Autoria do Dr. Telmo Diniz
Estive recentemente em um balneário termal, no Estado de Goiás e, com curiosidade pude observar uma grande concentração de idosos, em número bem superior ao de crianças, jovens e adultos. Sabemos que na terceira idade as doenças crônicas como hipertensão arterial, artrites e artroses, problemas na coluna, entre outras, são bem mais prevalecentes. Essas pessoas lá estariam para tratar destes e outros males? Claro que não!
Saí fazendo uma enquete. Uma dúvida me veio à cabeça: a procura pelos balneários tem uma real função terapêutica ou seria pura crendice das pessoas? Fui atrás do tema, seus conceitos, histórico e conclusões.
“Termalismo é o conjunto de atividades terapêuticas desenvolvidas no espaço de um estabelecimento balneário e que tem como agente terapêutico as águas termais, com propriedades físico-químicas distintas das águas comuns”.
Foram encontradas citações do uso dessas águas termais desde a Antiguidade, entre os turcos e gregos, mas foi o povo romano que as popularizou como fonte de cura e descanso. No século XIX, desenvolveu-se na França o termalismo, com a criação de uma especialidade chamada hidrologia médica ou crenologia, que teria a função de pesquisar e desenvolver métodos de tratamento com as águas termais.
As primeiras fontes termais de que se tem notícia no país são as localizadas em Goiás e Minas Gerais, com a utilização de suas águas para fins medicinais. No Brasil, a primeira de várias teses sobre este tema foi defendida na Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, por coincidência, onde me graduei como médico. Já se falava sobre as potencialidades terapêuticas das águas termais. Porém, com a descoberta de novos medicamentos, avanço tecnológico e por um mecanismo de ação terapêutico pouco preciso das águas, diminuiu-se de forma substancial, no Brasil, a prática do termalismo.
Benefícios
O mecanismo de ação ainda não está claro, mas considera-se que a melhora do paciente se baseie na vasodilatação periférica através da imersão em águas termais, restabelecendo o equilíbrio químico e mineral, tendo ação sedativa e melhorando a função cardiovascular. Confere também melhoria no peristaltismo intestinal, na função hepática com maior secreção de bile e da função renal.
Pelo que se observa na história do termalismo, existe uma relação entre turismo e prática terapêutica. No Brasil, esta relação é bem nítida, ao contrário de Portugal, onde, em várias instâncias balneárias, a pessoa vai com uma indicação, ou seja, vai com uma prescrição médica para tratamento de uma determinada patologia. O turismo de saúde, no qual se integra o termalismo, vem mudando de rumo procurando não só tratar as doenças, mas também preveni-las.
Ainda faltam dados científicos consistentes sobre a eficácia do termalismo, porém, com base nos relatos de satisfação, bem-estar e melhora subjetiva de vários pacientes que frequentam esses balneários, pode-se ter na prática termal uma aliada para o alívio de várias patologias médicas, em especial nas doenças reumatológicas, com melhora da qualidade de vida destes pacientes.
Views: 0
Parabéns pela iniciativa e retrocesso à história do Termalismo no Brasil.
por Fábio T. Lazzerini ( Geólogo Termalista e Vice Presidente da OMTH Organização Mundial de Termalismo http://www.omth.com )