Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Bosch – CRUZ ÀS COSTAS

Autoria de Lu Dias Carvalho

Cruzbos

A composição Cruz às Costas, também conhecida como Ida ao Calvário, obra de Bosch,  retrata a Paixão de Cristo, seguindo a mesma linha de Ecce Homo. A cena divide-se em dois planos: superior e inferior. As figuras de Bosch são magras e nervosas, sendo retratadas com ironia. As cores, expressas em tons suaves, quentes e luminosos, tornam a pintura magistral.

Em meio a uma grande multidão de participantes da caminhada, Jesus Cristo anda curvado sob o peso de uma imensa cruz de madeira em forma de T. De sua cabeça coroada de espinhos escorre sangue em direção ao rosto. Para aumentar o flagelo, pedaços de madeira com pregos são atados à cintura do Mestre, machucando seus pés e tornozelos a cada passo que dá.

Um soldado de branco, tendo às costas um escudo ornado com a figura de um gigantesco sapo – símbolo do mal à época – puxa a corda que está amarrada à cintura de Cristo. Atrás dele, um homem de vestimenta cor-de-rosa chicoteia-o. A multidão é composta por populares e por soldados. As figuras têm rostos maléficos e mostram-se excitadas com a cena. A turba carrega lanças, chicote e uma escada para postar Cristo na cruz.

Mais abaixo, em primeiro plano, desenrolam-se duas outras cenas. Numa delas, à esquerda do observador, o mau ladrão está sendo torturado por um soldado, e na outra, à direita, um sacerdote confessa o bom ladrão que se mostra visivelmente emocionado. Um pau fincado perto dele sinaliza que ali será crucificado, assim como a presença de uma escada a seus pés. Um personagem de vermelho olha embevecido para pau, como se aguardasse com júbilo o que está por vir.

No fundo da obra vê-se uma tranquila paisagem com videiras e um céu azulado.

Ficha técnica
Ano: c.1500
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 57,2 x 32 cm
Localização: Museum Kunsthistorisches, Viena, Áustria.

Fonte de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
Bosch/ Taschen
Bosch/ Abril Coleções

Bosch – JUÍZO FINAL (IV) – O INFERNO

Autoria de Lu Dias Carvalho

feno123A aba direita do tríptico Juízo Final, obra de Bosch, representa o Inferno, o que na verdade reforça o que é visto no painel central.

Aqui também predominam os castigos impingidos aos pecadores, que não se deixaram guiar pelas leis de Deus:

1. muitas almas estão dentro de uma tenda, gritando desesperadamente e tentando escapar;
2. uma bola vermelha com pregos é passada sobre o corpo de um homem;
3. outro corpo está sendo passado numa cama de pregos;
4. uma mulher é abraçada por um diabo que lhe mostra um livro;
5. um corpo é empalado em cima da tenda;
6. uma mulher, de pé sobre um sapo gigante, tem uma cobra enrodilhada no corpo e uma flecha no coração, sobre sua cabeça apoia uma ave estranha;
7. caldeirões cozinham corpos;
8. corpos são pendurados em ganchos;
9. alguns corpos são atravessados por lanças, flechas e facas;
10. um bebedor de vinho está quase a explodir, com o vinho que sai de um recipiente;
11. pássaros estão a comer o corpo de um homem;
12. correntes de larvas e fogo são vistas acima, etc.

Haja criatividade!

Ficha técnica
Ano: c. de 1482
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 167 x 60 cm
Localização: Akademie der Bildende Künste, Viena, Áustria

Fontes de pesquisa
Bosch/ Abril Coleções
Bosch/ Taschen

Bosch – JUÍZO FINAL (III)

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A parte central do tríptico Juízo Final representa o tema principal da obra: o julgamento do Último Dia e a punição recebida pelos pecadores.

Cristo aparece na parte mais alta da pintura, envolto por uma claridade, sentado sobre um arco-íris e rodeado pelos bem-aventurados, que são em número muito pequeno, se comparados àqueles que estão no mundo da perdição. Atrás dele estão a Virgem Maria, São João Batista e quatro anjos tocando trombetas. Ele ocupa pequena parte desta tábua.

Além dos castigos impingidos pelos demônios, catástrofes arrasam a Terra, sendo ela destruída pelo fogo. Inúmeros corpos nus estão sendo castigados das mais cruéis maneiras. Alguns são despedaçados, outros picados por víboras, mais outros torturados em satânicas máquinas. Vejamos:

1. um homem está sendo assado num espeto, enquanto um demônio joga óleo sobre ele;
2. outro pecador está sendo frito numa gigantesca frigideira, tendo dois ovos próximos ao algoz, para complementar a refeição;
3. outro caminha num círculo de pregos;
4. uma cabeça humana é vista dentro de um barril de vinho, com um demônio verde próximo, segurando uma faca;
5. um demônio em forma de pássaro carrega um homem pendurado num pau, com pés e mãos amarrados;
6. três pessoas, penduradas numa árvore seca, são flechadas por diabos;
7. um homem é obrigado a beber o líquido de um barril, que parece ser xixi, vindo de uma janela;
8. um homem puxa as rodas de uma carroça;
9. outros são pendurados com ganchos de açougues ou empalados;
10. uma mulher, sobre um edifício, é acariciada por um monstro;
11. duas vítimas são ferradas como se fossem cavalos, enquanto outra queima-se no fogo;
12. outra escorrega por uma ponte de prego, etc.

A prova de que Bosch considerava a maior parte da humanidade pecaminosa é o pequeno número de eleitos que subiram ao Céu, ladeando o Criador.

Ficha técnica
Ano: c. de 1482
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 163,7 x 127 cm
Localização: Akademie der Bildende Künste, Viena, Áustria

Fontes de pesquisa
Bosch/ Abril Coleções
Bosch/ Taschen

Bosch – JUÍZO FINAL (II) – PECADO ORIGINAL

Autoria de Lu Dias Carvalho

feno1O tríptico Juízo Final, obra do pintor Hieronymus Bosch, quando aberto, tem ao centro o Juízo Final, que mostra os castigos sofridos pelos pecadores; à esquerda do observador, apresenta o Pecado Original; e, à direita, o Inferno. Quando fechado, o tríptico mostra nos lados exteriores de suas abas as figuras de Santiago de Compostela e de São Bravo.

Na aba que apresenta o Pecado Original, Bosch compôs as figuras humanas num jardim exuberante, com um gramado verde, árvores frondosas e frutíferas, lago e animais.

Em primeiro plano, Deus cria Eva, que se encontra ajoelhada e é segura pela mão esquerda, enquanto Adão dorme na relva. Logo depois, o casal encontra-se próximo a uma macieira, sendo tentado pelo diabo, em forma de uma serpente. Num outro plano, Adão e Eva estão sendo expulsos do jardim por um anjo, que usa roupas esvoaçantes, e traz uma espada na mão direita. Ele usa um gesto enérgico para expulsar o casal, que,  amedrontado, tenta se esconder entre as árvores. Adão leva a mão à cabeça, enquanto Eva tapa a púbis.

No céu é vista a queda dos anjos rebeldes que, após o pecado original, transformam-se em demônios. E mais acima destes está a figura do Criador e, imediatamente abaixo dele, estão os seus anjos.

Ficha técnica
Ano: c. de 1482
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 167 x 60 cm
Localização: Akademie der Bildende Künste, Viena, Áustria

Fontes de pesquisa
Bosch/ Abril Coleções
Bosch/ Taschen

Bosch – TRÍPTICO O JUÍZO FINAL (I)

Autoria de Lu Dias Carvalho

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O pintor holandês Hieronymus Bosch (c. 1450 -1516) era um artista profundamente preocupado com a maldade humana, e ficou famoso por suas aterradoras representações das forças do mal. Carregava consigo uma visão pessimista do ser humano, que, segundo a visão cristã, já vivia em pecado desde a expulsão de Adão e Eva do Paraíso, tendo que se preservar na prática do bem para conseguir a salvação, pois a maioria estava condenada aos horrores do Inferno. Considerava a luxúria o primeiro dos pecados. A sua composição O Juízo Final representa a sua preocupação com os horrores que seriam vividos por aqueles que não salvassem a sua alma.

A obra é um tríptico, que, quando aberto, tem ao centro o Juízo Final, que mostra os castigos sofridos pelos pecadores; à esquerda do observador, apresenta o Pecado Original; e à direita, o Inferno. Quando fechado, o tríptico mostra nos lados exteriores de suas abas as figuras de Santiago de Compostela e de São Bravo (figuras à direita), pintadas em tons de cinza, branco e preto.

Nota: a seguir, neste blog, estudaremos cada parte do tríptico.

Ficha técnica
Ano: c. de 1482
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 163,7 x 127 cm
Localização: Akademie der Bildende Künste, Viena, Áustria

Fontes de pesquisa
Bosch/ Abril Coleções
Bosch/ Taschen
1000 obras da pintura europeia/ Könemann

Bosch – O CAMINHO DA VIDA

Autoria de Lu Dias Carvalho

ANDARILHO

A composição O Caminho da Vida, também conhecida como O Mercador ou O Vagabundo, obra do pintor medieval Hieronymus Bosch, faz parte de uma aba exterior do tríptico Carro de Feno.

No primeiro plano está um homem, aparentemente de meia-idade, magricela e com vestimenta rota, tendo uma das pernas da calça com grande rasgo no joelho, andando por um caminho muito perigoso. Ele leva às costas um cesto de vime e ampara-se, com as duas mãos, num cajado. Um cão raivoso rosna à sua passagem. À sua direita veem-se ossos espalhados e duas aves escuras. Ele se encontra próximo a uma frágil tábua, usada como ponte, que cobre um pequeno riacho, onde patos nadam e uma garça busca alimento.

Ao fundo, à esquerda, três ladrões assaltam um viajante, despojam-no de suas vestes, amarram-no a uma árvore e roubam suas posses. À direita do viajante, um casal de camponeses dança ao som de uma gaita, tocada por um homem assentado perto de uma árvore. Mais acima, no cume do morro, um grande número de pessoas rodeia uma forca, na qual se escora uma enorme escada. Mais abaixo está um mastro, tendo no topo uma roda, usada para expor os corpos dos malfeitores executados. Uma bela paisagem desenrola-se ao fundo, onde é possível divisar uma cidade com casas e uma igreja, montes e árvores esparsas.

Na Idade Média, época em que viveu o pintor, a Igreja ensinava que todo homem era um peregrino vivendo num mundo violento e perigoso, à procura da pátria perdida. Por isso, até mesmo o casal de camponeses a dançar constituía uma ameaça moral, pois estava sucumbindo ao apetite sexual.

Para muitos estudiosos, Bosch, com esta composição, tenta mostrar que a caminhada do homem na Terra é cheia de perigos, aqui representados pelo cão, ladrões, execução, tábua frágil, música, dança, etc. E, que apesar do fardo (cesto de vime) que carrega, ele deve manter longe todas as ameaças a uma vida de retidão, através da fé (simbolizada pelo bastão).

Ficha técnica
Ano: c. de 1516
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 135 x 90 cm
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

Fonte de pesquisa
Bosch/ Taschen