Por Cristiane Bomfim*
A Covid-19 é uma doença nova e, por isso, temos poucas informações sobre ela. Não se sabe ao certo qual o melhor tratamento, quais os impactos dela na saúde, na economia e no nosso dia a dia. Essas questões geram ansiedade, que é aquela apreensão por algo que vai acontecer, mas que não sabemos como lidar. Em excesso, ela compromete a saúde mental. (Alfredo Maluf, psiquiatra do Hospital Israelita Albert Einstein)
Isolamento social por, no mínimo, 14 dias. Shows e eventos cancelados. Comércios, restaurantes, bares e parques com portas cerradas. Cinemas e teatros com atividades suspensas. Escolas sem alunos. Voos suspensos ou cancelados e viagens adiadas. As ações para conter a propagação do novo coronavírus anunciadas nos últimos dias estão mexendo com a rotina e a cabeça do brasileiro. As preocupações ultrapassaram a transmissão da doença e os cuidados com a saúde. Agora elas têm também viés social e econômico: como ficar em casa tanto tempo recluso? Como não trabalhar durante um tempo indeterminado? Como ajudar quem está com a Covid-19 sem correr risco? Como minimizar os riscos de endividamento do negócio próprio e do desemprego? O que fazer com as crianças em casa por tanto tempo? E como conter a saudade dos amigos e familiares? Como será o mundo depois que esta pandemia passar?
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a pressão psicológica e o estresse causado pela pandemia do novo coronavírus podem agravar ou gerar problemas mentais. Para orientar a população sobre como lidar com uma situação de estresse atípico, como a vivida atualmente, o Departamento de Saúde Mental da OMS produziu um guia de saúde mental para a pandemia. O material está disponível no site da Organização das Nações Unidas (ONU) com dicas para população geral, pessoas em isolamento, crianças e idosos.
“O novo coronavírus é uma preocupação real. Mas é importante lembrar que o excesso de preocupação impede que providências pontuais sejam tomadas e causam sintomas como insônia, mal-estar, cansaço, pensamentos catastróficos. As decisões devem ser tomadas seguindo uma sequência de necessidades”, diz Maluf. Segundo ele, o primeiro passo em busca da saúde mental é “ter noção do que está acontecendo com base em informações sérias e o entendimento de que não conseguiremos resolver todas as questões, que há mudanças que dependem de decisões governamentais, por exemplo”.
População em geral
- Reduza a leitura ou o contato com notícias que podem causar ansiedade ou estresse. Busque informação apenas de fontes fidedignas e dê passos práticos para preparar seus planos, proteger-se e a sua família. Procure informações e atualizações uma ou duas vezes. A enxurrada de notícias sobre o assunto pode levar qualquer pessoa à preocupação. Informe-se com os fatos e não os boatos ou as informações erradas.
- Não existe nenhuma relação da doença com uma etnia ou nacionalidade. Demonstre empatia com todos os afetados em qualquer país. As pessoas infectadas não fizeram nada errado e merecem nosso apoio, compaixão e gentileza.
- Não se refira às pessoas com a doença como “casos de covid-19”, “vítimas”, “adoentados” ou termos similares. Eles são “pessoas com Covid-19 ou que estão em tratamento, ou se recuperando”. Depois de recuperados, eles continuarão a vida normal em família, no trabalho e com amigos. É importante reduzir o estigma.
- Proteja a si próprio e apoie os outros ajudando-os em seus momentos de necessidade. A assistência a outros em seu momento de carência pode ajudar a quem recebe o apoio como a quem dá o auxílio. Um exemplo: telefone para seus vizinhos ou pessoas em sua comunidade que precisam de assistência extra. Atuando juntos como uma comunidade pode ajudar a criar solidariedade e a enfrentar a Covid-19 em união.
- Crie oportunidades para ampliar histórias e imagens positivas e úteis de pessoas na sua área que tiveram a Covid-19. Por exemplo: experiências de pessoas que se recuperaram da doença ou que apoiaram um ente querido e estão dispostas a contar como foi.
- Homenageie e aprecie o trabalho dos cuidadores e dos agentes de saúde que estão apoiando os afetados pelo novo coronavírus em sua região. Reconheça o papel deles para salvar vidas e manter todos seguros.
Crianças
- Em estresses e crises é normal para a criança buscar mais os pais e exigirem mais deles. Fale com seus filhos sobre a Covid-19 de forma honesta e apropriada à idade deles. Se eles tiverem preocupações, o fato de falar sobre elas pode ajudar a baixar a ansiedade das crianças. Elas observam os pais, as emoções no ar e tiram daí seus mecanismos para lidar com as próprias emoções da melhor forma nesses momentos difíceis.
- Ajude as crianças a expressarem, de forma positiva, seus medos e ansiedades. Cada criança tem sua própria maneira de fazê-lo. Algumas vezes, a atividade criativa, jogos e desenhos podem ajudar. As crianças se sentem melhor e mais aliviadas quando podem comunicar os sentimentos num ambiente de apoio.
- Mantenha as crianças perto dos pais e familiares. Caso uma criança tenha que ser retirada de seus pais ou tutores, assegure-se de que ela será bem cuidada. Garanta que durante o tempo da separação, o contato com os pais ou tutores seja feito duas vezes ao dia por chamadas de vídeo ou outra forma apropriada à idade da criança.
- Mantenha a rotina familiar sempre que possível e crie novas rotinas principalmente com as crianças em casa. Pense em atividades lúdicas e pedagógicas para fazer com elas. Incentive as crianças a continuarem brincando e se sociabilizando com os outros, mesmo que somente na família por causa do distanciamento social no momento.
Idosos e pessoas com problemas de saúde
- Idosos, especialmente em isolamento social ou com problemas cognitivos (como demência) podem se tornar ansiosos, estressados, com raiva, agitados e distanciados durante a quarentena. Ofereça a eles apoio emocional por meio de redes familiares ou de agentes de saúde.
- Partilhe fatos simples sobre o que está acontecendo com informações claras e palavras compreensíveis para quem tem barreiras de entendimento. Repita a informação sempre que necessário. Envolva a família e outras redes de apoio no fornecimento das notícias e de medidas de prevenção como a lavagem de mãos.
- Se você tem alguma doença ou síndrome, certifique-se de que seus medicamentos estão disponíveis para uso. Ative ainda seu grupo de amigos para pedir ajuda caso necessário.
- Esteja preparado e informado sobre como buscar ajuda, chamar um taxi, comprar comida. Providencie medicamentos para duas semanas, caso necessário.
- Aprenda exercícios físicos simples para fazer em casa todos os dias durante o isolamento e a quarentena para não reduzir a mobilidade.
- Mantenha rotinas e tarefas regulares sempre que possível e crie novas num ambiente diferente. Entre elas atividades diárias, limpeza, canto, pinturas e outras. Ajude outros, vizinhos, amigos, crianças e pessoas em hospitais combatendo a Covid-19, sempre que for Seguro, claro. Mantenha o contato com pessoas queridas por telefone.
*da Agência Einstein
Fonte de pesquisa: Jornal online 247
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Lu
O texto é sensacional, é um manual para todos seguirem para evitar o estresse e a transmissão do covid-19.
O corona vírus já existia, mas o covid-19 é novo, os cientistas não o conheciam, sabe-se pouco sobre suas consequências. Sabemos que as pessoas idosas e com imunidade baixa são as mais susceptíveis a desenvolver pneumonia, mas, de acordo com os infectologistas, muitos jovens têm desenvolvido pneumonia. O pior é que o tratamento é difícil por causa das complicações, o pulmão fica fibrosado e a doença desenvolve muito rápido. O diagnóstico é muito difícil, só através de raio-X específico consegue diagnosticar e o sistema de saúde não tem estrutura para atender a população necessitada, entrando em colapso!
Nem a maior economia do mundo tem condições de atender uma demanda maior, porque não existem leitos suficientes com respiradores artificiais, porque essa pandemia provoca sufocamento respiratório por causa da fibrose provocada rapidamente. O que que fazer?
Todos os lideres do planeta, juntamente com cientistas e serviços de saúde recomendam o isolamento social, a quarentena, como forma de evitar uma catástrofe maior, porque estamos lidando com um inimigo invisível, mas que tem um poder feroz.
Infelizmente no Brasil seu representante maior caminha na contramão da Organização Mundial Da Saúde, tentando desconstruir as medidas necessárias implementadas pelos governadores e prefeitos, responsáveis pela preservação da vida e do bem-estar da população.
A impressão que se tem é que o governante mor está comandando um Titanic em mares profundos, direcionando o navio rumo aos icebergs… Já sabemos qual e o final da história! Salve se quem puder!
Como profissional da saúde reafirmo que é de fundamental importância seguir as regras ditadas pela OMS (Organização Mundial de Saúde).
Hernando
Mais uma vez agradeço o seu comentário que vem alargar a compreensão de nosso povo em relação ao momento que ora vivemos.
Quero registrar aqui a postura sem igual de um padre italiano que, necessitando de respirador artificial, retirou o que estava usando e repassou-o para um um jovem numa cama próxima a seu leito, vindo ele a falecer sem o aparelho. Seu corpo foi aplaudido (através das janelas) pela população italiana, quando levado ao cemitério.
Abraços,
Lu
Lu,
Artigo muito importante, publicado na hora adequada.
Penso que após esta crise o mundo vai passar por uma grande transformação, por uma nova Ordem Mundial, onde os valores e as ações econômicas serão alterados de forma radical.
Não haverá mais espaço para as economias do mercado neoliberal com seu capitalismo selvagem. Penso também que haverá um novo modelo de ajuda humanitária com criações de ações conjuntas dos países, no sentido se buscar uma medicina preventiva para novas pandemias, com criação de um fundo econômico para pesquisas na área da saúde, que poderá ser gerido pela ONU.
Penso também que a ONU vai sofrer alterações em sua estrutura e adquirir maior autonomia, principalmente em relação às grandes potências como Estados Unidos e China.
Um grande abraço,
Devas
Devas
Sou de conformidade com tudo o que você escreveu. O mundo jamais voltará a ser o mesmo. Esta pandemia, apesar das agruras, está trazendo muitos ensinamentos. Não são poucos os especialistas (filósofos, sociólogos,cientistas, economistas e políticos) que preveem uma grande revisão na história humana, pois todos enxergam que não mais poderá caminhar como se encontra.
Agradeço muitíssimo o seu comentário.
Abraços,
Lu