Autoria de Lu Dias Carvalho
O italiano Giorgio Vasari (1511 – 1574) é de grande importância para a história da arte, sobretudo pela extensa coleção de biografias de artistas italianos legada à humanidade. Ainda bem jovem tornou-se aluno de Guglielmo da Marsiglia, um talentoso pintor de vitrais. Teve educação humanista e, ao conhecer Michelangelo, foi bastante influenciado por seu estilo.
As Vidas dos Mais Excelentes Pintores, Escultores e Arquitetos, também conhecida como As Vidas, é uma importante coletânea de materiais coletados por Vasari nas mais diversas fontes. Sua obra comporta três volumes e apresenta, em ordem cronológica, as biografias de inúmeros artistas italianos que vão desde a Idade Média ao século XVI. A primeira edição foi publicada em 1550 e começa com a biografia de Cimabue (1240 – 1302), artista muito influenciado pela arte bizantina. O termo Gótico foi, pela primeira vez, impresso em seu livro.
Ainda que investigações mais recentes tenham demonstrado que a obra de Giorgio Vasari concentra muitos erros e imprecisões, mostrando-se cheia de material inventado e insinuações literárias, a sua importância é grande no campo das artes, principalmente pelo fato de ser uma fonte inesgotável e única para os historiadores de arte contemporâneos e simples apreciadores das belas artes.
As Vidas, obra de Giorgio Vasari, traz informações valiosas que, se não fosse pelo trabalho do autor, estariam perdidas para sempre no tempo. Alguns fatos apresentados pelo autor em sua obra:
- Cimabue foi o primeiro artista a pintar sobre madeira;
- Masaccio era um homem modesto, amigável, pacífico e reflexivo. Para ele, roupas, comida e outros bens terrenos eram indiferentes;
- Donatello recusou uma valiosa peça de roupa oferecida pelos Médici, sob o pretexto de que seus trapos eram mais confortáveis;
- Fra Angelico nunca ergueu um pincel sem primeiro dizer uma prece. Não conseguia pintar a crucificação sem derramar lágrimas;
- Pontormo era um solitário que virou as costas à sociedade e, segundo Vasari, foi essa a causa de suas obras não terem sido compreendidas pelos seus contemporâneos.
Giorgio Vasari é o primeiro na história da arte a fazer uma análise acadêmica dos estilos de diferentes mestres. Os seus critérios de avaliação são a iventione (invenção ou originalidade) e o disegno (desenho e linha). Para ele, tais elementos eram considerados como “mãe” e “pai” de toda arte. E, segundo ele, o seu conterrâneo Miguel Ângelo atingiu o grau máximo de perfeição e parecia ter sido enviado diretamente por Deus para Florença.
Além de ter sido um notável escritor na teoria da arte, Vasari foi também notável como pintor, projetista e arquiteto. Segundo seu entendimento do progresso histórico, a idade do ouro correspondia à Antiguidade; a Idade Média ao declínio; a arte do Renascimento à ressurreição, a partir do século XIV. Ele estudou a história da arte italiana desde a Antiguidade até os seus dias.
Nota: Autorretrato/1567 e a capa de “As Vidas dos Artistas” (“Vite”)
Fonte de pesquisa:
1000 obras primas da pintura europeia/ Könemann
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