Arquivo da categoria: Saúde Mental

Fórum para debate sobre problemas de saúde mental, com textos alusivos ao tema.

OS ABUSADOS PENSAMENTOS NEGATIVOS

 Autoria de Lu Dias Carvalho

A obsessão e a compulsão são comportamentos comuns na vida das pessoas que convivem com a ansiedade excessiva. Tais características estão sempre atreladas, ou seja, a compulsão é uma resposta à obsessão. A ideia fixa nasce da preocupação excessiva com alguma coisa, impedindo o indivíduo de desviar sua atenção e pensar em algo diferente. É aí que entram os chamados pensamentos negativos ou intrusivos.

O pensamento descontrolado e obcecado exerce uma pressão interna no doente, compelindo-o a realizar atos e a ter condutas considerados prejudiciais. Ao fixar e repetir um tipo de comportamento na mesma direção, ele acaba criando um círculo vicioso associado a gestos e atos compulsivos. Algumas seitas, totalmente descomprometidas com a Ciência, com o amor ao próximo e bom-senso, repassam inverdades ao aliar características do TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) e de outras doenças emocionais a “perseguições do diabo”, causando, assim, um desserviço à causa e ampliando o sofrimento dos doentes. Isto sem falar naquelas que repudiam a ajuda médica sob a alegação de que “Quem cura é Deus”, levando muitas pessoas doentes mentais, sobretudo jovens, ao suicídio.

A psiquiatra Lúcia Milene de Oliveira fala a respeito do transtorno de ansiedade, grande responsável pelos pensamentos intrusivos: “Nele, os pensamentos obsessivos ficam martelando na cabeça da pessoa, mesmo sem ela concordar com eles, e os comportamentos compulsivos (repetitivos, exagerados e considerados estranhos pela sociedade) geralmente têm a intenção de neutralizar os pensamentos abusivos”, ou seja, a pessoa acha que, ao obedecer os pensamentos compulsivos, ela se verá livre deles, no entanto, o que se vê é um círculo vicioso, provando que a obsessão e a compulsão se correlacionam, aumentando o grau da ansiedade. Compulsão e obsessão também podem se manifestar no exagero relativo à alimentação, compras, limpeza, sexo, jogos e outros vícios.

Os pensamentos intrusivos aumentam a ansiedade e vice e versa. Faz-se necessário cortar esse elo que tanto mal faz ao doente, destruindo-lhe a autoconfiança ao aumentar seus medos e potencializar seu transtorno. Quando não tratada, a vítima desse transtorno mental pode ficar cada vez mais inquieta, impaciente e reclusa, tornando-se prisioneira de suas apreensões. E pior, os pensamentos indesejados tornam-se cada vez mais frequentes, ampliando os sintomas da ansiedade e contribuindo para o surgimento de transtornos ainda mais graves. Portanto, assim que eles se manifestarem, uma ida ao psiquiatra é importante para o diagnóstico do transtorno e tratamento. É bom saber também que todas as pessoas podem ter pensamentos negativos vez ou outra. O que difere é a importância que se dá a eles. Enquanto as pessoas equilibradas emocionalmente não fazem caso deles, as que vivenciam certos transtornos emocionais levam-nos ao pé da letra, obedecendo-os cegamente.

Existem algumas dicas que podem ajudar a conter os pensamentos intrusivos:

  1. Eles não são nossos senhores, portanto, não lhes dê importância, mas não os julgue com severidade e tampouco com rudeza. Procure mudar seu foco de atenção com naturalidade, sem querer eliminar os pensamentos ruins com um boticão. Segundo pesquisas científicas, a tentativa de eliminar um pensamento à força traz um efeito contrário. Veja-os apenas como uns “tolinhos mimados”, querendo roubar a sua atenção.
  2. Dedique um tempinho a esses pensamentos e racionalize. Estabeleça com eles um diálogo imaginário, mostrando-lhes como estão enganados ao querer manobrá-lo, pois você não se deixará levar por eles. Diga-lhes que é melhor cantar em outra freguesia, pois sua capacidade de racionalizar e sua autoestima estão em alta.
  3. Busque viver o melhor possível, mas um dia de cada vez, sem carregar fardos nas costas. Levante-se saudando o novo dia e agradecendo por ainda se encontrar vivo. Bote em ação suas boas qualidades. Veja o que faz melhor e mãos à obra. Quanto menos ociosa for a sua vida, menor tempo e espaço terá para ficar matutando coisas ruins. Lembre-se da lei física da ação e reação.
  4. Busque manter sua mente relaxada, evitando julgar seus pensamentos. Desanuvie essa cara de poucos amigos. Tire essa impressão ruim que dá aos outros de que anda de mal com a vida. Pratique a meditação, relaxando sua mente, e busque estar em estado de paz.
  5. Crie um diário onde registrará seus sentimentos e pensamentos. Ao exprimir o que sentiu e o que pensou estará pondo para fora suas emoções, inclusive as negativas. Isso o ajudará a entender melhor o que acontece em sua mente e verá depois como os pensamentos intrusos não passavam de tolas ilusões. O diário é importante até mesmo para você acompanhar sua saúde mental. Muitas vezes os pensamentos negativos são apenas frutos da insegurança, da baixa autoestima e do pessimismo e não de um transtorno mental.
  6. Apenda com o mindfulness (atenção plena no momento que está sendo vivido) ver texto no nosso site.

Nota: o quadro ilustrativo é parte de Noite Estrelada, obra de Van Gogh.

Fontes de pesquisa
Segredos da Mente
https://www.tecmundo.com.br/ciencia/16885-5-mitos-sobre-o-cerebro-que-voce-jurava-ser-
https://www.jrmcoaching.com.br/blog/lidando-com-pensamentos-intrusivos/

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DESABAFO E SAÚDE MENTAL

Autoria do Dr. Telmo Diniz

Ah, o desabafo! Como é importante em nosso dia a dia e para a nossa saúde física e mental poder dar uma bela desabafada. O desabafo é a exteriorização de pensamentos ou sentimentos muito íntimos que ocorrem de formas distintas em cada um de nós. É uma expressão espontânea e franca de uma ideia ou de alguma emoção. Enfim, é um desafogo para a alma e para o espírito.

Dor, angústia, alegria, satisfação, grito, uma crise de choro. São várias as formas como podemos nos expressar para dar vazão ao nosso desabafo, que pode ser exteriorizado desde uma conversa com alguém de confiança, passando por um terapeuta ou até mesmo num grito de choro. Desabafar é aliviar-se, abrindo o coração para alguém. As tensões fazem parte da vida e, portanto, devem ser aliviadas. Quando desabafamos, estamos invariavelmente buscando o equilíbrio físico e mental, tratando de alinhar as tensões.

Os episódios de estresse desencadeiam uma reação de descargas adrenérgicas por todo o corpo, provocando taquicardia, elevação da pressão arterial, etc. Ou seja, toda a gama de sintomas da chamada “reação de fuga ou luta” é ativada. Durante o desabafo ocorre justamente o contrário, com reações que irão levar a pessoa ao relaxamento. Depois de um longo e intenso período de estresse, é saudável e útil desabafar. Sempre será uma forma de manter a saúde mental e emocional. Desabafar de forma correta pode trazer muito alívio para cada um de nós. É sabido que quem “guarda tudo pra si” sofre mais, tem mais angústia e quadros de depressão.

Como dito, existem várias outras formas para desabafar:

  • A escrita é a primeira delas. Quando uma pessoa escreve, uma importante área do cérebro, o córtex pré-frontal, é ativada. Isto, por consequência, reduz os níveis de estresse. Uma pesquisa realizada pelo International Stress Management Association no Brasil (Isma-BR), com mil pessoas nos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul, investigou como elas lidavam com situações importantes e buscou compreender que atividades eram negativas ou positivas nesse contexto. Vinte e três por cento dos entrevistados afirmaram que o ato de escrever era um aspecto positivo e que ajudava a aliviar o estresse e as tensões. Quer desabafar? Pegue uma caneta e um papel e deixe as emoções fluírem. É simples assim!
  • Cantar, por exemplo, faz muito bem para o espírito e para a saúde. Cante ao tomar banho e ao ouvir o rádio do seu carro.
  • Outros exemplos úteis para o desabafo incluem pintura, teatro, bordado ou qualquer outra forma de expressão de arte. Já falamos sobre a importância de se ter um hobby. Portanto, seu hobby pode ser, em última instância, sua forma de desabafar.

Anne Frank, menina judia que durante a Segunda Guerra Mundial teve que se esconder dos nazistas por longos dois anos em um sótão, literalmente escreveu sobre o tema: “Tenho vontade de escrever e necessidade ainda maior de desabafar tudo que está preso no meu peito. O papel tem mais paciência que as pessoas”.

Nota: obra do pintor brasileiro Di Cavalcanti

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MOLDANDO O NOSSO CÉREBRO

Autoria de Lu Dias Carvalho

O corpo humano possui uma capacidade incrível de ser moldado. As academias estão cheias de alunos que têm por objetivo definir músculos ou ganhar massa magra. Cada vez mais aumenta o número de pessoas fazendo caminhadas no intuito de perder peso, diminuir o colesterol ruim e os triglicerídeos ou simplesmente ganhar resistência. O cérebro humano também possui essa capacidade extraordinária de modificar-se. A palavrinha mágica para mantê-lo em forma, de acordo com os nossos objetivos, chama-se “treino” e, é claro, aliado a uma vida saudável. E nós, portadores de doenças mentais – sempre na lida com os pensamentos negativos – ao trabalhar a nossa mente seremos capazes de desviar o curso dessas águas turbulentas que tanto nos incomodam e deprimem. Contudo, é bom não contar com milagres, mas, sim, com a disposição firme e persistente de levar a sério aquilo a que se propõe, ainda que isso demande certo tempo.

Através da minha experiência pessoal e na troca de ideias com os meus amiguinhos e amiguinhas deste espaço, acredito que o passo número um nesta busca por um novo modelamento do cérebro está em viver um dia de cada vez. Quanto mais leve for o nosso fardo, mais predispostos a mudanças nós estaremos. E ademais, somente o “presente” nos pertence. O “passado” deve servir apenas de aprendizado, e o “futuro” ainda está por vir, não nos cabendo colocá-lo num alforje e arrastá-lo de um lado para outro. Se vivermos com sabedoria o “hoje”, certamente o futuro – quando se tornar presente – sairá a contento. Assim, teremos tempo de sobra para nos dedicarmos à modelagem de nosso cérebro. Aproveito para informar que é um mito – e dos mais populares – dizer que nós só usamos 10% de nosso cérebro. Segundo a premiadíssima escritora Lisa Collier Cool (escreve sobre saúde), tomografias e ressonâncias magnéticas constatam que atividades mentais complexas usam diversas áreas do cérebro e, ao fim do dia, todo ele acaba trabalhado.

Trabalhar a memória é um passo importante na modelagem de nosso cérebro. A neurologista Carla Jevoux recomenda: “[…] aumentar a leitura de livros, jornais e revistas, fazer caça-palavras e palavras cruzadas, estudar música e aprender a tocar algum instrumento musical. Tudo isso funciona para que nossos neurônios permaneçam estimulados. Além disso, a prática de atividade física rotineira leva ao aumento da oxigenação cerebral, o que contribui para melhorias das funções cognitivas”. Seguir tais recomendações ajuda-nos a tirar o foco dos nossos transtornos mentais, principalmente sobre os pensamentos negativos – uma das mais contundentes queixas daqueles que convivem com certas doenças mentais.  Quando estimulamos nossos neurônios, diversificando nossas ocupações, deixamos de focar nossa mente num único ponto e, assim, equilibramos nossos pensamentos.

Saber que o nosso cérebro pode ser moldado é um grande passo para o conhecimento de nós mesmos, pois nos possibilita trabalhar nossa mente na busca por uma vida com qualidade. Assim como os pensamentos negativos influenciam nosso comportamento, os positivos também o fazem.  A Ciência vem provando que nossas ideias são capazes de levar o cérebro a produzir hormônios de diferentes tipos, tanto relacionados ao estresse quanto ao bem-estar. Assim, o que define a substância a ser liberada por ele vai depender da forma como reagimos aos nossos pensamentos. Em suma, podemos ser senhores de ideias que nos limitam ou nos motivam.  A escolha pertence a cada um de nós.

Nota: As pesquisas atuais não cansam de nos surpreender. O neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, por exemplo, conseguiu “separar” a mente do corpo, fazendo com que as ondas cerebrais de um macaco nos EUA controlassem um robô no Japão. (tecmundo)

Fontes de pesquisa
Segredos da Mente
https://www.tecmundo.com.br/ciencia/16885-5-mitos-sobre-o-cerebro-que-voce-jurava-ser-verdade.htm
https://www.jrmcoaching.com.br/blog/lidando-com-pensamentos-intrusivos/

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ANSIEDADE X CAMINHO DO MEIO

Autoria de Lu Dias Carvalho

De uma forma geral, a ansiedade é um sentimento incômodo e projetado para o futuro. A pessoa aflitiva vive num estado de alerta constante por causa de uma situação que ainda pode acontecer e causar-lhe sofrimento. (Flávia Maria Scigliano)
 
Cada vez mais pessoas estão chegando aos consultórios médicos queixando-se de uma aflição que não passa, de uma perturbação que anuvia sua mente e de uma grande incerteza quanto ao futuro. Elas pedem ajuda porque não sabem lidar com essas emoções que acabam transformando a vida num labirinto sem saída, retirando-lhes a alegria de viver. Embora a ansiedade esteja presente no cotidiano de todo ser humano, o que a difere de algo mais grave é a intensidade com que se abate sobre a pessoa.

Muitos de nós desconhecemos o quão sábio é o próprio corpo. Ele pode aguentar um determinado estresse por um tempo, mas não por todo o tempo. No caso da ansiedade – quando o medo, as incertezas e a expectativa extravasam seus limites – o corpo humano sofre uma alteração emocional – reação natural que corresponde a um pedido de ajuda. O seu grito de dor é uma forma de alerta, sem o qual correria o risco de somente buscar socorro quando já se encontrasse em frangalhos. Ele dá o sinal, como se dissesse: “Depois não venha dizer que não avisei!”.

O organismo humano reage à sensação de aflição, ao receio ou à agonia que acomete a pessoa, quando não diz respeito a um tempo determinado, mas que se prolonga indefinidamente. A inquietação, a impaciência e o descontrole sem causa aparente nada mais são que um sinal para que se tome cuidado, pois algo está desandando, fugindo ao controle da mente. É preciso compreender a linguagem de nosso corpo, levar em conta seus mecanismos de defesa e buscar ajuda, antes que a ansiedade possa se transformar num severo distúrbio (Transtorno da Ansiedade Generalizada – TAG), impedindo o indivíduo de exercer até mesmo suas atividades rotineiras.

Conhecer as diferenças entre a ansiedade tida como normal e aquela que é considerada uma patologia da mente é muito importante para buscar ajuda quando necessária. A primeira aparece quando a pessoa encontra-se prestes a passar por uma situação de desconforto (entrevistas, concursos, mudanças, etc). A segunda caracteriza-se por uma preocupação fora dos limites ou por uma expectativa com grande apreensão que foge ao controle e que perdura por no mínimo seis meses, vindo acompanhada de irritabilidade, inquietação, fadiga, tensão muscular, dificuldade de concentração e perturbação do sono. Neste último caso, quanto mais cedo buscar ajuda médica menor será o sofrimento.

Nota: obra de Edvard Munch

Fonte de pesquisa
Guia minha Saúde/ Editora On Line

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ANSIEDADE X TECNOLOGIA

Autoria de Lu Dias Carvalho

Não há por que contestar que a tecnologia vem tornando a vida humana bem mais fácil. São inúmeros os benefícios prestados em todos os campos. Contudo, ela também apresenta uma face perversa – quando não usada com equilíbrio –, fortalecendo o provérbio que diz que “quem nunca comeu melado, quando come, acaba se lambuzando”. É exatamente isto que vem acontecendo. Nós temos perdido o equilíbrio no que tange ao uso, sobretudo, das redes sociais, ávidos que estamos pelos celulares – cada vez mais modernos – que nos conectam com o mundo, mas que nos desconectam com aqueles que vivem em torno de nós.

Nunca se falou tão pouco nas salas de espera de consultórios e hospitais, dentro dos ônibus e metrôs, nos recreios de escolas e festas, nas ruas e até mesmo nos pequenos intervalos de descanso oferecidos pelas empresas. E tudo isso sem querer penetrar na intimidade dos lares, onde o contato com as redes sociais toma assento até mesmo à mesa, quando a família se reúne para comer. Entre uma garfada e outra os olhos voltam-se para o aparelhinho retangular postado à esquerda do ansioso membro que checa continuamente as mensagens recebidas. Tudo parece ser de urgência urgentíssima. E o diálogo com as pessoas próximas? O que é mesmo isso? Quem passa mesmo a comer de concha nessa parada é a ansiedade – vilã da sociedade moderna.

O fato é que ainda não nos encontramos preparados para o número alarmante de informações – dos mais diferentes vieses – que chegam até nós diariamente, ainda mais quando a modernidade de nossos tempos exige que sejamos multitarefeiros.  A questão é tão complexa que novos termos estão surgindo para definir a ansiedade gerada pelos novos meios de comunicação, como ringxiety (sensação de que o celular toca ininterruptamente) e technologyrelated (aflição gerada pelo travamento do computador). No bojo de tudo isso está a ansiedade – angústia ou perturbação – ocasionada pelo medo de encontrar-se desconectado da internet, desconhecendo o que acontece no país e no mundo. O resultado de tudo isso é que estamos nos transformando em pessoas ansiosas que sofrem por antecipação e, consequentemente, perdemos qualidade de vida.

O psicanalista e escritor Augusto Cury adverte-nos: “Pensar é bom, pensar com consciência crítica é ótimo, mas raciocinar excessivamente e sem gerenciamento é uma bomba para a saúde psíquica e para o desenvolvimento de uma mente livre e criativa”. O que vem acontecendo é que a consciência crítica é cada vez mais fugaz, pois a maioria de nós funciona no autômato. O pensamento acelerado rouba a emoção, põe de escanteio a qualidade e a profundidade de nosso raciocínio, apegados que estamos a um número impactante de estímulos que despenca sobre nós – número esse que acaba por nos presentear com a Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA) – a moléstia de nosso século, segundo o escritor, que é bem mais prejudicial que a depressão.

O estado de ansiedade crônica é causado pela rapidez e pelo excesso de pensamentos, resultando num coquetel explosivo para a nossa saúde emocional – de acordo com Cury. Ele também explica que ao violarmos o ritmo de formação de nossos pensamentos – o que é antinatural – estamos sobrecarregando nosso cérebro, gerando consequências gravíssimas para nós mesmos. Sempre soubemos que o nosso corpo está adaptado para trabalhar em equilíbrio e que todo excesso prejudica o seu funcionamento – até mesmo a velocidade com que raciocinamos. Fica, portanto, o alerta: não podemos ir com muita sede à fonte, pois ainda não sabemos como lidar com muitas dessas situações que chegam até nós. Portanto, o equilíbrio – também conhecido pelo Budismo como Caminho do Meio – deve nortear nossos impulsos e comportamentos de modo que não venhamos a tornar-nos vítimas do excesso que é um campo fértil para a ansiedade.

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ANSIEDADE X AJUDA MÉDICA

Autoria de Lu Dias Carvalho

Se não tratada no início, a ansiedade pode se tornar uma doença séria, como sintomas não só psíquicos, mas também físicos.

Várias causas impedem a busca pelo tratamento médico dos transtornos mentais no Brasil. As mais comuns são o desconhecimento sobre as patologias, desconhecimento esse gerado pela falta de políticas públicas; o preconceito contra as doenças mentais; os preços exorbitantes das consultas e dos antidepressivos; e a dificuldade de atendimento nas redes públicas. Tudo isso somado a um tratamento em longo prazo, exigindo muitas vezes licença do trabalho – estando as empresas despreparadas para lidar com tais casos – tem sido exasperante principalmente para as pessoas de baixa renda – faixa em que se insere a maioria dos brasileiros. O mais cruel é saber que, quando não tratada assim que se manifesta, a ansiedade excessiva deixa de apresentar apenas os sintomas psíquicos e passa a incluir os físicos – transformando-se numa doença gravíssima.

O fato de o transtorno de ansiedade apresentar diferentes sintomas torna a sua identificação ainda mais difícil. De maneira geral os sintomas mais comuns são: tensões e medos exagerados; preocupações excessivas; sensação de que algo ruim está prestes a acontecer; incapacidade de controlar os próprios pensamentos, etc. Além disso, algumas pessoas podem sentir sintomas físicos, como: dores de cabeça e sensação de cansaço; dores no peito e falta de ar; dores nas costas; palpitações e contrações musculares; mudanças na temperatura do corpo; palpitações e suor excessivo, etc.  De acordo com o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, feito pela Associação Americana de Psiquiatria, existem dez subtipos da doença, cada um deles podendo apresentar sintomas diferenciados. Vejamos:

    1. Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) – trata-se do tipo mais comum e mais frequente. O doente é acometido de uma grande ansiedade e de uma preocupação excessiva, o que lhe traz um intenso sofrimento que interfere em sua saúde física, na vida social e profissional. São sintomas desse subtipo: cansaço, falta de concentração, irritabilidade, inquietação, tensão muscular,  insônia, etc.
    2. Mutismo Seletivo – diz respeito à dificuldade de interação do ansioso com outras pessoas. O doente não gosta de conversar – jamais iniciando uma conversa – e responde com o mínimo de palavras o que lhe é perguntado, isso quando não ignora a pergunta. Embora o mutismo seletivo – muitas vezes associado à timidez – seja mais comum em crianças, ele pode acontecer com pessoas adultas.
    3. Transtorno de Ansiedade de Separação – é mais comum em crianças, porém, adultos também podem ser acometidos por esse problema. A pessoa vivencia um medo exasperador em relação à separação que pode ser de uma pessoa, de um animal, de um objeto ou até mesmo de um lugar (medo de mudar de casa, por exemplo). Se a separação do motivo do apego acontecer, o indivíduo pode apresentar apatia, tristeza, terrores imaginários, dificuldade de concentração ou até mesmo dificuldades de relacionamento
    4. Transtorno de Pânico – a pessoa é acometida por ataques recorrentes de pânico. Tais surtos de medo surgem muitas vezes sem nenhum tipo de gatilho – o que leva a pessoa ter medo de sair de casa –, ocasionando um grande sofrimento ao portador que acha estar tendo um ataque cardíaco, indo muitas vezes parar no hospital. Esses ataques podem durar entre cinco e 30 minutos. Dentre os sintomas estão: sudorese, taquicardia, falta de ar, tremores, sensação de asfixia, dores no peito, tontura, náuseas, calafrios, sensações de formigamento, desrealização (sensação de irrealidade), medo de enlouquecer, de perder o controle e fazer algo que possa colocar sua vida em risco e, sobretudo, medo de morrer. Se não tratados, os ataques de pânico tendem a ser cada vez mais frequentes.
    5.  Fobias Específicas – trata-se do medo de enfrentar situações específicas, como entrar num elevador, ficar em lugares altos, encontrar uma barata, entrar numa piscina, tomar injeção, etc. Sempre que é obrigada a enfrentar uma situação dessas, a pessoa entra em crise, demonstrando um medo sem limites e acaba sendo acometida por um ataque de pânico.
    6.  Fobia Social – refere-se ao medo sem limites de ser exposto à avaliação de terceiros quando em situações sociais. O portador de tal fobia não gosta de falar em público e nem mesmo de ser observado em ações rotineiras.
    7.  Agorafobia (àgora + fobia) – medo doentio de estar em/ou atravessar grandes espaços abertos ou lugares públicos, pois neles não se sente seguro, necessitando da companhia de outras pessoas.
    8.  Transtorno de Ansiedade Induzido pelo Uso de Substâncias – origina do uso abusivo de substâncias ilícitas (maconha, cocaína, ecstasy, etc), excesso de cafeína, álcool, medicamentos como opióides e anfetaminas.
    9.  Transtorno de Ansiedade Devido a Outra Condição Médica – dá-se em razão da condição médica da pessoa, muitas vezes ocasionada por doenças e alterações físicas.
    10.  Especifica e não especificado – refere-se aos casos que não se inserem nos subtipos acima, ou seja, fora dos critérios descritos, embora tragam ao paciente um grande sofrimento.

Fontes de pesquisa
Guia minha saúde/ Editora On line
https://vivabem.uol.com.br/noticias/redacao/2018/12/13/ansiedade-nao-e-tudo-igual-conheca-9-subtipos-que-precisam-de-tratamento.htm

Nota: Cinzas, obra de Edvard Much.

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