Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Mestres da Pintura – PIERO DELLA FRANCESCA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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 A arte de Piero dela Francesca incorpora a maioria dos traços científicos da pintura renascentista italiana, considerados “novos” no século 15, como o modelado da luz e sombra para criar formas tridimensionais (chiaroscuro), uma compreensão sofisticada da matemática e da perspectiva linear, e um gosto pela monumentalidade da arte clássica – tudo isso traduzido num estilo pessoal meditativo, atemporal e profundamente tocante. (David Gariff)

O pintor italiano Piero Della Francesca (c. 1416 – 1492) foi redescoberto no século 19 por artistas, historiadores, críticos e colecionadores, como aconteceu com Sandro Boticelli e Jan Vermeer, tornando-se hoje um dos artistas mais conhecidos e admirados do Renascimento italiano. O uso que fez da cor, luz, perspectiva e precisão matemática para obter clareza, calma e qualidade monumental continuam extasiando aqueles que têm acesso às suas obras que impressionam pela serenidade, grandeza e exatidão matemática. É hoje um dos artistas mais conhecidos e admirados do Renascimento.

Tal e qual os grandes mestres de seu tempo, o artista primou sempre pela criatividade em relação ao passado medieval, usando técnicas e temáticas inovadoras como, por exemplo, o uso da tela e da pintura a óleo, o retrato, a representação da natureza, o nu, e, sobretudo, a perspectiva e a criação do volume. Também foi responsável por desenvolver uma inovadora técnica de vitrificação da cor, que concebe às suas obras um ar atmosférico.  Sua pintura pessoal e solene mistura formas geométricas e cores intensas e se diferencia pela utilização da geometria espacial e abstração. Seu estilo é ao mesmo tempo pessoal e atemporal.

O sentido poético das obras de Piero della Francesca exprime-se no sentimento de atemporalidade, transmitido pela harmonia dos tons claros e pelo tratamento dado às figuras, tratadas em volumes simples. Apesar da tranquilidade que repassa através de suas obras, o artista não abriu mão de uma técnica rigorosa. Nos últimos anos de sua vida o pintor dedicou-se a escrever tratados sobre matemática e perspectiva.

Piero foi um dos mais importantes pintores do início do Renascimento e um pioneiro na arte da perspectiva. Era muito ligado aos detalhes, trabalhava devagar e meticulosamente. Possuía um sentido laborioso de cor e luz e também grande sensibilidade para com a beleza da natureza.

Características de suas pinturas:

  • modelação tridimensional das figuras
  • construção matemática precisa da profundidade espacial.

O pintor inspirou vários artistas, dentre eles podem ser citados: Luca Signorelli, Luca Pacioli, Leonardo da Vinci, Georges Seurat, Roger Fry, Roberto Loghi, Tandei Tarkovsky, Bohuslav Martinu, etc.

Nota: Ressurreição de Cristo (O pormenor mostra o autorretrato do pintor.)

Ficha técnica:
Data: 1460
Técnica: Fresco
Dimensões 225 cm × 200 cm
Localização Museo Civico de Sansepolcro, Toscânia

Fontes de pesquisa:
A arte romântica e gótica/ Folio
Os pintores mais influentes do mundo/ Girassol
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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Rubens – SANSÃO E DALILA

  Autoria de Lu Dias Carvalho a carta1234567

A luz em claro-escuro das obras de Rubens revela a forte influência do italiano Caravaggio.

A composição intitulada Sansão e Dalila é uma pintura barroca e uma das obras-primas de Peter Paul Rubens. O quadro foi encomendada ao artista por Nicolaas Rocchox, magistrado principal de Antuérpia e grande amigo do pintor que tinha apenas 31 anos ao compor tão bela obra. A composição é, portanto, uma obra-prima juvenil de Rubens, de modo que é possível encontrar nela as influências que o artista havia trazido de seu tempo na Itália, como as recebidas de Tinoretto e Michelangelo.

A temática do quadro é tirada do Velho Testamento que narra a história de Sansão — guerreiro israelita de força gigantesca e de quem os filisteus tinham muito medo — que ao apaixonar-se por Dalila, uma filisteia, revela a ela que a sua força estava nos cabelos.

A composição mostra exatamente a hora em que Sansão, nos braços de Dalila, tem o primeiro cacho cortado por um barbeiro, enquanto os soldados aglomeram-se na porta, às costas do guerreiro israelita, aguardando a hora da vingança. O barbeiro que corta o cabelo com grande concentração, usa suas mãos entrecruzadas, simbolizando a trama arguciosa.

Dalila seduz Sansão para descobrir o seu segredo. Com os seios de fora, reclina-se sobre ele. Sua cabeça está na mesma posição da cabeça de Vênus — acima com Cupido num nicho, complementando a erotização da cena. As mãos de Dalila mostram-se ansiosas, enquanto ela aguarda o resultado da ação, mas as de Sansão mostram a sua entrega total à filisteia.

Contrastando com a beleza de Dalila uma serva idosa e de rosto macilento acompanha, com uma vela na mão, o corte de cabelo do herói, entregue às carícias da amante sedutora. Os soldados filisteus à porta têm o rosto iluminado por uma tocha que um deles carrega. Nas mãos eles trazem estacas afiadas com a intenção de furar os olhos do israelita.

O local onde se desenrola a cena é muito rico. Materiais suntuosos como sedas, cetins e bordados bem trabalhados esparramam-se pelo chão, trazendo mais sensualidade à composição. Vermelho sangue é a cor predominante na metade esquerda da tela em meio aos tons quentes de marrom dourado. A cor vermelha traz dupla simbologia: a paixão intensa de Sansão por Dalila — a ponto de sacrificar a sua força — e o sangue que jorrará de seu corpo nas mãos de seus inimigos.

As obras de Michelangelo serviram de inspiração para que Rubens compusesse o corpo musculoso de Sansão.

Ficha técnica:
Data: 1609
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 185 x 205 cm
Localização: National Gallery, Londres

 Fontes de pesquisa:
Grandes mestres da pintura/ Abril Coleções
Arte em Detalhes
1000 pinturas obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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Rubens – O RAPTO DAS FILHAS DE LEUCIPO

Autoria de Lu Dias Carvalho a carta123456

Peter Paul Rubens era eclético em relação aos temas retratados, sendo que, ao longo de sua carreira, pintou inúmeros temas mitológicos. A composição acima, O Rapto das Filhas de Leucipo, apresenta o momento lendário em que os gêmeos semideuses, Castor e Polux, também conhecidos por “Dióscuros” (filhos de Zeus), apesar de serem filhos de pais diferentes, raptam as duas filhas do Rei Leucipo, Rei de Argos, denominadas Hilária e Febe.  Esta composição é muito importante, sobretudo por levar à compreensão de como Rubens rompeu com a estrutura modular clássica sem, contudo, quebrar a unidade da obra.

Os dois irmãos perpetram o sequestro fazendo uso de seus possantes cavalos. Castor que continua montado, pega uma das garotas pela perna esquerda e ombro, enquanto Polux, de pé no chão, ajuda-o, com a mão direita e parte do tronco, a levantar uma das moças, enquanto tenta segurar a outra, usando braço e  perna esquerdos. Castor usar uma armadura negra e traz nas costas um manto vermelho desfraldado, enquanto Polux traz o torso nu e um manto escuro jogado no corpo.

Os músculos salientes dos dois irmãos  denotam o uso da força. Um cupido vesgo que traz um sorriso cheio de astúcia segura as rédeas do cavalo de Castor, agarrando-se a seu flanco. Outro cupido detém o cavalo de Polux que se encontra no chão. Os animais mostram-se agitados e nervosos.

As duas irmãs opulentas em suas nudez, destacam-se na composição, cada uma em sua individualidade e sensualidade próprias. É interessante chamar a atenção para o fato de que uma das moças mostra o lado oculto da outra, ou seja, enquanto uma deixa à vista sua parte posterior, a outra mostra a frontal, como se fossem as duas faces de uma mesma moeda.

As duas moças lutam desesperadamente na tentativa de livrarem-se de seus raptores. A primeira — já quase totalmente dominada — encontra-se envolta num manto vermelho com o qual Castor tenta levantá-la. A segunda — ainda com os pés no solo — resiste bravamente a Polux, enquanto seu manto  dourado resvala-se para  o chão.

O artista mostra um acentuado contraste entre as mãos avermelhadas, fortes e enérgicas masculinas e as mãos femininas pálidas e delicadas. Ao fundo desenrola-se uma paisagem com inúmeras árvores, solo verdejantes e montanhas azuis.

Ficha técnica:
Data: c. 1618
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 224 x 210,5
Localização: Alte Pinakothek, Munique

Fontes de pesquisa:
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

 

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Rubens – A TOALETE DE VÊNUS

Autoria de Lu Dias Carvalho a carta12345

Para atingir a mais alta perfeição na pintura é necessário compreender a arte antiga. (Peter Paul Rubens)

 A Toalete de Vênus é uma obra do pintor barroco Peter Paul Rubens. Presume-se que tenha sido encomendada por uma galeria de arte privada. Vênus, deusa latina do amor, da formosura e dos prazeres, é representada quase que inteiramente de costas. Seus cabelos dourados estão sendo afagados pela escrava negra postada à sua direita que quase se funde com o escuro do fundo do quadro.

O rosto da deusa está perfilado e reflete-se por inteiro num espelho octaedro, segurado por um robusto anjo nu, de asas escuras e  cabelos cacheados, à sua esquerda, que também pode ser o seu filho Cupido, o deus do amor. Ela traz no braço esquerdo um bracelete de ouro e pedras preciosas e nas orelhas brincos de ouro e pérolas. A sua pele rosada contrasta com o manto vermelho do assento e com o fundo escuro da tela.

Um fino véu cobre parte da nádega direita e parte da frente do corpo rechonchudo e vigoroso da deusa latina. É possível observar que o padrão de beleza da época foge totalmente ao de nossos dias, pois o pintor deixa visível as gordurinhas e culotes da deusa.

Ficha técnica:
Data: c. 1613 – 1614
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 124 x 98 cm
Localização: Liechtenstein Museum, Viena, Áustria

Fontes de pesquisa:
A história da arte/ E.H. Gombrich
Arte em detalhes/ Publifolha

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Mestres da Pintura – PETER PAUL RUBENS

Autoria de Lu Dias Carvalho a carta1234

Peter Paul Rubens é um dos mais inovadores e versáteis artistas do período barroco. (…) Suas pinturas caracterizam-se pelas cores arrojadas, composições dinâmicas e pinceladas vigorosas. (David Gariff)

Para Rubens, a missão do pintar, era pintar o mundo a sua volta; pintar o que lhe agradasse, para nos fazer sentir que se deleitava na beleza viva e multíplice das coisas. (E.H. Gombrich)

Peter Paul Rubens (1577–1640), filho de Jan Rubens, advogado, e Maria Pypelinckx, nasceu em Siegen, na Vestfália. Os primeiros onze anos de sua vida foram passados em Colônia na Renânia, pois sua família teve que fugir da Antuérpia, para escapar da guerra entre católicos e calvinistas. Após a morte do pai a mãe retornou com os filhos para Antuérpia, onde Rubens, católico devoto, estudou latim e tornou-se pajem na família real. Aos vinte e um anos foi inscrito como pintor na corporação de São Lucas, vindo a  tornar-se mestre. Quando estava prestes a completar trinta anos, Rubens partiu para a Itália, onde ficou a serviço de Vicenzo I Gonzaga, Duque de Mântua, de quem recebeu um missão diplomática na Espanha. Na Itália, ele aproveitou para conhecer várias cidades, ficando mais tempo em Gênova e Roma.

Com a morte de sua mãe Rubens retornou à Antuérpia e ali permaneceu mais tempo em razão das inúmeras encomendas recebidas. Logo foi aceito pelo pintor Jan Brueguel, o Velho, para fazer parte da Guilda dos Romancistas. A seguir, ele foi nomeado pintor do arquiduque Alberto e da Infanta Isabel, mas sem deixar o seu país. Rubens casou-se com Isabelle Brant e continuou as suas viagens por vários países europeus, ora como pintor ora em missão diplomática. Quatro anos após a morte de sua primeira esposa, ele se casou com Hélène Forument de 16 anos, filha de um comerciante de tapetes.

Ao regressar da Itália para a Antuérpia, Rubens já havia aprendido tudo sobre pintura: manejo dos pinceis e tinta, representação de nus, armaduras, joias, animais, paisagens, etc. Tinha preferência pelos painéis gigantescos, usados para decorar igrejas e palácios, locais com os quais tinha grande afinidade, pois cria piamente no “direito divino dos reis”, segundo o qual esses só prestavam contas a Deus.

Rubens, homem de vasta cultura, era dono de uma mente brilhante. Era um erudito clássico, ilustrador de livros, colecionador de arte e antiguidades e também diplomata. Falava e escrevia várias línguas e tinha aptidão para a oratória e a diplomacia, tendo exercidos inúmeras atividades públicas e profissionais. Estudou com os mestres Tobias Verhaect, Adam van Noort e Otto van Veen. Internacionalmente conhecido, Peter Paul Rubens recebia tantas encomendas, que foi necessário criar um ateliê com muitos alunos e assistentes para ajudá-lo. O renomado artista recebia incumbências dos maiores mecenas da Europa.

Na arte, o pintor executou com maestria todas as categorias pictóricas: pintura sacra, histórica, mitológica, paisagística, pintura de gênero e naturezas-mortas. Foi um artista completo. Sua arte incitava a suntuosidade e o resplendor dos palácios. Era tratado com grande reverência pelas cortes, onde se destacava a sua posição de pintor e diplomata, recebendo honras e muitas riquezas, o que lhe permitiu levar uma vida muito boa. Por isso, foi chamado de “príncipe dos pintores e pintor dos príncipes”. Quando se encontrava no auge de seu sucesso, recebia tantas encomendas que não tinha como realizá-las sozinho. Assim, teve que buscar colaboradores para o seu trabalho, escolhidos entre os seus melhores alunos, sendo que cada um destacava-se num tipo de trabalho (flores, paisagens, animais, etc). Dentre esses estava Antonio van Dick, classificado como o melhor de todos os seus alunos, muitas vezes sendo impossível distinguir entre um trabalho do mestre e o seu.

Os trabalhos de Rubens podem ser classificados assim:

  • quadros inteiramente feitos pelo pintor;
  • quadros feitos com a colaboração de outros grandes pintores como Jan Bruegel e Snyders;
  • quadros feitos por seus ajudantes, sob sua supervisão, mas nos quais não botara o pincel, embora os assinasse.

Peter Paul Rubens, pintor de estilo colorido e dinâmico, é tido como o mais influente artista barroco do norte da Europa e um dos artistas mais brilhantes do barroco, estilo que se caracterizava pelos temas dramáticos e intensos, texturas luxuosas e pomposas, e excesso de iluminação, com a ilusão dominando sentidos e emoções.

Em seu livro “Galleria Borghese/ Os Tesouros do Cardeal”, os autores Roberto Teixeira Leite e Elisa Byington assim descreve o artista: “Uma das personalidades culminantes da História da Arte, diplomata e senhor de refinada educação humanística, leitor dos clássicos, manejando com facilidade vários idiomas, inclusive fluente no latim, dono de uma agilidade intelectual que lhe permitia prestar atenção numa leitura de Tácito, pintar, conversar, ditar cartas ao mesmo tempo…”

Nota: Autorretrato com Isabelle Brant (sua primeira mulher)

Fontes de pesquisa:
A história da arte/ E.H. Gombrich
Arte em detalhes/ Publifolha
Galleria Borghese/ Os Tesouros do Cardeal
Rubens/ Taschen

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Poussin – PAISAGEM COM AS CINZAS DE FOUCION

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É impossível não se quedar diante desta composição maravilhosa do francês Nicolas Poussin, denominada Paisagem com as Cinzas de Focion, sua segunda composição sobre o tema.

O pintor fez duas composições ilustrando a morte de Fócio, general e estadista de Atenas, que foi executado injustamente, por uma suposta traição. A outra pintura chama-se Paisagem com os Funerais de Focion.

A composição é dividida em três planos:

  • No primeiro, estão a mulher de Focion e a escrava que a acompanha. Enquanto a primeira recolhe as cinzas do marido, a segunda vigia, temerosa de que alguém possa descobri-las, ao recolher as cinzas da inocente vítima.
  • Árvores à esquerda e à direita, carvalhos, separam as duas personagens, em primeiro plano, das atividades que acontecem no plano médio, onde se encontram inúmeras personagens.
  • No terceiro plano, ao fundo, está a cidade de Mégara, onde o corpo de Focion foi cremado, pois não foi permitido que o estadista fosse enterrado na sua cidade de Atenas.

Embora a figura da viúva seja muito pequena, diante da suntuosidade da composição, o pintor usou o colorido forte de suas roupas para chamar a atenção do observador sobre ela. Observem como o branco de sua touca e de suas vestes é resplandecente.

Ficha técnica:
Data: 1648
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 117 x 179 cm
Localização: Walker Art Gallery, Liverpool, Reino Unido

Fontes de pesquisa:
Arte/ Publifolha

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