Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Poussin – APOLO E DAFNE

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição denominada Apolo e Dafne é uma obra mitológica do pintor francês Nicolas Poussin, tido como o fundador do neoclassicismo francês. Ele gostava de inspirar-se na arte da Antiguidade e na do Renascimento italiano. Presume-se que esta tela formava uma dupla com “Midas e Baco”, pois ambas são idênticas no formato, estão relacionadas com o mesmo tema e foram criadas na mesma época, tendo sido executadas em forma de retângulos dinâmicos. Embora o tema seja tratado com delicadeza, o artista supera o conteúdo mitológico, e faz uma alusão à Idade de Ouro, ideal fortemente arraigado no século XVII.

Apolo, sentado numa pequena elevação do terreno, debaixo de uma árvore, ocupa a parte direita da composição, em primeiro plano, de costas para o observador. Ele usa um manto alaranjado, que cobre parte de seu corpo. Usa sandálias brancas de tiras, no estilo romano, e uma coroa de folhas de oliveira. Atrás dele estão sua harpa e aljava de ouro. A mão esquerda do deus mitológico segura Dafne pelas costas, enquanto a direita traz um ramo de oliveira,  posicionado na axila esquerda da jovem, pela qual ele se mostra visivelmente atraído.

A ninfa Dafne encontra-se de pé, de frente para Apolo. Ela usa um manto azul-escuro, que cobre parte de seu corpo, que se inclina ligeiramente para trás. Faceiramente acaricia as folhas da grande árvore, sendo sustentada pelo deus da beleza. À sua direita encontra-se Cupido, armado de arco e flecha, prestes a flechar Apolo. Abaixo dele, de costas para Dafne, aparece um personagem nu, de barba e cabelos grisalhos, sentado no chão, com os joelhos dobrados e com a mão direita cobrindo o rosto reclinado para frente, possivelmente embriagado. Sua mão esquerda abraça um vaso de onde sai um vinho espumante.

À esquerda estão quatro pequenos anjos deitados na relva em meio a jarros, estando um deles de pé, com uma touceira de ramagens nos braços. Ao fundo, desenrola-se uma bela paisagem.

Nota: conheça a lenda sobre o casal, aqui no site, em Mitos e Lendas.

Ficha técnica
Ano: 1625
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 98 x 135 cm
Localização: Pinacoteca de Munique, Alemanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
http://www.wga.hu/html_m/p/poussin/1/02apollo.html
http://wikhistart.clefebvre.profweb.ca/index.php/Nicolas_Poussin

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Giotto – CRUCIFICAÇÃO

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição Crucificação, também conhecida como Descendo ao Limbo, é uma obra do arquiteto e pintor italiano Giotto de Bondone. Trata-se de um pequeno painel relativo à fase mais madura da carreira do artista. Faz parte da época em que Giotto dirigia um dinâmico estúdio em Florença, na Itália. Presume-se que grande parte desta obra foi feita pelos alunos do artista.

Jesus Cristo encontra-se pregado à cruz, ocupando o centro da tela. De suas feridas jorra sangue abundantemente, principalmente da que se encontra abaixo do peito, de onde o líquido sai em golfadas. Ele não traz coroa de espinhos, mas uma auréola dourada. Dois anjos azuis estão abaixo de cada mão e dois vermelhos acima, de modo a contrabalançar o sólido grupo abaixo. O drapeado do lençol que cinge parte do corpo de Jesus mostra o grande talento de Giotto. As figuras presentes na tela são tridimensionais, trazendo a impressão de que é possível tocá-las.

Aos pés de Cristo estão São Francisco e o casal de doadores da obra.  À sua direita, Maria, mãe de Jesus, é amparada pelas Três Marias (Maria Madalena, Maria de Cléofas e Maria Salomé), que choram. E à sua esquerda estão São João Evangelista, Nicodemos e José de Arimateia, de quem se vê apenas parte do rosto. Os dois não possuem auréola, assim como o casal de doadores. Chama a atenção na pintura seu fundo dourado, o que retira a crucificação de Cristo de seu contesto histórico, mas, por outro lado, dá mais ênfase às personagens presentes na cena.

Ficha técnica
Ano: entre 1320 a 1325
Técnica: têmpera sobre madeira
Dimensões: 45 x 43 cm
Localização: Pinacoteca de Munique, Alemanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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Courbet – OS QUEBRADORES DE PEDRA

Autoria de Lu Dias Carvalho

           (Faça o curso gratuito de História da Arte, acessando: ÍNDICE – HISTÓRIA DA ARTE)

A composição Os Quebradores de Pedra é uma das obras mais polêmicas do pintor francês Gustave Courbet em que ele expõe o empobrecimento e a vida miserável dos camponeses de seu país à época, sem nenhuma esperança de melhoria de vida.

A composição apresenta duas figuras masculinas: uma bem mais jovem e outra mais velha, ambas subjugadas pelo interminável trabalho braçal — quebrar pedras para a construção de uma estrada. A presença do garoto e do homem mais velho deixa claro o ciclo infindável em que se começa a trabalhar ainda muito moço e se envelhece fazendo a mesma coisa nas classes pobres. Ambos vestem roupas velhas e rasgadas, atestando a pobreza em que vivem.

O garoto está de costas para o observador, segurando uma vasilha com pedras, enquanto o homem mais velho — possivelmente seu pai — está de perfil, ajoelhado numa perna, tendo a outra dobrada. Ele traz as duas mãos na marreta erguida para quebrar as pedras no monte espalhado à sua frente. O chapéu encobre grande parte do rosto, deixando apenas o queixo visível. Ao fundo vê-se um velho caldeirão e um recipiente, possivelmente com água. Uma picareta descansa à frente do garoto, enquanto ele carrega pedras, numa alusão de que assim será sua vida, até se tornar velho como o homem que acompanha no árduo trabalho.

O quadro Os Quebradores de Pedra trata-se de um manifesto nu e cruento sobre o trabalho braçal a que estavam submetidos os camponeses franceses à época, mas que poderia, ainda hoje, simbolizar a vida de muitos trabalhadores espalhados pelo mundo, inclusive em nosso país, onde os serviços pesados cabem sempre aos pobres.

Infelizmente esta pintura, conhecida em todo o mundo, e uma das mais procuradas deste site, foi perdida no bombardeio de 1945, durante a Segunda Guerra Mundial. Ainda bem que podemos apreciar a sua cópia.

Ficha técnica
Ano: 1849
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 159 x 259 cm
Estilo: realismo
Localização:  Dresden, Alemanha (antes de ser destruída)

Fontes de pesquisa
Courbet/ Abril Coleções
Courbet/ Coleção Folha
Courbet/ Taschen

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Giotto – CRISTO NO LIMBO

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição Cristo no Limbo, também conhecida como Descendo ao Limbo, é uma obra do arquiteto e pintor italiano Giotto de Bondone. Trata-se de um pequeno painel relativo à fase mais madura da carreira do artista. Faz parte da época em que Giotto dirigia um dinâmico estúdio em Florença, na Itália. Ainda existem peritos que atribuem esta obra a seus auxiliares, embora a maioria veja nela a mão do mestre, que contribuiu para o Renascimento italiano.

O limbo, ou lugar do esquecimento, é representado por uma rocha marrom, multifacetada, que ocupa quase toda a tela. De suas entranhas saem labaredas de fogo.  Sobre ela, os demônios torturam os condenados e jogam-nos ao fogo. Na entrada da rocha encontra-se Jesus Cristo arrebanhando as almas boas, ainda que não tenham sido batizadas. Dimas, o Bom Ladrão, com uma bandeira branca com uma cruz vermelha, está à direita do Salvador. Dentre os justos não batizados encontram-se Adão, Eva, Abraão, Davi, Salomão, etc.

Jesus, com suas vestes douradas e uma grande auréola em volta da cabeça, simbolizando a sua divindade, segura a mão de Adão para que ele se levante. À direita, no canto inferior da rocha, um diabo prende um condenado sob seus pés. Os sentenciados encontram-se nus, enquanto os justos estão todos vestidos, o que nos mostra que a nudez era vista como um grande pecado e, portanto, sujeita ao castigo eterno. Outros diabos são vistos judiando de suas atormentadas vítimas.

Ficha técnica
Ano: entre 1302 a 1306
Técnica: têmpera sobre madeira
Dimensões: 45 x 44 cm
Localização: Pinacoteca de Munique, Alemanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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Hans Baldung –PRUDÊNCIA E MÚSICA

Autoria de Lu Dias Carvalho

Os dois painéis correspondem às alegorias Prudência e Música, também conhecidas como Ciência e Música, ou ainda Vaidade e Música. São uma obra do pintor alemão Hans Baldung Grien. O artista usou as duas figuras femininas na representação de uma ideia abstrata, de modo a torná-la mais facilmente compreensível. Ele apresenta dois belos nus femininos. As duas figuras, nuas de corpo inteiro, estão centradas em cada uma das telas. A que se encontra à direita é interpretada como sendo a Prudência, embora haja quem a interprete como Ciência ou Vaidade, enquanto é consenso que a da esquerda representa a Música.

A Prudência parece meio depressiva e distante. Apresenta-se de perfil, virada para a sua esquerda, a contemplar um espelho convexo de metal, que segura com o braço esquerdo erguido, enquanto traz o direito estendido ao longo do corpo, acompanhando sua forma sinuosa. Sua barriga é bastante proeminente, como se estivesse grávida. Com o pé direito, ela pisa numa serpente. Atrás da Prudência estão dois veados. A presença do espelho, da serpente e dos cervídeos, segundo alguns estudiosos, comprova se tratar da virtude da prudência, embora a serpente também signifique sabedoria. Há quem diga que no espelho está presente uma caveira. Se realmente houver, isso não seria espanto, pois o artista era muito preocupado com bruxarias, conforme mostra grande parte de sua obra.

A Música, de frente para o observador, traz na mão direita uma pauta musical, enquanto segura um violão com a direita. O instrumento encontra-se de pé, apoiado no chão. Ao contrário da Prudência, que se mostra tensa e melancólica, ela se apresenta mais tranquila e sensual. À sua esquerda, no chão, está um rechonchudo gato branco, olhando para baixo.

Ficha técnica
Ano: 1529
Técnica: óleo em painéis  de pinho
Dimensões: 83 x 36 cm
Localização: Pinacoteca de Munique, Alemanha

 Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
https://artmirrorsart.wordpress.com/2011/12/29/bewitched-mirrors-of-hans-baldung/

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Weyden – O SEPULTAMENTO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Sepultamento, também conhecida como Lamentação diante do Túmulo, é uma obra do pintor nórdico Rogier van der Weyden (c. 1399-1464), também conhecido por Rogelet de la Pasture. É tido como um dos maiores nomes da pintura holandesa no século XV. Trabalhou com Robert Campin, em sua oficina e, ao mudar-se para Bruxelas, foi nomeado pintor da cidade. Em Londres trabalhou nas cidades de Ferrara e Florença. Recebeu influências de Robert Campin e Jan van Eyck. Além de aperfeiçoar a perspectiva em paisagens e espaços interiores, criou figuras delgadas e elegantes, tornando sua obra facilmente reconhecível. Ele se preocupava com os detalhes de sua pintura, mas sem se esquecer da composição em sua totalidade.

A pintura acima é tida como uma das obras-primas do pintor. Pode ser que seja um painel de um retábulo ou parte de um tríptico. Já foi atribuída a Albrecht Dürer e a Hans Memling, até que se chegou à conclusão de que fora pintada por van der Weyden. A cena mostra Cristo diante de seu túmulo escavado numa rocha. A cena acontece momentos antes de seu sepultamento, quando o corpo está sendo manejado delicadamente para ser depositado no sepulcro. As figuras são delgadas e leves.

Jesus Cristo está envolto num imenso lençol branco, usado para o sepultamento. Grande parte de seu corpo encontra-se à vista. As chagas em seus pés, mãos e flanco direito estão visíveis, e delas ainda escorre sangue. Sua cabeça está tombada para sua direita. O corpo delgado está amparado por José de Arimateia, vestindo meias vermelhas e sapatos pretos, e por Nicodemos, que olha diretamente para o observador. Também estão presentes a Virgem Mãe, Maria Madalena e o apóstolo João Evangelista. Todos se mostram angustiados com a morte de Jesus.

A Virgem Maria, trajando um véu branco e roupas escuras, mostra-se visivelmente acabrunhada. Ela segura o braço direito de seu Filho, enquanto João Evangelista, de pé sobre a tampa do sepulcro, sustenta o esquerdo, usando a ponta do lençol que envolve o corpo do Mestre. O apóstolo usa uma túnica e manto vermelhos. Ajoelhada, próxima à laje de pedra que lacrará o túmulo, e de frente para o discípulo, Maria Madalena, com os olhos voltados para o alto, abre os braços em sinal de lamento. Ela veste um vestido vermelho e uma túnica clara com o forro azul. Seus cabelos longos caem-lhe pelas costas. A posição de Cristo, inclusive dos pés, remonta à sua morte na Cruz.

Em primeiro plano, sobre o relvado verde e florido, estão: um vaso com unguento, principal atributo de Maria Madalena; uma vara debaixo da lápide, provavelmente para ajudar a erguê-la, e um objeto de metal, finamente trabalhado, provavelmente usado para carregar óleos medicinais. Atrás da rocha, onde foi cavada a sepultura, vê-se a colina do Gólgata, com as três cruzes usadas por Jesus e os dois ladrões. Atrás se ergue uma cidade, numa referência a Jerusalém. Um homem é visto próximo à cidade, montando um cavalo branco, enquanto duas mulheres caminham em direção ao grupo, numa referência às duas mulheres santas que encontrarão, três dias depois, o sepulcro vazio, após a ressurreição de Cristo.

O artista não se mostrava preocupado com a narração da história, como faziam os pintores renascentistas italianos. Sua atenção estava toda voltada para o momento vivido, ou, como aqui no caso, para o corpo supliciado de Jesus, a ser visto não como representantivo de sua Paixão, mas a ser adorado tal e qual se encontra.

A paisagem tranquila, que complementa a cena, está envolta numa luz suave.

Ficha técnica
Ano: 1449
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 110 x 96 cm
Localização: Galleria deglu Uffizi, Florença, Itália

Fontes de pesquisa
A Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
http://www.palazzomedici.it/mediateca/en/Scheda_Compianto_sul_Cristo_morto,_di_Rogier_van_der_Weyden

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