Autoria de Lu Dias Carvalho
A queda do Império Romano fez com que a Itália se fragmentasse, perdesse sua unidade política e permanecesse, durante muitos séculos, numa situação confusa. Os historiadores posteriores denominaram tal período de Idade Média. Alguns estudiosos chegaram a classificá-lo como Idade das Trevas. Quanto à ideia de Renascimento, essa teve origem em Petrarca, poeta italiano do século XIV que dividiu a história em eras: a idade de ouro da Antiguidade Clássica, a Idade das Trevas (após a queda do Império Romano) e a Idade Moderna (época do renascer dos valores da Antiguidade clássica)
O estilo renascentista surgiu numa época efervescente em que aconteciam grandes transformações nos mais diferentes campos: religioso, político, social, econômico e cultural, período em que houve a derrocada do feudalismo e teve início o capitalismo. Nesse caldeirão de mudanças estava embutido o interesse em revisitar o ideal clássico, o que aconteceu primeiramente na Itália e posteriormente no norte da Europa, fazendo a transição entre o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna.
O humanismo nasceu desse caldeirão de transformações que aconteciam nos mais diversificados campos. A filosofia humanista, baseada nos conceitos clássicos, não aceitava o enfoque teológico que vigorava na Idade Média que rezava que o raciocínio intelectual só poderia ter um ponto de partida: o studia humanitatis (o estudo do homem e suas capacidades).
O termo “renascimento” é uma referência ao ressurgir do interesse pelas riquezas intelectuais e artísticas da Grécia e da Roma antigas. Houve uma busca pelas obras de autores clássicos (Platão, Aristóteles, Cícero e Homero), até então esquecidos, o que trouxe uma visão mais humanista que tinha como prioridade o homem e suas realizações. Mas isso não quer dizer que a religião tenha saído de foco, uma vez que a veneração e a simbologia cristãs continuavam em pauta, servindo de inspiração para os artistas da Renascença. Contudo, a nova abordagem ia de encontro aos ensinamentos da Igreja Medieval que não dava prioridade ao homem, sob a justificativa de que a humanidade não era capaz de alcançar qualquer coisa sem a ajuda de Deus.
Os artistas e intelectuais italianos voltaram-se para a arte e para as ideias da Antiguidade, pesquisando em mosteiros e bibliotecas estrangeiras, decifrando manuscritos em latim e grego. Interessaram-se primeiramente pela literatura e depois pela escultura e arquitetura e a seguir pela música e ciência. À medida que revisitavam esse passado artístico, redescobriam a beleza do mundo clássico nas ruínas arquitetônicas, nas esculturas, nos antiquíssimos manuscritos da literatura grega e romana, criando um novo movimento cultural que viria a espalhar-se pela Europa que se desfazia de suas amarras medievais.
A pintura e a escultura tornaram-se realistas ao retratar o mundo visível, ao contrário do que acontecia na arte medieval, quando a representação era simbólica e dizia respeito apenas ao reino celestial. Em relação aos edifícios renascentistas houve a substituição da verticalidade do estilo gótico, visto na Idade Média, por um modelo baseado em uma escala mais humana. A escultura, que não mais se encontrava servil à arquitetura, presa em paredes, procurava representar o homem de uma maneira mais realista, estudando seu corpo e caráter. Passou a ser colocada em pedestal, a fim de ser vista por todos os lados.
A pintura renascentista passou por cinco grandes transformações: 1- uso da perspectiva segundo os princípios matemáticos e geométricos; 2 – uso do realismo que vê o homem como expressão de Deus, mas que merece destaque; 3 – a ilusão de volume conseguida pela introdução da técnica do claro/escuro; 4 – o uso de cores em tons esfumados; e 5 – o surgimento de estilos diferentes entre os artistas, valorizando o individualismo.
O retorno ao mundo clássico foi muito importante para a arte. A pintura, a escultura e a arquitetura sofreram transformações radicais. A arte devocional, que na Idade Média era plana e linear, tornou-se mais naturalista, com uma reflexão mais cuidadosa da forma humana e da natureza, havendo também o desenvolvimento de técnicas artísticas como a perspectiva.
A cidade italiana de Florença abraçou com intensidade o novo pensamento, vindo a tornar-se o berço do Renascimento. Recebeu várias contribuições de renomados artistas, como Brunelleschi e Michelangelo na arquitetura; Donatello na escultura; Massacio na pintura e o genial Leonardo da Vinci em diferentes segmentos. A viagem de Brunelleschi e Donatello, juntos, a Roma, no intuito de estudar as ruínas da cidade, inclusive fazendo escavações, foi importantíssima para o desenvolvimento da arte italiana, sobretudo para a arquitetura e a escultura.
Presume-se que Brunelleschi tenha sido o primeiro artista a demonstrar os princípios da perspectiva linear (técnica na qual o artista pode criar a impressão de profundidade tridimensional numa superfície plana). Ele foi também um dos primeiros mestres da Renascença a descobrir as leis da perspectiva de um único ponto de fuga, postas em prática por Masaccio. Em relação à geometria básica, acredita-se que o arquiteto, teórico de arte e humanista italiano Leon Battista Alberti seja o responsável por sua descoberta.
A Renascença — revolução cultural e intelectual que revolucionou o mundo das artes e que se passou na Europa entre os séculos XIV e XVI — começou na Itália e espalhou-se rapidamente pelos países do norte da Europa. Ao abraçar tal movimento, os artistas nórdicos deram mais importância a certos aspectos do novo movimento. Enquanto os italianos estavam mais ligados à cultura greco-romana, a Renascença nórdica inspirava-se na Reforma Protestante, nutrindo grande interesse pela representação da imagem humana e por retratar o mundo visual de forma realista.
Os artistas nórdicos foram os pioneiros na composição em três-quartos. Foram reconhecidos principalmente pela habilidade que detinham ao retratar detalhes microscópicos, texturas, metais, reflexo de luz, etc. Na Europa setentrional o Renascimento situa-se entre o fim do século XIV até o fim do século XVI. No início do século XVI, os artistas do norte da Europa criaram novos gêneros de pintura. Albrecht Aldorfer foi o primeiro a pintar paisagens a óleo sem figuras e nem narrativa. O pintor Hans Holbein com sua composição intitulada “Os Embaixadores” antecipa o gênero da natureza-morta. E Pieter Bruegel, o Velho, ao retratar camponeses no trabalho ou no lazer, como em “Jogos Infantis”, faz as primeiras pinturas com cenas do cotidiano.
Obs.: Reforce seus conhecimentos com artigos referentes a este estilo:
Teste – A ARTE DO RENASCIMENTO
Giovanni Bellini – PIETÀ (III)
Hans Holbein, o Moço – OS EMBAIXADORES
Piero della Francesca – POLÍPTICO DE SANTO ANTONIO
Pieter Bruegel, o Velho – JOGOS INFANTIS
Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombrich
Arte/ Publifolha
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Achei o texto muito fácil de entender.
Roberta
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Abraços,
Lu