NÃO MINTA PARA SEU MÉDICO!

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Autoria do Dr. Telmo Diniz P12345

Mentiras no consultório

O ato de mentir durante consulta médica é mais comum e perigoso do que se imagina. Uma pesquisa realizada nos EUA demonstrou que 45% dos entrevistados admitiram que mentem ou não falam toda a verdade na consulta e 30% mentem sobre a adesão a dietas e exercícios. A conclusão é que as pessoas podem ter sérios problemas de saúde com esta atitude. Sem uma história clínica completa, o médico pode não receitar corretamente a medicação ou sua dosagem e haver interferência com outra medicação não citada na consulta. O médico precisa saber sobre doenças preexistentes na família do paciente que podem alterar o tratamento. As informações detalhadas também são fundamentais na solicitação dos exames complementares e, até mesmo, para encaminhar o paciente a procurar um especialista.

Uma mentira muito comum nos consultórios é relativa à adesão de dietas e exercícios. Quando o paciente está com obesidade ou sobrepeso e é necessário ter uma dieta especial, é comum o paciente retornar ao consultório com as mesmas queixas, pesos e medidas da primeira consulta. Em boa parte dos casos, o paciente não segue as orientações e têm vergonha de admitir.

Em casos cirúrgicos, a mentira pode ser ainda mais arriscada. Fumantes têm um risco maior durante intervenções cirúrgicas devido ao comprometimento da circulação e cicatrização causadas pelo tabaco. Para obter do médico a concessão para uma cirurgia estética, por exemplo, o paciente omite ou nega a informação de ser tabagista. Isto pode acarretar problemas durante a cirurgia e no pós-operatório.

Dr. Google

É muito comum o paciente chegar ao consultório informando ao médico o seu diagnóstico e até mesmo tratamento. A cultura da automedicação e de procurar informações na internet antes de consultar os médicos são os principais indicativos para esses casos. Recebem o exame do laboratório e logo vão no “Dr. Google”. Quando vê uma alteração, surge o estresse. É um erro fazer isto, pois o exame complementar não pode ser visto de forma isolada. Tem de ser correlacionada com o histórico clínico. E só o médico pode fazer este julgamento.

Diante de um cenário de consultas cada vez mais rápidas, pré-estipuladas por determinações de empresas de saúde, o médico conhece cada vez menos os seus pacientes. Não se consegue estabelecer uma boa relação médico/paciente no atual modelo. É preciso resgatar a história do médico da família, que atuava no interior dos Estados e atendia vários membros de uma mesma família. Não estou aqui reforçando que as pessoas devem consultar com apenas um profissional, mas sim, que precisam ter uma relação mais sólida com seus médicos.

A era dos médicos clínicos gerais, que só de olhar para um paciente já sabia o diagnóstico e fazia exames apenas para comprovar as suas suspeitas não pode acabar. O que a sociedade precisa é de médicos experientes, que sejam especialistas e, ao mesmo tempo, generalistas. Que entendam que o paciente faz parte de um organismo complexo e que não é apenas uma perna, um coração doente ou um rim inflamado.

Finalizando: peço aos pacientes que confiem mais nos médicos, e aos médicos que ouçam mais atentamente seus pacientes.

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3 comentaram em “NÃO MINTA PARA SEU MÉDICO!

  1. Beto

    Dr Telmo,

    Os melhores atendimentos médicos que recebi foram dos clínicos gerais que, na minha infância, eram conhecidos como os médicos da família. Naquele tempo, além da formação profissional, os médicos eram também recebiam nos bancos acadêmicos uma formação humanística plena que, infelizmente, foi sendo minimizada nas reformas dos currículos dos cursos de medicina. Na década de 70, um professor de biologia do ensino médio e também de Anatomia Comparada no ensino superior, nos manifestou com grande preocupação esse esvaziamento na formação humanística e ética dos profissionais de medicina. Agora, querem “importar” médicos cubanos sem passar pela avaliação do CFM. Sabe-se que menos de 5% dos médicos estrangeiros são aprovados no Brasil na revalidação dos seus diplomas. Imagine então, os brasileiros com menos recursos sendo atendidos por esses “médicos” que não falam a nossa língua e cuja formação profissional é muito inferior aos nossos médicos! Isso sem falar na falta de equipamentos, remédios e materiais que Irão encontrar em várias cidades do interior.

    Parabéns pelo texto.

    Beto

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  2. LuDiasBH Autor do post

    Dr. Telmo

    Sempre achei de suma importância os médicos de família que acabavam conhecendo os problemas genéticos de todos os membros.
    Eles eram polivalentes.
    Depois que se compartimentou a medicina em médico disso e daquilo, não resta dúvida de que todos acabaram perdendo.
    Um bom clínico geral vale por uma dezena de especialistas.
    Meu marido, com um avc na artéria aorta, foi salvo por uma médica clínica geral.

    O relato do Edward, acima, é também muito importante.

    Parabéns pela excelência do texto.

    Lu

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  3. Edward Chaddad

    Dr. Telmo

    Dá gosto de ler um texto como este, onde se dá o devido valor ao médico clínico geral, que pode, em um diagnóstico, perceber o mal que o paciente sofre e, se necessário, encaminhá-lo ao clinico especializado.

    A vida de minha esposa foi salva por um deles. Ela consumia sulfa para desinflamar a enterite regional. A sulfa inibia os glóbulos brancos e ela acabou ficando com leucopenia, com índice baixíssimos, próximos a não ser possível a recuperação.

    Durante a leitura do exame laboratorial, imediatamente perguntou quais os medicamentos que ela estava tomando e tão logo soube (o que o médico especializado não havia notado) da sulfa, ligou-a à leucopenia, asseverando que deveria imediatamente parar de tomar a sulfa (se não me engano era sulfalazide, coisa assim).

    Indicou um médico que conhecia, com uma cartinha sobre a questão da sulfa. Uma semana depois, a leucopenia começou a regredir. O tratamento foi reiniciado com corticóides e, depois de alguns meses, os níveis de leucócitos estavam normais.

    Parabéns pelo texto, mais do que um ensinamento, um conselho utilíssimo que pode salvar vidas.

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