A MULHER DEPOIS DO CASAMENTO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

mudedoca

A escuridão oculta tudo, menos uma má esposa. (Provérbio hebraico)

Uma boa esposa deve ser submissa como um bode expiatório, atarefada como uma abelha, bela como uma ave do paraíso e fiel como uma rolinha. (Provérbio russo)

De modo geral os provérbios populares trazem contidos em si uma visão machista, pois refletem a sociedade que os criou. E não se poderia esperar outra coisa, senão a crítica à mulher, seja ela solteira ou casada. São poucos aqueles que conseguem sair da caixinha antiquada e bolorenta e ver os gêneros como detentores dos mesmos direitos, como companheiros de passagem pelo planeta.

Trataremos hoje especificamente das mulheres casadas e o parecer do macho sobre elas. Segundo os ditos, o homem precisa ter muita sabedoria para não acabar nos braços de uma megera, pois é depois do casamento que ela irá mostrar sua verdadeira índole, pois é muito astuta. Um provérbio servo-croata afirma que “Enquanto está com a mãe, a mulher é terna como um cordeiro; quando se casa mostra os dentes”. Outros dois ditos populares, um russo e outro estadunidense, questionam: “Se as solteiras são belas, doces e meigas, de onde saem todas as esposas más?”; “Se todas são moças boas, de onde saem as megeras?” (estadunidense).

Por que as mulheres são consideradas más? O conceito de “uma boa esposa”, visto em certas culturas, está ligado, sobretudo, à total submissão feminina. A mulher deve estar ciente de sua posição inferior, e sem reclamar, conservando o bico fechado. Logo, quem foge a tal preceito é tida como perversa e má aos olhos da sociedade. O mais questionável é que um bom casamento depende unicamente da esposa, como se o homem dele não fizesse parte. A mulher é vista como um tesouro na vida do marido ou como sua ruína, como rezam os provérbios a seguir: “Uma boa mulher salva o maridos dos maus caminhos” (chinês), “A mulher conserta o que o marido estraga” (chileno) e “A esposa é um véu para o marido” (oromo).

Para a compreensão dos argumentos acima, basta tomar conhecimento do provérbio hebraico: “Ele se casou com uma mulher má, e se tornou mau; ela se casou com um homem mau e o tornou bom”. E um provérbio persa confirma que “Uma mulher boa torna o marido bom”. Com tanto poder, eram as mulheres que deveriam estar à frente de todos os assuntos importantes, não é mesmo? O problema é tão sério em relação à “mulher má” que existem até provérbios dando conselhos ao homem: “Se tens uma mulher má, não vás a funerais, pois tens um em casa todos os dias” (armênio) e “Quem tem uma mulher boa, tem um anjo a seu lado, e quem tem uma mulher má, tem o diabo sobre os ombros” (estadunidense).

Alguns poucos provérbios, ainda que não degradem o homem, aconselham-no no trato com sua esposa: “Um bom cão não mata os frangos; um bom marido não bate na mulher” (chinês), “Um bom marido é melhor do que um amigo ou um irmão” (tadjique) e “Um bom marido vale por duas boas mulheres, pois o que é raro é mais valioso” (estadunidense). Fica subentendido, neste último dito, que são poucos os bons esposos. Um intrigante conselho também é dado por um provérbio árabe: “Sê bom para a tua mulher e terás a do vizinho”. A Rússia traz um provérbio condenatório ao mau marido, o que é difícil de encontrar na maioria da literatura popular: “Um homem mau desconfia sempre que a esposa é infiel”, e a China contribui com “Um mau marido é uma triste sepultura para a esposa”. Mas um dito hebraico joga toda e qualquer esperança no chão, ao alegar que “Antes maldade de homem do que virtude de mulher”. Mulheres, somente o estudo – fonte do saber – poderá libertá-las!

Nota: artesanato brasileiro

Fontes de pesquisa:
Nunca se case com uma mulher de pés grandes/ Mineke Schipper
Livro dos provérbios, ditados, ditos populares e anexins/ Ciça Alves Pinto
Provérbios e ditos populares/ Pe. Paschoal Rangel

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