psicóloga, e espero que as coisas melhorem. Sinto-me muito aberta por aqui, por isso que desabafei. Obrigada pelo o carinho que você tem com todas as pessoas!
Um bom restinho de feriado, beijos!
Sandra
Os sintomas da depressão e da Síndrome de Burnout são muito parecidos, o que deve levar a muitos diagnósticos errados. Pelo que me diz, imagino que seu caso esteja mais para estafa, em razão do período apertado pelo qual está passando, uma vez que gosta de seu trabalho.Você escreveu:
“Chega uma hora em que o corpo e a mente não aguentam, ou seja o meu trabalho era algo de que eu gostava, mas estou indo por obrigação, devido ao cansaço em que me encontro.”
Esta é a explicação das pessoas com estresse ou estafa. O ideal é que conseguisse alguns dias de licença, para repor suas energias. Quanto ao oxalato de escitalopram, não me lembro mais da data em que começou a tomá-lo. As reações adversas podem estar dentro do esperado, passando depois de um determinado tempo. Na fase inicial é muito comum as pessoas ficarem piores do que se encontravam antes. Se já tiver passado dos 30 dias, aconselho-a a voltar ao seu psiquiatra, pois somente ele poderá fazer alteração na dosagem do medicamento, ou até mesmo mudar para outro.
Amiguinha, quando a vida passa a desgastar-nos, faz-se necessário uma análise mais profunda, para encontrarmos aquilo que está nos fazendo mal, a fim de eliminarmos. Não resta dúvida de que estudar e trabalhar não é fácil, e muitos estudantes chegam ao fim do curso como você está se sentindo agora. Mas somente os “filhinhos de papai” dão-se ao luxo de apenas estudar. O bom, minha querida, é que você se encontra no penúltimo semestre da faculdade, logo terá ser superado tudo isso. Lembre-se de que tudo na vida passa. E venha aqui desabafar quantas vezes sentir vontade.
Abraços,
Lu
Prezada Lu Dias
Esclarecedor, acho que é isso!
Abração
Mário Mendonça
Mário
Você, que trabalha em banco, pode ser uma vítima dessa síndrome. Todo cuidado é pouco.
Abraços,
Lu
Mais um excelente texto do Dr. Telmo, que explica, em linguagem acessível, a diferença entre a doença situada em 5º lugar, como a que mais atinge a população mundial – a depressão – com início de estudos por volta de 1920, e a síndrome de burnout, que teve avaliação diferenciada bem mais tarde,na década de 70, tida como a doença dos “sobrecarregados”, dos extremamente exigentes, dos que se dedicam de corpo e alma ao trabalho. Há diferenças, esclarecidas no textos entre as duas. Ambas carentes de tratamentos médicos, uso de medicação e capacidade do médico em avaliá-la, pois o termo depressão acabou se instalando em nosso cotidiano e vocabulário, como se fosse uma gripe, que cada um está passível de contrair. Não, depressão não se contrai! Nascemos com ela, por fatores genéticos, ou a conquistamos pelo caminho em nossa jornada diária e nosso despreparo para situações que acontecem, mas para as quais não estamos preparados, ou, melhor, não sabemos como trabalhar para removê-la, apaziguá-la ou não cair nas garras da fulana definitivamente.
A moderna doença, que nem é moderna coisa alguma, apenas vista como distúrbio há pouco tempo, considerando quantos não foram tidos como loucos, endiabrados, preguiçosos e com certeza viram no suicídio o remédio ideal, ainda causa confusão. Ela é ampla, abrangente, complexa e tornou-se grave à medida em que a humanidade foi-se destacando em funções, descobertas, índices de progresso e que tais. Poucos se ligam que no trabalho, na competitividade, na busca pela perfeição e melhores postos, estão correndo ao abraço do sinal de pare! A pergunta aos pacientes se o trabalho é um meio de vida ou de morte é sinal de interesse por eles. Diferem em causa,mesmo que caminhem para o mesmo doloroso ritual de perder-se o sentido da vida.
Confesso que sou vítima – em grau pequeníssimo hoje – da primeira, considerada dentro da medicina como DDM ou Distúrbio Depressivo Maior (parece que a sigla está errada, mas está correta), mas tive o agravamento na busca pela perfeição. O trabalho foi meu lado pulsante, o que movia minha vida e conseguia mostrar-me que eu estava acima dos demais. Resultado: o que já era latente, extrapolou a média aceitável. E garanto, não é bom, nem bonito, tampouco leva a algo bom. O que seria a fonte de renda, ao final, foi o que secou a clara sensação de poder tudo! Ninguém pode! Doença afasta amigos, tira-nos do trabalho e, portanto, se há como evitá-la, que seja feito. Não tomei as devidas medidas e me vi numa apavorante e crucial necessidade de parar. Parei e parando, nem assim refleti. Foi aos poucos, depois, que tomei consciência de que uma não é a outra. Elas se mesclam, dando-nos a falsa impressão de que é só o estresse que nos derruba, Quando percebemos, aliado ao estresse, estamos engolindo as benditas pílulas, gotas e perdendo o sono, o rumo, o prazer. Portanto, se você age como se o trabalho fosse a coisa mais importante da vida, reflita e se dê-se o direito de trabalhar só pelo prazer, ou necessidade, jamais para competir consigo mesmo. Fiz o errado e garanto, o estrago foi grande!
Miss Celi
Mais uma vez você nos brinda com um excelente comentário que, na verdade, trata-se de um complemento ao texto em evidência, colocando-o como parte real de sua vivência, e não como hipótese. Que sirva de lição para todos nós.
Abraços,
Lu