Inflamação silenciosa
A inflamação é definida como uma reação fisiológica e bioquímica a determinadas agressões. Todos nós a conhecemos bem na sua fase aguda que é caracterizada pela tríade:
- dor,
- calor
- rubor (vermelhidão).
O processo inflamatório desencadeia uma série de eventos, por exemplo, para combater uma infecção bacteriana ou viral; para a cicatrização de feridas, entre várias outras. Ou seja, é como se fosse a forma do nosso organismo fazer a sua manutenção, recompondo “as peças” necessárias ao bom funcionamento. Na inflamação crônica silenciosa, esta clássica tríade do processo não aparece e a pessoa não sente absolutamente nada.
A inflamação clássica está usualmente associada à dor, como ocorre em casos de doenças autoimunes como a artrite reumatoide, por exemplo. Na inflamação silenciosa ou oculta, o nível de percepção de dor não existe. Como resultado, nenhuma ação é tomada, prolongando-se por anos, causando contínuas lesões no coração, nos vasos, no sistema imunológico, no cérebro, etc. Essas constantes e contínuas lesões, muitas das vezes, resultam em doenças:
- cardíacas,
- aterosclerose,
- câncer,
- e doenças neurodegenerativas, como Parkinson e Alzheimer.
A inflamação silenciosa ocorre quando há um desequilíbrio entre os precursores pró-inflamatórios (favorecem o desenvolvimento do processo inflamatório celular) derivados do ácido araquidônico e os precursores anti-inflamatórios (inibem o desenvolvimento do processo inflamatório) derivados do EPA e DHA, mais conhecido por Ômega 3.
Você deve estar se perguntando: mas como posso saber se tenho essa tal de inflamação silenciosa? Solicite a seu médico que no próximo exame peça a PCR-uc (proteína C Reativa ultrassensível), que pode ser medida no sangue. Ela quantificará a quanto andas o equilíbrio pró e anti-inflamatório no seu organismo.
No caso de inflamação aguda, ela será rapidamente produzida no fígado, alcançando um pico em 48 horas e então cai gradativamente, quando o processo de injúria for controlado. Na inflamação silenciosa, este aumento é bem menos expressivo, porém constante. Com isso as artérias vão sofrendo uma lesão contínua, o que levará a um risco aumentado de infarto no coração e isquemias cerebrais, devido justamente ao processo de aterosclerose.
Pesquisas recentes demonstram que mesmo pequenas elevações na PCR-uc representam um maior risco cardiovascular, independente de outros fatores como colesterol, triglicerídeos e outros. Claro que se os lipídeos estiverem também alterados esse risco aumenta de forma exponencial.
A medida da PCR-uc, como qualquer outro exame, não deve ser avaliada de forma isolada. Só o médico poderá correlacionar a alteração laboratorial com o quadro clínico.
A PCR-uc pode estar cronicamente aumentada em casos como:
- obesidade,
- diabetes não controlado,
- dieta inadequada,
- inatividade física, entre várias outras condições.
Portanto, não podemos ser simplistas, como ver uma alteração laboratorial e logo lançarmos mão de anti-inflamatórios para “tentar” resolver o problema. O melhor tratamento medicamentoso poderá ter utilidade, porém, doenças devem ser tratadas, hábitos de vida alterados para que o organismo possa, muitas das vezes, entrar em harmonia e controlar a inflamação oculta e silenciá-la.
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Dr. Telmo
Meu irmão fez o exame de PCR ultrassensível, o valor deu 19,00 mg/dl. A médica disse que estava errado, se fosse este valor mesmo, ele estaria morto. Este exame pode estar com valor errado.
Shirlei
O ideal, quando se faz um exame cujo resultado deixa dúvidas, é sempre repeti-lo, de preferência num laboratório diferente. Se o resultado é contrastante entre os dois laboratórios, deve-se buscar um terceiro. Há muito erro nos resultados.
Amiguinha, agradeço a sua visita e comentário.
Abraços,
Lu
Shirlei
O meu deu 38.7 e eu estou bem viva e ainda recebi alta. A médica disse que é um processo infeccioso se manifestando, mas era pra eu observar. Minha dor voltou e eu vou voltar ao PS.