Mantegna – JUDITE E HOLOFERNES

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Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição intitulada Judite e Holofernes ou Judite com a Cabeça de Holofernes já figurou na coleção do Rei Charles I da Inglaterra, como sendo um trabalho de Rafael Sanzio, mas é na verdade uma obra do pintor italiano Andrea Mantegna. Só foi reconhecida como trabalho de Mantegna em 1918, o que foi confirmado depois pelos peritos do artista. Mantegna nutria grande predileção por este tema. A temática, tirada dos livros apócrifos da Bíblia, e que traz a idealização de uma mulher judia que decapitou um homem poderoso e mau, foi muito usada  na arte renascentista por diversos pintores.

A cena, simples e clara, acontece dentro de uma tenda aberta, que é o abrigo do general Holofernes em campanha. Ali se encontram Judite, sua serva e o corpo sem vida do general babilônico sobre uma cama, do qual só se vê o pé direito, mas o bastante para contar toda a história. A heroína aproveita-se da embriaguez do inimigo de seu povo para decapitá-lo. Durante o Renascimento, Judite passou a simbolizar a virtude cívica da intolerância à tirania, quando o bem triunfa sobre o mal.

Judite, com o olhar voltado para fora da tenda com suas abas abertas em forma de cortina, traz na mão direita a cabeça de Holofernes e na esquerda a espada com a qual o decapitou. Ela não repassa nenhum tipo de emoção, mostrando-se calma, ciente do que acabara de fazer. Uma criada, visivelmente aturdida diante da cena aterradora, abre um saco para que ali seja colocada a cabeça que sua senhora ainda segura pelos cabelos. O pé visto na cama leva o observador a imaginar um corpo ali estendido, não sendo necessário mais do que isto.

A heroína é retratada de pé, como se fosse uma estátua clássica, como mostra a postura de seu corpo, num contraponto tortuoso mostrando a influência do escultor Donatello sobre o artista. Ela usa uma túnica branca, drapeada, como as vistas nas estátuas clássicas, envolta por um manto azul que deixa seu colo, ombro e braço esquerdos a descoberto. Apenas parte de suas sandálias exóticas está à vista. Seus cabelos cacheados caem-lhe pela testa e costas. Chamam a atenção a perícia e criatividade do artista na feitura do turbante branco da criada.

O painel possui cores brilhantes e variadas. O contraste entre o vermelho do manto da criada e o amarelo de sua túnica, cores que se fortalecem com o fundo escuro da tenda rosa e do céu noturno, é típico do artista. O piso da tenda é feito de lajes de pedra, estando algumas  bem desalinhadas, e terra.

Ficha técnica
Ano: c.1495/1500
Técnica: painel
Dimensões: 30 x 18 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://www.nga.gov/content/ngaweb/Collection/art-object-page.1181.html

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