Autoria de Fernando Carvalho*
A moderna fabricação do açúcar nos trouxe doenças inteiramente novas. O açúcar nada mais é do que um ácido cristalizado que está provocando a degeneração dos seres humanos e é hora de insistir num esclarecimento geral. (Robert Boisler)
Definir “alimento” é um assunto meio complicado. O Dr. Cleto Seabra Veloso assim o define: “Toda e qualquer substância, orgânica ou mineral que, introduzida no organismo em proporções convenientes, é capaz de assegurar-lhe o desenvolvimento e a conservação normais no meio em que vive”. O Dr. Sebastião Barroso completa: “O alimento deve ser comível, ser digerível, e ser nutriente”. A nutricionista Dra. Rebeca de Angelis diz que “alimento é aquilo que entra no organismo para fornecer energia, matéria viva de crescimento, manutenção, reparo, reprodução e excreção”. Depreende-se daí que os alimentos desempenham os papéis no organismo: plástico, energético, regulador e protetor. O papel plástico (construção do corpo) cabe, grosso modo, às proteínas; o papel energético aos carboidratos e gorduras; e o papel regulador e protetor às vitaminas e sais minerais.
Um assunto polêmico envolve o papel energético dos alimentos, certamente uma subversão do conceito de alimento inventada para que o açúcar entrasse de contrabando no rol dos produtos alimentícios. Segundo o fundador da medicina experimental, Claude Bernard, desde Lavoisier que se repete a comparação entre alimento e combustível: “A comparação entre alimento e combustível é pouco exata, porque o organismo não emprega para as suas atividades o calor de combustão dos próprios alimentos, mas utiliza diretamente a energia química neles contida e no oxigênio, energia química que, por comodidade, é medida calorimetricamente, mas que no corpo realiza outras transformações: distribui-se em soluções de concentrações diversas, em sistemas complexos; transforma-se abundantemente em energia de superfície que, por sua vez, cria forças tensoras e atrativas (absorção); estabelece potenciais de membranas e finalmente reflui irreversivelmente no mar morto da energia menos nobre, a mais degradada, que é a energia térmica, e sob essa forma, se não há trabalho externo, abandona o organismo”.
O Dr. Seabra Veloso explica: “Na máquina mecânica o combustível desenvolve energia que se traduz em força, em trabalho, em movimento, mas as peças se gastam; na máquina orgânica, porém, além da energia e do calor resultantes, o alimento repõe os gastos ocorridos e refaz as células, tecidos e órgãos. De modo que esses se renovam automaticamente. Constitui isso uma das maravilhas da vida”. Se levarmos em consideração todas as definições de alimento que vimos acima, o açúcar não se enquadra em nenhuma delas. A alma do conceito de alimento é ser fonte de nutrientes e o teor de nutrientes do açúcar é ZERO! Todos os alimentos (carboidratos, gorduras e proteínas) já fornecem a energia de que o corpo precisa ao mesmo tempo em que o nutrem. A capacidade do açúcar de repor os gastos ocorridos e refazer as células, tecidos e órgãos é ZERO! E o que é pior, além de não fornecer nenhum nutriente, ainda vai precisar de nutrientes das reservas do corpo para poder ser metabolizado, e acaba desvitaminizando, demineralizando e desidratando o organismo.
O açúcar, a partir de determinado ponto em seu processo de refinação, deixa de ser alimento e assume o caráter de um composto químico puro. O mel, um alimento de verdade, é fonte de glicose e frutose, oferece esses açúcares simples já prontos para uso, previamente hidrolisados pelas abelhas que possuem enzimas específicas para tanto; além de ser rico em outros nutrientes. O famigerado açúcar terá que ser hidrolisado pelo nosso organismo, roubando vitaminas, sais minerais e até o desidrata, e vem acompanhado de resíduos de produtos químicos de implicações toxicológicas desconhecidas.
A ingestão de açúcar altera o funcionamento das glândulas endócrinas, pâncreas, suprarrenais, pituitária e até do fígado. Puxado pela hiperinsulinemia, o sistema glandular endócrino, com o tempo, entra em pane e o pâncreas perde a sintonia fina que existe entre níveis de glicose e doses de insulina, o glucagon e até a adrenalina entram nessa dança. E o abuso de oferta de insulina faz com que, com o tempo, ela perca a eficácia. O equilíbrio ácido/base e o osmolar também são alterados e nuvens de radicais livres invadem o corpo. A glicação que toma conta de proteínas do sangue, de órgãos e tecidos é algo semelhante ao cupim atacando o móvel de madeira, ou a ferrugem atacando uma máquina de ferro. O sistema imunológico e o metabolismo também são debilitados. Uma pessoa que deixa de comer açúcar vai ficar livre da possibilidade de ter cáries dentárias, obesidade, diabetes, doenças cardíacas e outras do largo espectro das doenças crônicas, não transmissíveis.
*Autor do livro “O Livro Negro do Açúcar”, presente no Google em PDF.
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Trago hoje mais um interessantíssimo texto do escritor Fernando Carvalho (este é o terceiro) sobre os males causados pelo açúcar. Peço aos amigos que o repassem para seus familiares, pois pesquisas mostram que as doenças advindas do consumo excessivo de açúcar aumentam em todo o mundo, especialmente a diabetes.
Abraços,
Lu
Lu
Como sempre agradeço pela divulgação que você faz neste blog maravilhoso. Defendo que o açúcar faz mal em qualquer quantidade, por isso, a razão o que pleiteio é que o açúcar seja varrido da mesa. Sempre argumento que enquanto uma criança chupa um pirulito o pH de sua boquinha cai para um nível que permite que as bactérias cariogênicas comecem a desmineralizar o esmalte dos dentes (o tecido mais duro do corpo). A cárie é a primeira doença causada pelo açúcar. Hoje é uma pandemia mundial permanente de causa evitável que não incomoda a ninguém por causa da parafernália odontológica que existe para ocultá-la.
Já obesidade não dá para esconder, por isso, muitos médicos quando pensam nas doenças do açúcar pensam em obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares, etc. Ninguém pensa em cárie. Sendo que obesidade não é doença. Um lutador de sumô é um atleta e não um obeso mórbido. Obeso mórbido é o gordo que come açúcar.