Arquivo da categoria: Janelas pro Mundo

Artigos excêntricos de diferentes partes do mundo

ÍNDIA – CASAMENTOS REFORÇAM CASTAS

Autoria de Lu Dias Carvalho cas

A esperança é a palavra-chave que impulsiona o ser humano. É a mola mestra de sua vida. O muro de arrimo que o sustenta diante das tragédias do cotidiano. Quem vive sem esperança já está morto para o mundo e para si, aguardando apenas o exalar do último suspiro.

A falta de esperança, ou melhor, a privação dessa, remete-me ao sistema de castas indiano, em que a vida da pessoa é predeterminada pelo seu nascimento. Na Índia, as pessoas não levam a sério as leis, exceto as que regem o casteísmo (ainda que proibido pela constituição do país), que são cumpridas ao pé da letra da tradição. Enquanto a religião cristã apregoa que todos os homens são iguais, o hinduísmo proclama que eles são desiguais, ou seja, uns são melhores do que outros, sendo os de castas inferiores obrigados a servir aqueles de castas superiores.

Relembrando o passado de nosso país, deparamo-nos com os coronéis sem divisa, senhores de tudo e de todos. Mas com o avançar dos tempos, e à medida que o nosso povo foi se tornando mais ciente de seus direitos, tal aberração caiu por terra, embora ainda se encontre tais anomalias nos lugares mais pobres do país, onde a população é mais dependente e tem menos estudo. E, por incrível que possa parecer, os coronéis ali são, na sua grande maioria, políticos, aqueles mesmos que deveriam zelar por manter a justiça e a igualdade entre os brasileiros.

Voltando à pirâmide casteísta indiana, parece coisa extraterrena que parte de um mesmo povo possa ser “invisível”, ainda que multidões espalhem-se pelas vias públicas, abarrotando calçadas, estações de trem e portas de templos, muitas vezes fazendo ali mesmo suas próprias necessidades fisiológicas. Já que os olhos estão cegos, não daria para sentir, pelo menos, o fedor advindo da cegueira e da indiferença? Refiro-me, principalmente, à situação dos dalits (intocáveis).

Considero um milagre o fato de a Índia estar despertando como uma potência econômica. Onde o país está jogando a “poeira” levantada pelos pés de Brahma, ou seja, os dalits, é uma indagação que faço? O simples ato de nascer naquele país pode representar o “Abre-te, Sésamo!” ou o “Fecha-te Sésamo!”, não importando o que aconteça ao longo da vida do indivíduo. Sua sorte está selada para sempre. Daí as excentricidades encontradas: podem ser vistos brâmanes (casta que fica no topo da pirâmide) pedreiros e faxineiros, assim como dalits que são advogados, professores, etc. Mas não se iluda o leitor, tais exemplos ainda fazem parte das exceções.

Apesar do tempo, as castas continuam firmes como a Muralha da China, portanto, senhorita donzela brasileira, não se apaixone antes de conhecer a casta do indivíduo de seus encantos, pois são exatamente os casamentos arranjados que perpetuam e fortalecem a pirâmide casteísta. Firanghi, pense mil vezes antes de entregar seu coração a um indiano, pois a “mami” e o “baldi” já escolheram a futura nora, levando em conta o sobrenome e a lugar de nascimento da moça. E, se ainda duvida, dê uma olhada nos classificados dos jornais do país, na parte de anúncios matrimoniais, que são divididos em castas e subcastas. Caso contrário, você é uma ulu.

Nota: imagem copiada de fotos.noticias.bol.uol.com.br

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RÚSSIA – MATRIOSKA OU MAMUSKA

 Autoria de Lu Dias Carvalho goyan12

A minha amiga Gláucia Pinheiro tem na sua estante um presente que lhe foi trazido da Rússia, que me prende os olhos assim como os das crianças que se postam diante das tais belezuras, numa atitude de visível encantamento. Trata-se de um conjunto de mimosas bonequinhas, chamado Matryoshka, Matrioska ou Mamushka, feito de uma madeira parecida com o pinho, embora as bonequinhas possam ser confeccionadas com outros tipos de material. Também podem ser bonecos ou bonecas, ou seja, meninos ou meninas, sendo as últimas mais comuns. A prole da Matrioska também pode ser mista, composta por bonecos e bonecas.

A palavra Matryoshka vem do diminutivo de Matryona, nome próprio feminino muito comum entre as camponesas da Rússia antiga. Normalmente o conjunto de bonecas é composto de três a sete bonequinhas, que vão se encaixando umas dentro das outras, até ficar somente a mãezona, embora seja possível encontrar conjuntos até com 30 peças. A menorzinha delas não é oca, o que deixou Gabi, a fofa filhotinha da minha amiga, intrigada, querendo abri-la de qualquer jeito para encontrar mais uma bonequinha dentro. Confesso que também fiquei curiosa.

O mais interessante é que as bonecas não possuem membros, o que permite o encaixe perfeito das peças. Tudo é pintado no próprio corpo das menininhas, numa infinidade de variações. Elas são mostradas em trajes típicos do país e até mesmo vestidas de personagens de contos infantis. Ah! Também podem representar líderes políticos. Que judiação!

Tal conjunto de bonequinhas era dado, antigamente, às mulheres como incentivo à maternidade e à fertilidade. Também simbolizavam saúde, beleza e sorte para quem as recebesse de presente. O fato é que, presenteadas ou não, as bonecas são fofíssimas e dão um toque de exotismo a qualquer ambiente. Por favor, se você, meu caro leitor, for à Rússia, não deixe de me trazer um conjuntinho, ainda que seja com três bonequinhas.

Existe uma lenda russa muito interessante, por sinal, que conta a origem da Matrioshka, que é mais ou menos assim:

Serguei era um carpinteiro russo que trabalhava para se sustentar, fazendo peças de madeira. Havia época em que tinha que enfrentar o inverno rigoroso de seu país para procurar a matéria-prima de seu trabalho. Num certo dia, quando já estava desesperançado de encontrar madeira, deparou-se com um tronco exuberante, o mais belo que já havia visto. Depois de muito pensar sobre o que fazer com aquela maravilha, resolveu fazer uma boneca. Ao terminar a peça, maravilhou-se com a beleza de sua obra, e decidiu não a vender.

O carpinteiro deu à sua criação o nome de Matrioska. E, como era muito sozinho, passou a conversar com ela todos os dias. E não é que uma manhã, ao dizer “Bom dia, Matrioska!”, surpreendeu-se ao ouvi-la responder: “Bom dia, Sergei!”. Que surpresa maravilhosa. Agora ele não mais se sentiria só.

Certo dia, porém, o artista notou que a sua Matrioska parecia muito triste. Ao indagar sobre o motivo de sua tristeza, ela lhe respondeu que desejava ter um bebê. Ao que ele lhe afirmou:

– Terei que abri-la, querida, e isso será muito doloroso.

Matrioska, porém, disse-lhe com ares de quem já havia tomado a sua decisão:

– Na vida, as coisas importantes requerem um pequeno sacrifício.

E assim, Serguei talhou uma cópia perfeita de Matrioska, em tamanho menor, dando-lhe o nome de Trioska, que ficou guardadinha no interior da mãe, que aceitou ser cerrada ao meio para abrigar sua filhinha.

Mas Trioska, a filhinha, também quis um rebento, sendo prontamente atendida pelo carpinteiro que deu à nova boneca o nome de Oska.

Serguei surpreendeu-se, quando Oska repetiu o mesmo desejo das duas primeiras, mas se prontificou a atendê-la. Só que dessa vez acrescentou uns fios de bigode em Ka, nome que lhe dera. E, para evitar o mesmo pedido das outras duas, e por um fim na geração de Matrioska, colocou-a diante do espelho e lhe disse:

– Você é um homem e não pode ter filhos!

Ka foi colocado dentro de Oska, que ficou dentro de Trioska, que por sua vez ficou dentro de Matrioska. E um dia, para desespero de Serguei, Matrioska desapareceu levando toda a família dentro de si.

Coitadinho! Será que ele fez outra Matrioska, depois de tamanha decepção?

Curiosidades

  • Presume-se que as Matryoskas surgiram nos anos 90 do século XIX.
  • Artistas modernos estão criando novos estilos de Matryoshkas com animais, retratos e caricatura de políticos famosos, músicos e estrelas de cinema, etc.
  • Existe também a conjectura de que a Matryoshka foi inspirada num jogo de bonecas de madeira de origem japonesa, que representava “Shichi-fuku-jin”, os Sete Deuses da Fortuna. Na verdade, elas possuem o formato bem parecido.

Fonte de pesquisa
http://aprender-russo-online.blogspot.com.br

Nota: imagem copiada de http://www.muambeiradigital.com.br

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HOLANDA – A AUTÓPSIA NA BAIXA IDADE MÉDIA

Autoria de Lu Dias Carvalho

autopsia

Até a Baixa Idade Média, a toda poderosa Igreja proibia terminantemente que se olhasse no interior do corpo humano, pois ser algum poderia questionar a perfeição de Deus. E a criação divina não poderia ser destruída ou danificada, para atender a curiosidade de quem quer que fosse, pois o corpo era o templo do Espírito Santo.  As autópsias eram, portanto, um tabu. A princípio, elas eram expressamente probidas pela Igreja. Abria-se uma exceção para os reis e papas, para se determinar a causa da morte, muitas vezes por envenenamento. Mas durante o Renascimento houve certo relaxamento por parte dos órgãos religiosos. E foi nessa brecha que Leonardo da Vinci inseriu-se para fazer suas dissecações de cadáveres, para o bem da humanidade. Ainda assim, era preciso ter a permissão da Igreja.

As autópsias só podiam ser realizadas uma vez por ano, nos chamados “teatros anatômicos”, durante os meses frios, pois esses ajudavam na conservação do corpo. Havia uma liturgia toda especial, com caráter quase religioso. O espetáculo durava dias. Os presentes tinham que permanecer sérios e ao médico era vedada a retirada de qualquer órgão. O mais interessante é que uma autópsia era vista como um acontecimento social, quando se expedia convites para os observadores que eram, normalmente, notáveis do lugar, burgueses, estudantes e colegas do sindicato dos cirurgiões. A entrada era paga. O dinheiro arrecadado era usado pelos cirurgiões para pagar o carrasco, responsável por fornecer o cadáver, e o cozinheiro, que preparava a refeição dos presentes.

O pintor Rembrandt pintou a ocorrência de uma autópsia (Vejam Rembrandt – LIÇÃO DE ANATOMIA DO DR. TULP), em 1632, ocasião em que o cirurgião Dr. Nicolaas Tulp dissecou o corpo de um assassino, que morreu enforcado, numa autópsia pública. Dizem que, a época, as pessoas ficaram muito curiosas, pois, finalmente, iria se descobrir “a morada da alma durante a existência humana”, ou seja, presumia-se que a alma estava dentro do corpo humano. Por isso, tal investigação científica só podia ser concebida e permitida, se reafirmasse a onipotência de Deus. Caso contrário, os estudos empíricos sobre o corpo humano, no século XVII, não teriam razão de ser.

Durante a autópsia, o cirurgião formado não tocava no corpo do cadáver. Quem realizava essa função era o cirurgião prático. Tal procedimento tinha a ver com uma postura religiosa, pois se pensava que somente as pessoas muito jovens ou muito simples precisavam de provas palpáveis para conhecer a verdade. Os acadêmicos, homens sábios, já tinham a verdade em seus livros, não sendo necessário “ver para crer”, como no caso de Tomé, na Bíblia, ao querer ver Cristo ressuscitado. Somente o tempo reverteria essa atitude.

Alguém, em sã consciência, poderia imaginar que os tão sisudos cirurgiões pudessem trabalhar como barbeiros naquela época? Pois é isso mesmo! Eles cuidavam de ferimentos leves, membros quebrados, faziam sangrias e, pasme o leitor, faziam barbas e cuidavam dos cabelos, pois somente eles podiam manipular o corpo com as mãos. Mas o pior não era isso. O assustador é que muitos deles jamais se encostaram a um banco de faculdade. Mas fazer o quê? Perdido por pouco, perdido por muito!

Como os médicos daquela época conheciam muito pouco sobre o corpo humano, eles não eram vistos com muita simpatia. Ao contrário, além de possuírem má reputação, poucos acreditavam em seu ofício. Nas peças de teatro, eram o alvo de muitas provocações, o que pode ser visto na Commédia dell’Arte e nas farsas de Moliére.

Nota: a imagem do texto é um quadro do pintor Yiull Damaso que mostra o corpo de Nelson Mandela sendo submetido a uma autópsia, e que foi condenado pelo partido dominante na África do Sul, alegando que “viola a dignidade de Mandela”. A tela mostra o corpo do líder histórico tendo o braço aberto, enquanto líderes proeminentes se juntam à sua volta.

Fontes de pesquisa
Los secretos de las obras de arte/ Taschen
ecopoltico.blogspot.com

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ÁSIA – AS MULHERES-GIRAFA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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“Uso todos estes aros, assim como minha mãe, minha avó e minha bisavó usavam, simplesmente para ficar mais bonita”.

Quando os primeiros exploradores europeus chegaram à Ásia, eles se espantaram com alguns costumes ali encontrados. Por exemplo, ficaram horrorizados com as chinesas de pés disformes e as mulheres-girafa, exemplos das grandes anomalias encontradas na cultura asiática. Mas tais tradições eram tão comuns para aqueles povos, como usar cinto ou chapéu no ocidente. O governo chinês aboliu os pés pequenos, mas algumas comunidades asiáticas continuam a fazer uso dos pescoços longos.

As mulheres-girafa recebem tal nome não só pelo tamanho do pescoço, mas também pelo andar altivo, provocado pelo peso dos colares. Elas fazem parte do grupo dos Padaung, vivem em Mianmá (antiga Birmânia), país situado entre a China e a Tailândia. São criaturas de estatura baixa e parecem extremamente frágeis, embora se mostrem muito alegres. Normalmente possuem muitos filhos.

Essas mulheres começam a fazer uso de argolas no pescoço após completarem cinco anos de idade, quando é posto o primeiro aro, numa cerimônia realizada durante a lua-cheia. À medida que crescem, as meninas vão tendo seus aros trocados por outros maiores, até atingirem 18 anos. Cada troca exige um ritual, quando uma curandeira massageia delicadamente o pescoço da garota. Os colares são colocados até atingir o número de vinte e cinco. Os aros não são tirados nem mesmo para dormir, tendo elas de dormir com travesseiros, para não machucarem o pescoço.

Os Padaung acham que a beleza da mulher é proporcional ao comprimento de seu pescoço. E, para que ele cresça cada vez mais, aros são ali colocados ainda na infância, de modo que na idade matrimonial, as mulheres já possuam uma distância entre a cabeça e os ombros entre 25 e 30 centímetros. Elas também usam aros nos pulsos e tornozelos para que afinem. Incrivelmente, as mulheres-girafas usam mais de 10 quilos de aros no pescoço. Sendo que o peso dos anéis e aros das outras partes do corpo pode chegar a 20 quilos. O que parece a nós, ocidentais, uma grande tortura para se carregar ao longo da vida.

Em muitas literaturas é possível encontrar explicações, dizendo que o pescoço é sustentado por inúmeras gargantilhas que nunca podem ser retiradas, devido à fragilidade dele, que passa a não mais aguentar a cabeça. E, caso isso acontecesse, a cabeça cairia ao lado e impediria a respiração. A mulher morreria por sufocamento. O que não é verdade, pois as gargantilhas podem ser retiradas sem prejuízo para a usuária. E, inclusive, são retiradas para a lavagem do pescoço, que só quebraria se fosse virado bruscamente.

É bom saber que não é o pescoço que cresce como muitos pensam, mas são os ombros que descem, pois a clavícula cede com o peso dos aros. De modo que, quatro vértebras torácicas passam a fazer parte da estrutura do pescoço. Existem algumas interpretações para tal costume:

  • os colares teriam o objetivo de espantar as forças sobrenaturais;
  • os aros eram usados pelas camponesas como uma proteção contra os tigres, que atacavam primeiro a garganta para beberem o sangue;
  • as mulheres adúlteras usavam os colares como castigo, antigamente;
  • para que suas mulheres não fossem raptadas, os homens tornavam-nas feias, usando aros nos pescoços;
  • era uma maneira de os homens mostrarem, através dos aros, a riqueza que possuíam;
  • para os padaungs (principal tribo de mulheres-girafas) o centro da alma localiza-se no pescoço. Os aros protegem a alma e a identidade da tribo. Antigamente eram aros de ouro, mas hoje são de cobre.

Hoje em dia, se alguém pergunta o porquê do uso de tantos aros pelo corpo, recebe a seguinte explicação: “Uso todos estes aros, assim como minha mãe, minha avó e minha bisavó usavam, simplesmente para ficar mais bonita”.

Contudo, assim como acontecia com as mulheres chinesas de pés pequenos, ninguém pode imaginar que em tal cultura não haja grande sofrimento, a começar pelos movimentos de que se priva o corpo. Mas, por que elas não abandonam tal tradição? Porque o pescoço funciona como uma fonte de renda. Elas se deixam fotografar pelos turistas em troca de dinheiro. As agências de turismo chegam a oferecer passeios de elefante através da selva, para vê-las de perto, como se fossem animais em exposição. Portanto, os turistas são responsáveis por fomentar tal suplício. Tanto é que os aros, que estavam saindo de moda, voltam a ser usados nas meninas, em razão das vantagens financeiras. É dinheiro fácil, dizem as mães. Como na prostituição, essas mulheres usam o corpo para obter dinheiro.

É fato que as novas gerações vêm se recusando a se transformar em mulheres-girafa, sendo que a grande maioria das mães aceita de bom grado tal decisão. E as mulheres-girafa, que abandonam a tradição, não são incomodadas ou marginalizadas. Algumas, por motivos médicos têm que fazê-lo, por sentirem dores insuportáveis. Muitos rapazes escolhem esposas, que não fazem uso desse costume, por considerá-las modernas. As mães que ainda querem que as filhas sigam a tradição estão, na verdade, preocupadas com o futuro das filhas, pois os pescoços compridos são a garantia de que ganharão dinheiro para comer arroz e ter um teto com facilidade.

Nota Imagem copiada de http://www.fotolog.com.br/missoes_culturas/99748397/

Fonte de pesquisa
Revista Marie Claire/ edição de número 114

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JAPÃO – MANEKI NEKO, O GATINHO DA SORTE

Autoria de LuDiasBH can,123

Desde a Antiguidade, o homem vive em busca da sorte, uma força sobrenatural “capaz” de trazer bons acontecimentos à sua vida. O mais esdrúxulo é que ela não brota de suas ações diárias, mas do acaso. A sorte funciona, imagina parte da humanidade, como um talismã detentor de poderes inimagináveis, capaz de, num piscar de olhos, transformar a vida do sujeito, realizando todas as suas aspirações. Muitos ficam de papo para o ar, esperando que ela pouse em suas mãos. Cada povo tem os seus amuletos da sorte, assim como os rituais para atraí-la. Já falamos sobre a nossa figa e hoje vamos trazer um amuleto lá da Ásia, especialmente do país do Sol Nascente, Japão, antes que alguém que por ali passe e sinta-se incomodado com a quantidade de gatinhos vista por toda parte.

O Maneki Neko, que significa “gato que acena”, é chamado de Gato da Sorte, da Boa Sorte ou do Dinheiro, ou seja, tanto a sorte quanto o dinheiro são bem-vindos. Quem o tem, acredita que o bichano está ali, pronto para abocanhar a sorte e trazê-la para seu dono. Mas são tantos os Meneki Neko espalhados por lojas, restaurantes, hotéis, academias, bares, pousadas, carros, casas e coisa e tal, que se todos resolverem dar o pulo do gato no mesmo instante, não deixariam nenhum faniquito de sorte para nós outros no Ocidente. Alguns dos danadinhos são muito espertos, pois já aderiram à tecnologia: funcionam à pilha ou por eletricidade, possuindo, portanto, mais de uma dúzia de vidas, não sendo páreos para os nossos antiquados felinos de sete vidas.

O espertinho do Maneki Neko nunca se cansa de levantar uma de suas patinhas. E tem mais, se for a patinha esquerda que estiver pra cima, o objetivo é atrair clientes, mas se for a direita, o que se quer mesmo é “dim-dim, money, iene” e muita riqueza. Ao final, o objetivo é um só: o enriquecimento do dono. Os Maneki Neko modernosos, no seu vai e vem de patas, são mais gananciosos, querem tudo de uma vez: clientes e ienes.

Os gatinhos estão por todos os lugares, feitos dos mais diferentes materiais, das mais belas cores e das mais diferentes formas. Portanto, não se espante se uma gataria estiver de olhos em você, quando entrar numa loja ou num restaurante nas bandas de lá, com uma de suas patinhas levantadas (refiro-me à do gato e não à sua).  Não responda ao suposto cumprimento. Estão apenas chamando (braço levantado, palma da mão para fora, os dedinhos dobrando para cima e para baixo) você para entrar e deixar ali uma boa quantidade de bufunfa para seu dono. Os nossos, chamam com a patinha voltada para dentro, uai. Gatos estrangeiros são mesmo tão diferentes quanto seus donos. Aposto que só falam japonês.

Mesmo lá, a vida dos responsáveis pela sorte não tem sido fácil, pois aquela gente de olhinhos apertados não entra num acordo para facilitar a vida dos felinos. Enquanto uns querem que a pata fique bem levantada, outros acham que, quanto mais esticada estiver, mais longa será a distância que a sorte terá que percorrer até chegar ao dono. Soube até que certo Felis catus, cansado dessa danação de sobe e desce pata, dobrou um bracinho, uniu-o ao outro esticado e depois o levantou, dando uma boa banana para seu dono, já de malas prontas para o Egito.

Caro leitor, eu vou lhe contar um segredinho: eu tenho dois “manecos necos”, Jade e Lulu, mas os preguiçosos não querem saber de erguer as patinhas. Os pilantrinhas só querem saber de comer e dormir. Erguer patinhas não é com eles. Já estou em contato com o consulado japonês para enviá-los para o país do Sol Nascente, a fim de fazerem um estágio com os de lá. Depois lhes conto o resultado.

Curiosidades sobre os gatos:

  • As civilizações egípcia, birmanesa, celta, latina, nórdica e persa acreditavam que os deuses podiam se apresentar na forma de gato.
  • Na Finlândia, acreditava-se que as almas dos mortos eram levadas por um trenó puxado por gatos.
  • A cultura Islâmica revela que Maomé foi salvo por um gato, ao matar uma serpente.
  • Os budistas veneravam os gatos por apresentarem grande capacidade de autodomínio e concentração.
  • Os hebreus achavam que, para acabar com os ratos que proliferavam na Arca de Noé, Deus criou os gatos que nasceram do espirro do leão.
  • Durante a Idade Média, acreditando que os gatos eram possuídos pelo demônio, eles foram massacrados pelas pessoas.
  • O papa Inocêncio VIII incluiu os gatos pretos na lista de seres hereges perseguidos pela Inquisição, no século XV. Que grandessíssimo idiota!

Nota: curiosidades pesquisadas na Wikipédia.

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CHINA – COSTUMES CHINESES

Autoria deLu Dias Carvalho china

Os chineses estão agora no ano 4711 que representa o Ano da Serpente. Embora pensemos que seja esse o calendário pelo qual eles se guiam, não é bem assim. Pelo menos nas grandes cidades, o calendário usado é o gregoriano. Eles não comemoram o Natal, pois a quantidade de cristãos é ínfima.

O grande feriado chinês acontece no final de janeiro, quando é comemorado o Ano Novo Chinês. O país paralisa por um período de sete dias. Os fogos de artifício varam as noites e durma quem for capaz. A queima de fogos na entrada do novo ano tem por objetivo espantar os espíritos ruins, conforme reza a tradição chinesa. O barulho intenso, que dura mais de uma semana, deve escorraçar até o mais corajoso dos espíritos. O Ano Novo Chinês tem início na lua nova, no Festival da Primavera, e finda na lua cheia, no Festival das Lanternas. Ao contrário de nós ocidentais, que usamos branco ou amarelo na entrada do novo ano, os chineses vestem vermelho e dourado.

Para os ocidentais, a China parece ser o fim do mundo. Na verdade, esse país situa-se no meio da Ásia, tanto é que seu nome significa Reino do Meio. Mesmo dentro da China, não é fácil para um estrangeiro chegar ao destino escolhido: os taxistas não entendem o alfabeto arábico e os turistas internacionais nada divisam do mandarim. Resta ao viajante precavido encher-se de cartões de visita em mandarim, apresentando-os aos taxistas. Atrás, deve escrever as informações na sua língua para saber o que está pedindo.

Assim como na Índia, o trânsito nas grandes cidades chinesas é uma coisa de louco. As buzinas formam uma orquestra enlouquecida de sons intermináveis. Faz parte do código do trânsito buzinar sempre.

Muitos costumes deixados pela Revolução Cultural ainda perduram até os dias de hoje, principalmente entre as pessoas idosas. À época, o ato de escovar os dentes era considerado coisa de burguês, por isso, muitos chineses ainda seguem tal orientação que deixa os dentes amarelos e cariados. A alimentação forte em alho e soja também deixa nas pessoas um cheiro peculiar. Outra coisa interessante é o fato de os chineses adorarem um pijama. E quem não gosta? Podem ser encontrados com tal indumentária nas ruas, dentro dos carros e até mesmo nos aeroportos.

As palavrinhas mágicas (Desculpe-me!, Por favor!, Com licença!, Obrigado!) parecem não existir na China. Empurrões, cotoveladas e pisadas fazem parte do dia a dia. E tomar a frente do outro para enxergar melhor numa exposição, por exemplo, é mais do que normal. Não é costume entre os chineses o ato de se organizarem em fila, e tampouco dar a vez para outras pessoas passarem. Ali é no vale tudo. O jeito é entrar no bolo e tentar sair são e salvo da aglomeração.

O turista observador fica surpreso com os grandes vãos que existem em muitos prédios, perguntando-se o porquê de não terem aproveitado tanto espaço. Mas tais vãos têm uma finalidade definida: servir de passagem para os dragões (fictícios, é claro). Não é à toa que a China é também chamada de o Dragão Chinês. Há também pontes em zigue-zague e empecilhos para os espíritos do mal não chegarem às casas. Apesar de maus, eles são bem tolos, pois não sabem fazer curvas ou pular obstáculos.

O comunismo considera a religião o ópio da humanidade, que só serve para aumentar o servilismo dos pobres. Portanto, o povo chinês não tem uma religião oficial, embora grande parte dele professe o budismo. Vai-se ao templo budista para fazer pedidos de felicidade, fortuna, saúde e prosperidade. E como os chineses pedem a Buda!

O número 9 (e seus múltiplos) é considerado especial. O número 4, cujo som parece com a palavra morte, é indesejado, assim como o 13 é no ocidente para muitas pessoas. Para os chineses, são normais certos comportamentos que os ocidentais consideram falta de educação, se feitos em público. Arrotos e peidos não são guardados para depois. As crianças defecam em público. Os homens cospem e urinam em qualquer lugar, como fazem os indianos. E, sem preconceito algum, um mesmo pano de limpeza possui múltiplas funções, passando da cozinha ao banheiro. Não há constrangimentos.

Embora o uso de branco pelas noivas venha se tornando cada vez mais comum entre as chinesas, o dourado e o vermelho ainda predominam. Para as pessoas especiais, o convite de casamento vai com a fotografia dos noivos. Não há especificação de trajes para comparecer ao casório. Cada um se veste como quiser. E nada de o convidado ficar queimando os miolos, preocupando-se com o presente. Ele deve ser em yuan (money) mesmo. O Ano do Cachorro é propício para se casar, pois possui duas primaveras, enquanto no seguinte, Ano do Porco, não há nenhuma. Os casamentos não possuem um sentido religioso, sendo realizado em locais específicos para eventos.

A idade para namorar, casar e ter filhos é estipulada pelo governo. Não é permitido namorar na rua, ou mesmo em casa, antes dos 18 anos. E o casamento só é permitido após os 20 anos para as moças e 22 anos para os rapazes, idades a partir das quais podem ter filhos. Se uma criança nasce fora dos parâmetros preestabelecidos, ela perde o direito à certidão de nascimento, ou seja, como consequência perde o direito à saúde e à educação pública, vivendo como clandestina dentro de seu próprio país.

O Ano do Porco, que sucede o Ano do Cachorro, é próprio para a chegada dos rebentos. O mais interessante é que a idade do bebê começa a ser contada a partir da gestação. Quando o filhote completa um ano de nascido, já está com dois anos de idade. Achamos estranho, pois, por aqui as pessoas costumam tirar vários anos de sua passagem pela Terra, principalmente as mulheres.

O governo chinês não permite mães solteiras. O filho só pode nascer do casamento legal. Tampouco se revela o sexo da criança antes de seu nascimento, para evitar o aborto de bebês do sexo feminino, pois o país ainda privilegia, como em quase toda a Ásia, o nascimento do filho homem, responsável por cuidar dos pais na velhice. Como o aborto é permitido no país, a situação tornou-se trágica, uma vez que o número de homens é cada vez maior, em relação ao de mulheres.

Junto à fumaça das fábricas, que poluem tudo, está a fumaça do cigarro. Os chineses são fumantes contumazes.  Em festas, é comum encontrar maços de cigarros nas mesas para uso dos convidados.

Cobra é uma das iguarias dos chineses, além dos poderes místicos que eles julgam que o réptil possui. Por se tratar de um animal frio, além de fazer maravilhas à pele, segundo eles, traz também calma e tranquilidade. Então é de cobra que a humanidade precisa.

Nos vilarejos chineses é muito comum, encontrar caixões funerários nas casas. Segundo a crença local, o idoso precisa se acostumar com a ideia de morrer. Muitos deles confeccionam o próprio caixão. Que mundo estranho, para nós ocidentais!

Fonte de pesquisa:
Auroras Orientais/ Gianna Carvalheira

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