CARL SAGAN – A COISA MAIS PRECIOSA (I)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Não deixem nada ao acaso. Não percam nenhum detalhe. Combinem as observações contraditórias. Não tenham pressa. (Hipócrates de Cós)

Toda a nossa ciência, comparada com a realidade, é primitiva e infantil – e, no entanto, é a coisa mais preciosa que temos (Albert Einstein).

Carl Edward Sagan (1934-1996)  foi um dos mais importantes nomes da Ciência do século XX. Além de ter sido um notável cientista, era também professor, escritor, astrônomo e biólogo. Tinha, portanto, um grande conhecimento sobre a vida. Marcou presença no desenvolvimento de programas espaciais para a Nasa. Publicou mais de 20 livros de ciência e ficção científica, além de 600 publicações sobre os mais diversos assuntos. Em seu mais famoso livro “O Mundo Assombrado dos Demônios”, o cientista norte-americano Carl Sagan aborda questões importantíssimas sobre o desconhecimento da Ciência em todo o mundo, o que propicia um campo fértil para a pseudociência e, em consequência, aumenta a colheita de superstições, enganadores charlatães e fakenews. Só para se ter uma ideia dessa realidade perversa, ele cita que 95% dos norte-americanos são “cientificamente analfabetos”.

Carl Sagan levanta os males que esse desconhecimento causa: ignorância sobre o aquecimento global, a poluição do ar, o lixo tóxico e radioativo, a chuva ácida, a erosão da camada superior do solo, o desflorestamento tropical, o crescimento exponencial da população, entre outros. O cientista afirma que a maioria da humanidade prefere ver tudo como divino, ao invés de reconhecer a sua ignorância, pois é muito mais fácil passar toda a responsabilidade para um “deus das lacunas” em vez de buscar respostas geradas pela Ciência. Lembra que o filósofo grego Hipócrates de Cós – o pai da medicina – que viveu nos séculos IV e V a.C., foi o responsável por introduzir elementos do método científico no diagnóstico das doenças, recomendando a observação cuidadosa e meticulosa: “Não deixem nada ao acaso. Não percam nenhum detalhe. Combinem as observações contraditórias. Não tenham pressa”.

Afirma Sagan que a ciência e a tecnologia também têm sido responsáveis por coisas ruins como as armas nucleares, a produção da talidomida, o agente laranja, os gases que atacam o sistema nervoso, a poluição do ar e da água, as extinções das espécies, etc. Contudo, afirma ele: “As vidas salvas pelos progressos na medicina e na agricultura são muito mais numerosas que as perdidas em todas as guerras”. Ou seja, diz que, apesar das desgraças criadas pela Ciência, os ganhos que ela trouxe para a humanidade são muito maiores, basta ver a expectativa de vida que vem se ampliando a cada decênio.

Como demonstrado por Sagan, a Ciência é uma espada que traz consigo dois gumes e exige que cientistas e governos assumam responsabilidade em relação à vida humana e à vida do planeta como um todo. Eles têm o dever de estar atentos às consequências de longo prazo da tecnologia, “evitando os apelos fáceis do nacionalismo e do chauvinismo”, tão comuns aos dias de hoje, apesar de todo o progresso científico.

Fonte de pesquisa

O mundo assombrado pelos demônios/ Companhia de Bolso

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