Arquivo da categoria: Pinacoteca

Pinturas de diferentes gêneros e estilos de vários museus do mundo. Descrição sobre o autor e a tela.

Carpaccio – O CASAMENTO DA VIRGEM

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição intitulada A Apresentação da Virgem é uma obra do pintor italiano Vittore Carpaccio (c. 1465 – 1525), um importante nome do Renascimento veneziano. O artista foi assistente do pintor Gentile Bellini e possivelmente seu aluno. Juntamente com Giovanne Bellini – seu irmão – decorou o palácio do Doge. Também recebeu influência de Antonello da Messina. O estilo do artista combinava temas reais, aos quais acrescia elementos de sua imaginação. Seus trabalhos chamam a atenção pela atmosfera cheia de luz e perspectiva. Dentre as suas obras muitas retratam a vida de santos, sendo esses transpostos para o cenário de Veneza. Sua carreira é praticamente dedicada a temas e lendas religiosos.

Esta obra de Carpaccio faz parte da série sobre “A Vida da Virgem”, feita para a Scuola degli Albanesi, em Veneza. Com o fechamento da escola no século XVIII, esta tela foi para Brera. O cenário onde se insere a cena nada tem a ver com a realidade, não passando de uma fantasia criada pelo artista.

A cena acontece numa praça. A Virgem encontra-se, sozinha, ajoelhada nos degraus da escada que conduz ao Templo, no centro da composição, tendo atrás de si um grupo de mulheres, dentre as quais se encontra sua mãe Ana.  Um homem idoso, possivelmente seu pai Joaquim, ali também se encontra. À frente da Virgem, no patamar superior, está o sumo sacerdote, um imponente homem de barbas brancas, ricamente vestido e que abre os braços para recebê-la. Atrás dele, recostados no peitoril do templo, aparecem dois sacerdotes. No fundo veem-se edifícios elaborados do Renascimento.

Uma criança, vestida à moda da época, de costas para o observador, segura uma corda que se se prende na coleira de uma corça que se encontra elegantemente deitada. O menino parece conversar com um dos sacerdotes.

Ficha técnica
Ano: 1504 a 1508
Técnica: óleo em tela
Dimensões: 137 x 130 cm
Localização: Museu de Brera, Milão, Itália

 Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

Views: 1

Géricault – O DERBY DE EPSOM

Autoria de Lu Dias Carvalho

O sensível pintor francês Jean-Louis-André Théodore Géricault (1791 – 1824) filho do advogado e comerciante Georges Nicolas e de Louise Jean-Marie Carruel foi um dos mais famosos, autênticos e expressivos artistas do estilo romântico em seu início na França. Sua mãe era uma mulher inteligente e culta. Desde a sua infância Géricault demonstrava interesse pelos desenhos e cavalos. Sua família mudou-se para Paris e sua mãe faleceu quando o garoto tinha dez anos, deixando-lhe uma renda anual. Na capital francesa o futuro artista tornou-se esportista, elegante e educado, frequentando os ambientes mais sofisticados. Embora seu pai não aprovasse a sua opção pela pintura, um tio materno resolveu o impasse, ao chamar o sobrinho para trabalhar com ele no comércio, mas lhe deixando um bom tempo livre para dedicar-se à pintura.

A composição intitulada O Derby de Epsom é uma obra-prima do artista, feita quando ele se encontrava na Inglaterra e ali esteve para expor “A Jangada da Medusa” que fora recebida com indiferença em seu país. Inspirando-se na famosa corrida do mesmo nome, o artista mostra uma aguçada observação da energia animal, ao descrevê-la. Como grande apreciador de cavalos e um apaixonado cavaleiro – tendo inclusive vindo a sofrer uma queda no final da vida, o que apressou a sua morte – Géricault pintou inúmeros quadros sobre o tema.

O quadro O Derby de Epsom – inspirado em estampas esportivas inglesas – encontra-se entre as obras mais apreciadas do pintor tanto pelo realismo que apresenta quanto pela sua vivacidade. Uma tonalidade leve e barrenta contribui para captar com fidelidade a atmosfera da corrida, repassando um grande clima de tensão. É o momento em que os cavaleiros forçam os animais que parecem voar.

Géricault centralizou na tela quatro cavalos com seus respectivos ginetes, praticamente em duas duplas. Um castanho e um preto tomam a dianteira, deixando um branco e outro castanho atrás. O artista alongou exageradamente os animais, efeito que sugere um ritmo crescente na corrida e também maior rapidez para fugir das nuvens pesadas prestes a desabarem. Os efeitos claro-escuro refletem com vigor a atmosfera da tempestade que não tardará a desabar sobre o local.

Uma das contribuições que o pintor deu com esta obra magnífica à pintura foi o fato de abrir caminho para a geração de pintores impressionistas que viriam a partir dele.

Curiosidade:
Segundo Eadweard Muybridge (fotógrafo inglês, reconhecido por seu trabalho pioneiro em estudos fotográficos de movimento) Géricault cometeu um erro ao apresentar as pernas dianteiras e traseiras dos cavalos estendidas para fora, pois isso nunca acontece com um cavalo a galope. Somente com a invenção da fotografia foi possível captar e analisar os vários movimentos de um animal galopante, o que faria Degas posteriormente em suas pinturas de pista de corrida.

Ficha técnica
Ano: 1821
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 92 x 123 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
Gênios da pintura/ Abril Cultural
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
https://www.wga.hu/html_m/g/gericaul/1/111geric.html

Views: 17

Géricault – CAVALO MALHADO ESPANTADO…

 Autoria de Lu Dias Carvalho

O sensível pintor francês Jean-Louis-André Théodore Géricault (1791 – 1824,) filho do advogado e comerciante Georges Nicolas e de Louise Jean-Marie Carruel, foi um dos mais famosos, autênticos e expressivos artistas do estilo romântico em seu início, na França. Sua mãe era uma mulher inteligente e culta. Desde a sua infância Géricault demonstrava interesse pelos desenhos e cavalos. Sua família mudou-se para Paris e sua mãe faleceu quando o garoto tinha dez anos, deixando-lhe uma renda anual. Na capital francesa, o futuro artista tornou-se esportista, elegante e educado, frequentando os ambientes mais sofisticados. Embora seu pai não aprovasse a sua opção pela pintura, um tio materno resolveu o impasse, ao chamar o sobrinho para trabalhar com ele no comércio, mas lhe deixando um bom tempo livre para dedicar-se à pintura.

A composição Cavalo Malhado Espantado pelos Relâmpagos é uma bela obra do artista que retratou realisticamente até mesmo a raça do animal. Esta tela comprova o quão fiel era Géricault com a realidade observada, o que o punha em desacordo com o espírito literário e idealista do neoclassicismo de sua época. O artista, fascinado por cavalos, fez inúmeros quadros retratando-os ora individualmente, ora em grupos e ora sendo montados.

O cavalo malhado, sem arreios e livre na natureza, encontra-se tenso, atento a qualquer movimento, amedrontado com os relâmpagos que riscam o céu tempestivo.

Ficha técnica
Ano: 1813
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 50 x 60 cm
Localização: Galeria Nacional de Londres, Grã-Bretanha

Fontes de pesquisa
Gênios da pintura/ Abril Cultural
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

Views: 2

Gerard Ter Borch – MULHER DESCASCANDO MAÇÃ

Autoria de Lu Dias Carvalho

O artista holandês Gerard ter Borch (1617 – 1681), também conhecido como Gerard Terburg, foi um reconhecido pintor de gênero. Era filho de Gerard ter Borch, o Velho, também artista, o que contribuiu para que desenvolvesse seu talento ainda muito jovem. Sua irmã Gesina ter Borch também se tornou pintora. É provável que tenha estudado com Willem Cornelisz Duyter ou com Pieter Codde. Foi um artista muito viajado, absorvendo vários tipos de influências. Em Madri recebeu a honraria de “Cavaleiro de Philip IV”, mas acabou retornando ao seu país. As obras encontradas do pintor são poucas – cerca de 80 –  espalhadas por diversos museus, coleções e galerias. As suas pinturas eram muito apreciadas em sua época, sendo ele mais conhecido como um pintor de gênero, especializado, sobretudo, em representações da vida doméstica da classe média na Holanda do século XVII.

A composição intitulada Mulher Descascando Maçã é uma obra típica do período maduro do artista. A colocação da mulher e da criança em primeiro plano, assim como a natureza morta e o que parece ser um mapa sobre a parede, ao fundo, faz lembrar as obras de Vermeer, criadas no mesmo período.

A cena mostra uma mulher sentada numa cadeira, descascando uma maçã, usando roupas da época, tendo à sua direita uma criança que usa um extravagante chapéu para a sua idade e que faz sombra sobre a parte superior de seu rosto. Ela olha para o rosto da mulher, provavelmente aguardando a fruta.

À esquerda da mulher encontra-se um cesto com roupas e o que parece ser um livro de orações fechado. Uma mesa forrada com toalha azul traz sobre si um candelabro e uma fruteira branca com frutas. O artista mostra grande refinamento no uso da cor, da luz e da textura. Existem inúmeras cópias e réplicas desta obra, assinadas e datadas de 1651 ou 1661.

Ficha técnica
Ano: c. 1650
Técnica: óleo sobre tela, montado sobre madeira
Dimensões: 36,2 x 30,5 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fonte de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

Views: 3

Jacob Jordaens – A FESTA DO REI DOS FEIJÕES

Autoria de Lu Dias Carvalho

Ninguém é mais louco do que um embriagado. (inscrição)

O pintor flamengo Jacob Jordaens (1593 – 1678) foi um renomado artista do Barroco do século XVII. Foi aluno de Adam van Noort que também foi professor de Peter Paul Rubens, com quem chegou a trabalhar por um curto tempo. Fez parte da Guilda de Pintores, como pintor de aquarelas. Seu estilo assemelhava-se ao do italiano Caravaggio, mas foi também influenciado pelas tendências realistas da pintura holandesa. Ao lado de Rubens e Anthony van Dyck, Jordaens foi um dos grandes nomes da Escola de Antuérpia. As personagens de suas obras são figuras fortes, maciças e sensuais, típicas de seu estilo. Além de temas populares e de mitologia, o artista gostava de interpretar as fábulas de Esopo. Uma das características de sua obra é o uso do claro e escuro.

A composição A Festa do Rei dos Feijões é uma cena cotidiana, obra-prima do artista que, ao lado de Rubens e Van Dyck, forma o trio de brilhantes pintores brabantinos do século XVII. Apresenta um grupo animado de pessoas em torno de uma mesa farta numa alegre comemoração. Pela inscrição em latim, vista no alto, conclui-se que a festa peca pelo excesso. O pintor fez várias telas usando esta mesma temática popular que se refere à festa tradicional dos Países Baixos, relativa aos Três Reis Magos.

Algumas pessoas estão sentadas à mesa, enquanto outras, de pé, rodeiam-nas. Uma delas, já bem mais velha, traz uma coroa sobre a cabeça. Trata-se do rei do dia com a sua rainha, sentada de frente para o observador – e sua suposta corte. À época, no banquete de Vésperas de Reis, era hábito servir um bolo assado ou uma torta que continha um único grão de feijão, tradição que vinha da Idade Média. A pessoa, dona da fatia com o ambicionado grão, tornava-se o rei da festa.

O rei sortudo leva uma taça à boca e segura uma jarra na mão. A ele cabia levantar seu copo em intervalos regulares, ocasião em que os demais deveriam beber um gole e gritar: “O rei bebe!”. Copos de vinho são levantados sob “vivas”, conforme mostra a postura dos festeiros. Um homem, à esquerda, segura a cabeça e vomita. Uma criança, próxima a ele, também bebe, sendo observada por um cão. Um gato dorme alheio ao barulho. Tudo leva a uma atmosfera de desenfreada alegria, desencadeada pelo excesso de bebida e comida, como mostram os gestos individualizados dos presentes.

O uso da coloração é extraordinário. A luz no ambiente entra através das janelas à esquerda da tela.

Ficha técnica
Ano:1655
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 242 x 300 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fonte de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://www.wga.hu/html_m/j/jordaens/1/bean_kin.html

Views: 4

Rubens – CIMONE E IFIGÊNIA

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor barroco Peter Paul Rubens (1577 – 1640) teve os primeiros onze anos de sua vida passados em Colônia, na Renânia, pois sua família teve que fugir da Antuérpia, para escapar da guerra entre católicos e calvinistas. Após a morte do pai, a mãe retornou com os filhos para Antuérpia, onde Rubens, católico devoto, estudou latim e tornou-se pajem na família real. Aos vinte e um anos foi inscrito como pintor na corporação de São Lucas, vindo a  tornar-se mestre. Quando estava prestes a completar trinta anos, partiu para a Itália, onde ficou a serviço de Vicenzo I Gonzaga, Duque de Mântua, de quem recebeu um missão diplomática na Espanha. Na Itália, ele aproveitou para conhecer várias cidades, ficando mais tempo em Gênova e Roma.

A composição Cimone e Ifigênia é uma obra do pintor barroco. Baseia-se na história contada por Bacagio em seu livro “Decameron”. Cimone era filho de um nobre, contudo relegou a educação e a vida de seus familiares, preferindo viver como um camponês, até conhecer Ifigênia por quem se apaixonou.

Rubens retrata o momento em que o jovem Cimone vê Ifigênia pela primeira vez, num dia ensolarado, dormindo à sombra das árvores, acompanhadas de duas donzelas e de um pajem. Ao vê-la com suas formas opulentas, o então pastor caiu de amores por ela.

Como acontecia frequentemente em razão do excesso de encomendas recebidas — o pintor dificilmente pintava um quadro por inteiro — Rubens contava com a participação de outros artistas. Nesta tela os animais e as frutas foram pintados por Frans Snyders, sendo a paisagem acrescentada posteriormente por Jan Wildens.

Nota: esta obra foi recortada em todos os lados, principalmente no esquerdo.

Ficha técnica
Ano: c.1617
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 207,5 x 282 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fonte de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

Views: 2