Autoria de Lu Dias Carvalho
O pintor Guido Cagnacci (1601 – 1663) aprendeu pintura em Bolonha, provavelmente com Ludovico Carraci ou com algum pintor de seu círculo. Manteve contato com os pintores Guercino, Guido Reni e Simon Vouet. Inicialmente, suas pinturas estavam mais voltadas para os temas devocionais, vindo depois a dedicar-se às pinturas de salão, em que retratava mulheres semidespidas e sensuais, da cintura para cima, dentre elas podem ser citadas Lucrécia, Cleópatra e Maria Madalena, responsáveis por sua fama. Trabalhou para a corte de Leopold I, em Viena. Ali pintou sua obra mais importante: A Morte de Cleópatra, que se encontra no Museu Kunsthistorisches, em Viana, em que a rainha egípcia morre rodeada por suas servas, diferentemente da versão descrita abaixo, tendo sido pintada antes desta. O artista pertenceu ao período do Barroco tardio, sendo suas obras caracterizadas pelo uso do claro-escuro, além de uma forte sensualidade.
A composição A Morte de Cleópatra, um dos temas mais populares no século XVII, apresenta o suicídio da rainha egípcia, mordida por uma cobra, ao tomar conhecimento de que seu amado Marco Antônio morrera numa batalha. Assim como acontece com outros nus femininos do artista, a figura de Cleópatra repassa uma fisicalidade e sensualidade perturbadora, sem nenhuma parcela de idealização ou vulgaridade. Seu corpo físico, nu da cintura para cima, mostra-se sensual e extremamente real, como se sua morte fosse um descanso. Pressupõe-se que a modelo desta pintura seja a amante do artista.
A serpente, responsável pela morte da rainha egípcia, que em outras pinturas ganhou um espaço maior como protagonista da história, na pintura de Guido Cagnacci é diminuta, elevando-se de um dos braços da cadeira, sob o peso do braço direito da rainha Cleópatra. Ao minimizá-la, o artista tinha como objetivo levar o observador a concentrar-se no corpo da rainha suicida. Para o mesmo fim contribui o fundo liso da pintura, dando destaque à rainha egípcia em sua cadeira de espaldar vermelho.
A cabeça de Cleópatra descansa no couro vermelho de sua imponente cadeira, decorada com botões de ouro. Seus olhos semiabertos mostram que se encontra a caminho da incosnciência que a conduz à morte. Seus cabelos doirados, alcançando os ombros, caem em cachos por suas costas. Os pequenos e hirtos seios apontam para frente. Seu rosto não expressa sofrimento, mas, sim, uma profunda tranquilidade, como se se encontrasse dormindo. Apenas as mãos mostram-se lânguidas.
Segundo os estudiosos da arte, este quadro de Guido Cagnacci recebeu influência da obra de Guido Reni, através da convivência entre ambos, assim como dos mestres da escola bolonhesa, e do contato do pintor com as obras de Caravaggio, durante sua estadia em Roma.
Nota: em seu livro denominado “A Morte de Cleópatra”, o escritor Christoph Schäfer, que fez inúmeras pesquisas sobre o tema, revela que é improvável que a rainha egípicia tenha morrido ao ser picada por uma cobra. Acridita ele que seu óbito deveu-se a uma combinação de drogas: ópio, cicuta, etc, o que levaria à morte indolor, apregoada pela história.
Ficha técnica
Ano: c. 1660
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 120 x 158 cm
Localização: Museu de Brera, Milão, Itália
Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://mydailyartdisplay.wordpress.com/2011/04/24/the-death-of-cleopatra-by-guido-cagnacci/
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Lu
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