Arquivo da categoria: Pinacoteca

Pinturas de diferentes gêneros e estilos de vários museus do mundo. Descrição sobre o autor e a tela.

Rubens – PAISAGEM TEMPESTUOSA

Autoria de Lu Dias Carvalho

                                                   (Clique na imagem para ampliá-la.)

O pintor barroco Peter Paul Rubens (1577–1640) teve os primeiros onze anos de sua vida passados em Colônia, na Renânia, pois sua família teve que fugir da Antuérpia, para escapar da guerra entre católicos e calvinistas. Após a morte do pai, a mãe retornou com os filhos para Antuérpia, onde Rubens — católico devoto — estudou latim e tornou-se pajem na família real. Aos vinte e um anos foi inscrito como pintor na corporação de São Lucas, vindo a  tornar-se mestre. Quando estava prestes a completar trinta anos, partiu para a Itália, onde ficou a serviço de Vicenzo I Gonzaga, Duque de Mântua, de quem recebeu um missão diplomática na Espanha. Na Itália, ele aproveitou para conhecer várias cidades, ficando mais tempo em Gênova e Roma.

A composição intitulada Paisagem Tempestuosa ou também A Tempestade – Paisagem com Filemon e Baucis é uma obra do artista. Embora não fosse especializado no gênero, Rubens criou uma das mais belas e realísticas pinturas de paisagem que retrata uma tempestade caindo sobre uma enorme e turbulenta paisagem, transtornada pelo temporal que desaba. Ele mostra as árvores sendo chicoteadas pelo vento e as águas a despencarem por entre as rochas.

Algumas figuras humanas encontram-se no local. À esquerda, na base da pintura, uma mulher e uma criança mostram-se caídos, vencidos pela fúria das águas. Um pouco acima deles está um homem abraçado a uma árvore, tentando desesperadamente se salvar. Atrás do homem vê-se também uma ovelha morta, presa a um tronco de árvore.

À direita encontram-se as figuras mitológicas de Júpiter e Mercúrio com Filemon e Baucis — dois idosos que foram hospitaleiros com os deuses, quando esses os procuraram sob a aparência de peregrinos, segundo o mito contado nas “Metamorfoses” de Ovídio. O tal casal foi recompensado com a proteção dos deuses que mantiveram sua cabana intacta durante a tempestade, sendo transformada depois num templo em sua memória, vivendo os dois ali como sacerdotes. As figuras mitológicas têm a finalidade apenas de trazer mais um elemento à obra.

Logo abaixo do grupo vê-se outro animal morto, possivelmente mais uma ovelha, presa a um emaranhado de galhos. No centro da composição, próximo à cachoeira formada pelas águas impetuosas, um homem segura-se numa rocha.  A presença das cores do arco-íris sob as nuvens mostra que a tempestade já se amainou, embora o ambiente ainda se apresente turbulento.

Ficha técnica
Ano: c.1624
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 146,5 x 209 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fonte de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Ticiano – O JUÍZO FINAL

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor Ticiano Vecellio (1490–1576), também conhecido como Tiziano, Titian ou ainda como Titien, encontra-se entre os grandes nomes da pintura italiana. Ainda pequeno, retirava suco de flores para desenhar toalhas e lençóis. O pai — Capitão Conte Vecellio — reconhecendo o pendor artístico do filho, envia-o para Veneza, acompanhado do irmão mais velho. Ali é apresentado por um tio aos mais importantes pintores venezianos da época.  Passa pelas mãos de Gentile Bellini e depois nas de Giorgione que o acolhe com entusiasmo. Sorve com tanto interesse os ensinamentos de Giorgione que, com 20 anos incompletos, tem uma de suas pinturas confundida com a obra do mestre. Oportunidade em que o aluno percebe que não existe mais nada a ser aprendido com ele e passa a caminhar por conta própria.

A composição intitulada O Juízo Final — também conhecida por A Glória ou A Trindade ou O Julgamento Final e ainda Paraíso — é uma obra do artista, encomendada pelo imperador Carlos V que nutria por ela grande admiração. Trata-se de uma das sete telas do artista que o imperador levou consigo, quando se recolheu em 1556, ao mosteiro de Yuste e para a qual voltou seu olhar ao morrer. Nela estão representados o imperador e sua família clamando a Jesus Cristo pela salvação.

No alto da composição está a Santíssima Trindade — Deus Pai e Jesus Cristo (ambos estão sentado, trazendo um globo e um cetro nas mãos) e o Espírito Santo em forma de pomba e cujos raios atravessam as nuvens. Ali também se encontram à esquerda a Virgem Maria (olhando para o lado) e São João Batista — teologicamente os dois principais intercessores. À direita estão Carlos V (ao lado da coroa imperial), sua esposa Isabella de Portugal (o casal está amparado por anjos com asas azuis), seu filho Filipe II da Espanha e as filhas Joana da Áustria, Maria da Hungria e Eleonor da Áustria — todos vestidos com mortalhas e descalços.

Na composição também estão presentes inúmeras figuras do Antigo Testamento, como Adão e Eva, o rei Davi (recostado sobre uma ave de rapina que olha para ele), Moisés (com as Tábuas da Lei) e Noé (com a Arca sobre a qual está uma pomba branca com um ramo de oliveira no bico). A figura com a roupa verde tem sido identificada como Maria Madalena, a Sibila Eritreia, Judite, Raquel ou a própria Igreja Católica. Dois homens idosos e barbados colocados mais abaixo são identificados como Pietro Aretino e o próprio Ticiano (visto de perfil). É provável que a figura barbada logo abaixo da Virgem seja Francisco de Vargas — embaixador da Espanha em Veneza.

O uso da cor azul (a mesma usada no manto de Deus Pai e de Deus Filho) e a postura da Virgem Maria na composição — ela é a única a caminhar em direção à Santíssima Trindade — indicam a sua importância em relação às demais figuras presentes. À esquerda da Trindade ( e à direita do espectador) inúmeros anjos segurando palmas põem-se ao lado da família suplicante de Carlos V. A pintura apresenta um movimento ascendente — do reino terreno para o céu. Uma paisagem bucólica é vista na parte inferior da tela, na qual são vistos peregrinos — testemunhas da visão divinal. O fundo da composição, na parte divina, é todo pintado com o rostinho de querubins.

Em razão dos muitos nomes recebidos, é possível concluir que esta composição possua várias leituras e que o título Juízo Final deve-se ao fato de ter sido contemplada pelo imperador, quando ele se encontrava morrendo, pois, na verdade, não tem relação com o tema apresentado. O artista assinou seu nome no manuscrito que se encontra na mão do rei Davi.

Obs.: A fonte textual da obra é uma passagem do último livro do “De Civitate Dei” de Santo Agostinho que narra a visão celestial do abençoado.

Ficha técnica
Ano: 1551/1554
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 346 x 240 cm
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

Fontes de pesquisa
Pintura na Espanha/ Cosac e Naify Edições
https://translate.google.com/translate?hl=pt-BR&sl=en&u=https://en.wikipedia.org/wiki/La_Gloria_(Titian)&prev=search
https://www.museodelprado.es/en/the-collection/art-work/the-glory/66149817-6f88-4e5f-a09a-81f63a84d145

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Van Dyck – SANSÃO E DALILA

Autoria de Lu Dias Carvalho

É surpreendente o interesse com que Van Dyck se concentrou na arte veneziana e nos exemplos de Ticiano, Veronese e Tintoretto no momento de sua chegada à Itália. (Justus Müller Hofstede)

O pintor Anthony van Dyck (1599–1641) foi o mais talentoso discípulo e ajudante do pintor francês Peter Paul Rubens, sendo 22 anos mais novo do que seu mestre, pessoa de quem herdou o talento na representação da textura e superfície das figuras. Também se transformou num dos pintores retratistas mais procurados da Europa.

A colossal composição intitulada Sansão e Dalila é uma obra-prima do pintor. A temática do quadro é tirada do Velho Testamento (Daniel) que narra a história de Sansão — guerreiro israelita de força gigantesca —, por quem os filisteus nutriam muito medo. Ao apaixonar-se por Dalila — uma filisteia seduzida pelos bens materiais — Sansão acaba revelando-lhe que sua força encontrava-se nos cabelos.

A composição mostra o momento em que o guerreiro, após ter os cabelos cortados pela sedutora Dalila — as madeixas e a tesoura ainda se encontram no chão, próximas a um cãozinho — é amordaçado pelos soldados furiosos. O olhar de Sansão, carregado de mágoa, volta-se horrorizado para a mulher que tanto amava e que o traíra. Dalila, ainda sentada, esboça um gesto com o braço esquerdo, como se fosse tocá-lo. Ela aparenta estar horrorizada com o que acabara de fazer.

Uma serva idosa e de rosto macilento — contrastando com a grande beleza de Dalila — encontra-se logo atrás de sua patroa. Os soldados filisteus trazem cordas nas mãos para amordaçar Sansão que se debate inutilmente, pois agora não mais carrega a força de antes. Um deles empunha um tacape feito de madeira e ferro.

Esta maravilhosa obra de Anthony van Dyck apresenta duas grandes influências: a de Ticiano na paleta de cores quentes e nas amplas vestes e a de Peter Paul Rubens na modelação de figuras fortes.

Ficha técnica
Ano:1628-1630
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 146 x 254 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fonte de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Rubens – ANGÉLICA E O ERMITÃO

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor barroco Peter Paul Rubens (1577–1640) teve os primeiros onze anos de sua vida passados em Colônia, na Renânia, pois sua família teve que fugir da Antuérpia, para escapar da guerra entre católicos e calvinistas. Após a morte do pai, a mãe retornou com os filhos para Antuérpia, onde Rubens, católico devoto, estudou latim e se tornou pajem na família real. Aos vinte e um anos foi inscrito como pintor na corporação de São Lucas, vindo a  tornar-se mestre. Quando estava prestes a completar trinta anos, partiu para a Itália, onde ficou a serviço de Vicenzo I Gonzaga, Duque de Mântua, de quem recebeu um missão diplomática na Espanha. Na Itália, ele aproveitou para conhecer várias cidades, ficando mais tempo em Gênova e Roma.

A composição intitulada Angélica e o Ermitão, ou ainda O Ermitão e Angélica Adormecida, é uma obra-prima do pintor barroco Peter Paul Rubens e faz parte de seu último período. Baseia-se no oitavo canto de “Orlando Furioso”, obra de Ariostos, que conta que um ermitão mágico apaixonou-se por Angélica, levando-a para uma ilha desértica, enquanto ela dormia.

Em vez da monumentalidade de outras obras suas, o artista mostra gosto pela delicadeza da pintura e pela intimidade, usando um tom narrativo. O rosto do ermitão é visto como uma influência de Rembrandt na pintura de Rubens. Os dois artistas se  influenciaram reciprocamente.

Ficha técnica
Ano:1626 -1628
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 43,2 x 66 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fonte de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Rafael – A SAGRADA FAMÍLIA DE CANIGIANI

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição denominada A Sagrada Família de Canigiani é uma obra religiosa do pintor e arquiteto italiano Rafael Sanzio, encomendada por Domienico Canigiani. É tida como uma pintura madura e inteligente do precoce artista. A essa época o pintor, além de contar com a experiência florentina, também tinha completado sua educação em relação à arte de Piero della Francesca e Perugino, sem falar que assimilara a arte de dois grandes nomes da pintura italiana: Leonardo da Vinci e Michelangelo, influências vistas nesta obra. O nome da obra é uma referência à família que a encomendou.

A Sagrada Família — composta pela Madona, pelo Menino Jesus, por Santa Isabel, por São José e o pequeno João Batista — encontra-se sentada no gramado de um ambiente rural, onde, além das edificações familiares ao fundo, veem-se colinas cobertas por relva, formando uma paisagem deslumbrante de tons iridescentes. Um riacho divide a composição ao meio. Todos se encontram descalços, como a indicar a pobreza. O grupo forma uma composição piramidal — esquema muito usado pelo artista — sendo São José o ápice da pirâmide, o que mostra a importância do marido de Maria dentro do grupo, à época. Uma auréola fina e dourada situa-se acima de cada personagem — símbolo de divindade. As roupas coloridas dos personagens acentuam-lhes a consistência.

Em primeiro plano estão a Virgem e sua prima Isabel, sendo que o espaço entre elas é ocupado pelas crianças, cuja nudez simboliza a pureza. As duas mulheres trazem a cabeça inclinada para o centro da tela, próximas ao corpo de São José em segundo plano que, ao inclinar-se sobre o grupo, traz o joelho direito meio dobrado, com o pé do mesmo lado, visível entre os dois meninos, enquanto se escora no seu longo cajado. Os pequeninos Jesus e João Batista interagem entre si. Acima, sob o céu anilado, um grupo de sete anjos — cinco à esquerda e dois à direita — parecem emergir de pequenas nuvens brancas. Eles estão absortos em si mesmos.

Durante a restauração de A Sagrada Família de Canigiani em 1982, o céu que era predominantemente azul — pintura aplicada no século XVIII sobre o trabalho original do artista — foi eliminado. Assim, foi possível conhecer não apenas a obra em sua originalidade, como também apreciar os maravilhosos anjos postados à direita e à esquerda, na parte superior do quadro. Esta restauração foi levada com extremo esmero pelo conservador alemão Hubert von Sonnenburg. Em sua obra, Rafael exala suavidade e interação com o observador.

Ficha técnica
Ano: 1507
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 131 x 107 cm
Localização: Pinacoteca de Munique, Alemanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
http://www.wga.hu/html_m/r/raphael/2firenze/2/35canig.html
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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Lucas Cranach, o Velho – O SUICÍDIO DE LUCRÉCIA

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição O Suicídio de Lucrécia, também conhecida como Lucrécia, é uma obra do pintor alemão Lucas Cranach, o Velho, tema muito pintado pelo artista. Relata a morte da lendária dama romana que optou por suicidar-se a ter que enfrentar a vergonha de seu estupro.  Um pano foi acrescentado no princípio do século XVII para cobrir a região pubiana da personagem, mas para o bem da arte foi removido numa recente limpeza. Esta obra já esteve pendurada de frente para o quadro de Albrecht Dürer, sobre o mesmo tema, na galeria particular dos reis da Baviera.

Se comparada a obra de Dürer (presente no nosso blog), cheia de austeridade, a pintura de Cranach é muito mais bela e significativa, repassando ao observador uma grande inquietação espiritual, criada por alguns recursos presentes na tradição gótica, como a tensão linear presente nos contornos, a pose estudada e o cruzamento das pernas, resultando numa forte sensualidade.

Lucrécia, nua, encontra-se de frente para o observador, fitando-o. Seus cabelos ruivos e longos, jogados para trás, caem-lhe pelas costas, ultrapassando sua cintura. Um colar de ouro e pedras preciosas cingem-lhe o pescoço, enquanto mais abaixo vê-se um trançado, possivelmente de ouro. Seus seios são pequenos e hirtos. Não aparecem pelos na região pubiana. Um fino e transparente véu — só perceptível por suas pequenas pregas — enlaça seu corpo da cintura para baixo. Ela segura suas pontas com a mão esquerda, enquanto empunha o punhal com a direita, tocando o seio direito. Em seu rosto existe certa doçura e aceitação.

Ficha técnica
Ano: 1524
Técnica: óleo sobre tília
Dimensões: 193,5 x 75 cm
Localização: Pinacoteca de Munique, Alemanha

 Fonte de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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