Arquivo do Autor: Lu Dias Carvalho

O TRABALHO COMO UM PLANO DE VIDA

Autoria do Dr. Telmo Diniz

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Uma frase atribuída ao filósofo chinês Confúcio – “Faça aquilo que gosta e não terá de trabalhar um único dia na sua vida,” –, ganha força no mercado de trabalho. Antigamente, as pessoas enxergavam seu trabalho apenas como meio de suprir as suas necessidades, porém, setores de RH (Recursos Humanos) observaram que a humanização das relações trabalhistas e a satisfação no ambiente de trabalho são quesitos importantes. Várias pesquisas, feitas ao redor do mundo, mostram que pessoas felizes produzem mais e com mais qualidade em relação aos que trabalham por trabalhar.

Raj Sisodia, consultor indiano e professor da universidade de Harvard, relatou em 2013, em pesquisa realizada pela Gallup, que no mundo, 72% das pessoas não gostam do próprio trabalho. Desse total, quase 20% estão “ativamente desengajadas”, ou seja, elas têm interesse real em prejudicar a própria empresa em que trabalham.

Alguns sinais simples podem indicar que você deve repensar seu emprego:
• Quando começa a apresentar doenças recorrentes.
• Quando passa a cometer erros frequentes em atividades, que antes realizava bem.
• Quando passa a culpar o outro (o chefe, a falta de tempo, de recursos, etc), terceirizando responsabilidades.
• Quando no domingo, à noite, bate aquela tristeza, gerando um desânimo enorme.
• Quando a remuneração está insatisfatória, onde um salário incompatível é um fator de desmotivação no trabalho.
• Quando há falta de perspectivas, com baixas chances de crescimento na empresa.
• Quando você não tem boas possibilidades de desenvolvimento e os projetos não são mais desafiadores.

Enfim, se você chega todos os dias em casa, reclama, e só sabe falar mal do chefe, talvez seria hora de criar coragem e procurar um novo emprego. Correto? Às vezes, não!

Um professor de ciência da computação na Universidade de Georgetown ficou obcecado pela ideia de responder a uma pergunta simples: “Por que algumas pessoas acabam amando sua carreira e outras não?”. O professor foi investigar profissionais que faziam o que amavam nas mais variadas atividades — agricultores, músicos, roteiristas, investidores de risco, programadores, etc. Durante o estudo, ele percebeu que na maior parte dos casos, o amor pelo trabalho desenvolve-se ao longo do tempo, conforme as pessoas moldam a vida profissional de maneira significativa. O processo de construção seria, portanto, mais importante para a satisfação do que a escolha inicial, com base em uma suposta preferência. Os motivos para uma pessoa ficar insatisfeita com o trabalho são diversos, mas a satisfação raramente tem a ver com alguma inclinação preexistente.

O trabalho ocupa, sim, uma parcela importante da vida de cada um, e é fundamental buscar atividades que dão prazer. Mas tem de ser crítico nas decisões de carreira. O profissional deve afastar a ideia ingênua de que uma mudança traz felicidade. Na verdade, a melhor estratégia é enxergar o trabalho como parte de um plano de vida, que tenha múltiplas fontes de satisfação, além da profissional. Acredite em seus sonhos, persista, realize.

Nota: quadro Operário, de Tarsila do Amaral

O SEXO NO MUNDO DAS PESQUISAS

Autoria do Dr. Telmo Diniz

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O sexo é praticado desde o tempo de Adão e Eva. Entretanto, o assunto continua intrigando cientistas em todo o mundo. Várias pesquisas sobre o tema são publicadas todos os anos, algumas sem a menor importância, outras muito bizarras e outras de caráter científico-comportamentais. Pensando nisto, listei algumas delas que, no mínimo, são curiosas.

Quer ganhar um salário maior? Faça mais sexo! Pelo menos esta é a conclusão de um estudo britânico que analisou a vida sexual de 7.500 gregos. E não é prostituição. Funcionários que transam duas ou três vezes por semana ganham quase 5% mais do que seus colegas sexualmente inativos. “Pessoas que estão mais felizes em casa são mais produtivas no trabalho, o que resulta em salários maiores”, resume o autor do estudo.

Gostaria de perder peso fazendo sexo? Desta forma surgiu o livro “Pleasurable Weight Loss” (perdendo peso com prazer, em tradução livre), da especialista e professora de sexologia Jena la Flamme. Durante seus estudos em Nova York, ela percebeu que a atividade sexual e a perda de peso estão completamente conectadas, e não apenas no quesito queima de calorias. Ela explicou que uma vida sexual ativa diminui a vontade de comer alimentos pouco saudáveis, em especial os doces.

Já uma pesquisa da Universidade Queens, na Irlanda, apontou que ter relações sexuais pela manhã favorece a liberação de oxitocina, conhecido hormônio do amor, pois promove a sensação de bem-estar e segurança, muito presente entre os casais apaixonados. Então, seria melhor pela manhã e numa quinta-feira?

Uma pesquisa da London School of Economics and Political Science concluiu que a quinta-feira é o melhor dia da semana para ter relações sexuais. Os pesquisadores explicaram que, às quintas-feiras, é registrado no sangue o maior nível de cortisol, o hormônio que estimula a energia, e é nas primeiras horas da quinta-feira, quando há uma maior produção de testosterona nos homens e de estrogênio nas mulheres, o que leva ao aumento da libido.

Uma empresa britânica convidou cerca 2.000 voluntários para chegar a uma possível fórmula do relacionamento perfeito. As conclusões foram: sexo duas vezes por semana (por cerca de dez minutos, sem contar as preliminares); cinco abraços por dia; dizer “eu te amo” antes de ir dormir; ter o mesmo gosto em filmes; cozinhar junto com o parceiro e ser capaz de admitir que está errado depois de uma briga.

Já em uma universidade da Coreia do Sul, chegou-se à conclusão de que fazer sexo melhora a cognição. O estudo foi conduzido com pessoas acima de 60 anos (portanto, idosos), e os que tinham uma atividade sexual maior apresentaram uma melhor capacidade de memorização e uma menor tendência a desenvolver quadros de demência.

Pesquisas à parte, sexo é uma fonte de prazer, faz bem ao corpo, à saúde e à qualidade de vida, bem como reduz os níveis de estresse. “Amor é prosa, sexo é poesia”, sentencia Arnaldo Jabor.

Nota: a obra que ilustra o texto é do pintor Leonid Afremov

IDOSOS – NÃO ABANDONEM OS SEUS!

Autoria de Celina Telma Hohmann

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Uma das situações que ainda me trazem incômodo, é pensar na possibilidade de um dia, considerando que meus idosos, todos já se foram, parar numa dessas instituições (ILPI), ainda que o sombrio passado dos asilos, albergues, hoje difere, pois as ofertas de locais mais prazerosos existem, sim, e com o cuidado necessário. Mas ainda assim, confesso, não teria coragem de deixar uma pessoa da minha família – seja em qual condição fosse – abrigada longe da minha presença. E vou tentar resumir o porquê, sem tentar ofender ou desvalorizar os novos modelos de instituições que estão sendo ofertadas.

Sou dessas pessoas que veem nas carências humanas o mais temido dos sentimentos, pois sabemos, até nossos bichinhos de estimação sentem, se são afastados, abandonados, deixados de lado. Por muito tempo dediquei uma parte do meu tempo a trabalhos voluntários e, por incrível que pareça, tudo teve início no trabalho com idosos em asilos. Eu precisava fazer isso, pois a velhice, em minha juventude explosiva e vibrante, era algo que incomodava. Via pessoas idosas, mas só as via. Conversava com elas, batíamos papo e eu fingia que gostava. Gostava, não! Julgava que todo idoso em condição ruim estava pagando pelos erros do passado. Meu Deus! Tolice é semente de mostarda comparado ao meu erro de interpretação.

Sempre senti vontade de fazer algo útil, e aí, aceitando convite de senhoras, dessas que fazem do voluntariado um sacerdócio ou um passatempo, embrenhei-me pelo trabalho com os idosos. Foi o melhor que pude fazer. Cresci na primeira visita ao Lar das Vovozinhas, onde, pela primeira vez, fiz algo que deveria ter feito antes, muito antes. Das lembranças que guardo, essas estão entre as melhores. Conheci o mundo nesse período de minha vida, onde eu, em plena capacidade, dava o meu melhor às que já estavam sem forças físicas, sem vislumbrar horizonte algum. E fez um bem danado! Amo lembrar que fiz isso com tamanho empenho e respeito. Diga-se que o respeito surgiu. Ele não existia.

Vivenciei as dores do abandono na velhice, não na condição de abandonada, mas tentando alegrar rostinhos que não se alegram. Os que estão felizes fora do seu lar natural, normalmente o estão por comprometimento da razão. A senilidade, precoce ou não, a demência, absurdamente comum com a idade já avançada. Exceções existem, mas o caminho natural é esse. Quando há esse comprometimento, afastado todos os demais que incapacitam, mas não comprometem a lucidez, pela própria condição, o que ocorre ao redor do idoso nem o afeta. É uma criança que tem rugas, pele ressecada, cabelinhos ralos e caminhar lento. Pode manter a alegria, mas não é a alegria espontânea, natural.

Hoje, o que prolifera são hotéis para pequeninos, lares para idosos, enfim, temos que deixar crianças e velhos aos cuidados dos outros, pois precisamos trabalhar… Virou conceito, a forma básica do pensamento de que para eles, crianças ou idosos, o melhor é estar num lugar onde o cuidado é garantido, afinal, há toda uma estrutura e equipe preparada para cuidar desses nossos amados, que não podemos, de forma alguma, deixar aos cuidados de qualquer um, e então, a saída sadia é deixá-los onde julgamos que estarão bem. E paga-se caro por isso! Mas é o melhor, não? Discordo, mas deixo a liberdade da aceitação de que escolas para crianças, quando um pouco maiores, fazem bem, sim! E dou-me a liberdade e essa opinião é exclusivamente minha, em não aceitar que isso faça bem quando são ainda muito pequenos. Valendo para quando nossos idosos já representam transtornos.

Quem avalia que, dentro de um lar de idosos, eles estão tendo tudo o que necessitam? Quem não vive o dia a dia deles. Quem paga um valor monetário alto para mantê-los em local próprio para que não incomodem. Há conforto, há estrutura, repito, mas falta o amor, aquele amor que só a família pode dar. Por vezes não dá e isso é comum, mas também há exceções e muitas.

Meu trabalho foi com velhinhas carentes e algumas nem tanto. As que não pagavam nada e as que a família pagava e muito bem. Umas em alojamentos conjuntos, outras em apartamentos individuais. Garanto que, em conjunto, eram mais felizes. Ou se divertiam mais, sem que se percebesse nelas que o afastamento havia feito tanto mal. Há casos em que ficam melhores se longe dos seus. Fico feliz quando encontro eco para esses desabafos que são motivados pela incredulidade de que alguns, justificando motivos que nem sempre têm uma razão efetiva, afastam os seus, como se isso fosse um favor.Não é favor, é desamor! Senão desamor, um certo quê de displicência, ou dê-se o nome que se der, ainda assim, é injusto!

A convivência afetiva é importantíssima! Pena que isso seja só importante e necessário e não a realidade. Quem tem a coragem – e aqui exponho minha covardia – em levar um dos seus para fora do lar, usando a desculpa que melhor convenha, não imagina o que está fazendo. Abrevia o resto de felicidade que esse ser possa almejar e ter direito. Vem a solidão, mesmo que rodeados por outros em condição idêntica, ou, como se prega, iguais em pensamento e visão de vida. Balela! Eles sofrem. Por vezes esbravejam, xingam, brigam. Noutras, calam-se, e é o calar-se por não ver motivo para falar nada. Mesmo as “besteiras dos velhos” já não saem mais dessas bocas. Para quê? Não haverá respostas.

Vemos idosos felizes, dançando, passeando e viajando com grupos da “Melhor Idade”. Mas quem nos mostra isso? A televisão e um ou dois casos onde a convivência deu certo? Velhinhos saltitantes jogando baralho, contando piadas, praticando esportes existem, claro. Mas se saíram de suas casas – já não suas – e foram para algum lugar agradável, o fizeram por opção e, porque podem pagar. Esses são pouquíssimos, e, graças a Deus, existem. Mas a maioria representa o tronco da velha árvore que apodreceu e pode cair, e caindo, destruirá nosso telhado, ou muro, ou jardim bacana.

Os cuidados adequados em casos extremos terão um melhor suporte nos ILPI. Concordo! Mas, infelizmente, com toda a certeza, garanto, em sua maioria, somente o tratamento médico é eficaz. A comida, excelente para a idade. Mas quem disse que velho gosta só da comidinha que antes odiava? E quem serve a comida ao idoso não pode nem sentar-se com ele. São regras, em grande parte das clínicas. Então, colheradas rápidas e certeiras, e, claro, em pé! Isso não é carinho. É cuidar como se cuida de um estabelecimento qualquer. É um trabalho. Quem percebe que o abraço do enfermeiro ou cuidador tem, para o idoso, o mesmo calor que o do filho, dos netos? Os que não têm esse abraço e recebem o abraço do próximo, que pode dar carinho, mas o carinho que varia em cada turno. Filhos/netos/noras e demais, só visitam, levam as melhores roupas, mas com horário certo e rapidez em sair dali… Cumpriram a obrigação. Então, pronto, fez-se o melhor!

Complicado, principalmente se nos damos conta de que o número de idosos é enorme e continuará aumentando. Reflexo dos novos tempos. Casais de filho único terão qual futuro? O que me conforta é que os meus velhinhos morreram em casa e nos meus braços, exceção para minha avó materna, que faleceu quando levantou para tomar banho pela manhã, dizendo que ia morrer, e minha prima apoiou-a em seu último instante. Educo minha filha, como fiz com meus sobrinhos, para que a família seja um laço eterno. E que, quando o físico não mais responder como antes, haja o contato, o olhar, o afago… Isso sempre será por pouco tempo. Sei que existem clínicas bonitas e equipadas, mas sem o perfume gostoso que exala do lar.

Com toda certeza, há muitos que pensam que as tais Instituições são o melhor. Não vivem dentro de uma delas. Livram-se da penosa obrigação de cuidar, e com esmero, daqueles que precisam de cuidados. Há instituições, mas há também hospitais quando nossos velhinhos não estão bem. E se nas instituições há lazer, quem disse que não podemos nos divertir com os que viram, novamente, crianças fragilizadas? Pode ser difícil, mas quando temos dentro de nós um pouco de consciência, senão o amor incondicional, nossos idosos partirão, mas embalados pelo saber que não foram abandonados. Os trapinhos que um dia protegeram-nos do frio, os que nos supriram, os que ensinaram, os que nos toleraram em nossas birras de infância, adolescência e nos deram força em nossa vida adulta, não são parte de nós. Nós é que somos parte deles! Se cortamos a raiz, como caule, também ressecaremos. Se isso não ocorrer, não somos seres vivos. Somos pedras, e essas, ainda mesmo que o tempo e as intempéries as modifiquem, não mudam sua condição. Pedras, unicamente pedras!

Nota: imagem copiada de grupodeoracaoagape.com

O DESTRUTIVO PODER DA AUTOSSABOTAGEM

Autoria de Celina Hohmann

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Quando machucamos qualquer parte do nosso corpo, a dor é percebida imediatamente, mas quando machucamos nossa vida, podemos levar a vida toda para nos darmos conta do quanto nos ferimos. Somos o animal mais complexo que existe. Nunca vivi a vida de outro animal, o que me impõe a condição de não me comparar a qualquer um deles, então, finco a estaca em minha condição humana.

Sou chegada à psicologia para defender-me dos meus achaques. Vou de Freud e suas estranhas justificativas – ou serão estudos, teorias? – a Eric Berne (gosto mais desse) e sua discussão acerca da Análise Transacional, pois sempre me deu o alento de que nascemos OK/OK, então, podemos tudo. E se podemos e não estamos OK, devemos buscar a “okeidade”. Meio maluco, mas com uma boa lógica! Afinal, segundo Berne, nascemos vencedores… Bem, o que desejo realmente é comentar como a autossabotagem atinge-nos e como sou vítima dessa coisa chata e feiosa!

Num belo dia, que na verdade nem era tão belo, pois buscava informação sobre um medicamento, deparei-me com um blog e cai de boca no abençoado Virusdaarte.net. Li, reli, adorei, e lá fui eu tecer comentários. E gostaram! E também gostei que houvessem gostado! Escrevi depois mais algumas coisas. Sinceras, explodindo em sentimentos e foram postadas. Amei! De alguma forma, o remédio, que era outro, acabou sendo a escrita. E nessa toada eu me descobri capaz de escrever outra vez. E, melhor, com elogios! Perguntem-me se não saí correndo? Claro que sim! Afinal, ali estava a escapatória. Escrever me colocava em outra dimensão, agradava, ocupava meu tempo e mente, ambos meio aparvalhados.

Havia os instantes de muita dor por não conseguir escrever nada, e a cabeça fervilhante de temas bons, coerentes, necessários, e eu travando, quase apagando. Era o meu boicote! Vi-me dentro de algumas possibilidades do escapismo da verdade. Na Análise Transacional há a abordagem acerca de como nos defendemos usando desculpas, tais como: “Ah! Se não fosse você…”, para justificar que nosso erro não é culpa nossa, mas do outro, entre tantas outras comparações ou metáforas. Admito, com pesar, que ainda caminho pelo triste atalho de deixar de fazer algo, que faço com boa ou relativa facilidade e gosto, para mais uma vez fugir pela lateral. Sei não ser a única, e o quanto isso nos incapacita, tolhe-nos, e impede-nos de seguir.

A droga do boicote próprio! A maldita autossabotagem! Um pedacinho do inferno interior que não dói, mas incapacita. Nossa bengala, como se ela fosse a mostra de que não podemos andar rápidos. Pode? Pode! E tanto pode que fiquei no lugar. Estarrecida, como se mais um passo fosse o passo para o precipício… Não seria, com certeza!

Na autossabotagem, o poder maior é não fazer aquilo que nos dá prazer, que nos eleva de alguma forma. Um desafio à lógica de que ser feliz é um direito, é possível e obrigatório. Afinal, não nascemos para a sofreguidão! Mas, como tudo tem começo, meio e fim, eis-me aqui, escrevendo! Obviamente meio enrolada, na busca das palavras perfeitas, que existem, mas que não voam para meu teclado. Meio que me desafiando a não seguir… Hoje eu sigo. Azar o da paralisação, do temor, do arrepio em expor pensamentos. Hoje eu vou nem que doa. Doendo, a gente toma uma providência, pois a dor deixa-nos alertas, ao contrário desse confuso jeito maluco de ser, que não dói, mas que destrói. Talvez nem destrua totalmente, mas, convenhamos, faz um estrago danado.

Um dia inteiro sem o direito a fazer o que se sabe, ou o que se gosta é um dia perdido. Cada instante que perdemos subtrai de nossas vidas as possibilidades, as chances de chegar mais próximos da nossa paz interior, da nossa realização, do encontro com o que chamamos bem-estar, felicidade… O mais complicado é ter consciência dessa incapacidade de lutar contra algo que nos incomoda e, ainda assim, cruzar os braços, literalmente, e deixar a banda passar. Me pego assustada. Sorrateiramente tento me desvencilhar dessa estupidez e vou tentar seguir. Sei que consigo, mas, Jesus! Como é difícil!

Quantos de nós não nos vemos assim? Onde nasceu essa capacidade tola e frustrante em nos sabotarmos? Tento encontrar o motivo, que, sei, existe, mas ainda não o exterminei, talvez por não tê-lo descoberto em tempo hábil. Talvez porque com o motivo que desconheço a nível consciente, mas que sei , existe, só não sei onde se iniciou, eu me descubra medrosa, e descobrir-se medroso é como assinar um atestado de covardia. Ninguém quer ser julgado covarde. Eu, como os demais, também não quero! O que sei, é que chegou a hora de dar corda no velho relógio que resistiu ao tempo e às modernidades, e fazê-lo trabalhar. Não sou eu quem vai parar, ou o tempo me devora!

Como o relógio, já tiquetaqueando os segundos, sigo no firme propósito de, a partir deste instante, não mais parar, exceto, claro que sempre haverá exceção. Vamos lutar! Se todos nascemos OK/OK… Vencedores! Então, deixemos para trás o medo, e vamos fazer o que nos faz bem, faz-nos sentir que somos capazes e verdadeiramente felizes. Ser feliz é se descobrir ou se (re)descobrir superior ao monstro! Meu monstro mais temível é a autossabotagem, então, xô, suma! Agora sou eu no comando! Sou humana, então, sou maior que o medo, maior que tudo. Posso, logo, consigo, sim! Por quanto tempo? Não sei, mas por ora, venci o primeiro bloqueio.

Uma certeza: se nós não nos ajudarmos, ninguém o fará por nós. Ao menos nesse aspecto. O nosso medo, a nossa insegurança são fantasmas nossos! Ninguém teve culpa se os deixamos crescer e fazer ninho. Cabia a nós tê-los postos em fuga. Se não o fizemos ontem, que seja hoje!

Nota: imagem copiada de www.psicologavera.com.br

NA VIDA TUDO PASSA! TUDO MUDA!

Autoria do Dr. Telmo Diniz

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Tudo nessa vida passa. Tudo muda. Tudo está em constante transformação. O que hoje é importante, amanhã pode não ser mais. O que hoje é o melhor lugar do mundo, amanhã pode deixar de ser. Nada nos pertence. Coisas não nos fazem felizes. O que nos faz feliz são nossas ações e escolhas. O que deve nos motivar a seguir em frente é saber que tudo passa.

Na natureza, tudo passa! Nós, inclusive. O traço característico da existência é a não permanência dos acontecimentos. Você já pensou que a gente acorda e sempre deseja que o dia transcorra da forma que queremos. Não desejamos que nada “saia dos trilhos”. Porém as coisas mudam, sim, mesmo que você não queira. Pessoas e situações vão e vêm em nossas vidas, entram e saem na esfera de ação. Isso é assim mesmo! Felizmente, em minha opinião. Caso contrário, a vida seria um tédio.

Tudo passa! O que marca é a experiência adquirida. As culpas e mágoas também passam! Vejo a vida como um rio, onde os tempos difíceis correspondem às correntezas a serem enfrentadas e os tempos de calmaria é o tempo que passamos no remanso do rio; mas logo ali na frente vem uma nova correnteza e, quem sabe, cachoeiras. A vida é assim, com turbulências e calmarias. Mas fique tranquilo, se você está em um rio de altas correntezas, isso passará. No rio da vida, as águas do tempo curam tudo, pois diluem tudo que é passageiro. Coisas ruins que aconteceram, os dramas que se desenrolaram e as pesadas palavras também passam.

O tempo passa para todos nós. Perde-se o frescor da juventude para ganhar a maturidade e a sabedoria. Impulsividade cede lugar à cautela, enquanto as irresponsabilidades são substituídas pelo peso dos compromissos. Faz parte do milagre de estarmos vivos, caminhando, perseverando, esperando e sonhando. A vida só faz sentido quando as peças se juntam, quando o passado explica o presente, quando o hoje reflete o ontem, e o amanhã surge, clareando as pegadas de um caminho aberto e que, certamente, será diferente dali pra frente. Porque tudo muda. Somos todos inquilinos deste mundo imperfeito, mas cheio de coisas bacanas. Não devemos ter medo dos anos vividos, do tempo perdido, da falta de emoções, dos triunfos e, porque não, também dos fracassos experimentados. Afinal, aprendemos muito com eles. A vida transborda variações. Sempre mudando.

Como diz um amigo: “fique frai, não descabelai” (fique tranquilo, não se desespere. Tudo passa! Portanto, não se apegue tanto a preocupações ou insatisfações. Sua vida pode parar de avançar. O peso que você acumula te enraíza ao sofrimento. Respire fundo, relativize seus problemas e quebre as correntes. Não tenha medo das mudanças, elas são âncoras que quebramos para avançarmos com um pouco mais de sabedoria, de acordo com os acontecimentos do dia a dia. Se hoje você está triste, não fique. Tenha a certeza de que vai passar e tempos melhores virão.

O PORQUÊ DA GERAÇÃO CANGURU

Autoria do Dr. Telmo Diniz
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O canguru é um animal normalmente atento e protetor. Desdobra-se em cuidados e atenção com as crias. Os cangurus são assim, só saem da bolsa quando se sentem seguros. Com muita frequência ficam grandes e continuam querendo ficar junto da mãe. Daí a denominação “geração canguru”, ou seja, pessoas que se tornam adultas, mas que parecem ainda não estarem prontas para a vida fora da casa, onde cresceram. Persistem morando com seus genitores, no aconchego do lar e, muitas vezes, sob sua tutela econômica. Existem cada vez mais jovens entre 25 a 34 anos morando com os pais. Este fenômeno não é somente entre os brasileiros, pois vem ocorrendo em vários países mundo afora.

Sair da casa dos pais, conquistar seu próprio espaço, sua autonomia, abrir as asas e alçar voo rumo à auto realização é tudo aquilo que seria natural em uma pessoa mais jovem. Entretanto, esses desejos vêm sendo postergados, por anos, pelos integrantes desta geração. Mas o que explicaria esse comportamento dos “filhotes cangurus”?

Um dos motivos desse processo parece se ater às exigências da sociedade em que vivemos. A felicidade está atrelada aos bens materiais e, por isso, muitos jovens adultos acabam retardando a saída da casa dos pais para otimizar a renda financeira. Outro ponto é a dependência emocional, tanto por parte dos pais quanto dos filhos. Alguns desejam que o filho permaneça em casa, temendo a separação e a distância. Em outros casos, os filhos optam por não trabalhar para se dedicar aos estudos. Investem mais pesado na graduação, na pós, no mestrado e ficam por anos sem trabalhar. Por fim, há os casos de uma acomodação geral, em que a pessoa tem o apoio financeiro e psicológico dos pais e acaba não tendo vontade e, muito menos necessidade, de sair de casa.

Embalados por facilidades, conforto, proteção financeira e/ou emocional, esta geração parece não estar disposta a enfrentar e assumir os riscos e responsabilidades da vida adulta. Muitos pais, infelizmente, não sabem lidar com o crescimento e a independência dos filhos. Eles se “esquecem” que os filhos cresceram e continuam tomando decisões que não cabe mais a eles. Por isso é fundamental que os genitores tenham ciência de que “o sair de casa” é um processo natural. Com isso terão condições de passar segurança aos mesmos para vivenciar essa nova etapa com mais tranquilidade.

Da mesma forma, é também importante entender que os filhos devem trilhar seus caminhos sozinhos, para que possam construir sua independência, autonomia e maturidade. Os pais precisam desta maturidade emocional para compreender esse processo natural e perceberem que os filhos podem fazer “as coisas acontecerem”. Precisam também aceitar que a conquista da independência dos filhos pode ter uma jornada mais difícil no início, mas é o caminho para a construção e crescimento pessoal de todos os seus caguruzinhos.

Nota: imagem copiada de www.coceducacao.com.br