Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Géricault – CAPTURA DE UM CAVALO…

Autoria de Lu Dias Carvalho

O sensível pintor francês Jean-Louis-André Théodore Géricault (1791 – 1824) filho do advogado e comerciante Georges Nicolas e de Louise Jean-Marie Carruel foi um dos mais famosos, autênticos e expressivos artistas do estilo romântico em seu início, na França. Sua mãe era uma mulher inteligente e culta. Desde a sua infância Géricault demonstrava interesse pelos desenhos e cavalos. Sua família mudou-se para Paris e sua mãe faleceu quando o garoto tinha dez anos, deixando-lhe uma renda anual. Na capital francesa, o futuro artista tornou-se esportista, elegante e educado, frequentando os ambientes mais sofisticados. Embora seu pai não aprovasse a sua opção pela pintura, um tio materno resolveu o impasse, ao chamar o sobrinho para trabalhar com ele no comércio, mas lhe deixando um bom tempo livre para dedicar-se à pintura.

A composição Captura de um Cavalo Bravo é uma obra do artista. Ela chama a atenção pelos personagens presentes nesta pintura de beleza clássica. Os quatro jovens romanos são mostrados como se fossem antigos deuses do Olimpo, nesta cena idealizada pelo pintor, onde realidade e mito se abraçam. Dois deles seguram o animal pelo rabo, enquanto os outros dois tentam contê-lo pela cabeça. Um dos jovens encontra-se nu e há também a presença de uma mulher com um manto verde esvoaçante.

Ficha técnica
Ano: 1817
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 46 x 59 cm
Localização: Museu de Belas-Artes, Rouen, França

Fontes de pesquisa
Gênios da pintura/ Abril Cultural
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

Views: 3

Mestres da Pintura – THÉODORE GÉRICAULT

 Autoria de Lu Dias Carvalho

É preciso morrer para alcançar a imortalidade. (Géricault)

 Um professor não deve querer transmitir sua própria maneira; seu dever é cultivar as qualidades de seus alunos. (Pierre Guérin).

O sensível pintor francês Jean-Louis-André Théodore Géricault (1791 – 1824), filho do advogado e comerciante Georges Nicolas e de Louise Jean-Marie Carruel, foi um dos mais famosos, autênticos e expressivos artistas do estilo romântico em seu início, na França. Sua mãe era uma mulher inteligente e culta. Desde a sua infância Géricault demonstrava interesse pelos desenhos e cavalos. Sua família mudou-se para Paris e sua mãe faleceu quando o garoto tinha dez anos, deixando-lhe uma renda anual. Na capital francesa o futuro artista tornou-se esportista, elegante e educado, frequentando os ambientes mais sofisticados. Embora seu pai não aprovasse a sua opção pela pintura, um tio materno resolveu o impasse, ao chamar o sobrinho para trabalhar com ele no comércio, mas lhe deixando um bom tempo livre para dedicar-se à pintura.

Géricault, aos 17 anos, passou a estudar com Carle Venet, conhecido pela sua liberalidade junto aos alunos. Dois anos depois o rapazinho sentiu que precisava de alguém com punho mais forte e passou, então, a estudar com Pierre Guérin, pintor neoclássico, seguidor do famoso pintor David, mas o aluno, em vez do classicismo, desenvolveu o gosto pela arte barroca, influenciado por Peter Paul Rubens, principalmente. Tal opção, porém, não o impediu de copiar desde os baixos-relevos romanos a Rembrandt, desde Varonese a Velázquez e também Rafael, Ticiano, Carvaggio, Van Dyck, dentre outros. Para ele os postulados acadêmicos deviam ficar aquém da espontaneidade, da autenticidade e da liberdade na pintura.

O artista chegou a afastar-se da pintura para participar das atividades militares, ingressando no Regimento dos Mosqueteiros Vermelhos do Rei, num período extremamente conturbado da história francesa, quando Napoleão deixou a ilha de Elba para resgatar o poder das mãos de Luís XVIII, rei defendido pelo pintor. Menos de dois anos depois ele deixou o regimento e viajou para a Itália, onde ficou por quase um ano. Alguns dizem que sua partida para a Itália deveu-se a um romance entre ele e uma mulher casada. Ali estudou Michelangelo, Rafael e Bernini.

Géricault deixou a Itália, permanecendo alguns dias na Suíça, onde entrou em contato com a oposição (exilada) ao governo francês. Logo após passou a criar o seu quadro mais famoso – “A Balsa da Medusa”. Foi nesse período que teve seu primeiro e único filho, fruto clandestino de sua paixão, mas o artista permitiu que a criança fosse registrada como sendo filho de pai e mãe desconhecidos, ao ser adotada pelo avô paterno, o que viria depois a torturá-lo por não ter tido coragem de reconhecê-lo. A criança cresceu solitária e triste, tendo tido uma existência obscura. O artista afastou-se dos ambientes mundanos e dos amigos, vindo a raspar a cabeça.

Em razão do boicote à pintura “Balsa de Medusa”,  e já vivendo uma situação financeira difícil, Géricault recebeu um convite do inglês Bullock para expô-la  na Inglaterra, recebendo a terça parte da renda das bilheterias. O artista aceitou o convite e ficou quase dois anos naquele país, onde criou uma série de litografias. Ao voltar à França, além da precariedade de sua situação financeira, o artista passou a lutar contra a tuberculose, também sofrendo com uma queda de cavalo que o deixou  ferido. Géricault morreu aos 32 anos de idade, sendo esquecido pela maioria de seus contemporâneos. Contudo, um século depois, o pintor da energia foi redescoberto, sendo sua obra aplaudia e compreendida.

Fontes de pesquisa:
Gênios da pintura/ Abril Cultural
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

Views: 3

Rubens – CIMONE E IFIGÊNIA

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor barroco Peter Paul Rubens (1577 – 1640) teve os primeiros onze anos de sua vida passados em Colônia, na Renânia, pois sua família teve que fugir da Antuérpia, para escapar da guerra entre católicos e calvinistas. Após a morte do pai, a mãe retornou com os filhos para Antuérpia, onde Rubens, católico devoto, estudou latim e tornou-se pajem na família real. Aos vinte e um anos foi inscrito como pintor na corporação de São Lucas, vindo a  tornar-se mestre. Quando estava prestes a completar trinta anos, partiu para a Itália, onde ficou a serviço de Vicenzo I Gonzaga, Duque de Mântua, de quem recebeu um missão diplomática na Espanha. Na Itália, ele aproveitou para conhecer várias cidades, ficando mais tempo em Gênova e Roma.

A composição Cimone e Ifigênia é uma obra do pintor barroco. Baseia-se na história contada por Bacagio em seu livro “Decameron”. Cimone era filho de um nobre, contudo relegou a educação e a vida de seus familiares, preferindo viver como um camponês, até conhecer Ifigênia por quem se apaixonou.

Rubens retrata o momento em que o jovem Cimone vê Ifigênia pela primeira vez, num dia ensolarado, dormindo à sombra das árvores, acompanhadas de duas donzelas e de um pajem. Ao vê-la com suas formas opulentas, o então pastor caiu de amores por ela.

Como acontecia frequentemente em razão do excesso de encomendas recebidas — o pintor dificilmente pintava um quadro por inteiro — Rubens contava com a participação de outros artistas. Nesta tela os animais e as frutas foram pintados por Frans Snyders, sendo a paisagem acrescentada posteriormente por Jan Wildens.

Nota: esta obra foi recortada em todos os lados, principalmente no esquerdo.

Ficha técnica
Ano: c.1617
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 207,5 x 282 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fonte de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Hals – RETRATO DE UM CASAL

Autoria de LuDiasBH

O pintor Frans Hals (c. 1583 – 1666) nasceu provavelmente na Antuérpia, quando as províncias holandesas e Flandres (atual Bélgica) ainda pertenciam à Casa Real espanhola. Seu pai Franchoys era um mestre tecelão. Sua família mudou-se logo a seguir para Haarlem, onde ele passou a maior parte de sua vida. As informações sobre sua vida até os 25 anos são bem escassas, embora se saiba que estudou pintura na Academia de Haarlem com o pintor e escritor Karel van Mander – cujos escritos são uma conhecida fonte sobre os primeiros pintores flamengos – e foi membro oficial da Guilda de São Lucas, à qual chegou a presidir.

A composição intitulada Retrato de um Casal ou também Casal em um Jardim é uma obra do artista em que fica claro a independência e a liberdade de seu estilo. Tendo ele visitado o estúdio de Peter Paul Rubens em Antuérpia, fica evidente neste trabalho que se trata de um retrato inspirado na obra do pintor francês, intitulada “Autorretrato com Isabel Brant”. Apesar da inspiração, as duas obras são bem diferenciadas em sua interpretação. Enquanto as figuras de Hals mostram-se despreocupadas e afetuosas, as de Rubens são bem circunspectas. O casal foi identificado como sendo Isaac Massa e sua noiva Beatrix van der Laen, embora alguns críticos de arte não concordem.

O casal burguês encontra-se sentado à esquerda da composição, encostado ao tronco de uma frondosa árvore, em primeiro plano, com o olhar voltado para o observador. A mulher traz a mão direita apoiada no braço do companheiro – simbolizando a união – e a esquerda no colo. Ambos mostram um semblante de incontida alegria, embora o olhar da mulher pareça revelar algo mais. Já é possível, com tal gesto, perscrutar a capacidade de observação que o artista viria a imprimir em seus trabalhos em seu período de maturidade.

A hera desce do tronco da árvore e rodeia  o lado esquerdo da mulher, enquanto um cardo, presente no canto inferior esquerdo, ao lado do homem, parece fazer uma alusão à Bíblia (Gênesis: 3;17). À esquerda do par, ao fundo, é vista uma vila iluminada pelo sol, uma estátua de mármore, uma fonte, um casal de pavões, lembrando o estilo dos pintores de Veneza. Os detalhes iconográficos mostram a vila como sendo o templo de Juno – a deusa protetora do casamento, cujo atributo era o pavão.

Um segundo casal, presente na paisagem, parece observar os retratados, enquanto dois outros observam a fonte. Pela semelhança com a paisagem dos venezianos paira a dúvida sobre seu real autor. Era muito comum, à época, tanto na Itália quanto nos Países Baixos, o fato de muitos artistas trabalharem em conjunto, cabendo a cada um deles uma parte da obra. Alguns eram especializados em pintar naturezas-mortas, outros pintavam figuras humanas, outros eram responsáveis pelas paisagens, etc. Isso acontecia porque os grandes mestres em razão do excesso de encomendas, como foi o caso de Peter Paul Rubens, precisavam contar com a ajuda de outros pintores.

O pintor Frans Hals, em 1910, assim descreve a pintura em seu catálogo de obras:

Em um jardim, um cavalheiro senta-se no primeiro plano à esquerda, sorrindo para o espectador. Sua mão direita está ao lado do peito e a mão esquerda pressionada ao lado, bigode e barba pontuda, usa um chapéu de feltro preto de abas largas, uma roupa de seda preta com gola de renda e pulseiras de linho finas. A mulher, curvando-se um pouco para a frente, com a cabeça virada para trás, três quartos, sorri maliciosamente para o espectador, a mão direita repousa sobre o ombro esquerdo do homem, a mão esquerda no colo, o vestido preto sob um vestido roxo, um ruff, um boné branco enfiado com uma fita rosa e pulseiras de renda. Por trás do casal estão as árvores. À direita, há um parque com casais felizes, um prédio, uma fonte e uma estátua.

 Ficha técnica
Ano: c. 1622
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 140 x 166 cm
Localização: Museu Frans Hals, Haarlem, Holanda

Fontes de pesquisa
Gênios da pintura/ Abril Cultural
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
https://www.wga.hu/html_m/h/hals/frans/01-1623/12coupl.html

Views: 30

Hals – A BRUXA DE HAARLEM

Autoria de LuDiasBH

O pintor Frans Hals (c. 1583 – 1666) nasceu provavelmente na Antuérpia, quando as províncias holandesas e Flandres (atual Bélgica) ainda pertenciam à Casa Real espanhola. Seu pai Franchoys era um mestre tecelão. Sua família mudou logo a seguir para Haarlem, onde ele passou a maior parte de sua vida. As informações sobre sua vida até os 25 anos são bem escassas, embora se saiba que estudou pintura na Academia de Haarlem com o pintor e escritor Karel van Mander – cujos escritos são uma conhecida fonte sobre os primeiros pintores flamengos – e foi membro oficial da Guilda de São Lucas, à qual chegou a presidir.

A composição intitulada Malle Babbe ou Cigana, mas sendo mais conhecida como A Bruxa de Harleem é uma das obras mais famosas do artista barroco em que predomina o movimento e a emoção. Trata-se de uma tela de grande originalidade, cuja linguagem, ao lado de “Dois Rapazes Rindo”, “O Alegre Bebedor”, “La Bohémienne” e “Monsieur Peeckhaering” mostraram novos caminhos para a pintura dos séculos que viriam. O pintor, nesta pintura, deixa claro o seu caráter brincalhão e a sua capacidade de observação do ser humano.

O artista barroco usa o retrato para repassar uma mensagem de moralidade. A personagem retratada é uma velha louca e bêbada. Ela traz no ombro esquerdo um mocho – designação comum a muitas aves de rapina. A presença do mocho como ave noturna representa o mau comportamento dos homens, evidenciado aqui pelo alcoolismo, cuja representação é o jarro de cerveja com a tampa aberta, seguro pela louca. Seu corpo sofre uma torção diagonal, elevando a ave à altura de sua cabeça, o que, ao lado da hierarquização dos motivos presentes na tela, amplia a força do retrato.

A louca é mostrada pelo artista com simpatia, sentada no canto de uma mesa. Seu sorriso é consequência tanto do abuso do álcool quanto da estupidez advinda de sua loucura. Ela aparenta conversar ou rir de alguém à direita da tela. Sua roupa simples retrata a época em que viveu. O retrato é ao mesmo tempo mágico e assustador e ganhou a admiração de inúmeros pintores, pois existem muitas cópias e variantes desta obra. Um de seus grandes admiradores foi Gustave Courbert que dela fez uma cópia. Existe uma série de obras relacionadas à pessoa real que serviu de modelo para Hans nesta pintura.

Ficha técnica
Ano: c. 1634
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 78,5 x 66,2 cm
Localização: Gemäldegalerie, SMPK, Berlim, Alemanha

Fontes de pesquisa
Gênios da pintura/ Abril Cultural
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
https://www.wga.hu/html_m/h/hals/frans/01-1623/12coupl.html

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Hals – A GAROTA CIGANA

Autoria de LuDiasBH

O pintor holandês Frans Hals (c.1583 – 1666) foi aluno do pintor e escritor Karel van Mander e, posteriormente, tornou-se membro da Guilda de São Lucas, à qual chegou a presidir. Sempre colocando em destaque a figura humana, Hals tornou-se um reconhecido retratista da burguesia holandesa. Contudo, seus retratos eram extremamente realistas, uma vez que era dono de uma rigorosa capacidade de observação e expressão. Seu trabalho foi muito importante para a pintura de seu país ao dar início a um estilo nacional independente.

Em sua composição A Cigana – considerada uma obra-prima do artista – ele une a pintura de gênero com a de retrato. Apresenta uma sorridente e jovem mulher de faces rosadas que se encontra voltada para o observador, embora seu olhar esteja direcionado para seu lado esquerdo, como se olhasse para seus cabelos escuros que caem sobre os ombros. Usa uma blusa branca de mangas compridas com um ousado decote que deixa a descoberto a maior parte de seus seios unidos e fartos. Sobre a blusa usa um corpete vermelho.

Alguns historiadores de arte supõem que a retratada é uma prostituta. Acham que em razão da sensibilidade e capacidade de observação do artista, ele põe a nu a vida das pessoas marginalizadas socialmente, ao retratá-las individualmente. Para eles, a garota cigana aqui retratada, representaria a alegoria do tato, de acordo com as alegorias dos cinco sentidos criadas por ele.

A jovem é iluminada de frente por uma luz clara e direta. As cores presentes são as principais responsáveis por sua forma, bem mais do que a luz e a sombra. A exuberância da luz e das pinceladas coloridas da técnica de Frans Hals transmite a sensação de uma alegria sem constrangimento, trazendo vida à obra. O manuseio da tinta pelo artista tornou-se um meio de expressão em si mesmo. É por isso que muitas de suas obras mostram-se ainda hoje extremamente modernas.

Ficha técnica
Ano: c. 1630

Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 88 x 52 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
http://www.wga.hu/html/h/hals/frans/03-1630/32nogyps.html

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