Arquivo da categoria: Saúde Mental

Fórum para debate sobre problemas de saúde mental, com textos alusivos ao tema.

COMO EVITAR A DEPRESSÃO

Autoria de Edward Chaddad

Sempre que buscamos olhar para o nosso entorno, evitamos que o cérebro seja preenchido pelas preocupações que semeiam os maus pensamentos e que nos levam à depressão. Realmente, não somos uma ilha! Temos muitos problemas em nossa vida, os quais devemos enfrentar com coragem, pois tudo passa muito rápido. Não podemos perder noites de sono para pensar em como agir diante de nossos desafios. Temos que viver o “dia de hoje” sempre. Nos afazeres da vida, cansados, certamente iremos dormir sem pensamentos que nos ofusquem o descanso noturno.

Devemos sempre pensar, dialogar e refletir sobre como iremos enfrentar o agora. É importante resolver as questões imediatas. Buscar preparar nosso futuro, economizando e construindo outros degraus de nossa escada vindoura, mas o importante mesmo é solucionar os problemas e situações presentes que nos trazem o nascer do sol. Nosso cérebro, desta forma, estará preocupado com o entorno, como o trabalho, a busca de solução profissional, a lida diária com afazeres domésticos, a saúde de toda a família, a educação dos filhos. Somente em caso de doenças deve haver preocupação, enfrentadas sem ficar ruminando pensamentos ruins, principalmente no descanso noturno. Temos que agir, buscando médicos, escutando-os, tomando medicamentos, etc.

A vida é uma travessia. Muitas vezes iremos sentir medo e tomar sustos, não entendendo os fatos que estão acontecendo. Porém, mesmo diante do quadro cinzento que em alguns momentos vislumbramos, temos que ter esperança. Temos que sonhar. As palavras amigas ajudam sempre, é claro. Mas a reflexão é muito importante para nos levar à razão. Mesmo que o caminho seja espinhoso, com muitas pedras a serem removidas, devemos caminhar, contemplando o nosso entorno, seguindo o exemplo do povo mais humilde e trabalhador, que enfrenta diariamente graves problemas.

Uma das coisas que combatem a depressão é agir em busca de efetivar nossos ideais de vida. Temos que agir muito em nossa vida, tanto na parte social, como na educacional, para auxiliar os mais necessitados. Além disso, devemos ter um grande amor pelos animais, sempre os socorrendo. Tudo isso preenche a nossa mente, eliminando os espaços vazios que poderiam ser preenchidos pela tristeza que não cede, pelo desencanto e pela depressão, tão comuns aos dias de hoje. Uma atividade altruísta nos auxilia a nunca ficarmos deprimidos. Quando conseguimos auxiliar alguém, isso nos lega um sentimento de felicidade e bem-estar. Este é um remédio importante que todos nós devemos buscar, pois nos afasta da depressão que, assim, não encontra lugar em nosso cérebro.

 Muitas vezes, chegamos a beirar à depressão, o que é humano. Mas dias após os fatos, estamos lá, trabalhando e desenvolvendo nossas atividades diárias, sem tempo para nos arruinarmos emocionalmente, pois sempre é preciso tocar a vida para frente. O egoísmo nunca terá condições de instalar-se em nós. Temos que pensar em nossa família e na vida em nosso entorno. Há muito o que fazer. Podemos nos livrar de pensamentos e sentimentos ruins, quando atuamos externamente, sem deixarmos espaço vazio, gerado pela ociosidade.

Ilustração: A Lua, 1928, Tarsila do Amaral

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A DEPRESSÃO NÃO ACEITA OU DÁ AMOR

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Numa depressão severa, as mãos que se estendem para você estão fora de seu alcance. (Andrew Salomon)

Tudo passa – sofrimento, dor, sangue, fome, peste. A espada também passará, mas as estrelas ainda permanecerão quando as sombras de nossa presença e nossos feitos se tiverem desvanecido da Terra. Não há homem que não saiba disso. Por que então não voltamos nossos olhos para as estrelas? Por quê? (Mikhail Bulgakov em O Exército Branco)

Muitos podem achar que a afirmativa de que “a depressão é a imperfeição do amor” é uma tremenda invencionice, mas o escritor Andrew Solomon, ele mesmo uma vítima da doença, argumenta com muita propriedade sobre o assunto. Segundo ele, quando a depressão se faz presente, ela degrada o eu da vítima e acaba por lhe roubar a capacidade de dar e receber amor, pois a solidão avoluma-se e destrói as vias de contato com o outro e a capacidade de a pessoa sentir-se bem consigo mesma. Como para amar o outro é preciso que amemos primeiro a nós mesmos, o sentimento de afeição torna-se totalmente inviável. E sendo o amor o manto que protege a mente contra si mesma, é preciso buscar medicamentos e psicoterapias que restaurem a capacidade de receber e dar amor.

Por muito tempo acreditou-se que as doenças psicossomáticas não eram reais. Por isso, a queixa dos deprimidos não era levada a sério, sendo elas tidas como coisas de pessoas fantasiosas, chantagistas e que queriam chamar a atenção para si. Hoje sabe-se que além de reais, elas podem trazer severos impactos para o corpo. Assim, quando o cérebro funciona mal, deve ser tratado adequadamente, como se faz com os rins, fígado, coração e outras partes do corpo humano.

É fato que a depressão atinge pessoas diferentes e de maneiras diferentes, de acordo com a predisposição de cada uma, pois ela interage com a personalidade do indivíduo, daí as diversas maneiras de reação à doença e aos medicamentos. Alguns indivíduos conseguem passar por uma depressão leve sem o uso de remédios, enquanto outros são mais frágeis e precisam desses. Não há uma regra comum.

O fato é que ninguém passa pelos caminhos da vida sem travar contato com a tristeza e a dor, não importando a classe social, etnia, idade ou gênero. Nada existe que possa invalidar a angústia que se apodera do ser humano em vários momentos de sua vida. Talvez ela tenha as suas raízes fincadas na própria finitude humana, quando o homem se confronta com a sua própria insignificância diante do existir finito. A crença pode abrandar essa angústia, mas não a erradica. O próprio Jesus, segundo falam os Evangelhos, na sua passagem terrena vivenciou o sofrimento. E quanto maior for a consciência do eu e a interação com o planeta, maior é a angústia ante a impotência de que quase nada pode ser feito para mudar as coisas que se considera inaceitáveis.

Acredito que a dor e a tristeza são fundamentais para a nossa humanidade, de modo que eliminá-las do mundo seria um desserviço ao homem. Mas, quando elas ceifam a vontade de viver, algo precisa ser feito, pois, enquanto para os não depressivos o sofrimento não compromete a caminhada, para os depressivos ele se torna desproporcional às circunstâncias, adubando a depressão. O melhor caminho para tratá-la é não se acostumar com a sua presença. Não esperando chegar ao fundo do poço. É preciso buscar ajuda, quando se é incapaz de domá-la sozinho.

Para o escritor Andrew Solomon a depressão está presente na história da humanidade desde que o homem tomou consciência de seu próprio eu, e vem aumentando muito nos dias de hoje em consequência de motivos como:

  • o ritmo acelerado de nossa época;
  • o caos tecnológico;
  • a alienação das pessoas;
  • o colapso da estrutura familiar;
  • a solidão endêmica;
  • a devastação do planeta;
  • o fracasso do sistema de crenças (moral, político, religioso, social…);
  • a falta de significado para a vida.

Portanto, é preciso que encontremos soluções para os problemas gritantes que vêm acompanhando a modernidade, pois eles são uma clara mensagem à vulnerabilidade humana e a de todo o nosso planeta cada vez mais desprotegido e em perigo.

Solomon enumera algumas necessidades:

  • baixar o nível de poluição socioemocional;
  • buscar fé e estrutura (no seu Deus, no eu, em outras pessoas, ou em qualquer outra coisa);
  • ajudar os que são privados de seus direitos civis;
  • praticar e ensinar o amor;
  • melhorar as circunstâncias que conduzem a níveis aterradores de estresse;
  • manifestar-se contra a violência e suas representações;
  • preservar o planeta Terra;
  • praticar algum tipo de voluntariado, etc

Na maturidade deste novo milênio, espero que salvemos as florestas tropicais desta nossa Terra, a camada de ozônio, os rios e correntes, os oceanos, e salvaremos, também espero, as mentes e os corações das pessoas que vivem aqui. Então controlaremos nosso crescente medo do demônio do meio-dia – nossa ansiedade e depressão. (A. Salomon)

Nota: A Mulher em Depressão, quadro do psicanalista e pintor pernambucano Lúcio Escobar, feito em 2004.

Fonte de Pesquisa:
O Diabo do Meio-Dia/ Andrew Solomon

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EXERCÍCIOS FÍSICOS X DEPRESSÃO

Autoria de Lu Dias Carvalho

 A depressão aparece por conta própria. Em vez de se colocarem a serviço do organismo, as emoções voltam-se contra ele, iniciando o movimento descendente da depressão. (Stefan Klein)

 O ânimo para viver depende tanto da realidade de uma situação quanto da avaliação que fazemos dela. (Stefan Klein)

Existem dois tipos de depressão: a psicogênica (ocorre como reação a experiências ruins e a conflitos íntimos) e endógena (causada pelo próprio organismo). O famoso primeiro-ministro britânico Winston Churchill foi vitimado por inúmeras crises de depressão. Ele chamava sua doença mental de “meu cão negro”. Poderia tê-la minimizado com a prática de esportes, mas não era afeito a isso e sempre dizia: “Nada de esportes, só uísque e charutos!”, o que tornou sua doença mental ainda mais profunda.

Segundo o biofísico Stefan Klein, “Quando uma pessoa que tem um temperamento triste por predisposição genética sofre uma grande decepção, é bem provável que ela caia em depressão”. Ainda que essa doença mental – hoje quase uma epidemia global – seja, na imensa maioria das vezes, de origem genética (endógena), numerosas pesquisas mostram que pode ser aliviada com a prática de exercícios físicos, pois esses melhoram a condição física, aumentam a autoconfiança, diminuem a angústia e, em consequência, evitam sua incidência constante.

Não importa o tipo de exercício feito (andar, correr, dançar…), todas as atividades são benéficas, desde que não resvalem para o exagero. O filósofo francês Jean-Jacques Rousseau dizia que era preciso “exercitar o corpo em benefício da alma”. E não há mesmo alma que não se sinta mais leve depois de uma atividade física, pois, segundo Klein, “Quando os músculos se movem, o cérebro libera hormônios como a serotonina e provavelmente também endorfinas, as quais produzem uma leve euforia. […] Depois de um pequeno esforço os membros se aquecem, os músculos relaxam, o pulso acelera. Isso espelha exatamente a imagem do bem-estar corporal. É assim que a atividade física nos permite manipular sutilmente os neurônios”.

As pessoas depressivas normalmente sentem grande dificuldade em sair de casa para frequentar uma academia. É bom que saibam, no entanto, que o exercício físico, qualquer que seja a atividade, é benéfico, não importando que esteja ligado a uma academia, como muitos pensam. A internet traz aulas que podem ser acompanhadas em casa, ainda que em inglês, bastando apenas executar os exercícios vistos. Busquem pelo link (e outros mais):
 https://www.youtube.com/watch?v=enYITYwvPAQ

Fonte de pesquisa:
A Fórmula da Felicidade – Stefan Klein – Editora Sextante

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COMBATENDO A ANGÚSTIA

Autoria do Dr. Telmo Diniz can,123456

Chamamos de angústia uma forte sensação psicológica, caracterizada por “abafamento”, insegurança, humor irritadiço, opressão no peito e “fôlego curto”. A angústia é também uma emoção que precede algo, como um acontecimento, uma ocasião ou uma circunstância. A pessoa sente fisicamente que algo ruim ou inesperado poderá ocorrer. Pode, também, a angústia chegar através de lembranças traumáticas que ocorreram no passado. Os sintomas da angústia podem simbolizar situações reais ou imaginárias.

Subitamente, e sem aviso prévio, vem aquele aperto no peito e uma “falta de ar”. Surge em qualquer momento, hora ou lugar, como se uma grande mão apertasse o peito. Em seguida, vem uma sensação bem esquisita de opressão. A pessoa quer se livrar dela, mas não consegue. O coração acelera. Num determinado momento, ela está bem e noutra a apreensão surge sem pedir licença. Em outros, a angústia está associada a alguma preocupação ou sensação de insegurança. Se você vive um momento confuso ou difícil, ela pode se instalar, gerando medos e uma terrível insegurança. Em casos mais graves a pessoa pode sentir-se perseguida, com típicos quadros de paranoia.

Partindo para a filosofia da angústia, o filósofo Arthur Schopenhauer tinha uma visão extremamente pessimista da vida, onde “viver é necessariamente sofrer”. Para ele, a própria vontade de ter algo é um mal, pois isso gera angústia e dor. Nietzsche, outro filósofo, concluiu que “é preciso ter consciência de que a vida é, sim, uma tragédia, para que possamos desviar um instante os olhos da nossa própria indigência, desse nosso horizonte limitado, colocando mais alegria em nossas vidas”. Já Jean-Paul Sartre, filósofo francês, defendeu que a angústia surge no exato momento em que o homem percebe a sua condenação irrevogável à liberdade, isto é, o homem está “condenado a ser livre”. Ao perceber tal condenação, ele se sente angustiado em saber que é senhor de seu destino.

Filosofias à parte, para a ciência, mais especificamente para a psiquiatria, a angústia, se não tratada, pode evoluir para a depressão. As pessoas que apresentam quadro de angústia e não têm acompanhamento profissional desenvolvem outros distúrbios emocionais, como cansaço físico e mental, comportamento inadequado e baixa autoestima.

Ficamos angustiados por opção, por força de nossas próprias escolhas, por causa de coisas e pessoas. Assumimos compromissos financeiros que não podemos saldar, adquirimos bens pelos quais não podemos pagar. Tudo em busca de status. Compramos o que não precisamos, com o dinheiro que não temos, para mostrarmos a pessoa que não somos. O ato da compra é sublime e fugaz. A obrigação decorrente é amarga e duradoura. É angustiante.

O tratamento deve ser feito com as medicações psicotrópicas, com tranquilizantes e/ou antidepressivos. Elas ajudam a pessoa a superar os sintomas que acompanham a angústia. Porém, a psicoterapia cognitivo-comportamental é de suma importância para a prevenção. Para as pessoas com religiosidade, sugiro que voltem a alimentar o espírito, com prática de atividades físicas, mais lazer e, principalmente, voltem a respirar fundo e ter fé em si, para ultrapassar os limites e superar seus medos e receios.

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ANATOMIA DA INFELICIDADE

Autoria de Lu Dias Carvalho

O ânimo para viver depende tanto da realidade de uma situação quanto da avaliação que fazemos dela. (Stefan Klein)

 Não resta dúvida de que os acontecimentos externos interferem em nosso ânimo e quanto piores forem, maior é a sua intervenção em nossa vida. Contudo, para que não nos transformemos em sacos de pancada de tais ocorrências, temos que pensar em nós mesmos, desenvolvendo uma maneira de proteger a nossa saúde física e mental ao avaliá-los, o que não significa cruzar os braços, tornando-se omissos. Nada mais racional do que a oração de São Francisco para guiar a nossa conduta de modo a tornar nossa existência mais leve:

“Senhor, dai-me força para mudar o que pode ser mudado, resignação para aceitar o que não pode ser mudado e sabedoria para distinguir uma coisa da outra”.

Muitas pessoas, ao se verem vitimadas pelos acontecimentos nefastos, entregam logo os pontos, dizendo para si mesmas que nada que façam irá adiantar. Achar que “não há nada a fazer” é o lema dos deprimidos e derrotados que preferem jogar a toalha. Quando isso acontece, mente e corpo apresentam-se totalmente enfraquecidos, havendo uma redução do impulso vital. Pesquisas científicas através de exames de tomografia já são capazes de revelar com nitidez o quanto a atividade do hemisfério esquerdo do cérebro diminui sua atividade quando em tal estado.

Segundo o biofísico Stefan Klein, “Como a área do hemisfério esquerdo é responsável tanto pela motivação e pelo prazer quanto pelas emoções negativas, a melancolia acaba prejudicando o bem-estar mental por esses dois caminhos. A pessoa necessita de motivação, mas ao mesmo tempo apresenta grande dificuldade para vencer a tristeza, a vergonha e também o medo do futuro. Por um lado, a depressão é uma decorrência dos sentimentos negativos e por outro  é uma consequência da ausência de prazer”.

Os neurologistas londrinos, Chris Frith e Raymond Dolan, descobriram em suas pesquisas que basta muito pouco para que o desânimo apodere-se até mesmo de pessoas consideradas psicologicamente saudáveis. Eles usaram frases negativas (A Vida não Vale a Pena, Nada Faz Sentido, O Futuro é Péssimo…), acompanhadas de uma música fúnebre em suas pesquisas e logo viram os voluntários demonstrarem sensações de desânimo, desinteresse e inutilidade. O cérebro deles mostrava o mesmo padrão observado em pessoas sob tratamento de transtornos depressivos. Contudo, não levou muito tempo para que recuperassem o equilíbrio. Disso, eles chegaram à conclusão de que “o abatimento comum é efêmero — e é isso que o diferencia da depressão clínica que se apresenta como um túnel sem saída —, mas o efeito emocional é o mesmo nos dois casos”.

É fato que acontecimentos negativos alteram o nosso estado de ânimo, assim como o nosso humor influencia a maneira como sentimos e percebemos qualquer situação na qual nos encontramos. Para mudar essa relação, precisamos aprender a avaliar os acontecimentos, impedindo que esses nos derrubem. A escritora Eleonor H. Porter em seu livro “Pollyana”, publicado em 1913, mostra que em qualquer que seja o acontecimento que nos machuca no agora, sempre existirá uma janelinha aberta para a positividade.

O biofísico Stefan Klein explica que “A área frontal do cérebro exerce uma forte influência sobre os nossos estados de ânimo, pois funciona ao mesmo tempo como memória de trabalho, armazenando temporariamente as informações que voltaremos a necessitar em breve. É por esse motivo que a disposição de espírito está profundamente relacionada ao modo como lidamos com o que acabamos de ver, ler e ouvir. Quando começamos a ver o mundo com tristeza, o cérebro procura manter o estado de ânimo negativo, escolhendo os estímulos que combinem com esse quadro”.

Está explicado, portanto, o porquê de os pensamentos ruins, as experiências desprezíveis e as lembranças dolorosas terem prioridade de acesso na nossa consciência. Nós somos os responsáveis por cultivá-las, regando-as todos os dias com a nossa negatividade. Portanto, cabe somente a nós lidarmos melhor com os acontecimentos, quaisquer que sejam eles.

Nota: ilustração – Campo de Trigo com Corvos, obra de Vincent van Gogh

Fonte de pesquisa:
A Fórmula da Felicidade – Stefan Klein – Editora Sextante

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A SOLIDÃO MACHUCA

Autoria de Lu Dias Carvalho

Estudos clínicos e neurobiológicos atestam que a solidão gera um estresse sombrio para o corpo e a mente. As pessoas que vivem isoladas mostram-se tristes e doentias. Isto porque a capacidade de compreensão e a sensibilidade do solitário acabam se tornando insensibilizadas pelos efeitos do hormônio do estresse, o que compromete sua saúde, ao enfraquecer seu sistema biológico.

É interessante notar como certas culturas enaltecem a solidão (a alemã, por exemplo) enquanto outras abominam-na (a exemplo da indiana). Ao contrário dos asiáticos, os europeus não conseguem entender o porquê de eles sentirem tanta necessidade de contato social. De acordo com o Professor Martin Seligman, o pai da psicologia positiva, “O individualismo ocidental é o responsável pela disseminação quase epidêmica da depressão entre nós”.

O que dizer, então, do mundialmente conhecido provérbio que reza “Antes só do que mal acompanhado”? Ele contém uma grande verdade, não se opondo à necessidade de contato social, ao contrário, apenas reafirma-a. O que ele quer dizer é que o convívio social é tão importante e exerce tamanha influência nas pessoas que uma companhia ruim pode causar um grande dano, tanto ao equilíbrio psíquico como ao corpo.

Os casais que vivem mal, por exemplo, têm o sistema imunológico afetado. E quanto maior for a hostilidade entre eles, mais desregulado torna-se tal sistema “responsável por combater as invasões de germe no organismo”, uma vez que o estresse enfraquece as defesas imunológicas, segundo pesquisa realizada pela psiquiatra Janice Kielcot-Glaser e seu marido, o imunologista Robert Glaser. Portanto, quando não se tem simpatia pela pessoa com quem se convive, e não há uma maneira para reverter a situação, o melhor mesmo é colocar o provérbio acima em ação. Forçar um convívio estressante resultará em sérios danos à saúde.

Pesquisas mostram que as pessoas solitárias tendem a perder a autoestima. Como ser social, que gosta de compartilhar suas alegrias e tristezas, o homem necessita de contato com os de sua espécie, tanto é que as substâncias da felicidade (já estudadas em outro texto) também estimulam o contato social. Por que somos mais sociáveis, quando estamos de bom humor? A resposta é muito simples. Quando está bem-humorada, a pessoa sente-se mais confiante para travar relações. Seus temores de ser rejeitada ou julgada desaparecem.

O neurocientista e psicobiólogo Jaak Panksepp, responsável por cunhar o termo “neurociência afetiva” (nome do campo que estuda os mecanismos neurais da emoção), relatou em seus estudos que “a busca de contato com outras pessoas deve-se, sobretudo, ao medo que temos da solidão”. Por sua vez Stefan Klein, biofísico alemão, afirma que “quanto mais próximos estamos uns dos outros, mais doamos de nós mesmos; e quanto mais damos e recebemos, mais unidos nós nos sentimos”.

Nota: ilustração – Melancolia, obra de Edvard Munch

Fonte de pesquisa:
A Fórmula da Felicidade – Stefan Klein – Editora Sextante

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