Arquivo do Autor: Lu Dias Carvalho

Degas – MADEMOISELLE MALO

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição Mademoiselle Malo é uma obra do pintor impressionista Edgar Degas. Ele fez diversos retratos dessa mesma mulher, possivelmente uma simples bailarina da Ópera de Paris, mas que chamou a sua atenção. Ela não era provida de beleza convencional, o que nos leva a crer que o pintor preferisse retratar a sensibilidade e a distinção de sua personalidade.

A mulher, sentada numa poltrona colorida, traz o seu olhar fixo num ponto invisível, perdida em seus pensamentos. Usa um vestido escuro que deixa apenas sua pequena cabeça e parte da mão direita e do antebraço esquerdo de fora. Seu rosto iluminado destaca-se na composição, chamando a atenção do observador. Seus cabelos, repartidos ao meio e presos atrás, são tão escuros quanto sua vestimenta.

O fundo da tela está salpicado de delicadas flores brancas e amarelas. O artista usou em sua tela tons marrons, pretos e verdes, que se tornam mais serenos com o ouro e o branco prateado das flores que parecem uma cascata de luz a cair detrás da cabeça da retratada.

Ficha técnica
Ano: c. 1877
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 81 x 65 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
http://www.edgar-degas.net/mlle-malo.jsp

Toulouse-Lautrec – RUE DES MOULINS

Autoria de Lu Dias Carvalho

Ele escolhe pessoas notoriamente vulgares: salões de bailes com decorações miseráveis, corpos de mulheres cansadas ou sem nenhuma graciosidade – não para mostrar-lhes a feiura, mas para descobrir-lhes o frescor que outro olho qualquer não perceberia. Em resumo, Lautrec mostra o contrário daquilo que representa. E é exatamente essa procura pela pureza, essa sua necessidade do absoluto que o levam a buscar uma inspiração cada vez mais distante da sociedade aristocrática e culta, na qual ele nasceu. (Geneviève Dortu)

A composição intitulada Rue des Moulins é uma obra do artista francês Henri-Mari-Raimond de Toulouse-Lautrec que, além de boêmio e de ter grande fascinação pelas prostitutas, gostava de retratar a vida dos bordéis parisienses de Montmartre. O artista era um aristocrata excêntrico e inconformado com a hipocrisia moralista. Ele foi grandemente influenciado pela arte de Edgar Degas.

Toulouse-Lautrec tornou-se um frequentador contumaz do Moulin de la Gallete, retratando seus frequentadores e posteriormente do Moulin Rouge, casa luxuosa de espetáculos, inaugurada em 1889, onde se reuniam pessoas das mais diferentes classes.

A cena acima, mostrada pelo artista, retrata a vida de duas prostitutas num bordel de Paris, na Rue des Moulins, local em que o artista viveu durante certo tempo. Ele não as mostra com sensualidade, deboche ou preconceito, mas com total imparcialidade, meramente como seres humanos. As duas mulheres ocupam o centro da tela, perfiladas – uma atrás da outra.

As duas personagens assim se encontram – despidas da cintura para baixo –, porque irão fazer o exame médico obrigatório para prostitutas,  a fim de detectar doenças sexualmente transmissíveis. Naquela época, os bordéis parisienses passavam por inspeções policiais e tais exames eram rotineiros. Tinham como objetivo proteger a clientela, sobretudo, contra a sífilis, doença infecciosa e contagiosa, transmitida principalmente através do contato sexual. O próprio artista foi vitimado por tal doença.

As duas meretrizes encontram-se seminuas, com a vestimenta recolhida na parte superior e usam grandes meias pretas que descem a partir dos joelhos. A primeira, à direita, tem os cabelos ruivos, tendo sido muitas vezes retratada pelo artista. A segunda, um pouco mais alta, tem os cabelos loiros. À esquerda são vistos o vulto de um homem, usando um casaco escuro, de costas para o observador, e a cabeça de uma mulher, postada de frente, entre o vulto e a meretriz de cabelos ruivos.

Ficha técnica
Ano: 1894
Técnica: papelão montado sobre madeira
Dimensões: 83 x 61 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://www.sartle.com/artwork/the-medical-inspection-henri-de-toulouse-lautrec

VÍTIMA DE UM VAMPIRO POSSESSIVO

Autoria de Celina Hohmann

Tive o desprazer de ter cruzado com um possessivo doentio, cujo maior prazer é a tortura. O indivíduo possessivo é tão perspicaz quanto um vampiro e nisso está seu trunfo.

Nunca nos imaginamos enfrentando um possuidor mórbido, indivíduo que se julga o dono absoluto de tudo e de todos, inclusive dos pensamentos de outra pessoa. É cruel, impertinente, magoa pelo prazer e, ao final, faz-se de vítima. Para chegar aonde se sente confortável não poupa esforços em destruir a imagem do outro. Ele é quem domina, o dono absoluto da verdade. Infiltra-se como água na areia e vai destruindo pedaço por pedaço de quem tomou como vítima. E diz amar!

Sabemos que a esse tipo de gente falta o amor próprio, o reconhecimento de que precisa mudar, pois caso contrário terá como fim o desprezo, uma consequência por tudo o que criou, após chegar e fazer o estrago. Tais pessoas chegam com uma carinha de gente boa e preocupadas com o bem-estar do outro, mas, na verdade, estão afiando as garras para rasgar vidas, o que fazem muito bem. Quem se encontra sob o seu domínio perde o controle de tudo, principalmente de suas próprias ações. É um jogo perigoso.

O maior perigo do possessivo está no fato de ele chegar sorrateiramente, dando-nos bons motivos para vê-lo como alguém especial. É especial, sim! Tão maldosamente especial que o mundo de quem está sob seu domínio fica à deriva. O complicado é que a vítima, na ânsia de não criar atritos, anula-se, culpa-se e odeia-se… Aí é que reside o fortalecimento do possessivo! Consegue seu alvo. Destrói e não se culpa, mas ao contrário, joga a culpa no outro e ainda faz a clara observação de que é “por amor”. Amor que mata! Amor que não faz bem! Amor que machuca! Não, isso não é amor, mas terrorismo!  Viver sob tal domínio é angustiante, é como pisar em ovos, ter medo do que fala e, quase sempre, deixar de ser o que se é!

Possessivos são doentes, jogadores sem escrúpulos. Para que se afirmem, fazem de quem está próximo (e sempre há uma vítima preferida) um doente como eles são. Sua capacidade está na anulação do outro com o objetivo de aumentar o próprio poder, até que, numa escorregadela, o oprimido percebe,  ainda que com certa relutância, que o problema não está em suas ações, palavras ou gestos, mas na maquiavélica capacidade de ser manipulado pelo outro ? um doente que culpa os demais por sua incapacidade. Perigosos, eles podem, num surto ou acesso de raiva, ferirem fisicamente, depois de terem sugado o psiquismo até a última gota. São as pragas da humanidade que, junto a muitas outras, fazem a vida de muitos se transformar num inferno diário.

Hoje, após um tempo que pareceu uma eternidade, percebi que eu era a vítima, mas as sequelas ficaram visíveis: ainda o medo, ainda culpas que jamais seriam culpas, ainda o tatear no escuro. O livrar-se de um possessor não é tarefa das mais simples. Há que se ter muito amor próprio, pois o possessivo escolhe suas vítimas, normalmente já fragilizadas (e pessoas fragilizadas são alvos fáceis), mas, até que reencontrem seu equilíbrio, passarão por maus bocados. Se não tiveram alguém que sutilmente as orientem, poderão, sem dúvida alguma, anular-se por completo e, num perigoso jogo, caírem na caverna desses vampiros para sempre.

Renoir – BANHISTA ARRUMANDO OS CABELOS

Autoria de Lu Dias Carvalho

A belíssima composição intitulada Banhista Arrumando os Cabelos é uma obra do pintor impressionista francês Pierre Auguste Renoir que pintou inúmeros retratos. Nos últimos anos de sua vida, ele desenvolveu uma predileção pelos nus, tornando-os o centro de seu interesse. Os cenários tornaram-se reduzidos e a forma feminina ganhou suntuosidade em suas telas, sempre banhadas por grande luminosidade, normalmente controlada e disseminada. À medida que a figura feminina ia dominando o espaço de seus trabalhos, esse ia se tornando cada vez mais abstrato.

A pintura apresenta uma sensual e jovem mulher ao ar livre, no que parece ser a margem de um rio. Ela se encontra nua, de pé com a cabeça baixa. Tem faces rosadas e boca vermelha. Seus seios são rijos. A púbis não apresenta pelos. Um tecido branco está a escorrer-lhe pelas pernas. Sua atenção está voltada para seus cabelos acobreados, pois traz ambas as mãos a ajeitá-los, o que nos leva a crer que tenha acabado de tomar seu banho. Ela está envolta por tecidos de diferentes cores, além do verde exuberante da natureza que acrescenta uma coloração especial à obra magnífica do pintor.

Ficha técnica
Ano: c. 1876
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 92 x 74 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

Cézanne – O CASTELO PRETO

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição intitulada O Castelo Preto é uma obra do pintor pós-impressionista francês Paul Cézanne. Seu trabalho foi muito importante para a transição da pintura do século XIX para a do século XX. Este tipo de pintura foi motivo de vários outros trabalhos do artista, através dos quais ele fazia experiências, trabalhando com várias possibilidades. Muitas vezes se colocava perto da cena, enquanto noutras se distanciava. Trata-se de um dos mais dramáticos e densos trabalhos do pintor.

Em sua composição, o artista mostra vários episódios que, embora diferenciados, articulam-se num espaço que se dilata e encolhe. A paisagem apresenta uma luxuriante e magnífica floresta que cobre o chão e toma conta do céu azulado com sua complexa folhagem. No canto inferior esquerdo, em primeiro plano, avista-se uma antiga cisterna de pedra. Neste mesmo lado, um pouco mais adiante, divisa-se uma estrada de terra que segue cortando por entre árvores e galhos.

Os densos ramos da folhagem direcionam o olhar do observador para a parte baixa da pintura, à direita, e ligam o primeiro plano com o rochedo, onde se ergue o castelo. Para equilibrar a parte direita da composição, Cézanne criou linhas (galhos) destacadas que encobrem parte do céu. Em sua obra predominam os tons azuis fortes e os pálidos, esverdeados e alaranjados.

O leitor deve estar se perguntando o porquê de esta obra ser chamada de “O Castelo Preto”, quando não se vê um castelo de tal cor. Acontece que o artista, durante grande parte de sua carreira, usava as paisagens em torno do lendário Château-Noir (Castelo Preto – em francês), uma mansão edificada, no século XVIII, por um industrial fabricante de tintas que a decorou com tal produto. Os habitantes locais passaram a associar o castelo com a magia negra, recebendo a mansão o nome de “Black Castle” (Castelo Preto – em inglês), título este dado à pintura.

Ficha técnica
Ano: c.1904
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 74 x 97 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
http://artmuseum.princeton.edu/cezanne-modern/cézanne/cistern-park-château-noir

Mestre de Heiligenkreuz – A MORTE DE SANTA CLARA

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição intitulada A Morte de Santa Clara faz parte de um díptico, tendo sido atribuída ao Mestre de Heilingenkreuz que recebeu este nome em razão de suas pinturas “Anunciação” e o “Casamento de Santa Catarina”, hoje no Museu de História da Arte, em Viena, originalmente encontradas no mosteiro de Heiligenkreuz, no norte da Áustria. A produção do artista foi muito pequena. Ele também foi identificado como sendo o Mestre do Paramento de Norbonne ou como um miniaturista ou ainda como um pintor francês, etc. O trabalho do Mestre de Heiligenkreuz ilustra o aspecto cosmopolita do estilo Internacional, que floresceu em 1400.

A cena apresenta Santa Clara morta, envolta por onze personagens, sendo quatro delas freiras de sua mesma congregação e sete santas, como mostram suas grandes auréolas douradas e atributos. Todas rezam pela falecida. Uma freira arruma seu corpo  na cama que traz a cabeceira debaixo de um dossel vermelho, preso ao teto invisível por duas corda, colocando seus  braços e suas mãos cruzados sobre o peito. Uma das santas segura-lhe o rosto. Assim como as demais personagens, os dedos de Santa Clara são compridos e finos.

O Mestre Jesus aparece no alto da composição, com uma criança no braço esquerdo, dentro de um círculo azul representando o céu formado por anjos em postura de oração. A criança simboliza a alma de Santa Clara que alça voo ao céu, sendo recebida por Jesus. Seis anjos em meio a nuvens, inseridos no fundo dourado do painel, à esquerda, seguram bandeiras e instrumentos musicais. E à direita, três anjos parecem ter descido da parede para ficarem sobre o dossel. Dentro do sobrecéu, dois outros anjos, segurando turíbulos em movimento, observam a cena abaixo. Duas freiras, sentadas, leem seus livros de oração.

O pintor incorporou à cena que acontece ao ar livre, num local gramado, os motivos decorativos, transformando-os em parte da mesma, como podemos observar através dos anjos retratados na parede dourada, totalmente abstratos, como se fizessem parte do mundo real. Os anjos com os incensórios também possuem a mesma tridimensionalidade das santas e freiras. Elementos terrenos e divinos incorporam-se neste maravilhoso painel.

Ficha técnica
Ano: 1410
Técnica: painel
Dimensões: 66,5 x 54 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
http://www.wga.hu/html_m/m/master/heiligen/heilige1.html
https://www.nga.gov/content/ngaweb/Collection/art-object-page.41698.html