A ARTE FORA DA ITÁLIA NO SÉC. XV (Aula nº 51)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

       
(Cliquem nas figuras para ampliá-las.)

As descobertas e as inovações surgidas no campo da arte no século XV foram fundamentais para que houvesse uma grande mudança em sua história. O arquiteto Brunelleschi e sua geração — vivendo em Florença — elevaram a arte italiana a um patamar altíssimo, diferenciando-a daquela produzida no resto da Europa, sobretudo no que diz respeito à arquitetura. Ao introduzir o método renascentista de utilização de elementos clássicos nas suas construções, Brunelleschi pôs fim ao estilo gótico na cidade de Florença. Os artistas fora da Itália levaram quase um século para seguir seu exemplo, optando por continuar desenvolvendo o estilo gótico do século antecedente.

Numa de nossas aulas aprendemos que os arquitetos do século XIV apreciavam o uso de rendilhados delicados e de uma rica ornamentação. No século XV, fora da Itália, esse complexo rendilhado e a opulenta ornamentação foram ainda maiores, como mostra a ilustração acima, à esquerda, referente ao Palácio de Justiça de Rouen que apresenta a última fase do gótico francês, muitas vezes citado como Flamboyant ou Flamejante. Observem que o edifício foi todo coberto por uma infinidade de decoração. É sabido que tais ornamentos não tinham função no que diz respeito à estrutura, o que comprova que os arquitetos góticos já não tinham mais nada a acrescentar ao estilo. Como a arte é dinâmica, restava-lhes partir em busca de um novo estilo.

A Inglaterra, na última fase do estilo gótico, já mostrava a criação de uma nova tendência — conhecida como Perpendicular. No final do século XIV e durante o século XV, as construções inglesas fizeram uma aplicação mais ostensiva de linhas retas, diminuindo a frequência do uso das curvas e arcos das decorações rendilhadas de antes. A belíssima capela do King’s College (Cambridge), conforme mostra a segunda ilustração acima, é o mais celebrado exemplo desse estilo. Observem como seu interior é bem mais simples do que o das igrejas góticas que a antecederam. Nela não existem alas colaterais e, portanto não houve a necessidade de colocar arcos excessivamente profundos. Contudo, se sua estrutura mostra-se mais modesta, seus ornamentos — sobretudo na forma de abóbada (abóbada em leque) — apresentam inúmeros rendilhados de curvas e linhas fantásticos.

A pintura e a escultura fora da Itália tiveram seu desenvolvimento praticamente paralelo ao da arquitetura. O norte europeu — diferentemente da Itália que na Renascença desenvolvia-se em todos os campos da arte — ainda se encontrava fiel à tradição gótica, embora os irmãos Van Eych tenham proporcionado grandes inovações na pintura, inclusive sendo Jan van Eych o criador da pintura a óleo e também o responsável por fazer a imagem pictórica refletir a natureza, ao acrescentar-lhe detalhes cuidadosos. Ainda assim, a arte dessa parte da Europa não teve grandes avanços. Os mestres nórdicos ainda não se viam atraídos pelas regras matemáticas da perspectiva, pelos segredos da anatomia científica e pelo estudo dos monumentos romanos, o que nos leva a afirmar que eles ainda agiam como “artistas medievais”, contrários aos italianos que já se encontravam na “era moderna”.

O pintor alemão Stefan Lochner (c.1410–1451), à semelhança de um Fra Angelico setentrional, fez a belíssima obra intitulada “A Virgem do Jardim das Rosas”  em que ele mostra que tinha ciência dos métodos de Jan van Eych. Por sua vez, o artista francês Jean Fouquet (c.1420–1480) foi outro grande nome da época, como mostra sua ousada obra intitulada “O Díptico de Melun”. Outro artista nórdico fenomenal foi Rogier van der Weyden (c.1400–1464) de quem se conhece muito pouco, encontrando-se sua obra “A Deposição da Cruz” — na qual ele reproduz com fidelidade até mesmo um ponto de costura — entre as mais famosas do mundo. Hugo van der Goes (falecido em 1482) foi, sem dúvida, um dos principais pintores nórdicos, como mostra sua obra “A Morte da Virgem”. Estudaremos todas essas obras.

Exercício:

  1. Qual foi a importância de Brunelleschi e sua geração para a arte?
  2. Nesse período o que aconteceu com os artistas fora da Itália?
  3. Cite o nome de alguns artistas importantes desse período.

Ilustração: 1. Palácio de Justiça (1482), Rouen, França / 2. Interior da Capela do King’s College, Cambridge, Inglaterra, iniciada em 1446.

Fonte de pesquisa
A História da Arte / Prof. E. H. Gombrich

6 comentaram em “A ARTE FORA DA ITÁLIA NO SÉC. XV (Aula nº 51)

  1. Marinalva Autor do post

    Lu

    Embora os artistas foram da Itália tenham levado muito tempo para abraçar as mudanças feitas e as novas técnicas da arte italiana, eles também criaram obras fantásticas. Estarei aguardando conhecer um pouco sobre a arte deles.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Marinalva

      Iremos, sim, estudar uma obra de cada um deles. Há criações belíssimas. Aguarde.

      Abraços,

      LU

      Responder
  2. Hernando Martins

    Lu

    Realmente a arte renascentista teve uma integração maior entre os países localizados próximos ao Mediterrâneo, cuja posição geográfica possibilitou um intercâmbio cultural mais robusto. Sabemos que arte usa ideias e técnicas já utilizadas por outros povos como inspiração para novos conceitos e técnicas. O momento político, socioeconômico e a posição geográfica são elementos primordiais para o aparecimento dos estilos artísticos de um povo num determinado tempo.

    A região do norte da Europa é mais descentralizada dos centros políticos e econômicos, responsáveis em ditar o estilo de vida daquele povo e, com isso, os nórdicos ficaram menos influenciados pelas informações culturais daquele momento, retardando o seu desenvolvimento cultural e artístico, permanecendo com ideias mais retrógradas, herdadas do período medieval.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Hernando

      Isso nos mostra como são vários os fatores a influenciar a arte desse ou daquele povo, principalmente numa época em que a comunicação entre os artistas era muito reduzida. A região norte da Europa não acompanhou em pé de igualdade o que acontecia com a arte em centros como a Itália, Alemanha e França. Ainda assim, ela foi responsável pela existência de grandes mestres com suas obras maravilhosas como as que ora estamos a estudar. E, como você disse, “a arte renascentista teve uma integração maior entre os países localizados próximos ao Mediterrâneo, cuja posição geográfica possibilitou um intercâmbio cultural mais robusto”.

      Abraços,

      Lu

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  3. Adevaldo R. de Souza

    Lu
    Muito interessante o curso até agora com as transformações da arte, mostrando Florença como o centro mundial das artes durante o Renascimento. Tenho a impressão que as maiores mudanças foram na arquitetura, escultura e nas artes pictóricas, pois pouco se falou sobre a literatura até agora. Na fase do Renascimento teremos análise das obras de Shakespeare, Cervantes e Camões?

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Adevaldo

      O nosso curso é essencialmente voltado para as artes visuais, embora haja algumas pinceladas sobre a arte literária que realmente começa a se fortalecer com o Renascimento, quando há a presença dos humanistas e o desenvolvimento de instrumentos que possibilitam a sua expansão, ainda que acanhada. Mesmo no Renascimento o número de pessoas que sabiam ler era mínimo. O que ainda piorava mais era o fato de tudo ser escrito em latim, língua dominada apenas pelos poucos privilegiados. Ao término do curso de História da Arte, podemos iniciar outro sobre a arte literária através dos tempos. Certo?

      Abraços,

      Lu

      Responder

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