Arquivo da categoria: Pinacoteca

Pinturas de diferentes gêneros e estilos de vários museus do mundo. Descrição sobre o autor e a tela.

Mestre de Flémalle – ANUNCIAÇÃO

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição intitulada Anunciação é uma obra do Mestre de Flémalle, pintor flamengo. Há um grande consenso na opinião acadêmica de que ele deve ser identificado como sendo o pintor Robert Campin (c.1375 – 1444) que foi o principal pintor de sua época em Tournai, mas cujas imagens documentadas não sobreviveram. Este painel – peça complementar de “Casamento da Virgem” – foi recortado embaixo. Alguns atribuem esta obra a Roger van der Weyden, aluno de Robert Campin, e outros a Jacques Daret.

A composição mostra a Virgem Maria sentada sobre almofadas vermelhas, absorta em seu livro de orações, recebendo a visita do anjo Gabriel para contar-lhe que será a mãe do Salvador. Ela veste um rico e volumoso manto azul, com acabamento em dourado.  Um halo resplandecente envolve sua cabeça. O anjo de longos cabelos cacheados usa um suntuoso manto vermelho e traz no rosto um semblante de alegria.

A cena da visitação acontece na ala de uma igreja gótica, com vãos arqueados e entrecruzados no interior. Na parte exterior são vistos um arco semicircular e uma torre românica espiralada, sendo que ao fundo são avistadas paredes e torre. Trata-se de uma refinada construção, abundante em luz, com belas formas arquitetônicas. Cada figura foi postada dentro de um espaço de igual equivalência, estando a Virgem na parte interior e o anjo na exterior. A nave da igreja está ornamentada como se  fosse a de um interior doméstico, inclusive dela fazem parte almofadas vermelhas e um armário, entreaberto com objetos.

Ficha técnica
Ano: 1440/1450

Técnica: têmpera sobre madeira
Dimensões: 76 x 70 cm
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

Fonte de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Ticiano – A NINFA E O PASTOR

Autoria de LuDiasBH

O pintor Ticiano Vecellio (1490 – 1576), também conhecido como Tiziano, Titian ou ainda como Titien, encontra-se entre os grandes nomes da pintura italiana. Ainda pequeno, retirava suco de flores para desenhar toalhas e lençóis. O pai, Capitão Conte Vecellio, reconhecendo o pendor artístico do filho, envia-o para Veneza, acompanhado do irmão mais velho. Ali é apresentado por um tio aos mais importantes pintores venezianos da época.  Passa pelas mãos de Gentile Bellini e depois nas de Giorgione que o acolhe com entusiasmo. Sorve com tanto interesse os ensinamentos de Giorgione que, com 20 anos incompletos, tem uma de suas pinturas confundida com a obra do mestre. Oportunidade em que o aluno percebe que não existe mais nada a ser aprendido com ele e passa a caminhar por conta própria.

A composição pastoral intitulada A Ninfa e o Pastor é uma obra-prima do artista e uma criação de seus anos avançados, quando passou a ter uma inspiração mais universal. O tema torna-se simplificado, enquanto a perspicácia psicológica é ampliada pelo pintor. Para uma melhor apreciação da obra, ela deve ser vista de longe, pois de perto os contornos mostram-se borrados, principalmente em relação à paisagem vista ao fundo. Trata-se de uma das últimas obras de Ticiano.

A cena amorosa entre a ninfa e o pastor está carregada de grande expressividade. Apresenta um pastor sentando debaixo de uma árvore, preparando-se para tocar flauta para a ninfa que ali se encontra deitada, nua, sobre uma pele de pantera. Ele vira sua cabeça para ela que, de costas, olhando acima do ombro direito, volta-se para o observador, parecendo sorrir. Ao fundo, à direita, um bode tenta galgar uma árvore sem parte do tronco. A pele e o bode simbolizam a luxúria.

Ficha técnica
Ano: c.1570
Técnica: óleo sobre tela (reduzido nos lados)
Dimensões: 150 x 186,5 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://artsandculture.google.com/asset/nymph-and-shepherd/CQH3EE_tKa4zWw

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Jacopo da Empoli – SUZANA NO BANHO

Autoria de Lu Dias Carvalho

O artista Jacopo da Empoli, também conhecido como Jacopo Chimenti (1551 – 1640), foi um pintor italiano reformista, formado no círculo de Andrea del Sarto. Era irmão de Domenico Chimenti que também era pintor. Foi aprendiz de Mazo da San Friano em sua loja e professor de Giovanni Battista Brazzé, Giovanni Gattista Vani e de Virgilio Zabelli, dentre outros artistas. Trabalhou principalmente em Florença, cidade onde nasceu, tendo inspirado suas pinturas nos mestres do século XVI.

A composição Susana no Banho é uma obra do artista. Suzana encontra-se no fundo de uma suntuosa vila urbana, prestes a tomar banho na piscina de seu suntuoso jardim. Uma de suas servas está desatando a manga de seu vestido  – na época, as mangas eram soltas em relação ao corpo da roupa – enquanto a outra criada, ajoelhada no chão, segura uma cesta com toalhas. O artista postou as figuras das três mulheres à esquerda, deixando livre a parte direita da pintura que mostra o rico jardim e a parte de cima de duas edificações, assim como os dois velhos à esquerda.

A bela Suzana usa os cabelos presos em tranças, adornados com pérolas, e veste um rico vestido amarelo com mangas compridas na cor verde. Ela acompanha a ação da criada que a prepara para o banho com o olhar. Enquanto isso, os dois velhos libidinosos – juízes e membros respeitados da comunidade – conhecidos de seu rico esposo, encontram-se escondidos atrás das árvores, à direita, aguardando o momento propício para agirem, ou seja, quando as escravas da bela mulher não mais estiverem ao seu lado. Uma luz abstrata banha a composição.

Esta pintura religiosa (livro bíblico de Daniel) – tema muito retratada na história da arte e cheia de simbologia – traz um cãozinho em primeiro plano, simbolizando a fidelidade de Suzana a seu esposo Joaquim.

Ficha técnica
Ano: 1600
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 229 x 172 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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Bronzino – A SAGRADA FAMÍLIA COM…

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor italiano Agnolo Bronzino (1503 – 1572), também chamado de Agnolo di Cosimo ou Agnolo Tori, é um dos mais conhecidos representantes do Maneirismo florentino. Teve como mestres os artistas Raffellino del Garbo e Jacopo Pontormo, sendo posteriormente influenciado por Michelangelo, tendo conhecido suas obras em sua visita a Roma. Foi pintor da corte da poderosa família Medici. Pintou temas religiosos, alegóricos e, sobretudo, retratos da corte italiana.

A composição pastoral intitulada A Sagrada Família com Sant’Ana e o Infante S. João  é uma obra do artista que mostra a influência recebida do mestre Jacopo Pontormo. A cena mostra a Virgem com seu Menino Jesus e o pequeno João Batista, ladeada por Sant’Ana e São José. Todos estão voltados para Jesus Menino.

Maria mostra-se muito jovem. Usa um vestido rosado, com um manto azul-escuro que lhe cobre as costas e o braço direito. Sobre os cabelos dourados ela traz um véu transparente que desce até o colo e fecha-se com um laço. Segura o pequeno Jesus, nu, sentado sobre um pano branco, numa pequena cadeira. Ele se volta para o observador, fitando-o, enquanto segura uma avezinha (símbolo da alma) nas mãos. João Batista – também criança – nu, entrega uma maçã (símbolo do pecado e da redenção) ao Menino Jesus. À esquerda de João está uma cruz, elemento que faz parte de sua simbologia e lembra a Paixão de Cristo.

Ao fundo desenrola-se uma paisagem onde são vistas algumas construções. O céu mostra-se cor de chumbo. Um foco de sol destaca o verde-escuro dos campos, castelos e fortificações. O pintor fez outra pintura bem parecida com esta, embora mais formal, e que se encontra no Louvre. A réplica é fiel a quase todos os detalhes (nela São José mostra-se mais velho), mas mostra um tipo diferente de relacionamento entre a família e a paisagem.

Ficha técnica
Ano: c.1500
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 124,5 x 99,5 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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Dürer – O MARTÍRIO DOS DEZ MIL

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor Albrecht Dürer (1471 – 1528) foi o primeiro artista alemão a preocupar-se com o real, ou seja, com o homem e a natureza, usando o método científico que tinha por base a observação e a pesquisa. Foi gravador, ilustrador, cientista, desenhista e pintor, responsável por trazer o Renascimento para a Alemanha. Embora fosse um homem muito religioso que pendia para o misticismo, era dono de uma curiosidade ilimitada. Procurava compreender a aparência de todas as coisas perceptíveis através dos sentidos. Estava sempre em busca do novo. Era filho de um renomado mestre. A profissão do pai foi muito importante para que ele se enveredasse pelo caminho da arte, pois, naquela época, os ourives encontravam-se entre os mais importantes artesãos. Seus estúdios serviam de encontro para intelectuais e endinheirados.

A composição intitulada O Martírio dos Dez Mil é uma obra do artista, encomendada por Frederico, o Sábio, possuidor de relíquias do massacre e também patrono de Dürer. Foi inspirada na chacina de dez mil cristãos (pode ter sido uma lenda), ordenada por Saporat I, rei da Pérsia, no ano de 343, que mandou executar o bispo de Selêucia, Ctesifonte, Primaz da Igreja Persa, juntamente com cem outros bispos e muitos cristãos seus seguidores, no Monte Ararat, obedecendo ordens de Adriano e Antônio, imperadores romanos.

São muitas as figuras vistas num espaço tão pequeno. É admirável o modo como o pintor organizou as inúmeras cenas ali presentes. Ele diminuiu todos os elementos do quadro, como se fossem miniaturas. O uso da cor é vibrante, embora limitado. A cor usada nas árvores demonstra a grande sensibilidade do artista.

À esquerda, em primeiro plano, Cristo crucificado e coroado com espinhos acompanha toda a carnificina. À esquerda, mais centralizado, encontra-se o bispo de Selêucia, acorrentado, vestido de branco, usando sua imponente mitra. À direita, o velho e barbudo rei, retratado como um sultão otomano, usa roupas vermelhas com dourado e um enorme turbante branco. Ele segura o cetro na mão direita e encontra-se montado num cavalo escuro, ricamente arreado, acompanhando a cena da matança. Os comandantes da chacina também usam vistosas roupas otomanas.

Comum à época era o fato de o artista se retratar na sua obra. Albrecht Dürer retratou a si mesmo no centro da pintura, ao lado de seu amigo humanista Conrad Celtes, ambos vestindo roupas escuras, como se tivessem alheios aos acontecimentos. Ele carrega uma bandeira amarela com a inscrição em latim que indica o seu nome e a data em que a obra foi criada.

Esta composição havia sido usada pelo artista numa xilogravura, cerca de dez anos antes, mas ao pintá-la, retirou cenas muito fortes, como a tortura a que foi submetido o bispo, tendo os olhos arrancados por uma broca. No lugar, ele pintou a crucificação e o bispo acorrentado. Mesmo assim o quadro é muito chocante.

O artista retratou a cena dentro de uma floresta com clareira e penhascos. Ali são vistos, em primeiro plano, decapitações, esmagamento do crânio com um martelo e crucificações. Até mesmo uma criança – presente no canto inferior direito da tela – presencia as atrocidades. Ao fundo, os prisioneiros são atirados de um penhasco em meio a rochas e arbustos espinhosos. São vistas também cenas de lutas, apedrejamentos e esmagamentos com paus.

Ficha técnica
Ano: entre 1508
Técnica: óleo sobre tela (transferido de madeira)
Dimensões: 99 x 87 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://www.wikiart.org/en/albrecht-durer/virgin-and-child-holding-a-half-eaten-pear-
https://artsandculture.google.com/asset/portrait-of-a-young-venetian-woman/
https://www.wga.hu/html_m/d/durer/1/06/6martyr.html

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Lucas Cranach, o Velho – JUDITH COM A CABEÇA…

Autoria de Lu Dias Carvalho

O xilogravurista e pintor renascentista alemão Lucas Cranach, o Velho (1472 – 1553), possivelmente teve o pai como professor. Participou em Viena dos círculos humanistas. Trabalhou como pintor na corte de Wittenberg, com Frederico, o Sábio. Ali comandou uma grande oficina. Sua posição tinha tanto destaque na cidade que alguns anos depois, ele se tornou conselheiro e, posteriormente, seu presidente, tornando-se um dos homens mais ricos do lugar. Contribuiu enormemente para o desenvolvimento da pintura no sul da Alemanha, sendo considerado fundador da Escola do Danúbio. Durante uma das viagens à Holanda, ele recebeu inspiração das pinturas italianas e holandesas.

A composição intitulada Judith com a Cabeça de Holofernes, tema bíblico comum a muitos outros pintores, é uma obra do artista. A figura da mulher toma grande parte da tela, surgindo de um fundo preto que lhe dá ainda mais destaque. O cabelo avermelhado da personagem desce pelas costas e ombros. Sua pele é rosada. Ela usa ricas roupas de cortesã em que predomina a tonalidade vermelha e traz no pescoço três diferentes e luxuosos colares. Um grande chapéu de veludo vermelho, inclinado, enfeitado com plumas, cobre o topo de sua cabeça.

O rosto de Judith, heroína hebreia, parece demonstrar certo ar de perversidade e satisfação ao apresentar a cabeça decepada do general assírio Holofernes. Ela traz as mãos enluvadas, mas ainda assim enrola em torno delas um lenço com o qual suspende a cabeça do inimigo  responsável por sitiar sua cidade. Na mão direita traz a espada que usou para decapitar o inimigo de seu povo.

A cabeça ensanguentada e já azulada de Holofernes está voltada para o observador, mostrando as partes internas de seu pescoço. Seus olhos estão semiabertos. Seus cabelos e barbas são cacheados. Não há sequer um respingo de sangue nas vestes imaculadas da heroína. Nem mesmo na lâmina usada para cometer o crime há sangue.

Lucas Cranach, o Velho, e os ajudantes de sua oficina produziram várias versões dessa conhecida composição que apresenta a tenebrosa cabeça do general e a beleza serena da heroína bíblica, o que mostra o sucesso deste tipo de composição, do qual surgiram inúmeras réplicas e variantes. No canto inferior direito da tela encontra-se a insígnia do artista: uma serpente alada com um anel em sua boca.

Ficha técnica
Ano: c.1530
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 87 x 56 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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