Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Del Piombo – A MORTE DE ADÔNIS

Autoria de Lu Dias Carvalho

amortadon
A composição denominada A Morte de Adônis é uma obra do pintor italiano Sebastiano del Piombo, também conhecido como Veneziano.

Vênus, a deusa da beleza e do amor, acompanhada de seu filho Cupido, deus do amor, e de seu séquito, lamenta a morte do jovem Adônis, seu amante.

Segundo o mito, a deusa, após ferir-se com a seta de seu filho Cupido, avistou o encantador Adônis e quedou-se de amores por ele, tomada por uma paixão tão incontrolável  que essa lhe tirara o gosto por outros prazeres. A deusa chegou ao ponto de deixar o Monte Olimpo – morada dos deuses – para viver com seu amado.

Adônis era muito moço e, portanto, cheio da impetuosidade comum aos jovens. Ainda que fosse advertido pela deusa quanto ao perigo de lidar com os leões e os javalis, esse não levou a sério o ensinamento. E acabou morrendo após ser atacado por um javali, quando Vênus encontrava-se longe, incapaz de protegê-lo.

Ao chegar ao local, onde encontrava o corpo de Adônis envolto no próprio sangue, a deusa, para consolar-se de sua imensa dor, transformou o sangue do amado numa flor parecida com a romã, conhecida por anêmona ou flor-do-vento.

Ficha técnica
Ano: c. 1513
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 189 x 295 cm
Localização: Galleria degli Uffizi, Florença, Itália

Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Mitologia/ Thomas Bulfinch
Mitologia/ LM

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Van Gogh – RETRATO DO ARTISTA SEM BARBA

Autoria de Lu Dias Carvalho

autorretrato

Dizem, e eu estou disposto a acreditar, que é difícil conhecer a si mesmo, mas não é fácil para pintar a si mesmo também. (Van Gogh em carta a seu irmão Theo)

Ele estava tão chateado porque não poderia visitar a mãe no seu 70º aniversário, que pintou esta pintura para mostrar a ela que estava em boas condições de saúde, o que não era verdade. Raspou a barba para fazer se parecer mais jovem. (Andree Corroon)

A composição Retrato do Artista Sem Barba, também conhecida como Autorretrato Sem Barba, é uma obra-prima do pintor holandês Vincent van Gogh, tida como um dos seus mais importantes trabalhos e também um dos mais conhecidos em todo o mundo. O artista fez inúmeros autorretratos. Para pintá-los, fazia uso do espelho, tarefa que não era fácil, como revelaou o próprio artista. Esta obra foi feita no mesmo ano em que Van Gogh suicidou-se, vitimado pela depressão, podendo ter sido seu último autorretrato.

Van Gogh foi um dos artistas que mais fez autorretratos, possivelmente pela dificuldade que sentia em contratar artistas para posar para ele, tanto pela timidez como pelas finanças precárias. No espaço de dez anos,  pintou cerca de 40 autorretratos.

A pintura em questão foi dada pelo artista à sua mãe, Anna Cornelia Carbentus van Gogh, que se encontrava muito preocupada com a saúde do filho. Ele lhe deu a pintura como um presente pelo seu 70º aniversário. À época, encontrava-se internado no Hospital St. Paul, em Saint-Rémy, França. Segundo Marc Edo Tralbaut, um dos mais reconhecidos biógrafos de Van Gogh, o artista expõe-se inteiramente nesta pintura. Ainda segundo ele, o pintor havia deixado sua barba e bigode crescerem, em razão de sua saúde frágil, que ocasionou a perda dos dentes, usando ele tal meio para escondê-los. O retrato foi pintado assim que  os retirou.

Este autorretrato de Van Gogh foi leiloado em 1998, sendo vendido por um preço exorbitante (71 milhões de dólares), e encontra-se na lista das 50 pinturas mais famosas do mundo. Foi tido, à época, como uma das quatro pinturas mais caras de todos os tempos e o segundo preço mais alto de uma obra do artista, ficando abaixo apenas de “Retrato do Dr. Gachet”, vendido em 1990.

Ficha técnica
Ano: 1889
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 40 x 31 cm
Localização: Coleção privada

Fontes de pesquisa
http://www.newworldencyclopedia.org/entry/Vincent_van_Gogh
http://www.nga.gov/content/ngaweb/Collection/highlights
http://articles.latimes.com/1998/nov/20/news/mn-45674

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Rubens – VÊNUS E CUPIDO

Autoria de LuDiasBH

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A composição denominada Vênus e Cupido é uma obra do pintor barroco Peter Paul Rubens, o mais importante de todos os pintores flamengos do século XVII. Ele tinha na mitologia um de seus principais temas.

Vênus, deusa latina do amor, da formosura e dos prazeres, é representada de frente para o observador, tendo o rosto virado para a esquerda, em direção ao espelho. Ela usa um manto branco por baixo, e por cima uma capa vermelha com o avesso escuro, que contrasta com a brancura de sua pele. Traz a mão esquerda junto ao peito, e a direita sobre a coxa esquerda, segurando a borda da capa. Seu pequeno seio direito está à vista. Sua pele é alva e os cabelos dourados.

Vênus encontra-se sentada numa mesa, com as pernas dobradas para a esquerda e com parte do rosto refletido no espelho, à esquerda. Trata-se de uma figura roliça. Chama a atenção a sua pulseira de pérolas, com duas voltas, e o anel que ostenta no dedo mindinho da mão esquerda, também vistos numa pintura de Ticiano, com a mesma temática mitológica, cujo original foi perdido.

Cupido, filho de Vênus com Marte, o deus da guerra, segura o espelho para a mãe, com o rosto voltado para ela, como se admirasse sua beleza. Atrás dele estão seu arco e a aljava cheia de flechas, cujas alças descem sobre o móvel. Estes são os símbolos do deus do amor. Uma imensa cortina desce ao fundo da composição, à direita.

Ficha técnica:
Data: 1615
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 137 x 111 cm
Localização: Museu Thyssen-Bornemisza, Madri, Espanha

Fontes de pesquisa:
Rubens/ Editora Taschen
Mitologia/ Thomas Bulfinch
http://musmon.com/en/content/61/en/MuseoThyssenBornemisza/15
http://www.museothyssen.org/thyssen/ficha_obra/192

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Van Gogh – OS COMEDORES DE BATATA

Autoria de Lu Dias Carvalho

batatas

Quis dedicar-me conscientemente a expressar a ideia de que essa gente que, sob essa luz, come suas batatas com as mãos, também trabalhou a terra. Meu quadro exalta o trabalho manual e o alimento que eles mesmos ganharam tão honestamente. Por isso, não desejo que ninguém o considere belo nem bom. (Van Gogh)

Por favor, peço que me envie o que você encontrar de figura nos meus desenhos antigos; eu pretendo refazer o quadro dos camponeses na mesa, com efeito à luz de lâmpada. Aquela tela deve agora ser preta, talvez eu consiga refazê-la de memória. (Carta de Van Gogh a seu irmão Theo)

Rostos ásperos e lisos, de cabeça baixa e lábios grossos, não afilados, mas cheios e semelhantes aos das pinturas de Millet. (Van Gogh)

O que eu penso sobre o meu próprio trabalho é que a pintura dos camponeses comendo batatas, que eu fiz em Nuenen, é afinal a melhor coisa que fiz. (Van Gogh em carta à irmã Guillemina)

A composição denominada Os Comedores de Batata é uma obra-prima do pintor holandês Vincent van Gogh, feita sob influência do realismo do pintor Millet. Ela se encontra entre as 50 mais famosas pinturas do mundo. O pintor fecha com ela a sua primeira fase, conhecida como sua fase holandesa de pintura.

Antes de concluir sua famosa tela, Van Gogh pintou cerca de 50 rostos de camponeses, como se fizesse rascunhos para chegar a essa maravilhosa pintura, portadora de grande intensidade dramática. O artista repassa para o observador a penúria em que vivem os camponeses, assim como a melancolia e a desesperança que carregam. Comprometido com a vida dos pobres, esta obra é um manifesto contra as desigualdades sociais, fato que muito machucava o pintor.

Van Gogh gostava de retratar as pessoas do campo, as mulheres em seus afazeres diários e a natureza. Não lhe agradava a sociedade burguesa e o seu pedantismo. O artista devotava uma grande paixão aos camponeses e trabalhadores, principalmente pelos valores morais e religiosos que carregavam. Amava-lhes a nobreza da simplicidade, mesmo diante da vida difícil que levavam. E achava que o mundo rural em que viviam, era menos corrupto do que o da cidade. Preferia a essência de tal realidade para pintar seus quadros. Tanto é que uma de suas obras-primas é a tela intitulada Os Comedores de Batata, onde expõe com destreza e alma uma complexa composição de figuras. Nela, ele domina com maestria os tons escuros.

Os Comedores de Batata é uma pequena tela em que se encontram retratados cinco camponeses em torno de uma mesa tosca de madeira, de formato quadrad. São quatro mulheres e um homem. Eles fazem uma frugal refeição, fruto da pobreza em que vivem. Vê-se que o local é extremamente simples, alumiado por uma fraca luz de lampião, centrada no meio do grupo, clareando os personagens. As figuras estão vestidas com roupas austeras, levando a supor que se encontram no inverno. Um velho relógio de corda marca as horas na parede à esquerda. O pintor retrata o grupo da forma mais real possível, com seus traços grosseiros, mãos maltratadas e certa desesperança no rosto. Os tons escuros são realçados pela luminosidade do lampião.

A camponesa à direita serve quatro canecas de café de cevada e malte, enquanto a mulher à sua direita, com a sua caneca na mão, aguarda sua vez. No canto inferior direito da tela está outra chaleira, provavelmente sobre o fogão, do qual se vê apenas uma pequena parte. As batatas quentes levantando fumaça são servidas numa mesma vasilha para todo o grupo.

Na obra de Van Gogh chamam a atenção:
• as vigas à mostra iluminadas pelo lampião;
• as duas janelas ao fundo com formatos diferentes e a porta à esquerda;
• a coluna à direita que divide parte do ambiente;
• a moldura e um relógio de corda pendurados na parede;
• os vasilhames pendurados acima da mulher à direita;
• a grande vasilha com batatas ainda quentes e as mãos ossudas das figuras;
• as cadeiras rústicas.

Embora a composição Os Comedores de Batata não tenha sido um sucesso em sua época, nem mesmo chegando a ser exibida no Salão, conforme pedido do artista, atualmente é tida como uma das obras-primas de Van Gogh, colocada no mais alto patamar pela comunidade artística, sendo vista tal e qual o pintor queria que fosse.

Ficha técnica
Ano: 1885
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 82 x 114 cm
Localização: Amsterdã, Holanda

Fontes de pesquisa
Van Gogh/ Coleção Folha
Van Gogh/ Girassol
http://www.vangoghgallery.com/painting/potatoindex.html
http://www.vggallery.com/visitors/004.htm

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Rubens – SUSANA E OS VELHOS

Autoria de Lu Dias Carvalho

SUEOVE

A composição denominada Susana e os Velhos é uma obra do pintor barroco Peter Paul Rubens, o mais importante de todos os pintores flamengos do século XVII. Trata-se de uma pintura baseada num texto bíblico, também pintada por outros artistas, como Rembrandt, Tintoretto, Artemisia, Guido Reni, Anthony van Dyck, Lorenzo Lotto, Jacopo Bessano, Alessandro Allori, etc. Rubens fez outros quadros sobre o tema.

A bela Susana encontra-se no banho, sentada sobre um suntuoso manto vermelho, quando é surpreendida pela presença de dois homens truculentos, já idosos, que tentam seduzi-la. A reação da mulher é de medo e vergonha, diante da nudez de seu corpo exposto a estranhos. O local onde se encontra é luxuoso, denotando riqueza.

Um dos homens, com a cabeça calva e barba branca, usando uma túnica azul, levanta o véu que cobre o corpo de Susana, enquanto o outro, com cabelos escuros, cacheados e abundantes, também de barba, usando uma túnica cinza-azulada, toca-a com sua mão direita e com a esquerda segura-se na balaustrada. Parte de seu corpo já se encontra no local onde está a jovem mulher. Apesar de velhos, os homens são robustos, exibindo uma forte musculatura. Ambos exprimem lascívia no olhar.

À direita de Susana está a fonte onde ela se lava, com a água jorrando abundantemente. Esta é a primeira pintura que Rubens fez sobre o tema.

Curiosidades:
• A composição é baseada na história bíblica retirada do livro de Daniel.
• Uma bela esposa judia, chamada Susana, é acusada falsamente por libidinosos observadores escondidos. Enquanto ela se banha no jardim e tendo mandado embora suas damas de companhia, dois dos anciãos secretamente observam-na. Quando ela está voltando pra casa, eles a pressionam e ameaçam alegar que ela estaria se encontrando com um jovem no jardim, caso não concordasse em se entregar a eles. Ela se recusa a ser chantageada.
• Susana é presa e está prestes a ser executada por promiscuidade, quando um jovem chamado Daniel interrompe o julgamento, gritando que os dois anciãos deveriam ser questionados, para prevenir a morte de uma inocente.
• Após serem separados, os dois homens foram questionados em detalhes sobre o que viram, mas acabaram discordando sobre qual a árvore e sob cuja sombra Susana teria se encontrado com o tal amante.
• O primeiro diz que eles estavam sob uma almecegueira e Daniel diz que um anjo está pronto para cortá-lo em dois. O segundo diz que eles estavam sob um carvalho, Daniel diz que um anjo está pronto para serrá-lo em dois.
• A grande diferença de tamanho entre a almecegueira e o carvalho torna a mentira dos anciãos óbvia para todos os observadores. Ambos são então executados e a virtude triunfa.
• Susana é uma das adições em Daniel, considerada apócrifa por protestantes, mas incluída no Livro de Daniel (como o capítulo 13) pela Igreja Católica e pela Igreja Ortodoxa Oriental.

Ficha técnica:
Data: 1609-1610
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 198 x 218 cm
Localização: Real Academia de Belas Artes de San Fernando, Madri, Espanha

Fonte de pesquisa:
Rubens/ Editora Taschen

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Rubens – PROMETEU ACORRENTADO

Autoria de Lu Dias Carvalho

PRACO

A composição denominada Prometeu é uma obra do pintor barroco Peter Paul Rubens, o mais importante de todos os pintores flamengos do século XVII, com a participação de Frans Snyders (pintou a águia). Rubens tinha na mitologia um de seus principais temas, e considerava esta pintura, em especial, uma das mais importantes de sua vasta criação. Manteve-a em seu poder durante muito tempo.
Rubens narra o momento em que o titã Prometeu está sendo castigado por ter roubado o fogo no Monte Olimpo, elemento exclusivo dos deuses, ofertando-o aos mortais. Zeus, o deus dos deuses, sabendo que o fogo aumentaria o poder dos homens, fazendo com que dominassem os animais, puniu o titã severamente. Ele seria castigado dia após dia, tendo o fígado bicado por uma águia. Só que esse regenerava, pois Prometeu trazia consigo o dom da imortalidade, de modo que o castigo seria eterno.
No quadro, o corpo nu, belo e musculoso de Prometeu encontra-se sobre um lençol branco e outro azul, no alto de um monte, próximo a uma grande árvore. O titã traz o braço esquerdo preso por uma corrente a uma rocha. Sobre seu corpo encontra-se uma enorme águia, que lhe devora o fígado, deixando à vista parte desse. Filetes de sangue escorrem pelo tronco do herói, que observa o animal com o olho esquerdo, uma vez que o direito está tampado por suas garras. O tronco em desalinho, o olho aberto, as pernas e boca contorcidas e o punho cerrado indicam que o torturado encontra-se consciente. Seus cabelos em desalinho transmitem sua intensa dor. Tem-se a impressão de que o corpo de Prometeu resvala para baixo.
A águia está com as asas aberta, tomando quase todo o comprimento do corpo de Prometeu, desde a mão esquerda até a ponta do pé direito. Seu bico afiado agarra o fígado, como se fosse puxá-lo para fora. Com as garras fortes, a ave imobiliza o titã, empurrando-lhe a cabeça e firmando-se no seu ventre.
À esquerda de Prometeu, uma tocha acesa lembra o motivo de sua tortura. Um céu com nuvens densas e escuras acentuam ainda mais a tragicidade da cena. À esquerda do titã, abaixo de onde ele se encontra, descortina-se uma paisagem aberta.
Nesta composição, Rubens recebeu a ajuda do artista Frans Snyders, um especialista na arte de pintar flores e animais, responsável pela pintura da águia. A interação entre os artistas era muito comum em Antuérpia, nas duas primeiras décadas do século XVII, tendo Rubens feito uso de tal prática em algumas obras suas.
Ficha técnica
Ano: 1610-1611
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 242,6 x 209,5 cm
Localização: Museum of Art, Philadelphia, EUA

Fontes de pesquisa
http://www.philamuseum.org/collections/permanent/104468.html
http://www.peterpaulrubens.net/prometheus-bound.jsp

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