Autoria de Lu Dias Carvalho
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A arte exige que os artistas subsequentes a um período primoroso se esforcem ainda mais para continuar chamando a atenção. Tomemos como exemplo o estilo Barroco que trouxe grandes inovações para o campo das artes. Na arquitetura as igrejas primavam pelo esplendor, exibindo ouro, pedras preciosas e estuque. O objetivo era despertar uma visão de glória celestial bem mais forte do que aquelas vistas nas catedrais medievais. Ao contrário dos protestantes, a Igreja Romana valorizava o trabalho do artista, estimulando a sua criação. No estilo Barroco a pintura e a escultura se completavam, realizando um único efeito.
Vimos que na Idade Média à arte cabia apenas a tarefa de ensinar a doutrina cristã às pessoas que não sabiam ler, sendo elas a imensa maioria da população. Na Idade Moderna, no entanto, o mundo católico concluiu que a função da arte ia bem além desse papel limitante. Ela também era capaz de persuadir e converter mesmo aqueles tidos como letrados. A partir dessa constatação, os dirigentes católicos contratavam arquitetos, escultores e pintores para transformar seus templos em obras de grande esplendor e glória. O conjunto da obra era o que mais importava, sendo capaz de envolver totalmente seus cristãos.
O artista italiano Gian Lorenzo Bernini (1598-1680) foi um dos responsáveis por esse tipo de arte envolvente em que o todo era mais importante do que as partes. Ele era também um exímio retratista. A ilustração à esquerda, intitulada “O Êxtase de Santa Tereza”, trata-se de um altar criado por ele. O pintor Giovanni Battista Gaulli (1639 -1709), pertencente ao séquito de Bernini, é outro grande nome desse período, como veremos na decoração intitulada “O Culto do Santo Nome de Jesus” que fez no teto de uma igreja (segunda ilustração a partir da esquerda).
Os artistas italianos no século XVIII eram tidos como brilhantes decoradores de interiores, reconhecidos em toda a Europa tanto pelos trabalhos realizados em estuque como pelos grandes afrescos. Eram capazes de transformar qualquer cenário, repassando a ideia de riqueza. Giovanni Batista Tiepolo (1696-1770) foi outro mestre italiano famoso desse período, como mostra sua obra “Alegoria dos Planetas e Continentes” (terceira ilustração a partir da esquerda). Ele também trabalhou na Alemanha e Espanha. Francesco Borromini (1599-1667) foi um famoso arquiteto italiano que, juntamente com seus assistentes, criou várias igrejas barrocas. A quarta ilustração mostra o interior da igreja de Santa Agnes feita em parceria com o arquiteto italiano Carlo Reinaldi (1611-1691).
A pintura e gravuras de panoramas criou novas ideias no início do século XVIII. Serviam de souvenir para aqueles que visitavam a Itália. A bela cidade de Veneza, dona de um cenário magnífico, criou uma escola com pintores — o pintor Francesco Guardi (1712- 1993) era um deles —, para atender a demanda. Sua obra intitulada “Vista de São Giordio Maggiore” (última ilustração) mostra-nos que o espírito do Barroco com seu interesse pelo movimento e grandes efeitos podia ser visto até mesmo na vista de uma cidade. Segundo o professor E. H. Gombrich, os gondoleiros são criados apenas com manchas coloridas que, ao recuarmos, passam a ilusão efetiva de pessoas.
Fonte de pesquisa
A História da Arte/ E.H. Gombrich
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