A ARTE DO SURREALISMO (II)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O Surrealismo recebeu muitos elementos do Dadaísmo que foram de grande importância para a sua estrutura poética. Podem ser citados: a rejeição à tradição da cultura ocidental e sua postura no que diz respeito à arte; o modelo de agitação política e a posição comprometida com os temas da época; e a defesa dos direitos do inconsciente e das forças irracionais. Além disso, usou técnicas do movimento dadaísta, tais como: automatismo, colagem, fabricação de objetos e também toda a maquinaria publicitária.

Ao contrário dos artistas dadaístas, os surrealistas eram firmes ao condenar de forma contundente a tradição clássica, o ideal de fidelidade à natureza e de qualquer estética da arte pela arte. Eram incisivos na demonstração de que o “surreal” fazia parte integral da consciência humana, reconhecendo que, para isso, havia numerosas fontes a serem buscadas: os pintores de fantasia (Bosch, Uccello e Arcimbaldi); os românticos e simbolistas (Rimbaud, Seurat e Gauguin); os pintores “naifs” (Henri Rousseau); a arte dos loucos, dos médiuns e das crianças; a arte dos povos primitivos (especialmente a das ilhas do Pacífico), dos esquimós e dos indígenas americanos; e as manifestações excêntricas da arte popular (desde cartões postais até as comédias do cinema mudo). O Surrealismo também fez uso dos escritos de Sigmund Freud durante a década de 1920.

Os surrealistas apreenderam que podiam suprimir o mundo exterior de modo que, sem o comando da razão, seriam capazes de viver num reino primoroso e perfeito de realidade suprema — impossível à mente consciente —, semelhante ao mundo dos sonhos. Não é de estranhar, portanto, que textos e quadros dos surrealistas primassem pela liberdade imaginativa, totalmente alheia à razão. Eles viam no sonho e nos impulsos — experimentados quando em estado de vigília — imagens irracionais, a fonte e a matéria de toda a expressão criativa.

A pintura surrealista pode se dividir em dois tipos básicos — já classificados em 1923/1924 por André Masson e Max Ernst: 1- obras mais abstratas, espontâneas, “automáticas”; 2- e “imagens oníricas”, ilusionistas, irracionais, minuciosamente trabalhadas. A fase do chamado “surrealismo onírico” foi aquela em que os artistas retomaram as técnicas tradicionais de desenho e pintura para reproduzir suas visões de sonhos e pesadelos. Dessa fase faziam parte os pintores: Salvador Dalí, René Magritte e Yves Tanguy, todos eles influenciados pela arte metafísica de Giorgio de Chirico, surgida entre 1913/1920.

O surgimento da Segunda Guerra Mundial em 1939 fez com que grande parte dos artistas surrealistas migrassem para Nova Iorque, deixando Paris. André Breton chegou aos Estados Unidos em 1941 e em 1942, juntamente com Marcel Duchamp, organizou uma exposição, onde reuniu cerca de 50 artistas da Europa e dos Estados Unidos. A teoria e a pintura surrealistas provocaram grande influência sobre os jovens escritores estadunidenses de vanguarda. Arshile Gorcky foi apoiado por André Breton, enquanto outros como Mothervell, de Kooning, Still, Rothko e Pollock foram influenciados principalmente pela obra de Miró,  Masson e pelas obras de Picasso de inspiração surrealista.

Houve grande difusão de grupos surrealistas mundo afora. Dentre os artistas que fizeram parte de tal estilo em algum momento, podem ser citados: Arp, Man Ray, Picabia e Ernst (ex dadaístas); Masson, Miró, Tanguy, Magritte, Giacometti, Dalí, Braumer, Bellemer, Domínguez, Matra, Lam, Delvaux (esse último não participou diretamente do movimento); Picasso e Duchamp (colaboraram com o movimento); Chagall e Klee (apenas abraçaram certas preocupações do grupo surrealista).

O movimento surrealista teve seu início com as obras visionárias de Giorgio de Chirico e findou-se com a morte de René Magritte — artista que foi todo o tempo um surrealista. O auge do Surrealismo aconteceu entre os anos de 1924 e 1945 com as obras dos artistas: Max Ernst, Joan Miró e Salvador Dalí. A obra de Joan Miró foi descrita por André Breton como “o máximo do Surrealismo”. Após 1945, os artistas mais importantes do movimento se dispersaram, cada um tomando uma rota diferente e dando espaço para o nascimento do Expressionismo abstrato. Embora o Surrealismo não tenha concretizado seus ideais políticos, sociais e morais, contribuiu para colocar a cultura sob um olhar mais amplo, generoso e rico, ao trazer uma maneira diferente de pensar e olhar a arte e a vida.

Nota: a ilustração O Carnaval de Arlequim (1924/1925) é obra de Joan Miró. Uma festa de animais imaginários acontece numa sala com uma janela aberta para um céu noturno.

Obs.: Reforce seus conhecimentos com artigos referentes a este estilo:
A ARTE DO SURREALISMO (I)
Dalí – PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA
Magritte – NO LIMIAR DA LIBERDADE
Picasso – GUERNICA
Teste – A ARTE DO SURREALISMO

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombrich
História da arte/ Folio
Arte/ Publifolha

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