Autoria de Danilo Vilela Prado
Em momentos de dificuldade, o sofrimento conduz naturalmente as pessoas a procurarem o contato com Deus. Quase todos nós, quando passamos por dificuldades graves, fortalecemos a nossa crença em um ser superior que possa aliviar o fardo que carregamos. O receio de perder a vida provoca transformações profundas no ser humano, porque ninguém quer deixar este mundo. Transformações ocorrem entre os aflitos, porque há anseios de purificação da alma, na tentativa de evitar o pior. Nessas situações, o perdão dos erros é buscado com mais intensidade, com a finalidade de reverter a desgraça.
Quando estamos desesperados, ficamos perdidos em meio a um turbilhão de pensamentos desconexos. O medo se apodera de nós, retirando-nos a capacidade de concentração. É um estado de caos que precisa ser revertido para que possamos estabelecer o contato com Deus. Para agravar ainda mais a situação, muitos se sentem castigados pelo fato ruim que lhes acontece. Ao ter diagnóstico de câncer, por exemplo, é comum que as pessoas tenham a impressão de que estão pagando por erros cometidos. A sensação de culpa muitas vezes é forte e causa dor. O sentimento do que é certo ou errado, se existe culpa ou não, é praticamente impossível de descobrir. Então, é preciso exercitar o autoperdão para nos livrarmos da culpa e recuperarmos a serenidade para entrar em contato com Deus.
Não existe uma lógica quando somos abatidos por infortúnios. Em vários casos, tentar descobrir as causas normalmente é perda de tempo e não trará resultados positivos. Crianças recém-nascidas manifestam doenças gravíssimas, mesmo não tendo cometido erros. Por isso, estabelecer relações de causa e efeito em determinados acontecimentos pode não ajudar. Mas como sentir a sensação de que Deus irá aliviar quaisquer sofrimentos? A aproximação Dele acontece por força da fé, da esperança de que nossas dores serão passageiras. Não existe uma fórmula única para que nos aproximemos de Deus, mas é sempre possível, por meio de orações, rituais e correntes de energia formada por grupos de pessoas, termos a certeza de que estamos mais próximos de sua bondade.
O diálogo interior de uma pessoa em dificuldades poderia ser assim:
“Reconheço e aceito que estou doente. Entre os mistérios que não posso desvendar está este momento de dor e apreensão. Sei que errei, falhei muitas vezes com as pessoas, causei sofrimentos, seja consciente ou inconscientemente. Farei tudo o que puder para reverter as situações em que agi errado. Não posso ficar me culpando e recriminando pelos atos cometidos. Por isso, tenho o firme propósito de mudar meu comportamento, para me tornar uma pessoa melhor e ajudar aqueles que precisam de apoio e solidariedade.
Aceito a minha condição de ser humano imperfeito, mas que tenta acertar e contribuir para melhorar este mundo. Peço a Deus sabedoria, compreensão e forças necessárias para superar esses momentos de intensa dor. Que minhas energias, com a ajuda de Deus, se transformem no poder de curar. Terei disciplina suficiente para manter o otimismo, mesmo nos momentos mais difíceis, pois sei que a bondade de Deus é.”
As palavras acima são poderosas porque representam o ato de alguém em dificuldade, que está lutando bravamente para vencer a fase difícil. Alguns contratos íntimos são firmados nessas situações: a) aceitar a dificuldade; b) compreender a própria imperfeição; c) admitir erros; d) exercitar o autoperdão; e) firmar a intenção de mudar com o fim de ser melhor; f) tentar a aproximação com Deus.
Todas as vezes que o nosso espírito e mente se unem com o objetivo firme de mudanças, iremos alterar a nossa condição. Os resultados podem ser rápidos ou mais demorados. O certo é que todas as pessoas, que tentam com fé, obtêm resultados positivos. Precisamos ter a coragem de enfrentar a nós mesmos nesses momentos difíceis, reconhecendo nossas fraquezas, mas sempre bem intencionados no objetivo a que nos propomos. Dessa forma, seremos ajudados e nos aproximaremos ainda mais de Deus e de sua bondade infinita.
Nota: São Pedro em Lágrimas, obra do artista espanhol El Greco
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Obrigado pelo elogio, Lu!
Todas as religiões são boas, porque pregam a bondade e a compaixão, a exceção daquelas que praticam a magia negra. Por terem bons princípios e propósitos religiosos, as pessoas deveriam ser mais tolerantes com as religiões dos demais praticantes. Infelizmente não é isso que está acontecendo. O radicalismo religioso é motivo de notícias diárias na imprensa. Deus, nesse caso, fica em segundo plano, pois os interesses religiosos pessoais se sobrepõem à crença em Deus. Mas não há como deixar de reconhecer o papel transformador das religiões nas sociedades e para o ser humano. É muito maior o número de pessoas que seguem os preceitos religiosos e creem em Deus. Dessa forma, nosso planeta fica mais agradável, apesar das exceções.
Forte abraço,
Danilo
Danilo
Parabéns pelo seu belo texto!
Todas as religiões apregoam que o sofrimento tem como meta trabalhar o coração do ser humano. É fato que alguns sofrem muito mais que outros. O mais doído, porém, é quando nós nos tornamos responsáveis pela dor do outro, ou a ignoramos, ou somos omissos em relação a ela. E assim nos distanciamos ainda mais desse ser infinito que deveria morar em nosso coração.
Preocupa-me o fato de ver que as pessoas preocupam-se cada vez mais consigo mesmas, só buscando essa vivência com Deus para tratarem de si mesmas, ou seja, quando o sapato aperta o próprio pé. Penso que “Todas as vezes que o nosso espírito e mente se unem com o objetivo firme de mudanças, iremos alterar a nossa condição.”, e essa alteração será ainda mais profunda quando nos voltarmos, também, para a dor do outro.
Abraços,
Lu