Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Chagall – O NEGOCIANTE DE GADO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Enquanto eu participava, na França, da revolução das técnicas artísticas, em pensamento, a bem dizer na minha alma, eu regressava ao meu próprio país. Eu vivia de costas voltadas para aquilo que se encontrava diante de mim. (Chagall)

 A composição O Negociante de Gado  é uma obra do pintor russo Marc Chagall, que apresenta um de seus temas queridos: a simplicidade e a harmonia da vida no campo.

Estão presentes na cena quatro figuras humanas: o homem que conduz a carroça, sobre a qual encontra-se uma rês; sua mulher que segue atrás, a pé, levando um cordeiro às costas, e um casal que encontra na estrada.

A égua que conduz calmamente a carroça, ao atravessar uma ponte, está prenhe. Carraga na barriga um diminuto potro em formação.

A pintura está carregada de metáforas da tranquilidade, fazendo-nos esquecer de seu título, que remete à venda de animais, inclusive para o matadouro. O pintor, mais uma vez, usa seus pincéis para evocar as lembranças de sua pátria querida – a Rússia.

Ficha técnica
Ano: 1911-12
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 97 x 200,5 cm
Localização: Kunstmuseum, Basileia, Suíça

Fontes de pesquisa
Marc Chagall/ Taschen

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Weyden – RETRATO DE UMA DAMA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição, denominada Retrato de uma Dama, também conhecida como Retrato de uma Mulher, é uma obra do pintor nórdico Rogier van der Weyden.

A jovem retratada, com suas características suaves e arredondas, apresenta-se diante de um fundo liso e escuro, o que lhe dá ainda mais projeção. Ela não olha para o observador, mas mostra-se recolhida em seu próprio mundo, com os olhos voltados para baixo, denotando um caráter fechado.

A mulher tem as mãos juntas, em forma de pirâmide, que se assemelha à pirâmide maior, composta por toda a sua figura. Na mão esquerda, apoiada sobre a direita, ela apresenta dois anéis e as alianças de casada. Um enorme toucado, que lhe cobre as orelhas, desce-lhe pelos ombros e costas. As roupas são bem elaboradas.

Esta pintura é semelhante a outro retrato do pintor, com uma mulher um pouco mais velha, levando o quadro o mesmo título e ano, porém, sendo mais elaborado do que este, feito na oficina do pintor. De maneira geral, os retratos de mulheres do Weyden são bem parecidos, tanto em conceito quanto em estrutura. Os traços fisionômicos das mulheres retratadas são sempre muito semelhantes.

Ficha técnica
Ano: 1460
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 36,2 x 27 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

Fonte de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Chagall – O PARTO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição O Parto  é uma obra do pintor russo Marc Chagall. Trata-se da segunda versão da uma obra do artista, realizada em 1910. Chagall usa, nesta sua segunda pintura, de muito mais leveza e alegria do que mostrou na primeira.

Uma cama encontra-se numa ampla sala, onde uma jovem mãe, seminua, acaba de parir o seu bebê. O lençol ainda se encontra cheio de sangue da parição e a tina com água jaz debaixo da cama, ao lado de um pequeno animal. Contudo, o ambiente em volta da mãe é de grande contentamento:

  • duas mulheres postadas atrás da cabeceira da cama, estando uma delas aparentemente grávida, conversam alegremente;
  • à esquerda da cama, uma mulher segura o rosado bebê; um homem ali também se encontra, possivelmente seja ele o pai;
  • uma jovem com um cesto aproxima-se da cama;
  • dois indivíduos adormeceram sobre a lareira;
  • pessoas são vistas acompanhando a cena através das janela;
  • um homem com barbas brancas, possivelmente o avô, aparece no limiar da porta;
  • no lado direito do quadro, num segundo ambiente, as pessoas, à mesa ou de pé, aguardam o momento da comemoração.

Ficha técnica
Ano: 1912
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 112,5 x 193,5 cm
Localização: Instituto de Arte de Chicago, Chicago, USA

Fontes de pesquisa
Marc Chagall/ Taschen

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Tintoretto – SÃO JORGE E O DRAGÃO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição São Jorge e o Dragão é uma obra do pintor italiano Jacopo Tintoretto (1518-1594), cujo nome de batismo era Jacopo Robusti. Embora não haja clareza em relação a seus mestres, presume-se que entre eles estejam Ticiano, Andrea Schiavone e Paris Bardone. Além de ser considerado o mais importante pintor do estilo maneirista, Tintoretto também apresenta-se entre os melhores retratistas de sua época.

O pintor representa a cena com São Jorge enfrentando o dragão, para salvar a princesa em meio a uma luxuriante paisagem, cuja beleza sobrepõe-se aos personagens. Uma sucessão de linhas curvas compõem a pintura: o corpo da princesa subindo uma colina; o corpo do morto; o cavaleiro e o dragão formando um arco; os círculos no céu; a encosta, etc.

São Jorge, à beira-mar, é visto em seu cavalo branco, transpassando sua lança na boca do dragão. À esquerda do santo está o corpo de um homem morto pela fera em pose que lembra a de Cristo crucificado. O dragão encontrava-se prestes a devorar a princesa que foge visivelmente aterrorizada, em direção ao observador. Deus Pai, envolto por círculos de luz, aparece entre as nuvens, abençoando São Jorge em sua batalha travada contra o mal.

A narrativa visual da composição tem início na princesa. As cores, azul e rosa de sua vestimenta estão presentes na roupa do morto, nas vestes de São Jorge e nas nuvens. A princesa também forma, com o tronco da árvore inclinada, um V, dando equilíbrio à parte esquerda da pintura. A linha costeira, por sua vez, leva o olho do observador para o alto, rumo a Deus Pai.

Esta pintura de Tintoretto mostra como o artista foi capaz de aumentar a tensão e o exaspero, ao fazer uso da luz sobrenatural e de tonalidades fracionadas. O pintor expõe em sua composição o momento exato em que o drama atinge o seu clímax.  Outro ponto interessante é o fato de ele colocar no fundo da cena o herói da narrativa.

Ficha técnica
Ano: c. 1550
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 157 x 99 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

Fonte de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
https://www.nationalgallery.org.uk/paintings/jacopo-tintoretto-saint-george-and-the-dragon

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Ticiano – NOLI ME TANGERE

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Noli me Tangere (Não me toque) é uma obra do artista italiano Ticiano, que também já foi atribuída a Giorgione, chegando os estudiosos de arte à conclusão de que se trata realmente de um trabalho do primeiro.

Na pintura, Cristo e Maria Madalena encontram-se em campo aberto, sob a luz da manhã, estando o Mestre a consolar sua fiel seguidora, após sua ressurreição. Inicialmente, a discípula pensa que ele seja um jardineiro, pois traz na mão esquerda uma enxada, enquanto segura, com a direita, sua túnica branca. Ao reconhecer Jesus, que a chama pelo nome, Maria Madalena lança-se no chão, emocionada, e tenta tocar suas vestes, enquanto ele retrocede, como mostra seu torso curvado, puxando delicadamente seu lençol. Pede-lhe para não ser tocado (João 20: 14-18): “Noli me tangere!” (Não me toque!).

A curva do corpo de Maria Madalena, prostrado no chão, tem a mesma forma da curva da encosta atrás dela. Já atrás de Jesus descortina-se uma paisagem azulada, que se perde no infinito, como se separasse o mundo terreno do divino. Contudo, a curva do corpo do Mestre mostra-se como um segmento da curva da encosta com suas casas, reforçando a ligação entre esses dois mundos.

Uma imensa árvore, centralizada na composição, dá continuidade ao torso elevado de Maria Madalena. Além de equilibrar os dois lados da tela, também simboliza uma nova vida. Tudo na composição enaltece tal mensagem. Embora a discípula segure na mão esquerda um frasco com unguento, seu atributo, nenhuma simbologia remete ao Mestre. Apenas a nudez de seu corpo, semicoberto pelo lençol branco com que fora sepultado, leva ao seu reconhecimento. Ao drapeado do lençol do Mestre une-se o fluxo do manto vermelho de Maria Madalena.

Descobertas feitas através de raios-X mostram que o Mestre, originalmente, usava um chapéu de jardineiro. O artista também alterou significativamente a paisagem, enquanto compunha sua sofisticada obra.

Ficha técnica
Ano: c. 1511/12
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 109 x 91 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
http://www.artchive.com/artchive/T/titian/noli_me_tangere.jpg.html
https://www.nationalgallery.org.uk/paintings/titian-noli-me-tangere

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Chagall – A CRUCIFIXÃO BRANCA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Quando um pintor é judeu e pinta a vida, como poderia ele se defender contra elementos judaicos na sua obra? Mas, se ele é um bom pintor, o quadro possuirá muito mais. Com efeito, o elemento judaico permanece aí, mas a sua obra pretende alcançar prestígio universal. (Chagall)

A composição A Crucifixão Branca  é uma obra do pintor russo Marc Chagall, em que Jesus Cristo, tido pelos judeus como um profeta do Deus da cristandade, é morto e crucificado como homem. Aqui, nesta sua única obra, o pintor deixa para trás a leveza e a doce ironia de suas obras, para buscar na religião uma resposta para o medo existencial.

A imensa cruz com Cristo crucificado, coberto com um pano judaíco da cintura para baixo, indo até próximo  aos joelhos, e trazendo um um pano na cabeça, em vez da coroa de espinhos, ocupa o cento da composição. Junto à cruz está a escada usada para retirar Cristo da cruz.

Inúmeras cenas de selvageria acontecem em volta de Jesus Cristo crucificado:

  • em primeiro plano, pessoas correm para fora do quadro, na tentativa de deixarem para trás o caos, inclusive uma mulher com seu bebê;
  • um menorá (candelabro sagrado de sete braços), com suas velas acesas, parece iluminar o caminho dos que fogem;
  • Asevero, o Judeu Errante, usando uma vestimenta verde e um saco às costas, passa por cima do rolo da Torá, que se encontra em chamas;
  • no céu tormentoso e amedrontador pairam quatro figuras, que são as testemunhas do Antigo Testamento, em lamentação;
  • bandos de revolucionários, com suas bandeiras, atravessam uma aldeia, onde duas casas estão queimando e uma terceira encontra-se de cabeça para baixo. Eles estão roubando e destruindo o que encontram pela frente;
  • dentro de um barco à deriva, os fugitivos, compostos por homens, mulheres e crianças, pedem socorro;
  • à direita, um homem, com um uniforme nazista, ateia fogo numa sinagoga;
  • vários objetos, incluindo livros sagrados espalham-se em derredor.

Um enorme raio de luz branca, vindo da margem superior da tela, ilumina Cristo crucificado, como a dizer que ainda há esperança, apesar de todas as atrocidades. Chagall, em sua obra, repassa a mensagem de que a fé é capaz de remover todo o sofrimento, por mais terrível que ele possa parecer, ou seja, há sempre esperança.

Ficha técnica
Ano: 1938
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 155 x 140 cm
Localização: Instituto de Arte de Chicago, Chicago, EUA

Fonte de pesquisa
Marc Chagall/ Taschen

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