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Textos sobre variados tipos de arte

Greuze – LAMENTO PELA PASSAGEM…

Autoria de Lu Dias Carvalho

Deixem a moral exprimir-se na arte. (Diderot)

O pintor francês Jean-Baptist Greuze (1725 – 1805) era filho de um mestre talhador. Desde pequeno mostrou interesse pelo desenho, vindo a estudar com Charles Gardon. Em Paris estudou na Academia com o professor Natoire. Foi influenciado pela pintura de gênero holandesa do século XVII, após contato com Phillippe Le Bas e Pierre Étienne Moitte. É tido como um grande representante da pintura de gênero moralizante (peinture morale), aclamado até mesmo pelo crítico Didorot, uma vez que o público da época exigia que a pintura primasse por mais moralidade, aparentemente cansada do estilo Rococó que dava mais ênfase à sensualidade.

A composição intitulada Lamento pela Passagem do Tempo – também conhecida como A Queixa do Relógio – é uma obra do artista. Embora tenha por objetivo o uso de um tema moralizante, a obra é também cheia de erotismo, mas não se limita apenas ao aspecto erótico, trazendo em seu bojo uma mensagem de cunho moral.

Uma jovem mulher mostra-se extremamente abatida, perdida em seus pensamentos. Ela se encontra em um quarto triste – aparentando ser um sótão –, sentada numa cadeira próxima à sua cama ainda desfeita, onde jaz a sua touca. Ela veste uma camisola, aparentando ter acabado de levantar-se. Fitas descem pelo espaldar de sua cadeira de madeira e palhinha. Seu seio esquerdo – semi despido – chama a atenção para o seu colo. Em volta dele o artista conduz a narrativa que leva ao título da obra.

A mulher traz um pequeno relógio redondo na palma da mão esquerda, possivelmente um presente da pessoa que a deixara. Como o relógio representa na simbologia da arte a transitoriedade do tempo, significa que ela rememora uma aventura amorosa desfeita, como reforça a carta aberta, cortando a relação amorosa, que se encontra sobre a mesinha dobrável, ao lado de um buquê de flores e de um cesto de trabalhos manuais.  Tênues raios de sol entram pela direita. Uma parede acinzentada serve de fundo. No chão, em primeiro plano, está um braseiro que aquece o ambiente humilde.

Ficha técnica
Ano: c. 1775
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 79 x 61 cm 
Localização: Pinacoteca de Munique, Alemanha

Fontes de Pesquisa:
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Rococó/ Editora Taschen
https://www.townsends.us/blogs/blog/the-complain-of-the-watch-by-jean-baptiste-greuze

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Lancret – O BALOUÇO

Autoria de Lu Dias Carvalho

O artista francês Nicolas Lancret (1690–1743) iniciou seus estudos na oficina de Pierre Dublin, pintor de história, após um rápido início como gravador e desenhista. Não se realizando com o gênero, foi estudar com Claude Gillot, tendo ali recebido influência de seu colega Antoine Watteau. Veio depois a tornar-se mestre orientador do estilo de pintura denominado “fête galante” (festas galantes) — um novo gênero de paisagens — sendo responsável, portanto, por um ramo específico do paisagismo francês no período do Rococó. O pintor tornou-se respeitado e muito apreciado à época. É tido, ao lado de Jean- Baptiste Pater, como o mais importante dos artistas que receberam influência de Watteau.

A composição intitulada O Balouço é uma obra do artista. Em sua pintura ele apresenta dois aristocratas — usando roupas da época — divertindo-se numa cena íntima, ao ar livre, num bosque. A jovem, sentada num balanço situado entre duas grandes árvores, é puxada pelo acompanhante que usa uma corda para fazer o vai e vem. Ela se mostra faceira, voltando a cabeça para a sua direita. O terreno é ligeiramente inclinado.

O pintor fez outros quadros com esta mesma temática.

Ficha técnica
Ano: c. 1735
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 70 x 89 cm              
Localização: Victoria e Alberto Museum, Londres, Grã-Bretanha

Fontes de Pesquisa:
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Rococó/ Editora Taschen

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Liotarde – MULHER TURCA COM PANDEIRO

 Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor Jean-Étienne Liotard (1702 – 1789) estudou com Daniel Bardelle em Genebra – cidade onde nasceu e morreu – e depois com Jean-Baptiste Masse, em Paris. Sua formação inicial foi como pintor de miniaturas e gravador. Trabalhou para o Papa Clemente XII em Roma e para outros grandes mecenas. Recebeu o apelido de “Pintor Turco” após ter morado cinco anos na cidade de Constantinopla, onde assimilou os costumes de seu povo. Liotard viajou por diversos países antes retornar definitivamente à sua cidade natal. É tido como um exímio retratista e um dos mais importantes pintores a pastel de sua época, tendo sido influenciado por Lemoyne. Sua obra caracteriza-se, sobretudo, pelo uso de cores claras que se sobressaem num mundo detalhado e praticamente sem sombras.

A composição intitulada Mulher Turca com Pandeiro é uma obra do artista que nela usa o pastel e a técnica em óleo. Trata-se de uma réplica em óleo de um pastel menor. A jovem mulher apresenta-se como uma elegante parisiense. Seu rosto pálido com olhos claros traz bochechas e lábios vermelhos. Ela está sentada ereta sobre um grande tapete vermelho, usando um colorido traje turco. Traz nas mãos com unhas pintadas um pandeiro. Joias enfeitam suas orelhas, pescoço, braços e dedos.

O rigor com que Liotard executa os detalhes desta pintura mostra o quanto ele conhecia sobre os costumes turcos e evidencia sua grande capacidade de observação. O “turkery” – moda orientalista na Europa Ocidental – foi muito usado no período Rococó, com o objetivo de imitar os aspectos da cultura turca, muito em voga à época, tendo o artista feito muitas obras usando tal temática. Um grande cachimbo encontra-se recostado à parede que serve de fundo para a mulher.

Ficha técnica
Ano: c. 1735
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 117,2 x 186,7 cm    
Localização: Galeria Nacional de Londres, Grã-Bretanha

Fontes de Pesquisa:
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Rococó/ Editora Taschen
https://www.wga.hu/html_m/l/liotard/turkish.html

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Piazzetta – O JOVEM PEDINTE

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor italiano Giovanni Battista Piazzetta (1682 – 1753) nasceu e morreu em Veneza, Itália. Seu pai Giacomo Piazzetta era gravador e escultor. Foi com ele que teve suas primeiras aulas. Tornou-se aluno de Antonio Molinari e depois de Giuseppe Maria Crespi que o influenciou muito com sua pintura de gênero e o seu estilo. Foi o artista de pintura religiosa mais procurado no século XVIII, em Veneza. À época, tinha como rival o pintor Giovanni Battista Tiepolo.  Além das pinturas religiosas, Piazzetta também criou cenas de gênero e ilustrações para livros. Seu trabalho possuía um traço amplo e solto com cores térreas e quentes, contrastando com o estilo colorido e claro visto em Veneza, mas à medida que amadurecia sua pintura ia se tornando mais clara. É tido como um dos mais importantes artistas da pintura veneziana do século XVIII.

A composição pertencente ao estilo rococó e intitulada O Jovem Pedinte ou ainda Menino Mendigo é uma obra do artista. O rapazola retratado diante de um fundo escuro apresenta bochechas salientes e olhos e cabelos escuros. Veste um colete vermelho sobre uma camisa branca de mangas compridas e fofas, aberta no peito. O vermelho forte do colete parece refletir sobre sua face. Na mão esquerda traz um cajado e na direita, suja, detém um rosário. No ombro esquerdo carrega um casaco marrom. Sobre o objeto escuro apoiado em seu braço direito pode-se ver um pedaço de pão. Embora o rapazola mostre-se forte, com um corpo robusto, vê-se que é ainda muito jovem.

Apesar de sua condição de pobreza, o garoto não apela para a compaixão do observador, a quem parece fitar.  Sua postura não denota humildade e nem devoção. Seu semblante traz um ar de dignidade em vez de decadência.

Ficha técnica
Ano: 1725/1730
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 67,7 x 54,7 cm        
Localização: Instituto de Arte, Chicago, EUA

Fontes de Pesquisa:
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Rococó/ Editora Taschen

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Brescianino – VÊNUS ENTRE DOIS CUPIDOS

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor italiano Andrea del Brescianino (c. 1486 – c. 1525) também conhecido por Dei Piccinelli – pertenceu ao período renascentista, tendo trabalhado principalmente em Siena ao lado de seu irmão Raffaello. Foi aluno de Giovanni Battista Giusi. O apelido de “Brescianino” foi derivado do lugar onde nascera seu pai, um dançarino. Foi influenciado por Rafael, Fra Bartolomeo e Andrea del Sarto.

A composição intitulada Vênus entre dois Cupidos é uma obra do artista. Sua Vênus apresenta proporções perfeitas de acordo com o cânone de beleza do Classicismo em que se encaixava a deusa da beleza e do amor. Ela possui: proporções perfeitas, seu corpo possui correção anatômica e volumetria, além de ser mostrada numa postura encantadora, como se tivesse sido surpreendida pelo artista ao sair de um grande nicho.

Dois sapecas Cupidos postam-se atrás da deusa. Um deles segura o arco e o outro uma flecha de ouro. Vênus traz na mão direita, elevada até a altura de seus olhos, uma concha. Ali, através da superfície espelhada, contempla sua beleza. Ela curva delicadamente sua perna direita, deixando o pé atrás e o joelho para frente. A perna esquerda já se encontra fora do nicho.

Ficha técnica
Ano: c. 1520 – 1525
Técnica: óleoa sobre madeira
Dimensões: 150 x 66 cm
Localização: Galleria Borghese, Roma, Itália

Fontes de pesquisa
Galleria Borghese/ Os Tesouros do Cardeal
Wikipédia

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Friedrich – O MAR DE GELO

Autoria de Lu Dias Carvalho


Caspar David Friedrich foi um dos maiores pintores do sublime no paisagismo romântico. (Antony Mason)
 
Fecha teu olho corpóreo para que possas antes ver tua pintura com o olho do espírito. Então traz para a luz do dia o que viste na escuridão, para que a obra possa repercutir nos outros de fora para dentro. (Friedrich)
 
O pintor, gravurista, desenhista, escultor e escritor romântico alemão Caspar Friedrich (1774 – 1840) foi aluno de Jens Juel, dentre outros. Em Dresden tornou-se pintor de cenografia. Ali ficou conhecendo inúmeros pintores do movimento romântico alemão, entre os quais se encontravam Georg Friedrich Kersting e Carl Gustave Carus. Foi membro da Academia de Berlim e mais tarde da Academia de Dresden. Friedrich apreciava pintar paisagens, contudo, sem se ater a uma construção objetiva das mesmas, mas, ao contrário, preferia criá-las de acordo com seus pensamentos e percepções metafísicas.

A composição intitulada O Mar de Gelo – e também Mar Polar ou ainda Naufrágio da Esperança – é uma obra do artista que retrata a dramaticidade na natureza. Tem sido dito que sua pintura traz embutido em si um significado simbólico, embora esteja muitas vezes imperceptível. Baseando-se nesta concepção, a pintura acima poderia simbolizar a decaída da esperança na Europa, em razão das guerras napoleônicas.

Friedrich retrata em sua tela o naufrágio de um navio em meio a um mar de gelo. A natureza com sua força bravia reduziu o gelo a blocos irregulares e ameaçadores. Do navio só se pode observar a popa, à direita, e algumas pontas de mastros soterrados pelo peso do gelo – o que só aumenta a percepção do poder destrutivo da natureza. O primeiro plano é composto por grandes placas de pedra, semelhantes às do gelo, introduzindo o observador no desolado local.

Segundo o escultor David d’Angers, Friedrich foi o criador de um novo gênero de pintura, através do qual era capaz de transmitir o sentimento de tragédia, usando apenas a paisagem. O artista foi redescoberto no início do século XX, ganhando a admiração dos simbolistas e expressionistas e, posteriormente, a dos artistas surrealistas e existencialistas. Atualmente é visto como um ícone do Romantismo alemão, situando-se entre os melhores paisagistas de todos os tempos.

Ficha técnica
Ano: c. 1823
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 97 x 127 cm
Localização: Kunsthalle, Hamburgo, Alemanha

Fontes de Pesquisa:
História da arte no ocidente/ Editora Rideel
1000 obras-primas da pintura europeia/ Editora Könemann
https://pt.wikipedia.org/wiki/Caspar_David_Friedrich

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