Arquivo da categoria: Pinacoteca

Pinturas de diferentes gêneros e estilos de vários museus do mundo. Descrição sobre o autor e a tela.

Palma Vecchio – DIANA E CALISTO

 Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor italiano Jacopo Palma, o Velho (c. 1480 – 1528), cujo nome de batismo era Jacopo d’Antonio Negreti, foi aluno de Francesco di Simone da S. Croce. É provável que tenha trabalhado na oficina de Giovanni Bellini. Foi influenciado pelo trabalho de Giorgione e pelo de Ticiano. O artista, dono de uma composição equilibrada, situa-se entre os pintores mais famosos venezianos do Alto Renascimento. Dedicou-se principalmente à pintura religiosa e à mitológica, tendo executado maravilhos retábulos.

A composição mitológica intitulada Diana e Calisto – também conhecida como O Banho de Diana – é uma obra do pintor. Ela representa o momento em que a deusa Diana, ao se banhar com suas ninfas virgens, descobre que Calisto, uma delas, estava grávida.

Diana encontra-se deitada no rochedo, em primeiro plano, com os olhos voltados para Calisto de pé à sua frente, enxugando o corpo. São doze as ninfas a acompanhar Diana em seu banho. Algumas delas lembram as poses das estátuas clássicas.

O artista usa de grande coerência espacial na sua composição, distribuindo as belas ninfas no espaço aberto e luminoso em meio a uma paisagem idílica, cheia de água e árvores, onde se veem algumas construções. Fica clara a influência de Giorgione em sua obra.

Ficha técnica
Ano: c.1525
Técnica: óleo sobre tela, depois transferido para madeira
Dimensões: 77,5 x 124 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras primas da pintura europeia/ Könemann

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Hals – A GAROTA CIGANA

Autoria de LuDiasBH

O pintor holandês Frans Hals (c.1583 – 1666) foi aluno do pintor e escritor Karel van Mander e, posteriormente, tornou-se membro da Guilda de São Lucas, à qual chegou a presidir. Sempre colocando em destaque a figura humana, Hals tornou-se um reconhecido retratista da burguesia holandesa. Contudo, seus retratos eram extremamente realistas, uma vez que era dono de uma rigorosa capacidade de observação e expressão. Seu trabalho foi muito importante para a pintura de seu país ao dar início a um estilo nacional independente.

Em sua composição A Cigana – considerada uma obra-prima do artista – ele une a pintura de gênero com a de retrato. Apresenta uma sorridente e jovem mulher de faces rosadas que se encontra voltada para o observador, embora seu olhar esteja direcionado para seu lado esquerdo, como se olhasse para seus cabelos escuros que caem sobre os ombros. Usa uma blusa branca de mangas compridas com um ousado decote que deixa a descoberto a maior parte de seus seios unidos e fartos. Sobre a blusa usa um corpete vermelho.

Alguns historiadores de arte supõem que a retratada é uma prostituta. Acham que em razão da sensibilidade e capacidade de observação do artista, ele põe a nu a vida das pessoas marginalizadas socialmente, ao retratá-las individualmente. Para eles, a garota cigana aqui retratada, representaria a alegoria do tato, de acordo com as alegorias dos cinco sentidos criadas por ele.

A jovem é iluminada de frente por uma luz clara e direta. As cores presentes são as principais responsáveis por sua forma, bem mais do que a luz e a sombra. A exuberância da luz e das pinceladas coloridas da técnica de Frans Hals transmite a sensação de uma alegria sem constrangimento, trazendo vida à obra. O manuseio da tinta pelo artista tornou-se um meio de expressão em si mesmo. É por isso que muitas de suas obras mostram-se ainda hoje extremamente modernas.

Ficha técnica
Ano: c. 1630

Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 88 x 52 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
http://www.wga.hu/html/h/hals/frans/03-1630/32nogyps.html

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Jan Steen – O MUNDO ÀS AVESSAS

Autoria de LuDiasBH

Nos bons tempos, cuidado! (inscrição)

O pintor holandês Jan Steen (c.1625-1679) estudou com Nicolaes Knüpfer, Adriaen van Ostade e Jan van Goyen, tendo se casado com Margaretha van Goyen, filha do último mestre. Fez parte da Guilda de São Luca de Leiden. É tido como um dos importantes pintores holandeses do século XVII. Sua obra é vasta e diversa, na qual se incluem trabalhos narrativos e alegóricos, paisagens — apesar de poucas — e retratos, mas seu gênero predileto eram as pinturas de gênero. É visto como um grande observador e o mais vivaz dentre os grandes pintores holandeses de interiores.

A composição intitulada O Mundo às Avessas, também conhecida como Licenciosidade ou Cuidado com a Luxúria, é uma obra de suas obras. Os dois últimos títulos devem-se à inscrição em holandês, vista no pequeno painel, à direita, apoiado no degrau que exorta a acautelar-se nos bons tempos. O primeiro título, contudo, é mais adequado, pois o pintor não trazia consigo uma atitude moralizadora. O cenário é parecido com o de um palco de teatro.

O artista com seu bom humor apresenta um agrupamento compacto, onde se destaca uma série de episódios em torno do eixo central, um jovem casal bêbado e com postura imprópria, mas muito bem vestido. Eles estão assentados em primeiro plano.

Nada parece ser aleatório nesta festa sem controle que acontece numa casa simples e que foi transformada num caos. Tudo parece de cabeça para baixo no ambiente em volta dos dois amantes embriagados que ocupam o centro da composição. Vejamos alguns acontecimentos:

  • o cão encontra-se sobre a mesa, comendo a torta de carne de um prato quebrado;
  • o bebê segura o colar de pérolas da mãe, enquanto sua tigela cai ao chão;
  • o pato está sentado nos ombros de um dos convidados que lê um livro;
  • o macaco brinca com os pesos do relógio na parede;
  • o porco traz na boca a torneira do barril de vinho;
  • a criança, próxima à criada que dorme, brinca com um cachimbo;
  • a garotinha mexe no armário, subtraindo uma moeda de uma bolsa;
  • a criada embriagada dorme em sua cadeira sem se importar com a casa;
  • o dono da casa sucumbe ao charme da mulher que segura uma taça de vinho tinto entre suas pernas;
  • a mulher de pé, atrás da cadeira, segura o braço do dono da casa e chama a sua atenção;
  • o cesto de vime, cheio de coisas esquisitas (muletas, sino usado pelos leprosos, uma espada…) está dependurado no teto.

Embora Jan Steen não fosse um moralista, alguns veem na pintura uma alusão a certos provérbios holandeses.

Ficha técnica
Ano: c.1665
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 105 x 145 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fonte de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
Obras-primas da pintura ocidental/ Taschen
https://artsandculture.google.com/asset/beware-of-luxury-%E2%80%9Cin-weelde-siet-

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Mantegna – A MADONA DOS QUERUBINS

Autoria de Lu Dias Carvalho

O painel Madona dos Querubins, também conhecido por Madona e Criança com um Coro de Querubins, é uma obra do pintor italiano Andrea Mantegna (1431-1506), considerado um dos artistas mais importantes do início do Renascimento. Foi aluno de Francesco Squariciona. As esculturas de Donatello e as pinturas de Andrea del Castagno e Jacopo Bellini exerceram grande influência sobre ele. Trabalhou na Corte dos Gonzagas em Mântua. Sua obra destaca-se pela exatidão anatômica das figuras, pelos ricos detalhes e pela perspectiva perfeita, influenciando não apenas pintores italianos, mas também os  do norte dos Alpes.

A belíssima composição de Mantegna mostra a Virgem Maria e seu Menino ocupando o centro da pintura, sob um céu azul, cheio de nuvens. Rodeiam-nos 13 querubins, sendo que da maioria deles são vistas a cabeça e as asas. Eles trazem a boca aberta, cantando louvores à Virgem e a seu Filho. Encontram-se rodeados por flocos de nuvens. O último anjo, à esquerda, é o único a mirar o observador.  Muitos deles têm os olhos voltados para o  alto.

A Virgem Maria, usando um vestido vermelho, com um manto azul escuro sobre o mesmo, abraça seu Menino e traz a cabeça inclinada para baixo, como se encontrasse alheia ao momento. Seu semblante denota preocupação. O Menino, nu, de pé em seu colo, enlaça o pescoço da Mãe e traz os olhos voltados para cima.

A composição em destaque mostra a influência de Giovanni Bellini sobre Andrea Mantegna, inclusive chegou a ser atribuída ao segundo, até a sua restauração em 1885. Faz parte da terceira idade do pintor. Há na pintura serafins e querubins, conforme mostram as cores das asas. Todos fazem parte da primeira esfera da hierarquia angelical, mas possuem funções diferentes. Fotografias antigas, tiradas antes de a pintura ser restaurada, apresentam um quadro totalmente diferente deste.

Ficha técnica
Ano: c. 1845
Técnica: painel
Dimensões: 70 x 88 cm
Localização: Museu de Brera, Milão, Itália

 Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Correggio – JÚPITER E ANTÍOPE

Autoria de Lu Dias Carvalho

jupeaA composição Júpiter e Antíope é uma obra mitológica do pintor italiano Correggio. O artista baseou-se na lenda grega que narra a história de Antíope – princesa de Tebas –, dona de uma beleza que fascinava quem a visse, tendo o próprio Júpiter sucumbido a seus encantos. Correggio compôs uma tela de extrema sensualidade.

O artista retrata o momento em que Júpiter – o pai de todos os deuses – transforma-se em um sátiro para seduzir a bela Antíope que se encontra dormindo num bosque, debaixo de uma árvore, ao lado do pequeno Cupido – deus do amor.

Enquanto a jovem e o pequeno deus dormem sob uma intensa luz que ilumina seus corpos, o deus dos deuses emerge, à esquerda, da parte escura do bosque, parando estupefato diante da lindeza da jovem. Ele toma nas mãos parte do manto azul que se encontra sob a cabeça da mulher. A presença de Cupido, dormindo ao lado de Antíope, que parece sonhar, reforça a ideia dos desejos libidinosos que Júpiter traz em relação à jovem princesa. Ao fundo, a vegetação escura dá maior projeção aos personagens.

Alegam alguns estudiosos de arte que o nome correto da obra seria Vênus e Cupido com um Sátiro, e trata-se de uma alegoria.  Presumem eles que esta alegoria do amor terreno era acompanhada de outra, denominada “A Escola do Amor” que celebrava o amor celestial.

Vejamos, então, sobre esta ótica:

A tocha flamejante que se vê entre Cupido e a mulher que se encontra dormindo é na verdade um atributo de Vênus, a deusa do amor. A tocha e as setas são também um atributo de Cupido – filho de Vênus – mostrando que o amor faz arder as pessoas acometidas por ele, afetando-as, mesmo que se encontrem distantes.

Cupido, ao lado de sua mãe, encontra-se dormindo profundamente sobre a pele de leão – símbolo da força que ganhara de sua vitória sobre Hércules – e sobre seu arco vermelho. Do lado direito da deusa está sua aljava. Vênus, por sua vez, dorme profundamente, com o braço direito em volta da cabeça e o esquerdo descansando sobre o arco vermelho de Cupido. Seu corpo nu é de grande beleza, com a pele sedosa e branca a irradiar luz.

O sátiro – criatura metade homem e metade bode – postado atrás da deusa é tido na mitologia greco-romana como perseguidor das ninfas e participantes das bacanais do deus Baco, sempre afeito aos desejos do sexo. Ele levanta parte do manto azul sobre o qual a deusa encontra-se dormindo, o que faz sombrear sua cabeça, pescoço e braço direito.

Na mitologia greco-romana não há nenhuma história referente a Vênus ser violentada por um sátiro, portanto, esta pintura deve ser vista mais como uma alegoria do que como uma história mitológica. Segundo estudos, o nome recebido por ela, no século 17, era “Venerie Mundano” (Terrena Vênus), dando ênfase ao amor carnal.

Quer seja Júpiter e Antíope ou Vênus e Cupido com um Sátiro, o fato é que esta composição de Correggio tem colecionado admiradores em todos os tempos. A pele sedosa da jovem como se expelisse luz interior, nunca fora antes vista na pintura. Outro motivo de encantamento é o modo como o artista apresentou a beleza feminina.

Ficha técnica
Ano: c. 1524
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 188 x 125 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Correggio/ Editora Abril

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El Greco – A ANUNCIAÇÃO

 Autoria de Lu Dias Carvalho

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Não temas, pois achaste graça diante de Deus. Hás de conceber no teu seio e dar à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus. Será grande e vai se chamar Filho do Altíssimo. O Senhor Deus vai lhe dar o trono de seu pai Davi, reinará eternamente sobre a casa de Jacó e o seu reinado não terá fim.(Lucas)

O pintor espanhol El Greco pintou diversos quadros sobre a Anunciação, tema presente ao longo de toda sua trajetória artística. A pintura em questão encontra-se no Museu de Arte de São Paulo, ou seja, em nosso país. O artista representou em sua obra as figuras mais importantes dentro da temática da “Anunciação”: a Virgem Maria, o arcanjo Gabriel e a pomba branca que simboliza o Espírito Santo.

A Virgem Maria, bela e tranquila, com a cabeça virada em direção ao anjo, está ajoelhada diante do altar, segurando com a mão esquerda um livro aberto que se encontra sobre o genuflexório, enquanto ergue a mão direita acima de seu ombro, como aceitação do que acabara de ouvir. Seu vestido vermelho alude à Paixão de Cristo. O manto azul que desce sobre esse simboliza proteção e fidelidade. Sua cabeça está envolta num véu branco, simbolizando a modéstia e outras virtudes. Umas das orelhas descobertas possivelmente é uma referência ao ato de ouvir a mensagem divina.

Fugindo à maioria das representações sobre tal temática, o anjo mensageiro encontra-se à esquerda da Virgem e não de frente para ela. Ele possui as feições de um menino e flutua sobre uma pesada nuvem. Seu corpo está levemente inclinado em direção à Virgem. Usa uma vestimenta amarela, cor da eternidade, com mangas brancas, cor da pureza. Na mão esquerda, que desce sobre o corpo, traz um ramo de lírios brancos, símbolo da pureza e da inocência de Maria. Ele a saúda com a mão direita erguida. Suas asas escuras estão abertas, como se ainda estivesse em voo.

A pomba branca paira entre a Virgem e o arcanjo em meio a um grande feixe de luz no centro da composição. Ela está voltada na direção de Maria e sua luz também se reflete sobre ela, iluminando seu rosto e suas vestes. Aos pés da Virgem encontra-se um cesto de costura com um tecido branco e uma tesoura. Refere-se ao “tecer do véu do Templo”, mencionado pelo Evangelho de João e também à sua modéstia.

Na parte inferior do quadro, à direita, está um vaso com um ramo dentro, queimando em chamas que não o consomem, tal qual a sarça ardente de Moisés, elemento raro em representações da Anunciação. O segundo plano da composição, indefinido, sugere a forma de nuvens entrecortadas por luzes místicas. É bastante escuro, o que confere mais destaque e dramaticidade ao lampejo divino e à iluminação que dele se origina.

O observador fica com a sensação de que está contemplando a obra de baixo para cima, como se a Virgem e o arcanjo estivessem flutuando. As duas figuras longilíneas, se olhadas separadamente, parecem com a forma e o movimento de uma vela. Neste quadro o artista mostra a beleza de seu expressionismo fulgurante de luzes e cores.

Ficha técnica:
Data: c.1600
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 107 x 74 cm
Localização: Museu de Arte de S. Paulo, SP, Brasil

Fontes de pesquisa:
El Greco/ Editora Girassol
Pintura na Espanha/ Cosac & Naify Editora
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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