Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Poussin – PAISAGEM COM POLIFEMO

Autoria deLu Dias Carvalho

Paipolif

A composição denominada Paisagem com Polifemo é uma obra do pintor francês Nicolas Poussin, tido como o fundador do neoclassicismo francês. Ele gostava de inspirar-se na arte da Antiguidade e na do Renascimento italiano.

Poussin incorpora, na sua belíssima paisagem, uma passagem da história da paixão do ciclope Polifemo pela ninfa Galateia. Ele narra o momento anterior à morte de Ácis, o amante da ninfa, provocada por um acesso de ciúme e raiva por parte do gigante.

Ácis encontra-se com uma coroa de flores na cabeça, totalmente tranquilo, recostado numa pedra, à esquerda, de onde observa os personagens em volta, incluindo a sua amada Galateia junto a outras três companheiras, que estão sendo tentadas por dois sátiros, que se encontram escondidos atrás da folhagem.

No alto de uma montanha está o ciclope Polifemo, tocando para aquela que é motivo de sua louca paixão. Ele se encontra de costas para as pessoas, voltado para a cidade e as serras, ao longe. Outra montanha, mais alta, separa-o do grupo.

Segundo o mito, a jovem ninfa era amante de Ácis, filho de Fauno e de uma Náiade. Os dois amavam-se desde jovenzinhos, mas os ciclopes não a deixavam em paz, em busca de sua companhia, especialmente Polifemo, por quem nutria um grande ódio. Ele era um gigante violento e irrefreável, que vivia a aterrorizar os bosques. Aquele ser abominável acabou por conhecer o amor e suas paixões, escolhendo-a como motivo de sua avassaladora obcecação.

De uma feita, estava ela com Ácis, quando Polifemo subiu num rochedo e, com seu gigantesco instrumento feito de tubos, começou a cantar seu amor por ela, em homenagem à sua beleza, também a censurando por sua indiferença e dureza de coração. Nesse momento, ela e Ácis encontravam-se abrigados sob um rochedo. Como o ciclope acabasse com a sua cantoria, ela e seu amado não mais se preocuparam com ele. Adentrando-se no bosque, porém, Polifemo encontrou-a ao lado de Ácis. Aterrorizada, ela mergulhou nas águas, enquanto o jovem corria desesperado. Polifemo arrancou um pedaço de um rochedo e desferiu-o contra Ácis, esmigalhando-o.

Ficha técnica
Ano: provavelmente na década de 60 do século XVII
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 150 x 198 cm
Localização: Museu Hermitage, Sampetersburgo, Rússia

Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Mitologia/ Thomas Bulfinch

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Lucas Cranach, o Velho – VÊNUS E CUPIDO

Autoria de Lu Dias Carvalho

venecu

A composição Vênus e Cupido, também conhecida como Cupido Queixando-se a Vênus, ou ainda Vênus com Cupido Furtando Mel é uma obra mitológica do artista alemão Lucas Cranach, o Velho, um dos maiores representantes do Renascimento Sententrional, que pintou muitas versões deste tema. Aqui, o elemento principal da pintura é o nu feminino. Vênus, se comparada a outras obras que seguem os canônes do Classicismo em que é representada como o símbolo da beleza, é compridona e desengonçada.

Cupido, o deus do amor, e sua mãe Vênus, a deusa do amor, encontram-se em primeiro plano, na borda de uma floresta. Ela se encontra nua, com o corpo de perfil, numa posição provocantiva, com um arranjo de plumas  na cabeça e inúmeros colares em volta do pescoço. Um diáfano que vai do braço direito à mão esquerda, mal disfarça sua nudez. Traz a mão esquerda num dos galhos de uma árvore com tronco áspero, apinhada de frutos, e a direita voltada para o filho, embora não o olhe. Seu pé direito apoia-se na relva e o esquerdo sobre um galho, abaixo do qual está uma pedra que traz o desenho de um dragão alado, o emblema da assinatura do artista.

Cupido, filho de Vênus com Marte, traz o corpinho nu, virado para o observador, mas a cabeça voltada para a mãe, queixando-se de que fora picado por abelhas, ao roubar o favo de mel que se encontra em sua mão direita, ainda com uma abelha sobre ele. Três outras abelhas são vistas sobre seu corpo: uma na testa, outra no antebraço e uma terceira acima do peito esquerdo. Dois veados-galheiros encontram-se detrás da árvore frutífera, o que leva a crer que se trata de um local selvagem.

Ao fundo é vista uma paisagem rochosa com uma casa de telhado vermelho, cuja sombra é projetada na água, e campos cultivados. Atrás das rochas surge uma cidade com suas torres, com a sombra também refletindo na água. Na parte superior direita da composição, como lição de moral em relação ao mau comportamento de Cupido, está escrito: “não há prazer sem sofrimento”, ou “não há doçura sem dor”, ou ainda “o prazer da vida está misturado com o sofrimento” e ainda “as picadas das abelhas não doem tanto quanto as feridas causadas pelo deus do amor”.

 Ficha técnica
Ano: c. 1525

Técnica: óleo sobre madeira transferido para painel
Dimensões: 81,3 x 54,6 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

https://www.nationalgallery.org.uk/paintings/lucas-cranach-the-elder-cupid-complaining-to-venus

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Ticiano – CONCERTO PASTORAL

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor Ticiano Vecellio (1490 – 1576), também conhecido como Tizian Vecellio De Gregorio,  encontra-se entre os grandes nomes da pintura italiana. Ainda pequeno, retirava suco de flores para desenhar toalhas e lençóis. O pai, Capitão Conte Vecellio, reconhecendo o pendor artístico do menino, retira-o da pequena Pieve Cadore, onde nascera, e envia-o para Veneza, acompanhado do irmão mais velho. Naquela cidade, ainda com oito anos de idade, é apresentado por um tio aos mais importantes pintores venezianos da época.  Passa pelas mãos de Gentile Bellini e depois nas de Giorgione, que o acolhe com entusiasmo.

A pintura secular e mitológica, conhecida como Concerto Pastoral ou O Concerto Pastoral, tem sido vista por alguns críticos de arte como criação de Ticiano e por outros como criação de Giorgione. É dito também que pode ter tido a participação dos dois, pois os artistas chegaram a trabalhar em estreita colaboração, o que torna muito difícil distinguir seus respectivos estilos e trabalhos. A real atribuição deste trabalho vem sendo discutida através dos tempos, inclusive já foi delegada a Bellini, depois a Palma Vecchio e também a Sebastiano del Piombo. Quem quer que tenha sido o responsável por sua criação deixou um trabalho maravilhoso, responsável por repassar uma grande calma, mostrando os personagens em isolamento e tranquilidade, e a harmonia entre o homem e a natureza.

Quatro figuras humanas encontram-se juntas, em primeiro plano, sendo dois homens e duas mulheres. Três delas estão sentadas no relvado. Uma das mulheres, seminua, de pé, com o manto a escorrer-lhe pelo corpo, sendo preso pelos joelhos, despeja água de um jarro de vidro numa fonte de mármore, à esquerda. Embora parte de seu corpo esteja voltado para o observador, seu tronco inclina-se para sua direita. Ela parece ausente do que faz. Seu braço esquerdo oculta seus seios. No grupo que se encontra sentado, um jovem toca alaúde e a mulher, nua e de costas para o observador, sentada sobre um manto de seda, toca flauta. É interessante notar que uma das mulheres mostra a frente do corpo feminino, enquanto a outro mostra as costas. Os dois músicos voltam a atenção para o acompanhante.

Os dois jovens rapazes, um deles trajando vestes vermelhas com mangas fofas, e o outro loiro e de pés descalços, são belos. Estão vestidos de acordo com a moda do início do século XVI. Eles conversam entre si, como se não tivessem noção da presença das duas mulheres. Em segundo plano, à direita, no meio de um bosque, um pastor é seguido por seu rebanho, enquanto toca seu instrumento musical. No meio do rebanho encontra-se um burrinho carregado. No fundo da composição avista-se uma paisagem bucólica com edificação, árvores, lagos, montanhas e um imenso céu carregado de pesadas nuvens. A cena é banhada pela luz do pôr do sol.

É possível que a composição seja uma alegoria da poesia e da música, sendo as mulheres seres imaginários representativos da beleza ideal (musa da poesia trágica e musa da poesia pastoral), ou seja, ambas são uma fantasia dos dois rapazes, existente apenas na imaginação desses. O homem do alaúde representaria a poesia lírica e o seu companheiro seria um letrista. Há também quem interprete a obra como sendo a evocação dos quatro elementos do mundo natural (água, fogo, terra e ar) e sua relação harmoniosa. O equilíbrio entre o homem e a natureza parece ter sido a busca do pintor. O fato é que este trabalho continua sendo um dos mistérios da pintura europeia, pois as opiniões divergem quanto ao seu criador e ao seu tema.

Ficha técnica
Ano: c. 1508/09

Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 110 x 138 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
http://www.louvre.fr/en/oeuvre-notices/pastoral-concert
http://www.wga.hu/html_m/g/giorgion/various/concert.html

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Botticelli – AS PROVAÇÕES DE MOISÉS

Autoria de Lu Dias Carvalho

O afresco intitulado As Provações de Moisés, também conhecido como As Provações e o Chamado de Moisés, é uma obra do pintor renascentista italiano Sandro Botticelli. Faz parte da ornamentação da Capela Sistina, em Roma, Itália, cujo objetivo era fazer um paralelo entre a vida do profeta Moisés (Antigo Testamento) e a de Jesus Cristo (Segundo Testamento). A composição apresenta inúmeros personagens e refere-se às provações vividas por Moisés, exilado na terra de Madian, antes de receber a incumbência de resgatar seu povo.

O afresco apresenta passagens da vida de Moisés, retiradas do livro Êxodo, quando ele ainda se encontrava em sua juventude. Na parede oposta encontra-se outro quadro do pintor, denominado “Tentações de Cristo”, sendo que as duas pinturas fazem um paralelo entre a vida de Cristo e a de Moisés, uma vez que ambos passaram por provações. O último apresenta-se vestindo um manto verde sobre uma túnica amarelo-ouro. Os episódios são inseridos na paisagem com harmonia, sendo vistas sete árvores, que abrem quatro fileiras diagonais de figuras. As cenas, que devem ser acompanhadas da direita para a esquerda, são:

  • à direita, em primeiro plano, Moisés mata um egípcio que havia maltratado um hebreu. Uma mulher, na extremidade direita, recua-se horrorizada, tentando impedir que seu filho veja a cena;
  • Moisés foge para o deserto, sendo visto pelas costas;
  • caminhando para o centro da composição, Moisés é visto brigando com um grupo de pastores que impedia as filhas do sacerdote Jetro de terem acesso ao poço para dar água ao rebanho;
  • abaixo dessa cena, Moisés é visto despejando água de um balde no coxo, para que os animais bebam, sendo observado pelas duas jovens, uma das quais seria sua futura esposa;
  • acima num monte, próximo ao meio, Moisés, sem o manto verde, que jaz na terra, tira suas sandálias para ficar diante de Deus;
  • na parte superior esquerda, ajoelhado, usando apenas sua túnica amarela, Moisés, próximo a um arbusto ardente, recebe de Deus a incumbência de voltar ao Egito e libertar seu povo;
  • no canto inferior esquerdo, Moisés guia seu povo em busca da Terra Prometida, já livre da escravidão imposta pelos egípcios.

Ficha técnica
Ano: 1481/1482

Técnica: afresco
Dimensões: 348 x 559 cm
Localização: Museus do Vaticano, Roma, Itália

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

http://www.sandro-botticelli.com/the-trials-of-moses.jsp
http://www.wga.hu/html/b/botticel/4sistina/moses/moses.html

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Ticiano – A DEPOSIÇÃO DE CRISTO

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor Ticiano Vecellio (1490 – 1576), também conhecido como Tizian Vecellio De Gregorio, encontra-se entre os grandes nomes da pintura italiana. Ainda pequeno retirava suco de flores para desenhar toalhas e lençóis. O pai, Capitão Conte Vecellio, reconhecendo o pendor artístico do menino, retira-o da pequena Pieve Cadore, onde nascera, e envia-o para Veneza, acompanhado do irmão mais velho. Naquela cidade, ainda com oito anos de idade, é apresentado por um tio aos mais importantes pintores venezianos da época.  Passa pelas mãos de Gentile Bellini e depois nas de Giorgione, que o acolhe com entusiasmo.

A pintura intitulada A Deposição de Cristo ou ainda O Sepultamento de Cristo é uma obra do artista,  que deixa clara a influência recebida de Michelangelo, principalmente no que diz respeito à monumentalidade das figuras humanas em torno de Jesus e à dramaticidade da obra de notável rigor clássico, que foi pintada para a família Gonzaga, de Mântua. O impacto dramático da cena foi acentuado com o crepúsculo, que joga uma luz fraca sobre os personagens, deixando o corpo inerte de Cristo ainda mais pálido, com o rosto e tronco escurecidos pela sombra, enquanto a outra metade mostra-se iluminada. A alternância de sombra e luz torna tudo ainda mais comovente. O contraste mais forte de luz e das sombras está centrado no corpo de Jesus Cristo, o que o torna o ponto focal da composição.

José de Arimateia teve permissão de Pilatos para retirar o corpo do Mestre da cruz, a fim de sepultá-lo. Ele o envolve numa mortalha branca e segura-o pelos pés.  Está sendo ajudado por São João, que segura a mão direita de Jesus e suas costas, e por Nicodemos, de costas para o observador, segurando o tronco. A Virgem Maria e Maria Madalena encontram-se atrás, em segundo plano. A Mãe Dolorosa está sendo amparada por Maria Madalena, em seu pungente sofrimento. Embora haja muita emoção presente na cena, essa é contida. Nuvens de tempestade formam-se acima, enquanto, mais ao fundo, o céu mostra-se mais claro.

Ficha técnica
Ano: c. 1520
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 148 x 212 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
http://www.louvre.fr/en/oeuvre-notices/entombment-christ

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Gauguin – O CAVALO BRANCO

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição intitulada O Cavalo Branco é uma obra de Henri Paul Gauguin (1848-1903). Foi pintada durante sua segunda permanência no Taiti, tendo se transformado num verdadeiro ícone. O artista era dono de um gosto decorativo, tendo desenvolvido uma nova ideia do uso da cor. Na sua tela ele apresenta três cavalos, um deles a beber água, enquanto os outros dois estão sendo montados em pelo por dois personagens nus. O artista usa os tons vermelho, alaranjado, azul e verde com extrema liberdade. Essa sua maneira de empregar as cores a transformou-se mais tarde na bandeira do fauvismo. As gravuras japonesas estiveram por um tempo muito na moda em Paris. E foi nelas que ele baseou a perspectiva desta obra.

O cavalo branco está pintado de verde acinzentado, porque a luz que incide sobre ele foi filtrada através das folhas verdes da grande árvore. É ele que dá título à composição. Encontra-se em primeiro plano, no meio de uma corrente de água azul-escuro que se principia grossa, quase na parte superior da tela, afina-se no meio e espalha-se ao atingir o último terço da composição. O animal traz as pernas dianteiras abertas, entre as quais enfia a cabeça para tomar água. Pode se tratar de um animal sagrado para os haitianos. Acima dele, à esquerda, um cavalo vermelho e seu cavaleiro encontram-se de costas para o observador. À direita encontra-se o cavalo marrom com seu cavaleiro, ambos de perfil, rumando em direção à água.

Uma enorme árvore, tida como certo tipo de hibisco, nasce à direita e segue na diagonal com seus ramos retorcidos, atingindo a parte superior de toda a tela. Na beira da água são vistas em primeiro plano outras formas de vegetação, como lírios e flores imaginadas pelo artista. Não se tem acesso ao céu e ao horizonte. Embora Gauguin gostasse de estar sempre em contato com a natureza, a cena vista é imaginária. É interessante saber que o homem que fez a encomenda da tela ao pintor, recusou-a, sob a alegação de que o cavalo era muito verde.

Ficha técnica
Ano: 1898
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 141 x 91 cm
Localização: Museu de Orsay, França, Paris

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
http://www.musee-orsay.fr/en/collections/works-in-focus/painting/ _id/the-white-horse-
http://www.gauguin.org/the-white-horse.jsp

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