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Assuntos diversos

A Rev. dos Bichos (4) – ANIMALISMO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Vimos no texto anterior que o Major era um grande idealista que conclamava seus companheiros a lutarem contra a escravidão imposta pelo Homem aos animais, ainda que a liberdade durasse um século para chegar. Mas, para infelicidade de todos os bichos da Granja do Solar, o velho sábio morreu dormindo, três dias depois da convocação. Contudo, deixara plantada no coração de cada um a semente da liberdade.

A maioria dos animais concluiu que não poderia deixar o ideal de uma nova perspectiva de vida, tão ardorosamente defendida pelo velho mestre, morrer. Eu digo “a maioria”, porque sempre existem aqueles indivíduos omissos que, ou esperam que os outros façam a parte deles, ou põem água na fervura, tentando justificar a vida que levam, passando-se por vítimas, quando não se posicionam ao lado daqueles que os escravizam. São os tipos mesquinhos encontrados por todos os cantos deste planeta, e não é de se surpreender que também existissem na Granja do Solar. Conheça o leitor algumas das desculpas esfarrapadas apresentadas pelos tais:

  • Se seu Jones nos deixar, estaremos fadados a morrer de fome.
  • Continuará existindo açúcar depois da revolução?
  • Já que a liberdade poderá levar até um século para chegar, o que nos importa lutar por ela, se só vai acontecer após nossa partida deste mundo? Não ganharemos nada com isso.
  • Se essa revolução vai acontecer de qualquer jeito, tanto faz fazermos parte dela ou não.

Apesar da presença de uns poucos negligentes, caiu sobre os porcos, tidos como os mais preparados e inteligentes dentre os animais, a tarefa de dar continuidade aos planos da revolução. Dentre eles, estavam dois varrões, os únicos que não foram castrados: Bola de Neve e Napoleão. Enquanto o primeiro gozava de bom conceito entre os companheiros, apesar se sua aparência amedrontadora, o segundo não era visto com bons olhos, pois achavam que lhe faltava caráter. Também não posso me esquecer de Garganta, um porquinho gorducho e serelepe, que manejava a palavra com maestria e, era tão convincente, capaz de fazer acreditar que o preto era branco.

Os três personagens acima foram os responsáveis por organizar os ensinamentos deixados pelo Major, cujo conjunto veio a receber o nome de Animalismo. As reuniões continuavam a todo vapor, mal o granjeiro Jones caía no sono. Bola de Neve até se aproveitou de uma conversa com Mimosa, a égua fútil e vaidosa, para ensinar ao grupo como a escravidão pode imperar sem que percebamos, quando ela lhe questionou:

Depois da revolução eu poderei usar meus laços de fita? – indagou Mimosa.

Camarada Mimosa, os laços de fita que tanto lhe agradam, nada mais são do que as marcas de sua escravidão. A liberdade é muito mais importante do que um laço de fita – rematou Bola de Neve.

Palavras sábias do novo líder, pois foi ganhando espelhos e outros penduricalhos que os índios das Américas deixaram-se escravizar pelos invasores, embora muitas tribos tenham combatido até o último suspiro. E é também com salários de fome e a destruição de suas riquezas naturais, que trabalhadores de países pobres enriquecem os industriais do chamado Primeiro Mundo. Mas, quando se tem a noção de que se é escravizado e nada se faz, toma corpo a omissão, o pior de todos os males, porque embota a razão e faz cruzar os braços, tornando o escravocrata ainda mais forte. Vemos isso no mundo de hoje, em que se busca o lucro a qualquer preço e os valores éticos são tidos como ultrapassados.

Perdoem-me o hiato, mas é que fiquei tocada com as palavras de Bola de Neve. E, como se não tivesse nada mais a ser resolvido entre os animais, de modo que todos empunhassem a mesma bandeira, Moisés, o corvo de estimação da família do senhor Jones, espião e bajulador hábil, não querendo perder as benesses que recebia, caso mudassem as regras, achou por bem espalhar uma mentira. Mas isso veremos no próximo capítulo.

Fonte de pesquisa:
A Revolução dos Bichos/ George Orwell

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A Rev. dos Bichos (3) – O MAJOR E SUA PRELEÇÃO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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O Major, personagem central de nossa história, era o maior idealista da Granja do Solar. Até quando dormia, sonhava com um mundo melhor para si e para seus companheiros. Ele tinha consciência da finitude da vida e principalmente da sua própria, pois, os 12 anos de vida já lhe pesavam nas costas volumosas. Aprendera muita coisa com o mundo e já era hora de transmitir tais conhecimentos a seus amigos. Preocupava-o, sobretudo, a miséria e a escravidão a que eram submetidos os animais, não apenas naquela granja, mas em todo o país. Assim, na reunião convocada para conversar com os companheiros de granja, passou a desfiar todas as agruras da vida desprezível, custosa e breve de que eram vítimas:

  • A alimentação insuficiente recebida, apenas para não morrem de fome.
  • O tratamento indigno dado pelo dono da granja a todos eles.
  • O excesso de trabalho impingido aos que ainda conseguiam trabalhar.
  • O tratamento cruel dado aos que não mais tinham utilidade.
  • O país tinha todas as condições para dar aos animais uma condição de vida decente, portanto, não poderiam aceitar aquela vida miserável.

O Major já tinha chegado à conclusão sobre o motivo da vida abjeta que levavam, pois nada acontece sem que haja uma causa. O responsável pelo sofrimento de todos os animais era o bicho mais cruel que havia sobre a Terra: o Homem. Eliminando-o, eliminaria a fome e o excesso de trabalho de que eram vítimas. E para que alguns não pensassem que ele era um inconsequente, enumerou os motivos que o levaram a tal conclusão em relação ao inimigo:

  • Roubava todos os produtos gerados pelos animais.
  • Consumia praticamente tudo sem produzir nada.
  • Não botava ovos ou dava leite, e ainda era fraco para conduzir o arado.

O Major continuou a desfiar a crueza do Homem no tratamento dado aos bichos:

  • Achava-se o dono do mundo e, principalmente, dos animais.
  • Usufruía de tudo que eles conseguiam com o suor de seus corpos, mas lhes dava em troca apenas o suficiente para que não morressem de definhamento.
  • Até o estrume que produziam servia para enriquecer o solo, mas apenas possuíam a pele que lhes revestia o corpo, e ainda maltratada.
  • As vacas, por exemplo, produziam leite para alimentar o filho do Homem, enquanto seus bezerros ficavam malnutridos.
  • As galinhas botavam seus ovos com a finalidade de gerar pintinhos, mas a maioria era comida pelo Homem.
  • As éguas veem seus potrinhos serem vendidos, ainda em tenra idade, quando poderiam tê-los na velhice para lhes dar conforto e alegria.

O Major deu um longo suspiro, calou-se por alguns segundos, com todos aqueles olhos voltados para ele, com a certeza de que o mais cruel ainda não fora dito, para depois retomar seu discurso:

  • A vida dos animais quase nunca chegava ao fim de forma natural.
  • Ele ainda estava com vida, é verdade, talvez em razão de sua linhagem, pois já era pai de mais de 400 filhos, coisa normal a um barrão. Mas tinha a certeza de que aqueles jovens leitões ali, não demorariam a guinchar num cepo.
  • E não seriam apenas os porcos a serem imolados, mas também as vacas, as ovelhas, as galinhas e outros tantos animais.
  • A atrocidade era tamanha, que nem mesmo cavalos e cachorros escapavam do holocausto, bastando que perdessem a rigidez dos músculos.
  • O velho Jones mandava decapitar os cavalos velhos e cansados e os preparar para servir de alimento a seus cães de caça.
  • Quanto aos cachorros, eram jogados no fundo de uma lagoa, com uma pedra no pescoço.
  • O que acontecia ali na granja, também acontecia em todo o país, com seus irmãos.

A última fala do Major deixou todos os animais com o pelo eriçado. Aqueles que ainda eram muito jovens, tremiam, e os novinhos encolhiam-se junto aos corpos dos pais, amedrontados. O que fazer para se livrar de vida tão covarde e daquele deplorável destino? O orador tinha a solução:

  • Para combater a tirania do homem, bastava se livrar dele. Isso era claro como o sol que alumia o dia.
  • O fruto do trabalho seria apenas deles, o que era mais que justo. Seriam ricos e libertos.
  • Era preciso trabalhar sem trégua, de corpo e alma, para combater o inimigo. Em suma, teriam que iniciar uma revolução, não importando quanto tempo durasse.
  • Sua mensagem deveria ser transmitida a todos os animais, de modo que os mais novos repassassem-na às gerações mais novas, e assim indefinidamente, pois a consciência da necessidade de lutar conduziria à vitória, ainda que fosse daí a um século.

O Major alertou seus comandados para os perigos mais comuns:

  • Jamais acreditem que o homem e os animais possuem os mesmos interesses.
  • A prosperidade de um jamais será a prosperidade do outro.
  • Os únicos interesses perseguidos pelo homem são os seus próprios.
  • Somente a união indissolúvel entre os animais poderá levar à vitória.
  • Todos os homens são nossos inimigos e seus hábitos são maus.
  • Todos os animais, quaisquer que sejam eles, são nossos irmãos.
  • Ao lutarmos contra o homem, jamais devemos ser iguais a ele.
  • Quando o derrotarmos, salvaguardemo-nos de seus vícios, tais como: morar em casas, dormir em camas, usar roupas, fazer uso de bebidas alcoólicas, fumar, usar dinheiro ou fazer negócios.
  • Um animal jamais deverá tiranizar outro, pois, todos são iguais.

As palavras finais do Major resumiram bem como deveria ser a compreensão dos animais, se quisessem algum dia derrotar o Homem:

– Qualquer indivíduo que caminhe sobre duas pernas é nosso inimigo, mas qualquer indivíduo que caminhe sobre quatro pernas, ou tenha asas, é nosso amigo.

Lograrão êxito os animais na sua revolução? Isso é o que veremos a seguir.

Fonte de pesquisa:
A Revolução dos Bichos/ George Orwell

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A Rev. dos Bichos (2) – PERSONAGENS

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Houve um tempo em que os bichos não apenas falavam, como refletiam acerca da vida que levavam, e também se revoltavam contra os maus-tratos que lhes impingiam os humanos, pois, tudo que é vivo sente dor, aflição e anseia por uma vida melhor, quer seja gente, bicho ou planta. Portanto, não foi à toa que os animais da Granja do Solar, pertencente ao Sr. Jones, num dia em que o dono bebera mais do que poderiam suportar seus sentidos, a ponto de se esquecer de fechar as vigias dos galpões da granja, iniciaram uma revolta, conhecida em todo o mundo como “A Revolução dos Bichos”.

É de conhecimento de todos que, em quaisquer que sejam as sociedades do passado, do presento e do futuro, existiram, existem e existirão sempre os idealistas que, ao contrário dos ególatras, sonham com um mundo melhor para todos. São eles que exercem um papel de suma importância na história do nosso planeta, pois, através de suas buscas e lutas permanentes, contribuem para o progresso do mundo. São os filósofos de um tempo. Possuem uma fé inabalável no valor da vida e no poder da razão, ainda que alguns os chamem de sonhadores. Mas não são os sonhos vislumbres das possibilidades? E o Major, personagem central de nossa história, era o maior idealista da Granja do Solar, pois, até quando dormia, sonhava com um mundo melhor para si e para os companheiros. Tinha consciência da finitude da vida e, principalmente, da sua própria, pois, os 12 anos de vida já lhe pesavam nas volumosas costas. Se já não podia sonhar muito para si, ainda assim sonhava para os outros.

O Major, naquela noite, encontrava-se ansioso para contar seu sonho aos companheiros da granja.  O encontro já estava marcado. Seria no celeiro. E foi assim que, aboletado na sua cama de palha, passou a receber os convidados que iam chegando aos bandos: os cachorros, nominados de Ferrabrás, Lulu e Cata-Vento, os porcos, as galinhas, as pombas, as ovelhas, as vacas, os dois cavalos Sansão e Quitéria acompanhados pelo mais novo potrinho, a cabra Maricota, o burro Benjamim, um bando de pintinhos órfãos, a égua branca Mimosa e o gato. Somente se encontrava ausente o corvo Moisés que estava dormindo em outro lugar.

Antes de prosseguirmos na nossa história, faz-se necessário que conheçamos um pouco da vida de alguns dos personagens, pois bicho é como gente e tem também suas características específicas.

Major – já nos seus 12 anos de idade, era um porco muito estimado pelos companheiros da Granja do Solar. Era um animal sensível e cheio de sabedoria.  Na sua juventude ganhara o primeiro lugar numa exposição, sendo visto com orgulho por todos os companheiros.

Sansão e Quitéria – eram dois cavalos de tração da granja. A égua Quitéria já se encontrava na meia-idade, enquanto seu companheiro era alto e forte, capaz de fazer o trabalho de dois cavalos. Não se pode dizer que ele fosse inteligente, mas, o mais importante carregava dentro de si: bom caráter e aptidão para o trabalho, o que atraia o respeito dos companheiros.

Bejamim – o burro era o animal mais velho da fazenda. O que tinha em idade, também carregava em equilíbrio e seriedade. Ninguém nunca o vira rindo. Taciturno, vez ou outra soltava um discorrimento irônico. Era, sobretudo, um grande observador. Percebia-se que nutria certo afeto pelo cavalo Sansão.

Mimosa – a égua branca era enfunada e frívola, cujo interesse era chamar a atenção, talvez porque fosse responsável por puxar a carruagem do patrão ou nascera assim mesmo, sem a massa cinzenta necessária para compreender com mais clareza a real importância da vida.

Bola de Neve – era um reprodutor suíno, cuja aparência metia medo, além de ser caladão; porém, tinha fama de ser responsável e cheio de força de vontade, gozando do respeito de todos, o que prova que não se pode julgar até mesmo um bicho só pela cara.

Napoleão – outro porco, tinha muitas ideias, era muito falante, mas não tinha boa reputação entre os animais, pois nunca demonstrara que a ética fazia parte de seus princípios. Suas palavras não coadunavam com as suas ações.

Garganta – era um porco gorducho, agitado, falava bem, e tinha grande poder de convencimento, mas se via com clareza que não transmitia o que realmente pensava, mas o que lhe trazia benefício.

Os demais personagens da Granja do Solar serão conhecidos à medida que a história for tomando forma, pois todos eles possuem a sua devida importância na Revolução que ora passa a tomar corpo.

Fonte de pesquisa:
A Revolução dos Bichos/ George Orwell

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A Rev. dos Bichos (1) – GEORGE ORWELL

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Houve um tempo em que os bichos não apenas falavam, como refletiam acerca da vida que levavam, e também se revoltavam contra os maus-tratos que lhes impingiam os humanos, pois, tudo que é vivo sente dor e aflição. Portanto, não foi à toa que os animais da Granja do Solar, pertencente ao Sr. Jones, num dia em que o dono bebera mais do que poderiam suportar seus sentidos, a ponto de se esquecer de fechar as vigias dos galpões da granja, iniciaram uma revolta, conhecida em todo o mundo como “A Revolução dos Bichos”.

Quem me contou este caso foi o escritor britânico George Orwell (1903-1950), que embora tendo permanecido neste planeta por apenas 47 anos, viu mais coisas do que pode imaginar a nossa vã filosofia. Como seu coração estivesse sempre aberto à tentativa de compreender o mundo, e também se revoltasse contra as injustiças sociais, abominando qualquer forma de totalitarismo, nem mesmo a vida dos bichos passou-lhe despercebida. Mas não posso repassar o que me narrou o escritor, sem que antes fale aos meus amados leitores sobre sua breve vida em anos, mas eterna nas ideias que deixou para o mundo.

Na verdade, meu amigo nasceu na Índia britânica, onde seu pai trabalhava como um graduado funcionário do governo britânico. Recebeu o nome de Eric Arthur Blair, mas, ainda jovem, adotou o pseudônimo de George Orwell, rompendo com o seu passado burguês, depois de ocupar um posto na Polícia Imperial Indiana e se encher de horror com o tratamento dado pelo colonialismo inglês a seus súditos, fazendo uso de métodos brutais. Deixou seu posto com o objetivo de se tornar escritor. E o foi, e tão bom que chegou a ser considerado o melhor cronista da cultura inglesa do século XX. Também escreveu resenhas, ficção, artigos jornalísticos, crítica literária e poesia.

Embora tenha recebido uma educação aristocrática, George Orwell revoltou-se contra o intelectualismo, contestando e lutando contra a artificialidade que os intelectuais da época carregavam. Visitava as favelas de Londres e, por certo tempo, vestiu-se como um mendigo, vivendo entre eles, para depois registrar suas experiências de vida na pobreza em um de seus ensaios. Morou também em Paris, onde trabalhou como operário nas mais diferentes funções. Ao voltar para Londres, tornou-se professor numa escola primária, ocasião em que começou a escrever seus livros, denunciando as condições de miséria vividas pelos trabalhadores no norte da Inglaterra.

George Orwell lutou na guerra civil espanhola, ao lado dos anarquistas socialistas, voltando à Inglaterra após ficar ferido. Desencantou-se com a rigidez dos partidos comunistas que se guiavam pela linha soviética, o que fez com que se voltasse para um tipo de socialismo independente, priorizando seu apoio às massas trabalhadoras. Orwell morreu aos 46 anos, em Londres, onde trabalhava como professor, numa escola primária, vitimado pela tuberculose.

Principais obras do escritor:
A Revolução dos Bichos
1984
Lutando na Espanha

Nota
Como fiz com o livro Na Pele de um Dalit, do escritor francês Marc Boulet, trabalharei agora com este livro fantástico de George Orwell que, embora dirigida ao público infantojuvenil, deve ser  conhecida por todos, em razão da profundidade da obra que relata, em forma de fábula, a volubilidade da conduta humana. Embora A Revolução dos Bichos trate de uma crítica à revolução comunista, pode ser vista hoje como uma crítica à condição dos trabalhadores vitimados pelo capitalismo selvagem, ou a qualquer outro tipo de governo em que o homem torna-se cego pelo poder e pisoteia sua gente.

(*) Imagem copiada de www.feirahippie.com

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FICÇÃO E 100 BONS LIVROS

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A ficção é um dos gêneros da literatura que designa uma narrativa imaginária, irreal, fantasiosa, que se contrapõe à não ficção, embora uma obra ficcional possa ser mesclada por fatos reais e vice-versa. Dentre todos os animais, o homem é o único que sonha, imagina, fantasia e cria um universo que não corresponde à realidade em que se insere, talvez por desejar bem mais do que aquilo que existe. Há casos, como a ficção de Júlio Verne, em que ele se coloca bem à frente de seu próprio tempo. De uns anos para cá, a fronteira entre ficção e realidade vem se tornando cada vez mais tênue, principalmente num mundo com tantos avanços tecnológicos e científicos. O que nos é apresentado hoje como uma obra ficcional, amanhã pode estar sendo vendido na loja da esquina.

A ficção científica define a criação literária onde se encontra presente o fator ciência, quer verdadeiro ou imaginário. Foi desenvolvida no século XIX, sendo conhecida em inglês como sci-fi ou SF. Quanto mais evolui a ciência, mais campo oferece para a ficção científica, quer na astronomia, física, química, biologia, etc. Júlio Verne, com seus romances científicos, foi um dos precussores da ficção científica. Não podemos nos esquecer também dos projetos de Leonardo da Vinci.

Clássicos da Ficção

  1. 1984/ George Orwell
  2. 20 mil léguas submarinas/ Júlio Verne
  3. 2001 – uma odisseia no espaço/ Arthur C. Clarke
  4. A besta humana – Émile Zola
  5. A bruxa de Oz/ Gregory Maguire
  6. A casa da alegria – Edith Wharton
  7. A cultura/ Iain M. Banks
  8. A dança da morte/ Stephen King
  9. A espada da verdade/ Terry Goodkind
  10. A feira das vaidades – William Makepeace
  11. A guerra dos mundos/ H.G. Wells
  12. A idade do ouro/ Arthur C. Clarke
  13. A Íliada – Homero
  14. A letra escarlate – Nathaniel Hawthorne
  15. A mão esquerda das trevas/ Ursula K. LeGuin
  16. A máquina do tempo/ H.G. Wells
  17. A mulher do viajante do tempo/ Audrey Niffenegger
  18. A Paixão segundo G.H – Clarice Lispector
  19. A pedra da lua – Wilkie Collins
  20. A quinta dos animais/ George Orwell
  21. A revolução dos bichos/ George Orwell
  22. A série Conan, o bárbaro/ R.E. Howard
  23. A trilogia cósmica/ C.S. Lewis
  24. A Trilogia do Senhor dos Anéis/ J.R.R. Tolkien
  25. Admirável mundo novo/ Aldous Huxley
  26. Algo maligno vem aí/ Ray Bradbury
  27. Ao farol – Virginia Woolf
  28. As brumas de Avalon/ Marion Zimmer Bradley
  29. As cavernas de aço/ Isaac Asimov
  30. As crônicas de Duna/ Frank Herbert
  31. As crônicas de Gelo e Fogo/ George R. R. Martin
  32. As mil e uma noites – Anônimo
  33. As minas do rei Salomão – H. Rider Haggard
  34. Blade Runner: perigo iminente/ Philip K. Dick
  35. Bufo & Spallanzani – Rubem Fonseca
  36. Caça aos robôs/ Isaac Asimov
  37. Cama de gato/ Kurt Vonnegut
  38. Clarissa – Samuel Richardson
  39. Contato/ Carl Sagan
  40. Coração das trevas – Joseph Conrad
  41. Crime e castigo – Fiòdor Dostoiévski
  42. Crônica da casa assassinada – Lúcio Cardoso
  43. Crônica de uma serva/ Margareth Atwood
  44. Crônicas de âmbar/ Roger Zelazny
  45. Dom Casmurro – Machado de Assis
  46. Drácula – Bram Stoker
  47. Em busca do tempo perdido – Marcel Proust
  48. Eu sou a lenda/ Richard Matheson
  49. Eu, robô/ Isaac Asimov
  50. Fahrenheit 451/ Ray Bradbury
  51. Felicidade e outros contos – Katherine Mansfield
  52. Fogo morto – José Lins do Rego
  53. Frankenstein – Mary Shelley
  54. Grande sertão vereda – João Guimarães Rosa
  55. Guerra e paz – Liev Tolstói
  56. Guerra mundial Z/ Max Brooks
  57. Guerra sempre/ Joe Haldeman
  58. Histórias de Natal – Charles Dickens
  59. Jane Eyre – Charlotte  Brontë
  60. Judas, o obscuro – Thomas Hardy
  61. Kim – Rudyard Kipling
  62. Macunaíma – Mário de Andrade
  63. Madame Bovary – Gustave Flaubert
  64. Matadouro cinco/ Kurt Vonnegut
  65. Matadouro Cinco/ Kurt Vonnegut
  66. Moby Dick – Herman Melville
  67. O caçador de andróides/ Philip K. Dick
  68. O cão dos Baskervilles – Sir A. Conan Doyle
  69. O dia do juízo final/ Connie Willis
  70. O encontro marcado – Fernando Sabino
  71. O Grande Gatsby – F. Scott Fitzgerald
  72. O jogo final/ Orson Scott Card
  73. O médico e o monstro – Robert Louis Stevenson
  74. O morro dos ventos uivantes – Emily Brontë
  75. O pai Goriot – Honoré de Balzac
  76. O peregrino – John Bunyan
  77. O retrato de Dorian Gray – Oscar Wilde
  78. O senhor dos anéis/ J.R.R. Tolkien
  79. O triunfo dos Porcos/ George Orwel
  80. O último unicórnio/ Peter S. Beagle
  81. O vermelho e o negro – Stendhal
  82. O voo do dragão/ Anne McCaffrey
  83. Olhai os lírios do campo – Érico Veríssimo
  84. Os contos de Canterbury – Geoffrey Chaucer
  85. Os miseráveis – Victor Hugo
  86. Razão e sensibilidade – Jane Austen
  87. Retrato de uma senhora – Hernry James
  88. Robinson Crusoe – Daniel Defoe
  89. Romance da Pedra do Reino e… – Ariano Suassuana
  90. Samurai: nome de código/ Neal Stephenson
  91. São Bernardo – Graciliano Ramos
  92. Soldado no espaço/ Robert Heinlein
  93. Stardust – O mistério da estrela cadente/ Neil Gaiman
  94. Tom Jones – Henry Fielding
  95. Triste fim de Policarpo Quaresma – Lima Barreto
  96. Tropas estelares/ Robert Heinlein
  97. Um estranho em uma terra estranha/ Robert Heinlein
  98. Uma sombra passou por aqui/ Ray Bradbury
  99. Viagem ao centro da terra/ Júlio Verne
  100. Viagens de Gulliver – Jonathan Swift

Fontes de pesquisa:
501 Livros que merecem ser lidos/ Editora Larousse
1001 Livros para ler antes… / Editora Peter Boxall
Wikipédia

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LITERATURA INFANTIL E 100 BONS LIVROS

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Monteiro Lobato estreou em 1921 com “Narizinho Arrebitado”, apresentando ao mundo Emília, a mais moderna e encantadora fada humanizada. (Site Literatura Infantil)

No século XVII, são escritos por professores os primeiros livros direcionados às crianças. Tinham por finalidade ensinar os valores morais, sem qualquer tipo de interação com o prazer da leitura. A literatura infantil, propriamente dita, só vem a surgir no século XVIII. Até então, a criança fazia parte da vida social da família, sendo vista como um adulto, inclusive lendo livros que nada tinham a ver com a sua idade, como os grandes clássicos. Elas entendiam o que liam? Provavelmente não, a não ser uma ou outra com inteligência acima da média. Enquanto isso, as crianças das classes pobres liam contos folclóricos e lendas e, com certeza, apreendiam e divertiam muito mais.

Ao compreenderem que os clássicos lidos pelos adultos estavam longe da compreensão das crianças, pois havia uma grande distância entre elas e eles, é que os escritores da época passaram a adaptá-los, de modo a caírem no entendimento infantil. Por sua vez, os contos folclóricos serviram de base para os criativos deliciosos contos de fada. Assim, os primeiros livros deixaram de ser apenas um instrumento de conscientização, mas também passaram a proporcionar momentos de prazer às crianças. Hoje, milhares de livros estão à disposição do público infantil em todo o mundo.

A literatura infantil aportou no nosso país no final do século XIX. Os escritores Carlos Jansen com os “Contos seletos das mil e uma noites”, Figueiredo Pimentel com os “Contos da Carochinha”, assim como Coelho Neto, Olavo Bilac e Tales Andrade deram os primeiros passos na criação da literatura infantil no Brasil. Contudo, Monteiro Lobato, que estreou na literatura infantil em 1921, com Narizinho Arrebitado, foi e continua sendo um dos mais importantes escritores da literatura direcionada às crianças.

Diz um velho ditado que “é de pequenino que se torce o pepino”, portanto, os pais que quiserem que seus filhos transformem-se em bons leitores no futuro, terão que começar a incentivá-los ainda bebês, lendo pequenas histórias para eles, onde predominem as gravuras, pois é quando começam a descobrir o mundo em volta assim como a relação com as pessoas. E, a partir do momento em que a criança aprende a ler, devem incentivá-la na busca pela leitura, a fim de que o hábito tome forma. Mas, antes de tudo, é preciso que os pais sejam também bons leitores, pois o exemplo pesa muito.

O universo de obras destinadas ao público infantil é cada vez maior, havendo títulos para todos os gostos. Além das bibliotecas públicas, as livrarias vêm criando espaços para os leitores, e destinando um espaço especial para as crianças, onde elas não apenas podem ler como trocar informações com outros coleguinhas acerca dos mais variados temas. É uma festa vê-las em meio a montes de livros infantis, cada vez mais atraentes e coloridos. Haja ouvidos para aguentar a feliz algazarra.

Existe um problema que vem contribuindo para que muitas crianças brasileiras passem a não gostar de leitura: a imposição de livros pela escola, livros esses que na maioria das vezes não correspondem à idade cronológica do aluno, ou seja, não se encaixam dentro de sua capacidade mental de compreensão. Isso é terrível, pois, ao não compreender um livro, esse se torna aborrecido e fatigante, como se sua leitura fosse um castigo para a criança, que passa a detestar todos os demais, antes mesmo de ter acesso a eles. Não sei bem que critérios as escolas seguem na escolha dos livros que seus alunos leem para provas e trabalhos. Além do mais, a leitura de livros não deveria valer nota, tampouco ser cobrada em provas. Se o professor promovesse um debate com a turma sobre o livro, enriquecendo sua temática, o resultado seria bem mais agradável e satisfatório.  Portanto, sou a favor de que tais procedimentos sejam revistos, se quisermos formar bons leitores, pois, não adianta querer amadurecer a criança à força. O tiro acaba saindo pela culatra. Ler deve ser primeiramente um prazer, pois, o resto vem por acréscimo.

A tarefa de escolher livros fica mais difícil à medida que a criança vai se aproximando do término da fase infantil, que vai do nascimento aos 11 anos, quando seus horizontes vão se ampliando e as histórias precisam ser mais elaboradas. Muitos pais ficam sem saber o que escolher, ou mesmo quem quer presentear uma criança maior, que já exige um pouco mais de complexidade na leitura. E foi pensando nisso que resolvi trazer uma lista de bons livros da ficção infantil, com experiências fantásticas e criativas, onde se misturam a literatura moderna e a tradicional. A listagem contempla a fase infantil, ou seja, até os 11 anos, embora essa classificação dependa muito da criança, pois, alguns livros listados exigem que ela já tenha formado um bom hábito de leitura. Aos livros:

  1. A Arca de Noé – Vinícius de Moraes
  2. A Árvore Generosa – Silverstein
  3. A Bolsa Amarela – Lygia Bojunga
  4. A Branca de Neve – Irmãos Grimm
  5. A Bruxa Salomé – Audrey Wood
  6. A Bruxinha Atrapalhada – Eva Furnari
  7. A Bússola de Ouro – Philip Pulman
  8. A Casa Sonolenta – Audrey Wood
  9. A Comédia Humana – William Saroyan
  10. A Cor da Magia – Terry Pratchett
  11. A Espada na Pedra – T. H. White
  12. A Fada Que Tinha Ideias – Fernanda Lopes de Ameida
  13. A Família do Marcelo – Ruth Rocha
  14. A Fantástica Fábrica de Chocolate – Roald Dahl
  15. A Guerra dos Botões – Louis Pergaud
  16. A História do Dr. Dolittle – Hugh Lofting
  17. A História do Leão Que Não Sabia Escrever – Martin Baltscheit
  18. A História do Pedro Coelho – Beatrix Potter
  19. A História sem Fim – Michael Ende
  20. A Ilha do Tesouro – Robert Louis Stevenson
  21. A Lua Dentro do Coco – Sérgio Capparelli
  22. A Moça Tecelã – Marina Colasanti
  23. A Operação do Tio Onofre – Tatiana Belinky
  24. A Pedra Encantada de Brisingamen – Alan Garner
  25. A Sociedade do Anel – J. R. R. Tolkien
  26. A Teia de Charlotte – E. B. White
  27. A Terra dos Meninos Pelados – Graciliano Ramos
  28. A Turma da Mônica – Maurício de Souza
  29. A Vaca Mimosa e a Mosca Zenilda – Sylvia orthof
  30. A Vaca Proibida – Edy Lima
  31. A Vida Íntima de Laura – Clarice Lispector
  32. Adivinha Quanto Eu Te Amo – Sam McBratney
  33. Armazém do Folclore – Ricardo Azevedo
  34. As Aventuras de Alice no País das Maravilhas – Lewis Carroll
  35. Beleza Negra – Anna Sewell
  36. Bisa Bia, Bisa Bel – Ana Maria Machado
  37. Bruxa, Bruxa, Venha à Minha Festa – Arden Druce
  38. Cena de Rua – Angela Lago
  39. Chapeuzinho Amarelo – Chico Buarque
  40. Cinco Crianças e um Segredo – E. Nesbit
  41. Contos de Fadas – Charles Perrault
  42. Contos de Fadas – Hans Christian Andersen
  43. Contos Tradicionais do Brasil – Luís da Câmara Cascudo
  44. Diário de um Banana – Jeff Kinney
  45. Emil e os Detetives – Erich Kastner
  46. Fábulas de Esopo
  47. Heidi – Johanna Spyri
  48. História das Crianças e do Lar – Irmãos Grimm
  49. Histórias Assim – Rudyard Kipling
  50. Indez – Bartolomeu Campos de Queirós
  51.  Jardins – Roseana Murray
  52. Lúcia, Já-Vou-Indo – Maria Heloísa Penteado
  53. Mafalda – Quino
  54. Marcelo, Marmelo, Martelo – Ruth Rocha
  55. Mary Poppins – P. L. Travers
  56. Menina das Estrelas – Ziraldo
  57. Moby Dick – Herman Melville
  58. Mulherzinhas – Louisa May Alcott
  59. Naruto – Masahi Kishimoto e Shonen Jump
  60. O Estranho Caso do Cachorro Morto – Mark Haddon
  61. O Fantástico Mistério da Feiurinha – Pedro Bandeira
  62. O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá – Jorge Amado
  63. O Gênio do Crime – João Carlos Marinho
  64. O Golem – Isaac Bashevis Singer
  65. O Homem que Amava Caixas – Stephen Michael King
  66. O Jardim da Meia-Noite – Philippa Pearce
  67. O Jardim Secreto – Frances Hodgson Brunett
  68. O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa – C. S. Lewis
  69. O Maravilhoso Mágico de Oz – L. Frank Baum
  70. O Menino Mágico – Rachel de Queiroz
  71. O Menino Maluquinho – Ziraldo
  72. O Pequeno Príncipe – Antoine de Saint- Exupéry
  73. O Príncipe Feliz e outros Contos – Oscar Wilde
  74. O Rei do Rio de Ouro – John Russel
  75.  O Sofá Estampado – Lygia Bojunga
  76. O Ursinho Puff – A. A. Milne
  77. O Vento nos Salgueiros – Kenneth Grahame
  78. O Vovô Fugiu de Casa – Sérgio Caparrelli
  79. Ode a uma Estrela – Pablo Neruda
  80. Oh! – Josse Goffin
  81. Onde Vivem os Monstros – Maurice Sendak
  82. Os desastres de Sophie – Condessa de Ségur
  83. Os Meninos da Rua Paulo – Ferenc Molnár
  84. Ou Isto ou Aquilo – Cecília Meireles
  85. Peter Pan – J. M. Barrie
  86. Pinóquio – Carlo Collodi ou Carlo Lorenzini
  87. Pippi Meia Longa – Astrid Lindgren
  88. Pluft, o Fantasminha – Maria Clara Machado
  89. Por que o Elvis não Latiu? – Roberto Frizero
  90. Rebeca do Vale do Sol – Kate Douglas Wiggin
  91. Reinações de Narizinho – Monteiro Lobato
  92. Sábado na Livraria – Sylvie Neeman
  93. Sem Cabeça nem Pé – Edward Lear
  94. Sem Família – Hector Malot
  95.  Série Bruxinha – Eva Furnari
  96. Tonzeca, O Calhambeque – Camilla Cerqueira Cesar
  97. Um Amor de Botão – Pauline Carlioz
  98. Uma Dobra no Tempo – Madeleine L`Engle
  99. Uma Ideia Toda Azul – Marina Colasanti
  100. Xisto no Espaço – Lúcia Machado de Almeida

Fontes de pesquisa:
501 Livros
1001 Livros
http://literaturainfantilportaldoprofessor.wordpress.com/

Nota: Imagem copiada de lendoviajo.blogspot.com

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