Autoria de Lu Dias Carvalho
Houve uma época em que a Literatura de Cordel tornou-se meio esquecida. Muitos chegaram a pensar que não resistiria à chegada do século XXI, principalmente em razão do aparecimento das novas tecnologias, que poderiam engoli-la, como até então se apresentava. Com certeza, pensavam, perderia a sua originalidade ao ganhar novo formato. Mas, para o bem deste gênero tão saboroso, embora algumas modificações venham acontecendo, nem por isso a Literatura de Cordel perdeu a sua singularidade.
Segundo Fábio Sombra, poeta, violeiro e pesquisador da cultura popular brasileira, em seu livro Cordel e Viola, Editora Lê, é consenso em meio à maioria dos poetas cordelistas que, se mantidos e preservados três elementos do gênero, ele continuará como tal, apesar de outras mudanças que venha a sofrer. Para esse grupo, os fundamentos “inegociáveis” são: a rima, a métrica e o sentido. Diz ainda que o cordel continua a todo vapor, sendo publicado por diversas editoras, com um grande número de autores, sendo, inclusive, utilizado em sala de aula e oficinas de criação literária e poética. E a internet, antes tão temida, tem sido uma aliada, funcionando como um canal de difusão do gênero.
Abordemos um pouco os três pilares da Literatura de Cordel que não podem ser violados, sob a ótica dos cordelistas:
Rima
- É fundamental neste gênero, que não admite os versos livres.
- A maioria dos textos de cordel é composta por estrofes de seis versos (sextilha), vindo em segundo lugar os de sete (setilhas).
- Nas sextilhas, o esquema de rimas mais o usado é o ABCBDB. Ou seja, a rima acontece no segundo, quarto e sexto versos.
Ex.:
Quem inventou esse “S”
Com que se escreve saudade
Foi o mesmo que inventou
O “F” da falsidade
E o mesmo que fez o “I”
Da minha infelicidade
- As setilhas são mais comuns em textos humorísticos. Sendo o esquema de rimas mais usado o ABCBDDB, ou seja, o segundo e o quarto versos rimam, assim como o quinto e o sexto.
Ex.:
Eu me chamo Zé Limeira
Da Paraiba falada
Cantando nas escrituras
Saudando o pai da coaiada
A lua branca alumia
Jesus, Jose e Maria
Três anjos na farinhada.
O bom poeta, em cada estrofe, escolhe uma terminação diferenciada para rimar, enriquecendo sua criação.
Métrica
- É essencial para determinar o ritmo.
- Todos os versos devem conter o mesmo número de sílabas poéticas (não correspondem à divisão silábica).
- As sílabas poéticas só são contadas até a última sílaba tônica, pois o verso acaba na última sílaba tônica.
Ex.:
Nes | ta | noi | te | pas | sa | gei | ra
1 2 3 4 5 6 7
Sentido
- É também conhecido como “oração”.
- A história contada ou o tema sobre o qual discorre o cordelista precisa ter um encadeamento lógico, de fácil compreensão para o leitor ou ouvinte.
Atenção:
O Vírus da Arte & Cia está aberto aos poetas do cordel, para aqui publicarem seus trabalhos. Nunca é tarde para começar.
Fontes de pesquisa:
Cordel e Viola/ Fábio Sombra
Wikipédia
Nota: Imagem copiada de cordelparaiba.blogspot.com
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É uma forma de expressão de sentimentos muito rica que fazia uso, porém, com o ingresso no ensino superior, contraditoriamente, deixei o uso. Quero aqui encontrar inspiração para retornar às minhas escritas e espero dicas e incentivo para tal.
Parabéns e aguardo novas postagens.
Jailton
A literatura de cordel é o que há de mais genuíno na literatura brasileira, sendo apreciada por todos os segmentos sociais. Eu sou apaixonada por esta forma de arte. Ela é ao mesmo tempo divertida, instrutiva e humana. Por favor, volte o mais rápido possível. Não deixe o cordel morrer. Incentive outros cordelistas. Conte com o meu espaço para publicar sua criação.
Abraços,
Lu Dias
Lu Dias
Gratidão!
Ontem mesmo já experimentei brincar com as palavras nessa escrita tão sublime que é o cordel. Pretendo resgatar essa prática e me inspirar nos posts que vocês vêm trazendo.
Jailton
Estou ansiosa para ver a sua criação.
Abraços,
Lu
Que raiva!
Isa
Por que está com tanta raiva?
Abraços,
Lu