Arquivo da categoria: Arte de Viver

São assuntos relativos ao nosso cotidiano, que têm por finalidade ajudar-nos a levar uma vida com menos estresse.

É PRECISO MUDAR CERTOS HÁBITOS

Autoria do Dr. Telmo Diniz

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O hábito é um comportamento que determina o que a pessoa aprende e repete frequentemente, sem pensar em como deve executá-lo. Ele é o uso, um costume; um modo constante de como se comportar e de agir que difere do instinto, um comportamento inato, que não foi aprendido. Todos nós temos maus hábitos, seja enrolar demais na cama pela manhã, nunca terminar aquele livro, não começar a academia, roer as unhas, tomar café demais, etc. E todos nós sabemos também o trabalho que dá pra mudar um velho hábito.

É importante esclarecer que, bons ou maus, é impossível viver sem os hábitos, pois facilitam nosso dia a dia e liberam nossa mente para que possamos aprender coisas novas. Poupam nossos neurônios de trabalhar para atividades simples, como lavar as mãos. Imagine se você tivesse de pensar na coordenação dos pés nos pedais de freio, acelerador e embreagem o tempo todo, enquanto dirige. Seria um caos total!

Um estudo no periódico “Journal of Personality and Social Psychology” contradiz a ideia de que, quando estamos sob pressão somos guiados somente a hábitos ruins, como comer compulsivamente ou comprar em excesso. Na verdade, somos igualmente propensos a hábitos também positivos, como frequentar a academia de ginástica e comer comida saudável. Resumindo, os pesquisadores dizem que o estresse estimula, de fato, hábitos ruins e reforça os bons. Considerando que todos nós nos estressamos em algum momento, o foco em controlar o comportamento pode não ser a melhor forma para alcançarmos nossos objetivos. Se você não tem muita força de vontade, o estudo mostra que hábitos são muito mais importantes.

Já outros pesquisadores defendem a ideia de trocar de hábitos. Eles são como padrões, ou seja, fazem com que você se comporte de certo modo, frequentemente contra seu próprio desejo. Nesse sentido, você não é uma pessoa livre. Em maior ou menor grau, é vítima dos hábitos que formou. Bons ou ruins. Dependendo da profundidade desses traçados, você é, na mesma proporção, um fantoche. Você pode, porém, neutralizar as imposições desses maus hábitos, criando em seu cérebro configurações mentais de bons hábitos opostos, de forma repetida.

Não se desespere com os seus hábitos indesejáveis; simplesmente deixe de alimentá-los e fortalecê-los por meio da repetição. O tempo necessário à formação de novos hábitos varia de acordo com as características de cada indivíduo, sendo determinado, principalmente, pela qualidade da atenção. Ou seja, se passo a ter consciência do hábito que quero mudar, já é o primeiro passo na direção certa. E para que eu mude, tenho de ter foco, atenção e perseverança, com a devida repetição de um novo hábito. Não é fácil, mas é possível.

Procrastinar (adiar, prorrogar, usar de delongas) vem do latim “procrastinare”, que significa “encaminhar para amanhã”. Em uma pesquisa realizada em 2011 pelo gestor do tempo Christian Barbosa,  autor do livro “Equilíbrio e Resultado – Por que as pessoas não fazem o que deveriam fazer?”, 97,4% dos brasileiros admitem deixar atividades importantes para a última hora. Ele diz que a procrastinação acontece na vida de todo mundo. Que procrastinamos ao acordar, quando apertamos o modo soneca do despertador, quando ficamos com preguiça de lavar a louça do jantar ou quando deixamos de responder àqueles e-mails chatos. Somos propensos a deixar quase tudo para depois. O estudo também apontou quais são os principais fatores que levam à procrastinação:

  • falta de tempo,
  • impulsividade (deixamos algo de lado para fazer outra atividade),
  • falta de energia,
  • medos,
  • auto sabotagem
  • e preguiça.

Procrastinar implica deixar que as tarefas de baixa prioridade (menos importantes) antecipem as de alta prioridade (mais importantes), normalmente as mais chatas. A procrastinação crônica é quase sempre associada a alguma disfunção psicológica ou fisiológica. Portanto, é passível de tratamento. Algumas recomendações que ajudam muito no alívio dessa anomalia são:

  • Reconheça, quando está enrolando, que pode haver mais dor em procrastinar do que em realizar a tarefa.
  • Não deixe aquele afazer chato por último, para que ele não se torne urgente depois.
  • Experimente a sensação de alívio e o fortalecimento da autoestima após concluir uma tarefa e perceber que se livrou dela de maneira positiva, enfrentando-a.
  • Pense no que vai deixar de ganhar ou no que pode perder caso não realize essa atividade.
  • Se a tarefa for muito trabalhosa, divida em partes e realize uma a uma, com um pequeno intervalo entre elas.
  • Abra-se para o novo, deixando de agarrar-se às velhas experiências e crenças.
  • Caso lhe seja por demais desagradável, dê-se uma pausa e passe a fazer algo útil (não pare de agir), mas determine quando voltará ao assunto pendente.

A principal vitória é vencer a procrastinação em si. Trata-se de uma vitória para a vida inteira. Lembre-se sempre do sábio provérbio: Antes tarde do que mais tarde.

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COMO LIDAR COM PESSOAS GROSSEIRAS

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Existem pessoas que declaram aos quatro ventos que jamais levam desaforo para casa, esquecendo-se de que, quem fala o que quer, está sujeito a ouvir o que não quer, pois a vida não é uma via de mão única. Normalmente, esses indivíduos que se dizem “verdadeiros”, melindram-se com a maior facilidade e levantam uma tromba à vista de qualquer palavra mais áspera, pois, para eles, a recíproca não é verdadeira.

Dentre as profissões, as que lidam diretamente com pessoas são as mais desgastantes, principalmente quando certos indivíduos julgam os funcionários como serviçais pagos para servi-los. Quem nunca viu um vendedor descer pilhas e pilhas de sapatos para depois ouvir da cliente “Não gostei de nenhum!”, sem ao menos um “obrigado”? E o modo indelicado como muitos se dirigem aos garçons? E as grosserias dirigidas aos porteiros? E os maus-tratos direcionados aos atendentes de balcão nos mais diferentes serviços? E isso quando não entra o “sabe com quem está falando?”.

Os cascas-grossas estão em todos os lugares, embora a maioria das pessoas compreenda que não há mais espaço no mundo para a prepotência e o despotismo, pois ninguém é criado do outro. Todos nós somos semelhantes e merecemos respeito, em qualquer que seja a nossa área de trabalho honesto e legal.

Toda esta introdução é para contar ao meu leitor um fato curioso, do qual tomei conhecimento através de um e-mail. Se verdadeiro ou não, isto não importa. O essencial é a mensagem que nos traz, ensinando-nos que uma boa conduta, ao se tratar com um despótico, pode fazer voltar o feitiço contra o feiticeiro, deixando-o com cara de gamela. Vamos ao caso, motivo deste preâmbulo.

Um voo lotado de certa companhia aérea havia sido cancelado por motivos técnicos. Apenas uma funcionária atendia a uma extensa fila que havia se formado. Ela tentava resolver, calmamente, todos os problemas dos passageiros, inclusive explicando-lhes o motivo do cancelamento e as atitudes que seriam tomadas por parte da companhia. Repentinamente, certo sujeito, visivelmente irritado e grosseiro, passou na frente de todos e assumiu a dianteira da fila. Como se só isso não bastasse, atirou o bilhete na atendente, gritando:

? Eu tenho que viajar neste voo e tem que ser na primeira classe!

Ao que lhe respondeu a funcionária:

– Desculpe-me, senhor, terei todo o prazer em atendê-lo, mas antes preciso atender as pessoas que estão à sua frente, aguardando pacientemente na fila. Quando chegar a sua vez, farei todo o possível para satisfazê-lo da melhor forma possível.

O passageiro ficou mais irritado ainda com a resposta e gritou bem alto, para que todos o ouvissem:

– Você faz ideia de quem eu sou?

A atendente sorriu, pediu um instante às pessoas na fila, pegou o microfone e anunciou por todo o terminal:

– Posso ter um minuto de atenção dos senhores, por favor? Nós temos aqui no balcão um passageiro que não sabe quem é, deve estar perdido… Se alguém é responsável por ele, ou é seu parente, ou então se puder ajudá-lo a descobrir sua identidade, favor comparecer ao balcão da companhia X. Muito obrigada!

As pessoas que estavam na fila e as próximas ao local, acompanhando o desenrolar da cena, caíram em sonoras gargalhadas, acompanhadas de uma salva de palmas.

O sujeito bufou de raiva ao se ver motivo de tamanho vexame. Furioso, gritou para a moça:

– Eu vou te foder!

Ao que ela respondeu:

– Desculpe-me, meu senhor, mas mesmo para isso terá que esperar na fila, pois há muita gente querendo fazer o mesmo.

Moral da história: Quem fala o que quer, ouve o que não quer.

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A TOLERÂNCIA PRECISA DE LIMITES

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Quem nunca se esbarrou numa pessoa arrogante, que se julga o suprassumo dos mortais, ou que acha que todos os humanos devem se curvar diante de sua prepotência? Para pessoas assim só há uma definição: tolas! Absurdamente idiotas!

A arrogância é o carrasco da tolerância. Enquanto os tolerantes sentem-se iguais, os arrogantes carregam o cetro da superioridade. Dentre todas as virtudes, a tolerância é sem dúvida a mais liberal, pois se fundamenta na igualdade de possibilidades e direitos. Ela vai muito além do respeito igualitário, pois amordaça o nosso ego, a nossa envergonhada postura de donos da verdade, para nos lembrar de que devemos considerar e respeitar aqueles que têm ideias divergentes, pois não há necessidade de condescendência para com aqueles que rezam na nossa mesma cartilha, que carregam nossas mesmas ideias e pontos de vista. A virtude está em  é aceitar o diferente.

A tolerância é a mãe da sabedoria. Sem ela fecharemos as portas de nossa percepção, tamponadas com as mais diferentes formas de preconceito. Ela nos ensina a ouvir com calma para depois refletirmos com mais profundidade sobre o que nos foi dito. Leva-nos a uma compreensão mais real de nós mesmos e do mundo, dando-nos mais ciência nas nossas escolhas e ensinando-nos a respeitar as escolhas dos outros.

Ser tolerante é ter liberdade de ação. É ser equânime, ecumênico, justo. Nenhuma democracia jamais sobreviverá caso a tolerância seja banida. Lembremo-nos dos danos causados por crenças ideológicas ou religiosas, quando se tornam absolutas dentro de uma sociedade. Ao contrário do que muitos pensam, quanto maior for a diversidade, mais seguros estarão os direitos humanos. A multiplicidade enfraquece a belicosidade, a empáfia e a sede de poder, pois o sectarismo é o túmulo do progresso e de tudo que possa ascender em benefício de muitos. O sectarismo é a tribuna da intransigência.

A tolerância deve ter limites? Claro que sim! Suas fronteiras devem ser delimitadas pelo bem comum. A partir do momento em que se resvala para o terreno do outro, no sentido de prejudicá-lo, ela deve ser revista. A nossa escolha individual não pode trazer danos ao meio em que estamos inseridos. Independência e autonomia devem estar atreladas ao respeito, de modo que nenhum indivíduo possa pautar a sua vida meramente nas suas vontades, quando extrapola seu espaço, atingindo o de outrem. A tolerância irresponsável é irmã gêmea da omissão e prima em primeiro grau da violência. Os omissos são seres inertes espalhados mundo afora.

É muito comum ouvirmos que devemos ter respeito para com todas as culturas. Tudo bem! Porém, não podemos ser coniventes com tudo que as culturas apregoam. Como poderíamos ser tolerantes com a cultura das castas hindus, com a situação dos intocáveis (dalits),  com a caça aos albinos em certos países africanos, com o racismo ou com o apedrejamento de mulheres em certos países islâmicos? Entender as diferenças culturais massacrantes não significa aceitá-las. Ao contrário, este é o primeiro caminho a ser tomado para combatê-las, pois é impossível lutar contra o desconhecido.

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POR QUE SOMOS TÃO ESTÚPIDOS?

Autoria de Lu Dias Carvalho

Não restam dúvidas de que precisamos repensar nossa passagem por este planeta, principalmente em relação ao consumismo doentio de que temos nos tornado vítimas. Não mais buscamos o necessário, aquilo que nos é útil, pois tal concepção há muito perdeu o sentido. A maioria de nós, hoje em dia, não passa de colecionadores disso e daquilo, entulhando nosso espaço (e nossa mente) com coisas desnecessárias.

Seria a voragem consumista de nossos tempos que desvaira as pessoas uma consequência do vazio que permeia a vida do homem moderno? Ou o “ter” desenfreado vem jogando uma pá de cal no “ser” humilhado e cada vez mais escasso? Por que passamos a ser medidos pelo que acumulamos? Por que dizer que “fulano é bem de vida” não se refere à sua capacidade de viver bem consigo e com o mundo, mas apenas aos bens materiais acumulados ao longo de sua vida? Para que ajuntamos tanto, como se ainda tivéssemos a mesma visão dos povos do Egito Antigo que pensavam levar suas riquezas para servi-los no “outro mundo”, após a morte?

O cenário é tão desolador que bolsas de griffe, dentre outros produtos desnecessários ao nosso dia a dia e ao nosso crescimento pessoal, estão sendo alugadas por um final de semana por preços exorbitantes. E há quem pague, a fim de repassar a ideia de “bem de vida”. Nas lojas famosas algumas delas chegam a custar o serviço de meio ano de um trabalhador que ganha salário mínimo.  Que subversão de valores! Quanta insanidade consumista e necessidade de “status”! Quanta vazio existencial! Quanta sujeição ao consumismo! Quanta falta de autoestima!  Quanto dano à nossa Terra!

Sob o ponto de vista de nosso planeta, “jogar fora” não passa de uma figura de linguagem. Não existe “lá fora”. Tudo fica por aqui mesmo, dentro de nossa casa planetária, ainda que jogado da termosfera.  O importante neste nosso planetinha – que já agrega mais de oito bilhões de pessoas – é viver com equilíbrio. Mais do que nunca se faz necessária a reutilização das coisas.

As pessoas conscientes sabem que “menos é mais” (ver minimalismo aqui no site) e que o acúmulo é na nossa vida um fardo desnecessário.  A palavra-chave é  “reciclar”, portanto, mãos à obra! Busquem os bazares ou brechós (prática adotada nos mais importantes centros do mundo, como Paris, Londres e Nova Yorque). Tanto o planeta Terra quanto o nosso bolso agradecem. Vamos doar e comprar principalmente nos bazares sem fins lucrativos, cuja renda vai para as obras assistenciais.*

Caro leitor, apresento-lhe parte de um texto de Luís Pellegrini, grande pensador de nossos tempos, que trata da “loucura consumista” que nos engole e rouba as riquezas da mãe Natureza.

Uma das pragas que atormentam nossas vidas de cidadãos da moderna sociedade da produtividade e do consumismo é justamente a produtividade e o consumismo, quando insustentáveis. Por insustentável queremos dizer excessivo; demasiado; para além do razoável, necessário e suficiente; sem consciência de limites.

As primeiras grandes vítimas dessa mentalidade que tomou forma desde o advento da Era Industrial, nos primórdios do século 19, e cresceu depois, sem parar, de modo obsessivo e avassalador, somos nós mesmos. Por causa dela vivemos hoje uma vida de escravos, acorrentados – muitas vezes sem o perceber – a uma existência de trabalho estafante e contínuo para produzir e consumir, na maior parte dos casos, bugigangas absolutamente desnecessárias.

Condicionados por necessidades artificiais inventadas pelo Sistema, não paramos de comprar e comprar, abarrotando nossos armários e dispensas com toda uma massa de objetos e produtos supérfluos, cujo destino, depois de algum tempo guardados, será certamente o lixo. E não estamos sozinhos no desgaste provocado por esse estado de coisas. A natureza nos acompanha nessa trajetória rumo à falência provocada por um desfrute para além de qualquer possibilidade de reposição. E isso inclui a quase totalidade de bens naturais essenciais, como a água que se bebe, o ar que se respira, as florestas, o petróleo e os minérios, e tudo o mais que existe sobre a Terra. (Brasil 247)

Depois de ler tudo isto, fica apenas a indagação: Por que somos tão estúpidos, mesmo cientes das consequências para nós e para as futuras gerações?

*Bazar da Associação da Igreja da Boa Viagem
Rua Sergipe, 178,     Bairro Boa Viagem,      Belo Horizonte, MG

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BUSCANDO A MELHOR DECISÃO

Autoria do Dr. Telmo Diniz

Alguns momentos podem definir o rumo de nossas vidas. As decisões que tomamos são inúmeras e, muitas vezes, devemos conviver com suas consequências por bastante tempo. O vestibular, o casamento, o nascimento de um filho, um investimento, a compra de um imóvel, etc. Nessas horas, geralmente, podemos estar diante de dois ou mais caminhos e precisamos tomar uma decisão. Recorremos à lógica, às emoções, aos amigos, aos pais, etc. Entretanto, o que paira no ar é um grande medo de errar. Então, o que fazer para tomar a melhor decisão?

É certo que aprendemos com nossos erros e uma decisão mal tomada pode servir de fonte para um valioso aprendizado, dependendo de como encaramos os resultados. Faz parte da vida cometer erros. Entretanto, há decisões que podem causar danos irreparáveis ou, pelo menos, levar nossas vidas para caminhos indesejados.

Você toma decisões diariamente. Tudo que fala e faz é resultado de decisões, sejam elas conscientes ou não. Não há uma fórmula fácil que indicará se você está tomando a decisão certa ou errada, não importa o tamanho dela. O melhor que se pode fazer é analisar todas as perspectivas possíveis para escolher uma ação razoável e equilibrada. Ter de tomar uma decisão importante pode ser uma tarefa difícil para qualquer pessoa. Entretanto, há formas simples que podem ser feitas para minimizar isso, buscando tomar a decisão mais acertada.

Você atualmente está diante de uma decisão importante? Então, inicie escrevendo sobre seus medos. Um diário pode ajudá-lo a entender melhor seus medos e a tomar as melhores decisões, com mais calma e tranquilidade. Em paralelo, escreva e identifique o pior cenário possível. Vá aos extremos do que pode ocorrer para tornar o processo menos intimidador. Considerar cenários negativos é importante para entendermos melhor as consequências.

Dando seguimento à tomada de decisão, analise se o caminho escolhido será permanente. Após pensar em tudo que poderia dar errado, veja se sua escolha é reversível. Muitas decisões são reversíveis, portanto, conforte-se ao saber que pode mudar de ideia caso as coisas não deem tão certo. Conversar com alguém próximo, como um amigo ou familiar, também pode ser de grande ajuda. Você não precisa tomar decisões difíceis por conta própria, procure um amigo próximo ou parente para que ele possa dar sua opinião. Compartilhe detalhes de seu dilema e seus medos sobre o que pode dar errado. Mas lembre-se de que a decisão final será sempre sua.

Muito importante também é manter a calma. Procure deixar as emoções de lado. Emoções podem abalar nossa habilidade na tomada de decisões racionais. O primeiro passo ao se tomar uma decisão deve ser manter a calma. Caso você se sinta incapaz disso, ou seja, está mais para emoção do que para a razão, deixe para tomar sua decisão em outro momento.

Ilustração: Interior com Vaso Etrusco, obra de Matisse.

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O QUE É FELICIDADE?

Autoria do Dr. Telmo Diniz

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Ser feliz é encontrar força no perdão, esperanças nas batalhas, segurança no palco do medo, amor nos desencontros. É agradecer a Deus a cada minuto pelo milagre da vida. (Fernando Pessoa) 

Quem em sã consciência não deseja a felicidade de forma contínua? Desde os mais remotos tempos, as pessoas vêm na busca incessante deste “estado de espírito”. Conceitualmente, felicidade é um estado durável de plenitude, satisfação e equilíbrio físico e psíquico em que o sofrimento e a inquietude estão ausentes. Abrange uma gama de emoções ou sentimentos que vai desde o contentamento até a alegria intensa.

A felicidade tem, ainda, o significado de bem-estar espiritual ou de paz. Há quem diga que a felicidade não existe ou que ela é fugaz. Seria como se nós estivéssemos com uma vara de pescar amarrada ao corpo e em sua ponta estaria uma cenoura. Às vezes, conseguimos dar uma mordidinha, mas ela continua lá adiante, apetitosa. Então, continuamos correndo, de forma incessante, atrás dela. Seria isso a felicidade? Pequenos momentos de prazer? Ficar rico ganhando na loteria? Passar em um concurso? Ganhar em uma competição? No meu entendimento, a felicidade não pode estar restrita a momentos pontuais como estes.

Vários estudos têm sido realizados nas últimas décadas com o intuito de mensurar a felicidade. Estudaram pessoas que se casaram e experimentam um aumento da felicidade logo após o matrimônio, mas, após dois anos, os índices de felicidade retornam ao nível de antes do casamento. Algo semelhante parece acontecer com os ganhadores de loterias que experimentam picos de felicidade logo após serem sorteados, porém, estes níveis retornam ao patamar anterior alguns meses depois. O equivalente inverso com uma pessoa que experimenta a infelicidade de ficar paraplégica após um acidente e que costuma retornar a níveis até mais altos após algum tempo do acontecimento.

Alguns padrões têm sido encontrados nas pessoas que se consideram felizes, como a capacidade de se adaptar a novas situações, buscar objetivos de acordo com suas características pessoais, riqueza em relacionamentos humanos, ser competente naquilo que se propõe a fazer, enfrentar problemas com a ajuda de outras pessoas, receber apoio de pais, parentes e amigos, ser agradável e gentil no relacionamento com outras pessoas, não superdimensionar suas falhas e defeitos, gostar daquilo que tem, ser autoconfiante, pertencer a um grupo.

A busca pela felicidade é o combustível que move a humanidade. É ela que nos força a estudar, trabalhar, ter fé, construir casas, realizar coisas, juntar e gastar dinheiro, fazer amigos, brigar, casar, separar, ter filhos, etc. Ela nos convence de que cada uma dessas conquistas é a coisa mais importante do mundo e nos dá disposição para lutar por elas. É a cenoura na ponta da vara. A cada mordida, surge uma nova necessidade.

Vivemos uma época em que ser feliz é uma obrigação. Pessoas tristes são indesejadas, vistas como fracassadas. A doença do momento é a depressão. Ser ou estar feliz está virando um peso, uma fonte terrível de ansiedade e de angústia. Parece que a felicidade não tem nada a ver com conseguir. Consiste em satisfazer-nos com o que temos e com o que não temos. Pessoas que têm desejos mais simples são mais felizes. Mas volto a afirmar que a felicidade não pode estar restrita a desejos. Tem mais coisa por aí.

Divagando sobre a incessante busca para ficarmos mais felizes, pesquisei alguns autores e suas conclusões. Um, especificamente, me chamou a atenção. O psicólogo americano Martin Seligman, da Universidade da Pensilvânia, coloca de forma mais didática que a felicidade é o conjunto de três pontos, ou seja, é um tripé constituído por:

  • desejos
  • engajamento
  • significado

As pessoas tendem a buscar a felicidade somente em um desses pontos, no prazer, que são bons momentos de satisfação, porém, fugazes e passageiros. Então, é necessário os outros dois pilares para que busquemos ser felizes de forma mais objetiva e contundente. O prazer trata daquelas sensações que costumam tomar conta de nossos corpos quando dançamos uma música boa, ouvimos uma piada engraçada, conversamos com um bom amigo, fazemos sexo ou apreciamos uma boa comida. Um jeito fácil de reconhecer se alguém está tendo prazer é procurar em seu rosto por um sorriso e brilho nos olhos. Pessoas infelizes têm cara amarrada ou estão sempre reclamando de algo.

Engajamento – já o engajamento é a profundidade de envolvimento entre a pessoa e sua vida. Um sujeito engajado é aquele que está absorvido pelo que faz, que participa ativamente da vida. Algumas pessoas são capazes de se engajar em tudo: entram de cabeça nos romances, doam-se ao trabalho, dão tudo de si a todo o momento. Claro que isso precisa de uma dosagem. O engajamento extremado faz com que a pessoa perca no prazer. Por isso, tudo deve ser ou estar em equilíbrio.

Significado – quanto ao significado, existem duas formas para conquistá-lo. A primeira é via religião. Pesquisas mostram que as pessoas religiosas consideram-se, na média, mais felizes que as não religiosas. Elas também têm menos depressão, menos ansiedade, drogam-se e suicidam-se menos. A segunda forma de dar mais significado à vida é através da caridade, como visitar uma casa de repouso para idosos, ajudar crianças carentes, ou qualquer outra forma de ajuda desprendida aos nossos semelhantes. Pesquisas apontam que ajudar o próximo melhora de forma substancial a felicidade de quem a pratica. Quem já fez sabe bem como é o retorno.

Então, estamos com os ingredientes da felicidade à mão. Colocamos em nossa vida o prazer, engajamos ao máximo e passamos a dar um significado à nossa vida. Basta buscá-los que tudo ficará “um mar de rosas”. Não é bem assim! Como um dos pilares da felicidade é o engajamento, necessitamos de estar sempre conquistando algo. Daí, surgem as contrariedades, dificuldades e desilusões. Pessoalmente, acho que pessoas mais felizes são aquelas que têm desejos mais simples e têm maior facilidade de lidar com os fatores de estresse do dia a dia. Somos diferentes e, portanto, temos necessidades diferentes. A felicidade está nas coisas mais simples. Se tivermos algo a fazer, um bem a realizar, estaremos felizes.

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