Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Rafael – A MADONA DO PINTASSILGO

 Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Madona do Pintassilgo é uma obra do pintor italiano Rafael Sanzio (1483-1520), um dos pintores mais importantes da Alta Renascença italiana, período em que houve uma grande concentração de gênios na arte, e em que o homem era visto como a medida de todas as coisas. Ele era filho do pintor Giovanni Sanzio, de quem recebeu as primeiras aulas sobre pintura. Suas obras são admiradas, sobretudo, pela humildade e graça que apresentam.

O artista é conhecido como “O Pintor das Madonas” por ter pintado inúmeros quadros com a Virgem e seu Menino. Esta obra foi executada para Vincenzo Nasi, um rico comerciante, mas em 1547, quando a casa de Vincenzo sofreu um desmoronamento, o quadro caiu, partindo em 17 fragmentos, encontrados sob os escombros.  O artista Michele di Rodolfo del Ghirlandajo foi o responsável por sua restauração, para o bem de nossos olhos.

Esta é uma das suas mais belas madonas, em que se entrelaçam harmonia, serenidade, suavidade e espiritualidade. Na tela estão a Virgem Maria com seu Menino Jesus e o pequeno João Batista. O grupo forma um bloco piramidal, estrutura inspirada nas obras de Leonardo da Vinci, assim como o uso do claro-escuro. As figuras estão ligadas por olhares e gestos. Michelangelo influenciou na monumentalidade das figuras, postadas no centro da composição.

A Virgem, muito serena, encontra-se sentada numa rocha, em meio a uma ampla paisagem.  Seu corpo está voltado para o observador, com um pequeno giro das pernas e do tronco para sua esquerda, mas com a cabeça voltada para sua direita. Ela usa um vestido vermelho (cor referente à Paixão de Cristo), amarrado na cintura, e coberto por um manto azul (cor referente à Igreja). Na mão esquerda traz um livro aberto de orações, e com a direita segura João Batista, para o qual volta o seu meigo olhar. Seus cabelos dourados estão trançados e jogados para trás. Uma auréola, símbolo de sua divindade, paira sobre sua cabeça. Ela se encontra descalça.

O Menino Jesus, nu, posiciona-se entre os joelhos da Virgem, neles escorando seu corpinho. Seu braço esquerdo está junto ao seu corpo, enquanto o direito está levantado em direção a João Batista, acariciando a pequena ave que segura com as duas mãozinhas. Seu corpo também se encontra de frente para o observador, mas sua cabeça está voltada para a direita, com os olhos fixos em seu primo. Seus cabelos corridos estão penteados para trás. Seu pezinho direito encontra-se em cima do pé direito de Maria. Uma faixa transparente cinge-lhe a cintura, em torno dos quadris.  Seu corpo rechonchudo apresenta muitas dobrinhas.

O pequeno João Batista aparenta ser mais velho do que Jesus. Parte de seu corpo, que se encontra de perfil, está coberto por um pequeno couro, que desce de seu ombro direito para frente e costas. Sua cabeça, com pequenos cachos dourados, está voltada para Jesus, assim como toda a sua atenção. Ele traz nas mãos um pintassilgo, cuja cabeça está voltada para o Menino. Uma frigideira está atrelada a sua vestimenta.

Duas pequenas moitas de flores aparecem próximas aos pés das duas crianças. Ao fundo descortina-se uma paisagem montanhosa com um rio, cercado por árvores e cheio de pedras. Uma ponte corta-o. Mais ao longe se divisa uma cidade.

Obs.: A última restauração desta obra, iniciada em 1999, foi concluída em 2008.

Ficha técnica
Ano: c. 1506
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 107 x 77 cm
Localização: Galleria deglu Uffizi, Florença, Itália

Fontes de pesquisa
A Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
http://www.ovo.com/madonna-del-cardellino/

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Giuseppe Arcimboldo – OUTONO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Outono faz parte da série “Quatro Estações” do famoso pintor italiano Giuseppe Arcimboldo.

O artista, exímio detalhista, compõe sua figura com habilidade incomparável. Quanto mais distante colocar-se o observador da tela, mais perfeita será a figura masculina, vista de perfil, voltada para a esquerda, com um semblante sério. E, quanto mais próximo do quadro permanecer, mais se verá em meio a frutos e legumes próprios do outono, pintados detalhadamente, pois tudo ali (pele, cabelo e vestimenta)  é imaginário no que tange às partes da suposta figura humana, que se mosta em relevo, em fução do fundo escuro do quadro.

A cabeça da figura sai de dentro de um barril, amarrado com a vara tenra e flexível de um vimeiro, como se fosse uma vestimenta. Vejamos alguns exemplos da alegoria:

  • uma enorme pera compõe o nariz;
  • uma maçã vermelha compõe a bochecha;
  • uma romã faz as vezes de queixo;
  • um enorme cogumelo compõe o pescoço;
  • um figo maduro, estourado, faz as vezes de um brinco;
  • uvas pretas e brancas, folhas avermelhadas de videira e uma abóbora compõem a cabeça;
  • espinhos de algum fruto fazem as vezes da língua.

Como nas telas “Primavera” e “Verão”, uma grinalda pintada, em forma retangular, em torno da figura, mostra-se bem diferente do estilo da mesma. Existe a hipótese de que tenha sido agregada à tela mais tarde.

Ficha técnica
Ano: 1573
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 76 x 64 cm
Localização: Museu Nacional do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
Arcimboldo/ Editora Paisagem
https://www.nga.gov/exhibitions/2010/arcimboldo/arcimboldo_brochure.pdf

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Giuseppe Arcimboldo – VERÃO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A pintura Verão faz parte da série “Quatro Estações” do famoso pintor italiano Giuseppe Arcimboldo.

O artista, exímio detalhista, compõe sua figura com habilidade incomparável. Quanto mais distante colocar-se o observador da tela, mais perfeita será a figura masculina, vista de perfil, voltada para a direita, com um leve sorriso nos lábios. E, quanto mais próximo do quadro permanecer, mais se verá em meio a frutos e legumes, pintados detalhadamente, pois tudo ali (pele, cabelo e vestimenta)  é imaginário no que tange às partes da suposta figura humana, que se mostra em relevo, em função do fundo escuro do quadro

É interessante observar que na gola alta e hirta de sua veste, feita de hastes de trigo, e com as espigas em forma de renda, o artista escreveu seu nome. Mais abaixo, no ombro, está a data de confecção da obra. O “F”, após o nome, significa “fecit” (fez isto), uma forma de autenticar a obra composta.

Como em sua tela “Primavera”, uma grinalda pintada, em forma retangular, em torno da figura, mostra-se bem diferente do estilo da mesma. Existe a hipótese de que tenha sido agregada à tela mais tarde.

Ficha técnica
Ano: 1573
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 76 x 64 cm
Localização: Museu Nacional do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
Arcimboldo/ Editora Paisagem
https://www.nga.gov/exhibitions/2010/arcimboldo/arcimboldo_brochure.pdf

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Giuseppe Arcimboldo – PRIMAVERA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Primavera faz parte da série “Quatro Estações”, obra do famoso pintor italiano Giuseppe Arcimboldo.

O artista, exímio detalhista, compõe sua figura com habilidade incomparável. Quanto mais distante colocar-se o observador da tela, mais perfeita será a figura humana, vista de perfil, voltada para a esquerda, com um leve sorriso nos lábios. E, quanto mais próximo do quadro permanecer, mais se verá em meio a flores, folhas, pétalas e caules, pintados detalhadamente, pois tudo ali (pele, cabelo e vestimenta)  é imaginário no que tange às partes da suposta figura humana. Vejamos alguns exemplos que compõem a alegoria:

  • a pele é composta por florescências que transitam entre o branco e o rosa;
  • o cabelo é composto por um ramalhete de flores coloridas, com prevalência do branco e do vermelho;
  • a vestimenta é feita de um conjunto de plantas verdes, que vai diminundo de tamanho, à medida que sobe em direção ao pescoço. Dois pequenos botões de flores, na base do corpo, são vistos como  botões vermelhos da roupa;
  • o rufo (tira de pano pregueada ou franzida que enfeita vestimentas), que separa o rosto da vestimenta,  é feito de flores brancas;
  • o nariz é feito de um lírio ainda fechado;
  • a orelha é feita por uma tulipa vermelha;
  • um par de dulcamara (também conhecida como doce-amarga) e suas florescências compõem o olho.

Uma grinalda pintada, em forma retangular, em torno da figura, mostra-se bem diferente do estilo da mesma. Existe a hipótese de que tenha sido agregada à tela mais tarde. O fundo escuro dá projeção à figura.

Ficha técnica
Ano: 1573
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 76 x 64 cm
Localização: Museu Nacional do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
Arcimboldo/ Editora Paisagem
https://www.nga.gov/exhibitions/2010/arcimboldo/arcimboldo_brochure.pdf

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Mestres da Pintura – GIUSEPPE ARCIMBOLDO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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É um pintor de raro talento, com imensos conhecimentos noutras disciplinas e, tendo provado o seu valor, quer como artista quer como pintor exótico, não só no seu país, mas também no estrangeiro recebeu os maiores louvores, de tal modo que a sua fama chegou à corte imperial da Alemanha. (Paolo Morigia)

Se Arcimboldo possuía um pendor natural para as caricaturas e um estilo ilusionista de pintar […] o que não há dúvida é que se pode afirmar que enveredou por um caminho completamente diferente novo durante a sua estadia em Praga, que persistiu teimosamente em criar um estilo pessoal que nunca tinha sido visto e era tão singular que ainda hoje ele (Arcimboldo) é famoso por isso. (Benno Geiger )

 Parece óbvio que Arcimboldo, tal como Platão, via o universo inteiro — homens, animais e plantas — como uma unidade, e pintou os seus quadros, tendo em mente essa unidade. (Werner Kriegeskorte)

O famoso pintor italiano Giuseppe Arcimboldo (1527-1593) nasceu em Milão. Era filho de Chiara Parisi e de Biagio Arcimboldo, também pintor. Notícias sobre o início de sua vida artística são relativas à sua idade de 22 anos, quando recebeu a incumbência de desenhar vitrais ao lado do pai para a Catedral de Milão. Mas é sabido que ele recebeu formação na oficina de seu pai, onde aprendeu a trabalhar com vitrais, tapeçarias e afrescos para igrejas.

O austríaco Benno Geiger, historiador de arte, escritor e tradutor, acha que o pintor recebeu influência dos flamengos Johannes e Ludwig Karcher. Como Arcimboldo nasceu durante a transição do Renascimento para o Maneirismo, nada mais do que normal encontrar na sua obra influência das duas correntes. Ele foi singular em sua arte, criando um estilo original que pode ser classificado como “maneirista-naturalista”, ao criar imaginativos retratos e alegorias.

Giuseppe Arcimboldo em 1562  foi para Praga — na época capital do reino da Boêmia e hoje República Tcheca — a convite do Imperador Fernando I, permanecendo ali como retratista e copista da corte. Era muito estimado e bem pago, produzindo não apenas quadros, mas também outras obras de arte como peças em madeira. Seus trabalhos artísticos eram raros e muito delicados, encantando o imperador e toda a sua corte. Foi sob a tutela do Imperador Fernando I que pintou a primeira série de as “Quatro Estações”.

Morrendo Fernando I, assumiu o trono o seu filho Maximiliano II, como rei da Boêmia e do Santo Império Romano-Germânico. O novo rei teve por Arcimboldo a mesma estima que tinha seu pai. Com a morte desse, subiu ao trono Rudolfo II, grande amante das artes que também manteve Arcimboldo na corte, cada vez mais valorizado, inclusive presenteou sua família com um título de nobreza. Por sua vez, o artista mimoseou-o com 150 esboços de máscaras, toucados e objetos de fantasia.

Arcimboldo, por ser muito talentoso e culto, sendo inclusive estudioso das ideias filosóficas dos antigos gregos, era também arquiteto, cenógrafo, engenheiro e especialista em arte na corte. Organizava torneios e festejos, desenhando trajes e criando novas formas de entretenimento numa inigualável criatividade. Ele tomou Giambattista Fonteo como seu ajudante e amigo. Ao inteirar 26 anos de permanência com a família imperial, expressou sua vontade de voltar à sua terra natal — Milão. Mesmo liberado, prometeu continuar prestando serviços à corte. Durante o tempo em que ali se manteve, o artista tomou conhecimento das obras de Bosch, Brueghel, Cranach, Grien e Altdorfer.

Em 1593, depois de receber de Rudolfo II uma de suas mais elevadas ordens, morreu Giuseppe Arcimboldo, supostamente aos 66 anos de idade, uma vez que não se tem, com certeza, a data de seu nascimento.

Apesar de toda a fama que teve em vida, Giuseppe Arcimboldo foi esquecido após sua morte, passando praticamente despercebido durante os séculos XVII e XVIII. Porém, em 1885 o Dr. Carlo Casati publicou um tratado chamado “Giuseppe Arcimboldi – pintore milanesi”, sobre o artista. No século XX vários artigos sobre o pintor foram publicados. Ele foi descoberto pelos artistas, sendo que os surrealistas viram nele um precursor. Segundo alguns estudiosos da arte são possíveis de encontrar, ainda que sejam superficiais, semelhanças de sua arte nas obras de Salvador Dalí e Max Ernest.

Atualmente é cada vez maior o interesse pelas obras de Giuseppe Arcimboldo. Ele não pintou apenas quadros estranhos e fantásticos, mas também obras tradicionais, muitas delas perdidas no tempo, infelizmente.  O artista tem sido estudado por historiadores e críticos de arte, encontrando esses grandes dificuldades em identificar suas obras, pois ele quase nunca as assinava, além de repetir suas séries, fazendo algumas pequenas modificações.

Fontes de pesquisa:
Arcimboldo/ Editora Paisagem
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
https://www.nga.gov/exhibitions/2010/arcimboldo/arcimboldo_brochure.pdf

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Rembrandt – LIÇÃO DE ANATOMIA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Lição de Anatomia foi pintada pelo pintor holandês Rembrandt Harmensz (1606-1669). Ele foi aluno de Jacob van Swanenburgh e de Pieter Lastman. Tornou-se mestre independente, partilhando uma oficina com o pintor Jan Lievens. Apesar de seu grande talento passou por grandes dificuldades financeiras, perdendo até mesmo sua casa e sua rica coleção de arte e raridades, vendidas para pagar dívidas. Rembrandt é considerado um dos mais importantes pintores e artistas gráfico de sua época. Dentre os temas de seus trabalhos sobressaem, sobretudo, os temas religiosos e os retratos.

A obra que se vê acima é um fragmento do quadro de Rembrandt, donominado Lição de Anatomia cuja maior parte foi destruída por um incêndio, em 1723. Ao lado do fragmento encontra-se o desenho da composição original, para que o leitor possa entender melhor o quadro do pintor, antes de a pintura ser queimada.

A obra era simétrica, ficando o corpo de Joris Fonteyn, conhecido por Zwarte Jan,  e condenado à morte por roubo,  no centro da composição. Atrás do corpo está o professor, que disseca o cérebro, estudando-o com os alunos. A cabeça do mestre, segurando uma pinça, pereceu no incêndio. Os alunos que assistiam à aula de anatomia postavam-se em volta do professor, sob os arcos, formando dois grupos, conforme mostra o desenho. O assistente situa-se próximo ao professor, segurando a parte de cima da calota craniana, retirada da cabeça do cadáver, e friamente descansa a mão esquerda na cintura, como se se tratasse de algo muito corriqueiro.

O mais interessante é que a ausência de três quartos da tela original fez com que o fragmento tivesse uma semelhança ainda maior com o “Cristo Morto”, de Mantegna, semelhança essa já notada na concepção da obra. A impessoalidade do assistente torna a figura do morto ainda mais triste e desolada.

Esta composição tinha por objetivo decorar a sala de Anatomia da Corporação dos Cirurgiões, no Sint Anthonieswaag, em Amsterdam.

Ficha técnica (fragmento)
Ano: 1656
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 100 x 134 cm
Localização: Rijksmuseum, Amsterdam, Holanda

Fonte de pesquisa
A Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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