Arquivo da categoria: Pinacoteca

Pinturas de diferentes gêneros e estilos de vários museus do mundo. Descrição sobre o autor e a tela.

Francesco Albani – O RAPTO DE EUROPA

Autoria de Lu Dias Carvalho

rapteuropa

A composição denominada Rapto de Europa é uma obra do pintor barroco italiano Francesco Albani (1578-1660) que nela representa um acontecimento da mitologia grega. Gostava de pintar objetos idílicos de antigos mitos ou representações. Ele trabalhou tanto com assuntos mitológicos e alegóricos quanto assuntos piedosos, como mostram os 45 retábulos criados por ele.

O artista apresenta em sua obra o momento em que Zeus — o deus dos deuses — depois de apaixonar-se pela bela princesa Europa, filha do rei da Fenícia, rouba-a. Para enganá-la e aproximar-se dela, ele toma a forma de um touro branco. Inocentemente, ela monta em seu dorso, deixando-se levar por ele. Só que Zeus leva-a para Creta.

Sete seres alados acompanham Europa e o touro, sendo que uma ave parece indicar o caminho. O deus Hermes — o mensageiro dos deuses — segue-os. Na margem os amigos da princesa mostram-se preocupados ao vê-la distanciar-se cada vez mais.

Ficha técnica
Ano: c. 1639
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 76,3 x 97 cm
Localização: Galleria degli Uffizi, Florença, Itália

Fonte de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Mitologia/ Thomas Bulfinch

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Mestre do Díptico de Wilton – A VIRGEM E O MENINO COM…

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição intitulada A Virgem e o Menino com Onze Anjos é o painel direito do chamado Díptico de Wilton, obra pertencente ao estilo Gótico Internacional — cujo pintor é desconhecido, sendo chamado de Mestre do Díptico de Wilton. Alguns críticos de arte dizem que se trata de uma obra francesa e outros argumentam ser ela uma obra inglesa, tendo o pintor conhecimento e familiaridade com a arte praticada na corte da França. Mesmo a sua data é baseada em hipóteses.

A Virgem Maria, de pé com seu Menino nos braços, está rodeada por onze anjos, sendo dois ajoelhados e o restante de pé. A cena se passa num campo florido, como mostram as flores aos pés da Virgem — retratadas com bastante fidelidade. Todas as figuras encontram-se vestidas de azul, excetuando o Menino Jesus que usa um pequeno manto amarelo. Ele abençoa o rei Ricardo II — ajoelhado na outra tela pertencente ao díptico.

Os anjos usam coroas de flores, enquanto a Virgem e Jesus trazem halos dourados. Cada anjo traz na túnica — próximo ao ombro direito — o emblema inglês. Sete anjos, com suas enormes asas levantadas, separam a cena do fundo dourado da composição. Um dos anjos carrega uma bandeira com a cruz de São Jorge — símbolo do Reino Unido. Acima, na ponta da haste onde se encontra a bandeira, uma esfera de metal traz impressos um pequeno mapa da Inglaterra e um castelo. A cena é cheia de movimentos.

Ficha técnica
Ano: c. 1395
Técnica: têmpera sobre madeira
Dimensões: 45,7 x 29,2 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

Fontes de pesquisa
https://www.artbible.info/art/large/560.html
Gotico/ Editora Taschen
https://es.wikipedia.org/wiki/Díptico_de_Wilton
http://www.arqfdr.rialverde.com/5-Edad_Media/Em_Ilustr15.htm
http://www.viajeporlondres.com/londres/museos/nationalgallery/pinturas

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Ribera – MENINO DE PÉS TORTOS

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor barroco, desenhista e gravador espanhol Jusepe de Ribera (1591 – 1652) embora tenha nascido na Espanha mudou-se muito jovem para a Itália, tendo, portanto, dupla nacionalidade, sendo reivindicado pelos dois países. Entre os italianos recebeu o apelido de “Lo Spagnoletto” (O Espanholinho) em razão de sua pequena estatura. Foi influenciado pela arte de Corregio e de Caravaggio. Foi muito admirado pelos patronos e colecionadores espanhóis, sendo tido, portanto, como um dos mais famosos pintores espanhóis do século XVII, embora não tenha voltado ao seu país de origem. Pintou sobretudo obras religiosas. Foi professor de Luca Giordano, dentre outros.

A composição intitulada Menino de Pé Tortos — e também conhecida como O Aleijado, ou simplesmente O Pé Torto — mostra a evolução do artista que sai do tenebrismo de Caravaggio em direção a um estilo luminoso, sob a influência dos mestres Annibale Carraccio, Guido Reni e Ticiano. Esta obra tem sido associada ao duque Medina de las Torres e à sua esposa Anna Carafa, embora alguns digam que fora encomendada por um comerciante flamengo.

Era muito comum, por parte dos artistas espanhóis, pintar quadros de mendigos, aleijados e idiotas, o que era visto como um tipo de consciência cristã — obras de caridade realizadas com o objetivo de assegurar a salvação. Contudo, levando em conta a admiração do pintor por Caravaggio  que tinha como modelos as pessoas do povo e a sua atenção direcionada às figuras carentes, é provável que a principal intenção do artista fosse a de simplesmente pintar o retrato de um mendigo.

O pequeno esmoler, cujo pé direito é deformado — ele não se apoia no calcanhar, mas na ponta deste pé — foi retratado de uma perspectiva inferior, diante de uma profunda e luminosa paisagem, o que o torna enorme aos olhos do observador — a quem encara —, dotando-o de grande dignidade. Apesar de sua deformidade e condição de vida precária, o garoto mostra-se alegre, exibindo um grande sorriso desdentado que lhe deixa covinhas na face, orgulhoso de estar posando para o artista. É provável que o retratado seja o de um anão, pois esta pintura, antes de chegar ao Louvre (1870), trazia o título de “O Anão”.

O menino traz sua muleta de madeira apoiada no ombro como se fosse uma enxada. Na mão esquerda segura um pedaço de papel com os dizeres em latim: “Deem-me esmola, por amor a Deus” (Da mihi elimonsinam propter amorem Dei). Esta informação passa a mensagem para o observador de que ele é mudo, mas ainda assim tem todo o direito de esmolar, contudo, segundo alguns críticos, não há evidências claras de que seja mudo.  Este tipo de permissão era exigida dos mendigos em Nápoles/Itália.

Ribera pintou o pequeno mendigo como se fosse um príncipe ou um santo, dotando-o de grande dignidade, sem apelar para a piedade. Um céu claro e luminoso desenha-se atrás dele – exemplo da evolução de Ribera em seu período de maturidade. A tela é preenchida com uma luz quase natural. A figura do pedinte – executada com uma paleta mínima de cores suaves – contrapõe-se ao azul vibrante do céu.

Ficha técnica
Ano: 1642
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 164 x 93 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
Pintura na Espanha/ Cosac e Naify Edições
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
https://www.louvre.fr/en/oeuvre-notices/clubfoot

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Ribera – O SONHO DE JACÓ

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor barroco, desenhista e gravador espanhol Jusepe de Ribera (1591 – 1652) embora tenha nascido na Espanha mudou-se muito jovem para a Itália, tendo, portanto, dupla nacionalidade, sendo reivindicado pelos dois países. Entre os italianos recebeu o apelido de “Lo Spagnoletto” (O Espanholinho) em razão de sua pequena estatura. Foi influenciado pela arte de Corregio e de Caravaggio. Foi muito admirado pelos patronos e colecionadores espanhóis, sendo tido como um dos mais famosos pintores espanhóis do século XVII, embora não tenha voltado ao seu país de origem. Pintou, sobretudo, obras religiosas. Foi professor de Luca Giordano, dentre outros.

A composição intitulada O Sonho de Jacó é uma das obras-primas do artista — uma poesia lírica do naturalismo. Ribera reafirma neste trabalho o seu delicado senso de cor e a sua grande capacidade composicional. Ele coloca maravilhosamente os volumes de primeiro plano em contraposição diagonal. Também divide a tela em dois reinos distintos: o terrestre e o superior; o dos sonhos e o da espiritualidade. Lança mão de uma passagem do Antigo Testamento (Gênesis 28: 11-19) — que conta a história do patriarca Jacó — para criar o maravilhoso retrato de um homem de meia-idade que se encontra aparentemente adormecido num local solitário. O trabalho do artista mostra, ao mesmo tempo, um grande realismo e uma profunda religiosidade.

Jacó é mostrado, ao parar para descansar na estrada, como um homem humilde, vestido com trajes de pastor. Ele descansa deitado sobre seu ombro esquerdo. Sua expressão pensativa e o céu azul acinzentado, acrescido de uma parte brilhante e adornada por anjos são uma referência ao seu estado sonhador. A sua figura horizontal adormecida, em primeiro plano, trazendo a cabeça sobre um travesseiro de pedras, ocupa quase todo o comprimento da tela e junto com o tronco de árvore, à esquerda, forma um ângulo reto. A composição da obra é muito harmoniosa, como mostra o tronco da árvore que cria uma linha diagonal para contrabalançar o corpo de Jacob. Na pedra situada no canto inferior direito uma inscrição revela: “Jusepe de Ribera, Español. 1639”.

O sonho do jovem patriarca é sugerido no grande facho de luz que se estende atrás de parte de seu corpo, abrangendo sua cabeça e iluminando seu rosto: dentro da névoa dourada — representando a escada — são vistas silhuetas de anjos que sobem e descem do céu. Tamanha é a habilidade e delicadeza do artista ao pincelar os seres divinos que eles se tornam praticamente invisíveis. É também surpreendente sua capacidade em construir um discurso metafórico. A imagem de um pastor descansando no campo é revertida para uma das histórias bíblicas mais conhecidas. Ribera era um mestre em lidar com transições sutis incríveis entre cores e passagens da luz ao escuro.

Ficha técnica
Ano: 1639
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 179 x 233 cm
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

Fontes de pesquisa
Pintura na Espanha/ Cosac e Naify Edições
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
https://www.artble.com/artists/jusepe_de_ribera/paintings/jacob’s_dream
http://musmon.com/en/content/129/en/MuseoDelPrado/26
https://www.museodelprado.es/en/the-collection/art-work/jacobs-dream/c84dbc72-

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Dürer – O SUICÍDIO DE LUCRÉCIA

Autoria de Lu Dias Carvalho


A composição O Suicídio de Lucrécia, também conhecida como Lucrécia, é uma obra do pintor alemão Albrecht Dürer. O artista levou muito tempo para executá-la, sendo encontrados esboços relativos à obra, dez antes de sua criação, o que demonstra o quão criterioso e meditativo era o artista em sua arte. Presume-se que Dürer tenha tomado por modelo algum nu veneziano. Alguns historiadores de arte não gostam desta pintura, enquanto outros veem nela um Dürer menos formal, voltado para si, e mais ligado à presença da morte. Em decorrência de muitas disparidades nas proporções e na expressão da figura, Fedja Anzelewsky, autor de obras sobre Albrecht Dürer, define-a como “uma paródia ao invés de uma exaltação da figura feminina clássica”. De qualquer forma esta obra é vista como um dos trabalhos do artista menos apreciados.

Na composição Lucrécia, com seus cabelos compridos e minguados, apresenta-se nua, em postura frontal, num ambiente apertado, de costas para sua cama nupcial, local onde fora estuprada por seu primo Sextus. Enquanto enfia a espada no ventre, ela olha para cima, como se clamasse aos deuses para que dela servissem de testemunhas. De sua ferida, abaixo do seio direito, espirra um filete de sangue, mas que não mancha o pano que cobre os quadris ou o chão. É incessante notar que ela faz uso apenas da mão direita, enquanto a esquerda encontra-se atrás de seu corpo, repassando a ideia de que não precisa de força alguma para dar cabo ao seu ato. Debaixo da cama avista-se um vaso da noite (urinol).

A nudez de Lucrécia é totalmente desprovida de sensualidade, sendo a figura analisada por alguns estudiosos de arte como “o nu mais casto da história da arte”. A lendária dama romana que optou por suicidar-se a ter que enfrentar a vergonha de seu estupro, é vista com contornos esculturais firmes, sem qualquer lampejo de sedução. O pano que cobre a região pubiana da personagem foi, presumivelmente, expandido para cima, numa repintura da obra, no século XVI ou XVII.

Nota: Lucrécia foi uma dama romana, filha de um dos prefeitos de Roma (Espúrio Lucrécio) e mulher de Lúcio Tarquínio Colatino. Segundo os historiadores da época, ela foi abusada sexualmente por Sexto, filho de Tarquínio, o Soberbo, suicidando-se após contar ao pai e ao marido o que lhe acontecera e pedir vingança.

Ficha técnica
Ano: 1518
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 168 x 74 cm
Localização: Pinacoteca de Munique, Alemanha

 Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
http://www.wga.hu/html_m/d/durer/1/09/1lucrezi.html

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Murillo – O NASCIMENTO DA VIRGEM

Autoria de Lu Dias Carvalho


O pintor espanhol Bartolomé Esteban Murillo (1618 – 1682) nasceu na cidade de Sevilha, uma das mais importantes da Andaluzia. Seus pais eram muito pobres, mas ainda assim queriam que o filho tivesse uma vida melhor do que a deles, embora o país passasse por uma decadência política e econômica, contrastando com sua grandeza artística e cultural. Antes que o garoto completasse 11 anos seus genitores faleceram, ficando o pequeno aos cuidados de um tio que, ao notar sua queda pelo desenho, levou-o ao estúdio do pintor Juan del Castillo, com quem ele estudou e trabalhou durante 10 anos, até que esse se mudou para Cádiz. O futuro pintor viria a participar do clima cultural e conservador de Sevilha, imbuído de profundas raízes populares.

A composição religiosa intitulada Nascimento da Virgem é uma obra barroca do artista que aqui faz uso de pinceladas ligeiras e livres para narrar ternamente o acontecimento, criando figuras graciosas e naturais. Trata-se de uma cena cheia de humanidade. Esta pintura tinha a finalidade de decorar a capela da Imaculada Conceição, localizada na catedral de Sevilha/Espanha. Quando a Catedral de Sevilha foi saqueada pelas tropas francesas, lideradas pelo marechal Jean Dieu Soult, a obra foi saqueada e levada para a França.

A Virgem Maria acabou de nascer. Várias figuras espalham-se pelo ambiente iluminado por uma luz suave que dá a impressão de dissolvê-las. Santa Ana em meio a sombras, no fundo à esquerda, tendo seu esposo Joaquim ao lado, encontra-se descansando numa cama com dossel vermelho, enquanto sua filhinha está sendo banhada pelas mulheres presentes que alguns acham que sejam as criadas do casal.

O bebê, após tomar o banho, está sendo repassado para uma segunda mulher. Dois putti retiram uma toalha de um cesto de vime que será entregue a ela para que enxugue a criança. Uma das mulheres presentes na cena carrega roupas nos braços. Dois anjos, vistos em segundo plano, inclinam-se com reverência diante da recém-nascida que se mostra radiante, com um halo dourado na sua cabecinha — prova de sua divindade. Uma nuvem de anjos desce do céu em direção à criança. Ao fundo, à direita, também entre sombras, duas mulheres secam panos numa lareira.

Ficha técnica
Ano: 1661
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 184 x 260 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
Pintura na Espanha/ Cosac e Naify Edições
https://translate.google.com/translate?hl=pt-BR&sl=en&u=https://www.louvre.fr

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