Arquivo da categoria: Saúde Mental

Fórum para debate sobre problemas de saúde mental, com textos alusivos ao tema.

CONHECENDO O ALZHEIMER

Autoria do Dr. Telmo Diniz

 P123 (*)

Doença de Alzheimer, inicialmente descrita em 1907 pelo autor que leva o seu nome, não era diagnosticada com frequência, pois, as pessoas tinham uma expectativa de vida em torno dos 50 anos. Como esta expectativa subiu para cerca de 70 anos, ela passou a ser a principal causa de demência nas pessoas acima de 65 anos de idade.

A doença caracteriza-se por perda progressiva da memória e de outras funções cognitivas, podendo levar o doente a ficar completamente dependente do cuidado de terceiros. No Brasil, a estimativa é que exista 1 milhão de pessoas acometidas pelo mal, sendo que 5% a 10% em idosos com mais de 65 anos, 20% em pessoas com 80 anos e 47% nos que têm acima de 85 anos. Posto isto, podemos observar que a doença está intrinsecamente ligada ao envelhecimento, ou seja, quanto maior a idade maior é a possibilidade da sua incidência.

Causa ou consequência?

A teoria mais aceita atualmente como causa da doença é a da deposição de proteínas amiloides, que vão progressivamente destruindo as células cerebrais, prejudicando a memória e outras funções neuronais. Pesquisas e mais pesquisas são realizadas em todo o mundo baseadas nesta teoria. Porém, os avanços são tímidos e sem resultados expressivos para os portadores.

Para o pesquisador norte-americano Karl Herrup, presidente do Departamento de Biologia Celular e Neurociências da Universidade de Rutgers, “a deposição das proteínas é consequência e não a causa da doença“. Sua teoria foi formalizada em artigo publicado para o renomado jornal “Neuroscience”. Segundo o pesquisador, para que ocorra a progressão da doença são necessários três eventos: primeiramente, uma lesão inicial, provavelmente de origem vascular, seguida de uma reação inflamatória crônica e mantida, que gradativamente alteraria a função das células cerebrais. Ele postula que o problema não está na lesão inicial e, sim, na manutenção da inflamação local. Esta nova hipótese, da qual sou partícipe, levanta o debate das abordagens anti-inflamatórias para o Alzheimer como forma de prevenção.

Pensem comigo: se o Alzheimer é mais incidente em pessoas mais idosas com:

  • maior grau de aterosclerose,
  • menor “irrigação” cerebral,
  • menor grau de atividade física e intelectual,
  • alimentação precária em ingredientes nutricionais antioxidantes (frutas, vegetais e legumes)

essas pessoas certamente terão maior probabilidade de ter pequenas lesões cerebrais, dando início à cascata inflamatória e a sua manutenção e progressão.

Cuidados necessários
Portanto, a integridade cerebral poderia ser mantida com melhorias nos hábitos de vida desde cedo, como:

  • maior atividade intelectual,
  • atividade física regular,
  • alimentação balanceada

Atenção:
Naquelas pessoas com histórico familiar, o uso de anti-inflamatórios poderia ser considerado. O uso de substâncias anti-inflamatórias no doente com Alzheimer tem resultados controversos em diversas pesquisas. Porém, se evoluirmos nesta linha de pensamento, tenho a impressão de podermos ajudar inúmeras pessoas. E depois de tantos anos e tantas pesquisas acerca da doença, é hora de repensá-la, para que possamos ser mais criativos em futuros tratamentos.

(*) Imagem copiada de richardjakubaszko.blogspot.com

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A SÍNDROME DA FADIGA CRÔNICA

Autoria do Dr. Telmo Diniz

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Por definição, a Síndrome da Fadiga Crônica (SFC) pode ser conceituada como uma falta de energia ou um cansaço generalizado, que não está relacionada com alguma doença clinicamente detectável. É um problema mais comum entre as mulheres, podendo ocorrer em qualquer idade e pode durar de seis meses até um ano. Cerca de 50% dos casos tem alguma ligação com o estado psíquico, ou seja, é mais prevalente em pessoas estressadas, ansiosas e com depressão (atentem para este fato). Não é uma doença psiquiátrica. A SFC pode ter a entidade psiquiátrica como consequência e, não, como causa.

O diagnóstico é muitas vezes difícil para o médico, pois se trata de uma condição sindrômica, de causa ainda desconhecida, onde se deve inicialmente excluir todas as doenças que podem ter a “fadiga” ou um “grande cansaço”, sem causa aparente, como queixas principais.

Portanto, a SFC é um diagnóstico de exclusão, ou seja, após descartar outras doenças, podemos considerar a patologia em questão. Para tanto, é necessário uma boa anamnese (histórico dos antecedentes de uma doença – doenças anteriores, caracteres hereditários, condições de vida, etc), exame físico e a solicitação correta dos exames complementares para o correto diagnóstico.

Diagnóstico
É muito comum observarmos pessoas que fazem uma verdadeira via-crúcis por consultórios e hospitais, pois, a síndrome pode ser confundida com diversas outras doenças como: anemia, hipotireoidismo, doenças neurológicas, fibromialgia, depressão e outros distúrbios psiquiátricos. Como é uma condição ligada, em metade dos casos, a fatores de estresse emocional, uma forma de ajudar é na dosagem de hormônios que nos auxiliem para ver como está a condição metabólica da pessoa, que é o caso de dosar o cortisol e o DHEA no sangue. Estes dois hormônios são “marcadores” do estresse da pessoa.

Tratamento
O tratamento deve ser feito de forma individualizada, pois não há uma “receita de bolo” pronta para todos. O médico criterioso irá observar vários aspectos da vida da pessoa, como as relações familiares, com a esposa e filhos, desempenho na vida escolar e/ou profissional, hábitos alimentares e de vida social, entre outros.

Pessoas com quadros de depressão associada devem ser adequadamente tratadas. A simples alteração em hábitos alimentares, uma adequada higiene do sono associada à atividades físicas já é meio caminho percorrido. O uso de adaptógenos, que são substâncias fitoterápicas, poderá ser de grande utilidade, levando a uma melhora na qualidade de vida dessas pessoas.

Enfim, o importante é levar o paciente e suas queixas a sério, pois o impacto social e profissional pode ser determinante para essa pessoa, que muitas vezes é confundida como “preguiçosa” que não quer trabalhar estudar ou produzir. De posse do diagnóstico, o médico deve atuar como verdadeiro advogado dessas pessoas, para que não ocorram injustiças.

(*) Imagem copiada de www.feliznamedidacerta.com

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O ESTRESSE NOSSO DE CADA DIA

Autoria de Dr. Telmo Diniz

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O bom e o mau estresse

Estresse todos nós temos. Claro! Não é doença. É parte integrante e essencial para a nossa sobrevivência, para que desempenhemos bem nossas atividades rotineiras, como trabalhar, levar as crianças à escola, pagar as contas, fazer uma prova… Em síntese, precisamos de pequenas doses de estresse para “funcionarmos” melhor. O problema inicia quando a pessoa passa a não saber lidar com os chamados “fatores estressores” como pressões no trabalho, problemas financeiros, doenças na família, brigas matrimoniais, entre outros. A dificuldade de adaptação da pessoa frente aos problemas é que deve ser corrigida.

O estresse desencadeia uma série de reações hormonais no organismo, levando ao aumento do cortisol, também conhecido como hormônio do estresse. Mais energia é necessária quando o organismo está sob qualquer estresse, e o cortisol é o hormônio que faz isso acontecer. Por isso, temos que ter uma maior concentração de cortisol no sangue, logo pela manhã, com queda progressiva no decorrer do dia. Isso é o normal.

Na pessoa que está com estresse crônico, o cortisol irá se manter em níveis altos quase todo o dia. E é isto que irá provocar, com o tempo, desequilíbrios no organismo, podendo desencadear uma série de doenças, como predisposição ao diabetes, gastrite, cólon irritável, fibromialgia, piora da imunidade, propensão à hipertensão arterial, distúrbios emocionais (ansiedade, depressão, pânico etc.).

Sinais de estresse

Para saber se você tem sinais de estresse crônico, fique atento aos alertas:

  • diminuição do rendimento, erros e faltas no trabalho;
  • indecisão, julgamentos errados e atrasos de tarefas com perda de prazos;
  • insônia, sono agitado e/ou pesadelos;
  • falhas de concentração e memória;
  • coisas que davam prazer se tornam uma sobrecarga;
  • cada vez mais tempo com trabalho e menos com lazer;
  • diminuição de entusiasmo e prazer pelas coisas.
  • irritabilidade;

Você tem mais de 50% dos itens acima? O sinal vermelho acendeu. Procure ajuda. Seu corpo pode não conseguir se equilibrar por muito tempo, e pode entrar em “curto-circuito”; o que chamamos de Síndrome da Fadiga Crônica ou “Burnout“.

Mudança de hábito

A redução do estresse passa, necessariamente, por alterações em seus hábitos de vida:

  • Procure ver os problemas rotineiros como parte integrante do seu dia a dia.
  • Se tudo o irrita e você não está sabendo lidar com as situações, procure ajuda médica.
  • Dê o devido descanso para o corpo, fazendo a “higiene do sono” (alimentação leve à noite, não usar computador ou ver TV até tarde, marque um horário para dormir, tome um banho relaxante, vá para a cama com uma leitura leve).
  • Faça o uso de chás do tipo valeriana, melissa ou maracujá, que podem ajudar.
  • A cada duas horas de trabalho, dê uma parada. Faça um alongamento. Isto faz uma diferença danada. Não queira dar o passo maior que a perna.  Seu trabalho é meio de vida ou de morte? Pense nisso!
  • Pratique atividades físicas e/ou de relaxamento. Mexa-se. Tire um tempo para você.
  • Finalmente, respire direito (profundamente). Pratique agora! Você verá a diferença. Pratique Saúde! Faça prevenção!

(*) Imagem copiada de guiadoestudante.abril.com.br

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OXALATO DE ESCITALOPRAM OU FLUOXETINA

Autoria de Lu Dias Carvalho

       descabelada     feliz
                         Antes                                                        Depois

Meus caros amigos, hoje eu lhes quero dar um precípuo testemunho e desejar que, com o meu relato, algumas almas desorientadas, aflitivas e tontas como era a minha, encontrem a salvação, não a eterna, mas a terrena, já que a primeira é consequência da segunda. Amém!

O fato é que eu andava fastidiosa e serrazina com este mundo nauseabundo. Nada minimizava o nojo e o desalento entranhado no meu pobre espírito, alquebrado pela abirritação e dolência, amarfanhado por dilatados e inconceptos ardis dos muitos contratempos desta vida. E pior, eu achava que era a única vivente a carregar tão achavascada cruz.

O maridão, não aguentando o embate com os meus atormentados demônios, tratou de salvar a própria pele, tentando me persuadir a procurar um bom psiquiatrista para, ao menos, abrandar a minha afronesia. Até ele, coitado, que sempre foi tido como o pai da paciência, não estava me suportando mais. O que dá uma ideia de como a coisa estava braba, brabíssima.

Embora com as ideias meio desconjuntadas pelos fricotes de minha mente, um lampejo de lucidez mostrou-me que poderia usar a insistência do meu varão para fazer escambo. Então, elenquei uma centena de pedidos. Alguns bem incabíveis e inusitados, eu bem sei. Mas não poderia perder a ensancha. Vai que o especialista da mente me restaurasse a massa cinzenta por completo e eu não tivesse outra oportunidade… O melhor era me precaver.

Ajustes feitos na transação e ciente de que detinha 90% das vantagens, selamos o compromisso. Eu aceitei ir ao psiquiatra, para o bem da família, dos bichanos, dos amigos e do mundo concreto que me rodeia, assim como do virtual. Como eu era chata, maçante, enfadonha, impertinente, rabugenta, tediosa e sofrida! Nem eu mesma me aguentava, mas não tinha como me ver livre de mim ou de deixar-me num canto de algum armário.

Dr. Wander Lemos, o psiquiatra, recebeu-me com cara de bons amigos. Entabulamos vários assuntos antes de entrarmos no X da questão. Aqui para nós, penso que esse tipo de introdução seja para avaliar o grau de desvairamento do paciente. Mas ao me perguntar sobre o motivo que me levou até ele, aproveitei a deixa e desfiei as contas do meu martírio, bem mais apavorantes do que o de Joana D`Arc. E o maridão, que já conhecia toda a ladainha de cor e salteada, ali ao lado, dando o suporte estratégico.

Contei ao especialista que já era uma velha batalhante nos desacertos de minha mente, herança de minha amadíssima avó, que tomava cloridrato de fluoxetina havia um bocado de tempo, sem falar em muitos outros cloridatos já apagados pela memória. Foi quando ele me sugeriu mudar para certo oxalato de escitalopram, bem mais moderno. Meu Deus, quem seria esse tal mancebo? Como me trataria? Dúvidas cruéis!

Meus caros leitores, confesso que foi um duro golpe para mim, a “sugestão” dada pelo doutor, pois durante 15 anos, a Fluô (fluoxetina) e eu vivemos como unha e carne, duas grandes e inseparáveis amigas. Ela me conhecia muito melhor de que eu mesma. Havia passado muitos percalços a meu lado, sem jamais me abandonar. Sabia de tudo o que se passava em minha mente, conhecia os meandros de minhas fantasias e as mágoas acumuladas ao longo de tantos anos de caminhada juntas. Passar de uma hora para outra a conviver com esse tal senhor oxalato de escitalopram, seria como trair uma amizade feita com os neurônios de minha cadeia nervosa. E eu nunca fui mulher de atraiçoar aqueles que me são caros. Dura decisão!

Ainda havia um senão, que ora lhes conto, meus amados. A Fluô era uma pessoa simples e comedida, que exigia de mim pouquíssimo valor monetário. Gastava com ela uma quantia pequena, a cada dois meses. É fato que a amiga já fora muito poderosa, quando usava o nobre nome de Prozac. Depois que caiu sua patente, a coitadinha de minha amiga virou gente comum, sem nenhum aparato de nobreza. E estava aí a maior causa do meu forte apego a ela. Não sabia ainda o que o tal do oxalato de escitalopram iria exigir por sua permanência comigo. Mas não tardaria por esperar.

Eu não tinha saída, pois no contrato que firmara com o meu “husband” havia uma cláusula em que me comprometia a seguir a orientação do especialista. Só não contava com o golpe de ter que me afastar de minha doce e generosa Fluô. Pensei que o tratador da mente fosse me recomendar uns gramas a mais da benignidade dela. E foi sob o rigor da lei matrimonial que dei adeus à minha companheira querida, mas que perdera a força para conter os meus chiliques e fricotes. Não me restava outro caminho, senão lhe dizer adeus. Ela ainda permaneceria no meu corpo durante 15 dias, até que se esvaísse por completo. Só então, estaria eu preparada, ou seja, purificada, para receber o outro mancebo. E também evitaria uma síndrome serotoninérgica.

Dr. Wander apresentou-me o tal senhor oxalato de escitalopram, presenteando-me com uma caixinha mirrada, uma amostra grátis bem magrelinha, com sete comprimidos apenas. Disse-me que o tal mancebo em questão viera da Dinamarca e, por isso, exigia um dote cinco vezes maior do que aquele pago à minha velha amiga Fluô, brasileiríssima. Coração e bolso trombetearam ao mesmo tempo, mas o olhar do machão repassou, em neon, a ordem de que eu deveria aceitar, pois saúde e bem-estar não têm preço. Com certeza, pensava mais na sua paz de espírito do que em mim. Aceitei, já que nossa conta é conjunta e o rombo seria pela metade. Mas saí do consultório pisando alto. Indignada, é bom que se diga.

Eis que a cartelinha acanhada, inexpressiva e raquítica acabou, e lá fui eu comprar o “bendito” para os outros dias faltantes. Quase caí do salto com seu valor abusivo. Levei o tal dinamarquês para casa numa revolta sem igual, xingando todas as suas gerações. Tomara que fossem inundados pelo degelo da calota polar do Ártico e, que os vikings voltassem para dizimá-los. Eu poderia comprar mensalmente tantos livros, CDs e DVDs com um valor daqueles… E pior, como o ciclo lunático, o desgraçado do remédio só vinha com 28 comprimidos. Aqueles dinamarqueses ignorantes nem sabiam que só o mês de fevereiro possui 28 dias. Ou era ganhuça das brabas? Eu fazia questão dos outros dois comprimidos. Pensei até em procurar o PROCON, mas o maridão falou que me bastava deixar de comprar alguns pares de sapatos anualmente. Sendo assim, manda quem pode e obedece quem tem juízo. E eu tinha o discernimento de que precisava de ajuda.

Amigos queridos, foi assim que conheci o jovem Oxalato de Escitalopram. Confesso que, apesar da saudade da Fluô, no segundo dia de affaire, tirando os exageros do romance, eu já estava apaixonada pelas transformações que ele operava em mim, embora seu preço acabasse sempre por me jogar na cama, digo, na lona. Valeria à pena continuar um amancebamento tão oneroso para uma das partes? O meu buldogue dizia que sim. E ao marido a gente sempre obedece… Desde que exista algo compensativo no pacto.

Mas, como tudo na vida flui, principalmente levando em conta a guerra travada entre os laboratórios farmacêuticos, uns parentes mais pobres do moçoilo começaram a chegar ao mercado do país, fazendo com que o dote do nobre e donairoso Escitalopram despencasse. Seu preço agora é módico, modicíssimo em relação a seu valor inicial, principalmente no que tange a seus familiares. Diria que já quase equivale ao preço da minha querida Fluô. O que foi a salvação de minha mente conturbada e amotinada. E o nosso aconchego não mais passa por nenhum tipo de desencontro. Haja paixão!

Devo confessar aos leitores que o novo embeleco mudou minha vida. Hoje, o mundo é tão azul quanto o planeta Avatar. A humanidade é composta por anjos resplandecentes e generosos, sem um laico de egoísmo. O sofrimento inexiste. Homens e animais vivem em perfeita harmonia. A justiça impera em todos os lugares da Terra, inclusive no Brasil. Não existem  desigualdades sociais, tampouco qualquer tipo de preconceito em relação às raças. O planeta é tratado com respeito. E eu sou brilhante, insinuante, coruscante e maravilhosa.

Só não sei, amigos, por quanto tempo durará o meu chamego com tal varão, pois, como sabem vocês, os homens são seres inconstantes e inconsistentes. Mas o Oxa (apelido carinhoso) tem sido um cavalheiro, daqueles que nos amparam com fervor nos momentos mais difíceis da vida. Além do mais, goza de todo o apoio do titular (Existe marido que é cego!). Posso ficar sem o meu varão, mas sem o Oxa, nem ver. Sem me amancebar com ele, uma vez por dia, meus pensamentos ficam inquietantes, rodopiando na bacia do cérebro, sem saberem onde parar, tamanho é o embeleco. E eu perco toda a minha tesura, ou melhor, textura.

Portanto, meus leitores, para uma vida risonha, nada como um amante perfeito. Mas que o seu custo não seja muito grande, pois, se assim for, nossos problemas redobram. O retorno de um amásio deve ser exageradamente maior do que os prazeres que lhe damos. Fora disso não há enrabichamento que resista, ou força que mantenha o amancebo.

Atenção:

Caros leitores, em razão do excesso de comentários nesta postagem, o que vem dificultando a abertura da página, ela foi fechada para novos comentários. No entanto, vocês poderão ter acesso aos que aqui se encontram, mas, se quiserem deixar um comentário, devem se direcionar ao texto a seguir, clicando no link abaixo:

OS ANTIDEPRESSIVOS EM NOSSA VIDA

Leiam também os artigos:
DEPRESSÃO – ESPERANÇA, AINDA QUE TARDIA!
A DEPRESSÃO PRECISA DE TRATAMENTO
A DEPRESSÃO NÃO ACEITA OU DÁ AMOR
SÍNDROME DO PÂNICO – O MEDO DO MEDO

Nota: Imagens copiadas de transitivoedireto.blogspot.com e  br.freepik.com

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QUAL É A SUA FOBIA?

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Dias atrás, tomando um chopinho com amigos, o tema da conversa acabou se resvalando para as fobias. Um tinha abissofobia, outro clinofobia, e eu um punhado delas. Curiosa em relação ao assunto, busquei mais informações. E qual não foi a minha surpresa ao encontrar uma extensa lista de temores absurdos que vai de A a Z. Existe medo para qualquer gosto. Jesus Cristo! Meu primo, por exemplo, é ergofóbico e também hipengiofóbico. Mas seria muito bom, se certas pessoas, que andam por aí como reis e rainhas da cocada preta, sofressem de catagelofobia. Pois, pelo menos, curaríamos a nossa estupofobia.

Mas o que é mesmo uma fobia? O Aurélio diz: 1. Designação comum às diversas espécies de medo mórbido./ 2. Horror instintivo a alguma coisa; aversão irreprimível. Trocando em miúdos, fobia é aquele medo pavoroso, aversivo, sem pé e nem cabeça, que sentimos diante de certas situações, animais, lugares ou objetos, mesmo tendo certeza absoluta de que se trata de uma maluquice nossa, mas, mesmo assim, não conseguimos nos controlar. Como alguém pode ter medo de sentir prazer, de tomar banho, de andar, de vegetais, de urinar, da cor amarela, de letras, de sabores, de flores, de poesia…? E medo de não ter medo? E de ser observados por patos? E medo de si mesmo? Somos mesmo uma raça de beldroegas e abilolados. Mas, o que não dá para rir, dá para chorar, já diz o samba. Mas deixemos de cacorrafobia, pois a vida é bela e somos nós quem “estraga” ela (licença poética).

Segundo a psicopatologia (área do conhecimento que objetiva estudar os estados psíquicos relacionados ao sofrimento mental), as fobias só se manifestam em situações particulares, ou seja, quando a gente menos espera, passa a suar por todos os poros, sem saber o que fazer, achando que está prestes a exalar o último suspiro.

O DSM-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) divide as fobias simples em 5 tipos:

  • animais (aranhas, cobras, sapos, etc.);
  • aspectos do ambiente natural (trovoadas, terremotos, etc.);
  • sangue, injeções ou feridas;
  • situações (alturas, andar de avião, andar de elevador, etc.);
  • outros tipos (medo de vomitar, contrair uma doença, etc.).

Se você tiver coragem, meu caro leitor, diga-me quais são as suas fobias. E, para que não se assuste com suas descobertas, conto-lhe, ao pé do ouvido, que sou hexacosioihexecontahexafóbica, hipopotomonstrosesquipedaliofóbica e também sofro de parasquavedequatriafobia.

Nota
Você encontrará a lista completa das fobias na Wikipédia.

Nota: O Grito – Edvard Munch

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DEPRESSÃO OU TRISTEZA?

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Neste século XXI, a depressão está para a mente, assim como a obesidade está para o corpo. Ainda bem que a visão que se tem hoje sobre as doenças mentais vem libertando-as do baú dos preconceitos em que até então se encontravam. Antes, as informações eram escassas e, de modo geral, pertencentes apenas aos especializados em saúde mental. Hoje, qualquer pessoa sabe que a informação desejada está disponível, sem ter que quebrar a cabeça com as siglas apresentadas nos relatórios médicos, como se fossem uma receita de alquimia.

A democratização da informação relativa à saúde mental tem aberto janelas até então ocultas para os leigos, sendo as respostas extremamente rápidas, o que diminui o impacto da doença no paciente. As pessoas podem prevenir e tratar a doença mental, em alguns casos, apenas mudando seus hábitos: atividade física, vivência em grupo e os tratamentos não medicamentosos, quando se trata apenas de um estado depressivo passageiro. Mas é um profissional no assunto quem deve dar o veredito.

Muitas famílias carregam um extenso histórico de depressão. O que comprova que muita coisa ainda precisa ser feita na busca de respostas mais precisas e abrangentes. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), cerca de 8% a 20% da população mundial passará, durante a vida, por algum episódio depressivo. O que representa um universo bem significativo, levando em conta os mais de sete bilhões de habitantes do planeta.

Confirmam especialistas que casos mais leves respondem bem à psicoterapia e a tratamentos homeopáticos e fitoterápicos. Tratamentos que podem, simultaneamente, estar associados ao método alopático. É necessário, porém, não confundir qualquer laivo de tristeza com depressão. Todos nós temos os nossos dias de mau humor, como se o mundo desmoronasse em derredor. De modo que nem sempre tristeza e depressão fazem parte do mesmo pacote. Confusão que vem banalizando o diagnóstico da doença. É fato, que a tristeza faz parte do rol dos sintomas depressivos. A diferença está em que ela tende a minorar com o tempo, enquanto o quadro depressivo apenas se agrava. Para a tristeza, o melhor tratamento é elaborar modos diferentes de sentir e viver a vida, jogando fora as mágoas e mudando comportamentos arraigados que nos engolem como plantas carnívoras.

Dicas de combate à depressão

  •  Alguns alimentos, consumidos diariamente, contribuem para a prevenção da depressão, pois são ricos em triptofano, aminoácido que leva à produção de serotonina, melhorando a qualidade do sono: leite, feijão, lentilha, soja e carnes. Aconselha-se tomar um copo de leite antes de deitar.
  • A cafeína presente no café, chá e chocolate melhora o desempenho cerebral, mas deve ser consumida sem excesso: duas xícaras de café ou chá e um tablete de chocolate por dia.
  • Recomenda-se a ingestão de ômega 3, encontrado nos peixes e, principalmente, no salmão. Ajuda a proteger o cérebro e o coração.
  • A pessoa deprimida precisa produzir laços. A musicoterapia, a yoga, a acupuntura, a atividade física a pintura, a produção de objetos com argila, etc., podem produzir efeitos benéficos. Também é através das palavras, que a pessoa encontra as razões de seu sofrimento, tendo possibilidades de trabalhar saídas para si.
  • A eficácia do extrato da erva-de-São-João, no combate à depressão, foi comprovado por experiências médicas, sendo superior a alguns medicamentos alopáticos. Seu extrato deve ser usado sob a orientação médica, pois há restrições em sua utilização, associada a outros antidepressivos, anticoagulantes e medicações para o emagrecimento.

Entendendo melhor a depressão

  • Sintomas psicológicos: tristeza, ansiedade, angústia, baixa autoestima, medo do futuro, desesperança, pessimismo, apresenta, também, dificuldade de atenção, concentração e memória.
  • Sintomas físicos: mal-estar, desânimo, cansaço, alterações do apetite, hipersonia,  assim como dificuldade para adormecer e manter o sono.
  • Níveis de depressão: leve, moderada e grave. A avaliação é feita de acordo com a intensidade dos sintomas e de quanto eles interferem na vida da pessoa.
  • Tratamento: não se fala em “cura” para a depressão, porque não é definida a sua causa. É um transtorno recorrente, mas pode ser controlado, de modo que a pessoa possa retomar as suas atividades profissionais e sociais.

 A Tristeza

É um tipo de estado de ânimo ou afetivo de conotação penosa e desagradável. Representa uma reação a diversas situações, como perdas e preocupações. Pode ser uma reação leve ou intensa e durar mais ou menos tempo, dependendo do valor afetivo da situação vivida, mas, geralmente, tende a regredir em algum tempo.

O tratamento medicamentoso deve ser mantido com a dose adequada (mesmo que os sintomas regridam em pouco tempo) por um tempo não inferior a 6 meses, para evitar recaídas. A sua retirada deve ser lentamente, sob a supervisão do psiquiatra e, se os sintomas retornarem, deve-se mantê-lo por mais algum tempo, até que a sua retirada não se associe mais com o retorno de sintomas.

Nota: Parábola da Melancolia – Domenico Fette

Fonte de pesquisa: Jornal Pampulha/ 29 a 4 de setembro de 2009
Médica: Sandra Cavalcante, presidente da Associação Mineira de Psiquiatria (AMP)

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