Autoria de Lu Dias Carvalho
O pintor e arquiteto italiano Bramantino (1465 – 1530), cujo nome de batismo era Bartolomeo Suardi, foi muito famoso em Milão, cidade onde nasceu. É provável que tenha tido como mestre Bernardino Butinone, pintor renascentista. Recebeu influência da escola lombarda e do italiano Leonardo da Vinci, principalmente em relação ao “sfumato”, que consistia em esfumar o contorno dos elementos da pintura, através de uma sutil gradação de cores. Durante o tempo em que esteve em Roma, Bramantino foi ajudante do arquiteto e também pintor Donato Bramante, em vários edifícios. Trabalhou para a corte do Duque Francisco II Sforza. Ficou famoso por desenhar 12 alegorias relativas aos meses para um conjunto de tapeçarias, hoje inclusas entre as obras-primas da tapeçaria italiana. De sua oficina saíram grandes nomes da pintura, dentre os quais podem ser citados Gaudenzio Ferrari e Bernadino Luini. Em seus últimos anos de vida, sua obra passou a receber influência do Maneirismo.
A gigantesca pintura denominada Crucificação, obra do artista acima citado, deixa visível a influência maneirista no seu trabalho. Nela, inúmeras figuras austeras estão dispostas na frente de um cenário de uma cidade imaginária. É uma das últimas composições do artista. A cena representada é visivelmente abstrata.
Cristo, em sua cruz de madeira, encontra-se no meio da composição, tendo o corpo voltado para o observador. Ele está ladeado pelos dois ladrões, também cruciados. Suas cruzes encontram-se de perfil. Ambos estão voltados para o centro da pintura. O espaço, aberto entre eles e Jesus Cristo, leva ao fundo da pintura, onde se vê uma cidade imaginária, repleta de edifícios clássicos, que se erguem sob um céu crepuscular.
O sol e a lua aparecem sob o céu azul, estando o primeiro à esquerda e a segunda à direita da cruz de Cristo. Estão representados como rostos sofridos, rodeados por um meio círculo de nuvens brancas. Mais abaixo, à altura do tronco de Jesus, ajoelham-se, sobre um manto de nuvens, duas figuras representando um anjo, vestido de vermelho, e o demônio, despido e com asas escuras. A simetria existente no segundo plano é mais estruturada do que aquela vista no grupo que compõe o primeiro plano.
A postura da Virgem Maria, à esquerda, forma um círculo, ao unir-se aos santos, que fecham o círculo com as mãos que se cruzam. Um deles tem o seu olhar voltado para o observador, enquanto o outro se volta para a Mãe Dolorosa. Por sua vez, envolta por um manto vermelho, Maria Madalena ergue os braços para abraçar a cruz, onde se encontra Cristo. Um jovem apóstolo enxuga as lágrimas com seu manto. Todas as figuras humanas estão descalças.
Apenas o Mestre está crucificado, ou seja, pregado à cruz. Os dois ladrões estão amarrados com cordas. Uma caveira, representando a morte (momento mori), encontra-se diante da cruz de Jesus Cristo, ladeada pelo grupo que assiste à crucificação.
Ficha técnica
Ano: c.1515
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 372 x 270 cm
Localização: Museu de Brera, Milão, Itália
Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
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