Arquivo da categoria: Pintores Brasileiros

Informações sobre pintores brasileiros e descrição de algumas de suas obras

Tarsila – OPERÁRIOS

Autoria de Lu Dias CarvalhoTarsila123456

Ela, como artista, colocara-se marginalmente à camada social a que pertencia. Isto sem jamais deixar de ser individualizada na sua criação e no seu esforço. Sua personalidade continuou a mesma. (Patrícia Galvão/ Pagu)

Até então a pintora Tarsila do Amaral era dona de uma invejável situação financeira, mas em 1930, com a crise mundial iniciada em 1929, ela se viu numa situação precária. Nessa época já vivia com o psiquiatra Osório César. Foi nesse período que conheceu o socialismo e fez uma viagem à União Soviética, onde realizou uma exposição no Museu de Arte Moderna Ocidental, tomando ciência dos problemas sociais. Compra vários cartazes soviéticos. Ao regressar, foi presa por um período de um mês por participar de reuniões de esquerda e por ter feito uma viagem a um país comunista. Para se manter a artista recebeu encomendas de retratos, fez ilustrações e começou a escrever para jornais.

A ida à União Soviética e o contato com a esquerda despertou na artista – que sempre fizera parte da elite do país – preocupações sociais. Foi nessa época, 1933, que realizou suas duas importantes obras sociais: Operários (a primeira tela de teor social no Brasil) e Segunda Classe, expostas no Primeiro Salão Paulista de Belas Artes. Nessas composições ela não mais usa os tons exuberantes e alegres de sua fase Pau-Brasil e nem a densidade da fase  Antropofágica. Tampouco demonstra qualquer tipo de ânsia ou agitação.

Na sua composição Operários, a artista não se deixa inebriar pelo mundo novo que a industrialização traz. Tarsila usa tons acinzentados, tanto para o rosto como para a paisagem de fundo, onde está visível a fábrica com seus escritórios e suas chaminés, uma delas soltando fumaça. Um certo embaçamento parece cobrir toda a composição piramidal. A maioria dos retratados são desconhecidos, segundo a artista, seu objetivo era retratar uma diversidade de gêneros, etnias e idades.

As cabeças dos operários formam uma pirâmide, que parte da base da tela e vai até a parte superior. É composta pela cabeça de 51 operários, entre homens e mulheres das mais diferentes regiões do país, idades e etnias, alguns filhos da terra e outros imigrantes. Segundo a artista, ela usou fotografias para pintar alguns rostos, enquanto outros foram pintados de memória.

Todos os trabalhadores estão sérios, sem nenhum laivo de alegria, além de aparentarem cansaço. São vistos meramente como números, massificados, numa identidade única. A época condizia com a industrialização brasileira, principalmente em São Paulo. Era o governo de Getúlio Vargas. Esta pintura é uma das mais estudadas nas escolas do país, além de ser vista em concursos e vestibulares. Abaixo o comentário do leitor Kevin:

O quadro “Operários”, pintado por Tarsila do Amaral em 1933, retrata inúmeras etnias: negros, pardos, brancos, judeus, orientais, índios, europeus, asiáticos e latino americanos, de classes trabalhadoras vindas de várias partes do Brasil e de todo mundo para o trabalho nas indústrias, algo que contribuiu para o desenvolvimento industrial do nosso país. É uma arte genuinamente verde-amarela, um verdadeiro painel de nosso povo, o mesmo povo que veio dos quatro cantos do mundo para o trabalho industrial em nossas fábricas, que começavam a transformar a paisagem brasileira. É um grande marco na obra de Tarsila. “Operários” funciona como ponto de início para falar do surgimento das grandes cidades brasileiras. Ele reflete sobre a disciplina de artes e língua portuguesa, portanto, diversos professores usam essa obra, a fim de que os alunos descubram qual é a etinia de cada trabalhador. A mensagem, porém, não é mais de beleza reluzente. É de miséria e dor. Cada um deles exibe, de modo marcante, a sua própria tristeza. Algumas delas, a artista constrói, inclusive, com base nos traços de pessoas conhecidas. Há força em cada uma dessas expressões que fitam, de frente e corajosamente, o espectador.

Ficha técnica
Ano: 1933
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 150 x 205 cm
Localização: Acervo dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Tarsila do Amaral/ Coleção Folha
Tarsila do Amaral/ Folha Grandes Pintores
Tarsila, sua obra e seu tempo/ Aracy. A. Amaral

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Tarsila – PESCADOR

Autoria de Lu Dias Carvalho

Tarsila123   (Faça o curso gratuito de História da Arte, acessando: ÍNDICE – HISTÓRIA DA ARTE)

Quando esteve na Rússia, acompanhada de seu companheiro Osório César, Tarsila do Amaral fez uma exposição no Museu de Artes Ocidentais, situado em Moscou, apresentando 18 de suas obras. Oportunidade em que o museu acabou adquirindo sua composição Pescador por uma quantia bem considerável. De Moscou a sua obra foi para o Museu Hermitage em São Petersburgo/Rússia.

A obra intitulada O Pescador é um festival harmonioso de cores, onde predominam as formas retangulares e ovaladas. As pedras dentro do lago possuem tons lilases e rosados. O pescador — única figura humana presente na composição — está sentado sobre uma pedra lilás, já tendo pescado seu peixe. À frente dele está um pé de caraguatá e, logo atrás, uma pequena moita verde. O lago é calmo e suas águas são bem azuis. Trata-se de uma paisagem genuinamente brasileira.

Nove casinhas com suas janelas fechadas estão presentes na composição. Atrás delas é possível ver folhas de bananeiras e copas de árvores. Atrás dos troncos eretos de sete palmeiras estão as montanhas azuladas.

Ficha técnica
Ano: 1925
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 66 x 75 cm
Localização: Acervo do Museu Hermitage, São Petersburgo, Rússia

Fonte de pesquisa
Tarsila do Amaral/ Coleção Folha

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Tarsila – CARTÃO POSTAL

Autoria de Lu Dias Carvalho

Tarsila123456789   (Faça o curso gratuito de História da Arte, acessando: ÍNDICE – HISTÓRIA DA ARTE)

A composição Cartão Postal, obra da artista brasileira Tarsila do Amaral, retrata a cidade do Rio de Janeiro, nosso mais belo cartão postal, cantada em verso e prosa em todo o mundo. O macaco presente na pintura, com um filhote nas costas, é um bicho antropofágico, que simboliza a antropofagia do Movimento do qual participava a pintora.

A obra Cartão Postal faz parte da Fase Antropofágica da pintora, considerada a mais importante de sua carreira. Dessa fase também são as obras Abaporu (1928), O Lago (1928), O Ovo (1928), A Lua (1928) e Antropofagia (1929).

O movimento antropofágico foi liderado por seu marido à época, Oswald de Andrade, e iniciado com o quadro Abaporu da pintora, já visto no blog. O objetivo desse movimento era apreender a arte estrangeira, principalmente a europeia, degluti-la e dessa pasta, criar uma arte que fosse o mais brasileira possível.

Ficha técnica
Ano: 1929
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 127,5 x 142,5 cm
Localização: Coleção particular

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Tarsila – ESTRADA DE FERRO CENTRAL DO BRASIL

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Encontrei em Minas Gerais as cores que adorava em criança. Ensinaram-me depois que eram feias e caipiras. Segui o ramerrão do gosto apurado… Mas depois me vinguei da opressão, passando-as para minhas telas: azul puríssimo, rosa violáceo, amarelo vivo, verde cantante, tudo em gradações mais ou menos fortes, conforme a mistura de branco. Pintura limpa, sobretudo, sem medo de cânones convencionais. Liberdade e sinceridade, certa estilização que adaptava à época moderna. Contornos nítidos, dando a impressão perfeita da distância que separa um objeto de outro. (Tarsila do Amaral)

A composição Estrada de Ferro Central do Brasil, obra de Tarsila do Amaral, deu-lhe o Prêmio Aquisição da I Bienal Internacional de São Paulo (1951). Foi pintada após a sua visita ao estado de Minas Gerais em companhia de um grupo de amigos modernistas e do poeta Blaise Cendrar.

A artista apresenta em sua composição uma cidadezinha do interior com suas casinhas simples, incluindo uma igrejinha branca, ao alto, à esquerda. Estão presentes coqueiros e outras espécies de árvores, bem espalhadas pelo local. Nela já estão presentes os sinais da modernização das cidades do Brasil, com destaque para a antiga Estrada de Ferro Dom Pedro Segundo, que passou a ser chamada em 1890, após a proclamação da República, de Estrada de Ferro Central do Brasil. Ligava São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, caminho percorrido por Tarsila, Blaise Cendrars e outros modernistas.

A Estrada de Ferro Central do Brasil está presente nos postes de telégrafo, nas torres de eletricidade e nas pontes de metal. Chama a atenção o destaque que Tarsila dá à ponte e construções em estruturas metálicas. Também é possível perceber traços cubistas daquele que fora professor de Tasila ? Léger.

A obra é intensamente colorida, traz as superfícies lisas e o modelado das formas. Possui linhas ortogonais, diagonais e redondas. Mistura paisagem rural e urbana. A paisagem urbana está presente nos postes de eletricidade, nas imensas estruturas de ferro, nas pontes de aço e no asfalto. A referência ao meio rural é vista na arquitetura interiorana, no colorido forte das casas, na igrejinha e no chão de terra batida. Não existe figuras humanas na composição, mas elas podem estar simbolizadas por um diminuto busto branco, situado na parte mais alta da torre à esquerda, contudo a crítica de arte Maria Hirszman acredita que seja um sinal “indicando não haver lugar para o homem nesse cenário moderno”.

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Ficha técnica:
Ano: 1924
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 142 x 126,8 cm
Localização: Localização: Acervo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de S. Paulo, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Tarsila do Amaral/ Coleção Folha
Tarsila do Amaral/ Folha Grandes Pintores
Brazilian Art VII

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Tarsila – MORRO DA FAVELA

Autoria de Lu Dias Carvalho

Tarsila12345678   (Faça o curso gratuito de História da Arte, acessando: ÍNDICE – HISTÓRIA DA ARTE)

O Morro da Favela, obra da pintora brasileira Tarsila do Amaral ((1886-1973), faz parte de sua Fase Pau-Brasil, fase em que a artista mostra uma grande exuberância de cores em seu trabalho. Era a obra preferida de seu amigo Blaise Cendrars.

No ano de 1923 Tarsila do Amaral, juntamente com seu companheiro à época, Oswald de Andrade, travaram conhecimento com Blaise Cendrars (pseudônimo de Frédéric Louis Sauser, romancista e poeta suíço e francês) que com eles viajou ao Brasil e aconselhou-a a produzir composições semelhantes a esta, quando ela demonstrou seu desejo de expor em Paris. Essa exposição aconteceu em 1926. Quando a artista esteve na cidade do Rio de Janeiro ali já apareciam as primeiras favelas cariocas, o que também lhe serviu de inspiração.

A obra apresenta uma variedade de pequenas casas, umas bem próximas das outras. As fachadas são irregulares, sendo algumas bem coloridas e outras escuras. Um casal, três crianças, um cachorro e um bicho esquisito de longo bico encontram-se na rua. Numa casinha azul, situada no canto superior da tela, vê-se uma mulher à porta. A composição apresenta diferentes planos.

Dois coqueiros e uma grande árvore de copa arredonda aparecem ao fundo. Em primeiro plano encontra-se a vegetação (cactos e outros tipos de vegetação) tão peculiar à obra da artista. Vejamos as personagens vistas na pintura:

  • uma mulher negra com sua saia azul e blusa branca;
  • um homem negro também usando as mesmas cores em sua vestimenta;
  • uma mulher negra na porta de uma casinha pintada de azul;
  • uma garota subindo o morro;
  • duas crianças paradas no chão de terra batida;
  • dois animais fazem parte da cena: um cachorro farejando o chão e uma ave estranha, parecida com um pato.

À época a população pobre foi obrigada a ceder seu lugar na cidade para a revitalização dos centros. Essas pessoas foram empurradas para os morros, vivendo ali como marginais, sem direito as benesses do progresso presente nas partes ricas da cidade. Apesar de sua denúncia, o quadro da artista mostra beleza, tranquilidade e harmonia. A magia das cores presentes na tela transforma a favela num lugar idílico, como tudo que Tarsila retratava com seus pincéis.

Ficha técnica
Ano:1924
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 64 x 74 cm
Localização: coleção particular, Brasil

Fontes de pesquisa
Tarsila do Amaral/ Coleção Folha
Tarsila do Amaral/ Folha Grandes Pintores
Tarsila, sua obra e seu tempo/ Aracy. A. Amaral

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Pintores Brasileiros – TARSILA DO AMARAL

Autoria de Lu Dias Carvalho

Tarsila

Sinto-me cada vez mais brasileira: quero ser a pintora de minha terra. […] Se alguma coisa eu tenho de bom na minha arte é a sua brasilidade espontânea de 1924 para cá. (Tarsila do Amaral)

Se nas obras da fase pau-brasil são as coisas da cidade e do homem que imperam, nas da antropofagia quem manda é a mata, a floresta, o mundo da água, da planta e dos seres misteriosos. (Roberto Pontual)

As fases pau-brasil e antropofágica de Tarsila são, sem sombra de dúvida, os pontos culminantes de sua carreira como pintora e as responsáveis pela sua inscrição na história da arte no Brasil. (Aracy Amaral)

Na decoração interior das igrejas (das cidades históricas de Minas Gerais), no mobiliário, nas imagens de santos, a pintora redescobre as cores que adorava em criança: azul puríssimo, rosa violáceio, amarelo vivo, verde cantante. Utilizando essas cores, inicia a primeira fase de sua pintura, chamada “pau-brasil.”. (Olívio Tavares de Araújo)

A pintora brasileira Tarsila do Amaral (1886 – 1973) nasceu numa fazenda no interior do estado de São Paulo, no seio de uma família rica. Seus pais eram grandes cafeicultores, proprietários de inúmeras propriedades. Tarsila passou sua infância junto aos pais, seis irmãos, tios e primos, entre uma fazenda e outra. A futura pintora convivia com dois mundos sociais diferentes: aquele proporcionado pela posição privilegiada de sua família e o outro ocupado pelos trabalhadores humildes das fazendas de café.

Como a França fosse uma referência de status para os endinheirados à época,  a cultura francesa esteve presente na infância da futura pintora, desde as aulas de francês às melodias tocadas no piano pela mãe. Seus primeiros anos de escola foram passados na capital paulista, na casa de seu avô paterno. A seguir, ela foi estudar como interna, juntamente com sua irmã Cecília, num renomado colégio católico em Barcelona, na Espanha, onde descobriu sua vocação para a pintura, ao copiar uma imagem do Coração de Jesus, tendo recebido estímulos para que prosseguisse nesse campo. Antes de retornar ao Brasil, sua mãe levou-a a Paris, cidade que não correspondeu a seus sonhos. De volta à vida nas fazendas da família, acabou se casando, aos 18 anos, com seu primo materno, o médico André Teixeira Pinto, um conservador que frustrava o crescimento artístico da esposa. Da união nasceu sua única filha, Dulce. Mas diante das diferenças de interesses culturais, Tarsila e André acabaram se separando e o casamento anulado.

Em São Paulo, Tarsila começou a estudar modelagem e escultura. Depois estudou desenho e pintura com Pedro Alexandrino, época em que ficou conhecendo a pintora Anita Malfatti. Antes de prosseguir seus estudos em Paris, estudou com George Elpons, para ampliar seus conhecimentos em pintura. Em Paris, ela estudou pintura, acompanhou os acontecimentos artísticos da época, levando uma vida culturalmente rica, inclusive, teve a sua tela Retrato de Mulher exposta no Salão Oficial dos Artistas Franceses.

Dois anos depois, a pintora retornou ao Brasil, quatro meses depois de ter acontecido a Semana de Arte Moderna. Através de Anita Malfatti ficou conhecendo Menotti Del Picchia, que a apresentou aos modernistas. E com o acréscimo de Mário de Andrade e Oswald de Andrade foi formado o famoso Grupo dos Cinco, vindo Tarsila a manter um namoro secreto com o último, para não interferir na anulação de seu casamento. Mais tarde, retornou a Paris, montando ali um atelier. Ela era tida como uma mulher rica e muito elegante e, junto com Oswald, frequentou e recebeu artistas e intelectuais, sem se esquecer das tradições, cores e temas de seu país.

Ao voltar ao Brasil, cerca de três anos depois, Tarsila viajou com um grupo de modernistas brasileiros e com o poeta franco-suíço Blaise Cendrars, para conhecer o Carnaval do Rio de Janeiro e as cidades históricas de Minas Gerais, onde conheceu a escultura de Aleijadinho e a arquitetura barroca, numa “redescoberta do Brasil”. Daí nasceu a sua Fase Pau-Brasil, voltada para as cores e temas tropicais brasileiros, destacando a fauna e a flora maravilhosas de nosso país, assim como as máquinas e os trilhos, simbolizando a modernidade urbana. Sobre isso assim se expressa Olívio Tavares de Araújo, em sua obra “A Grande Dama”: “Na decoração interior das igrejas (das cidades históricas de Minas Gerais), no mobiliário, nas imagens de santos, a pintora redescobre as cores que adorava em criança: azul puríssimo, rosa violáceio, amarelo vivo, verde cantante.”. Nessa fase é visível a importância do pintor cubista Fernand Léger. Depois, ela retornou à França, onde realizou uma exposição de suas obras.

O casamento de Tarsila e Oswald foi um grande acontecimento na capital paulista. Mas não duraria muito, pois o escritor viria a se envolver com a famosa revolucionária Pagu (Patrícia Galvão), desfazendo sua união com a pintora e a deixando muito sofrida, época em que também perdeu a fazendo onde nasceu. Mas não demorou muito para que a artista vivesse um novo relacionamento, dessa vez com o psiquiatra paraibano Osório César, com quem viajou pela União Soviética, após a venda de alguns quadros, visitando vários lugares. Voltou imbuída do espírito do trabalho operário. Chegou a ser presa por participar de reuniões de esquerda e por ter ido a um país socialista. Depois de se separar de Osório, em meados dos anos 30, ela passou a viver com o escritor Luiz Martins, vinte anos mais novo do que ela, com quem veio a se casar.

Tarsila do Amaral participou da primeira fase do movimento modernista brasileiro, ao lado de sua amiga Anita Malfatti. Seu quadro Abaporu (1928) um dos mais famosos da pintura brasileira, foi responsável por inspirar o Movimento Antropofágico, idealizado por seu então marido, Oswald de Andrade. Esse movimento rezava que as influências estrangeiras deveriam ser recebidas, mas digeridas, de modo a dar à arte brasileira uma feição própria. Nesta fase predominam a mata, a floresta, o mundo da água, da planta e dos seres misteriosos. A figura do Abaporu, tido como canibal, simbolizava o movimento.

Em 1965, Tarsila e Luís acabaram se separando. Ela passou a viver sozinha. Com problemas sérios de coluna, submeteu-se a uma cirurgia, mas um erro médico deixou-a paralítica até os seus últimos dias de vida. Um ano depois, perdeu a sua filha Dulce, vitimada pela diabetes e, posteriormente a neta, afogada. A pintora aproximou-se então do espiritismo, doando à instituição administrada por Chico Xavier, seu grande amigo, parte da venda de seus quadros. A pintora faleceu em São Paulo, aos 87 anos de idade, vítima de depressão.

Fontes de pesquisa:
Tarsila do Amaral/ Coleção Folha
Brazilian Art VII
http://www.escritoriodearte.com/artista/tarsila-do-amaral/

Nota: Autorretrato (Manteau Rouge)/ 1923

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