Arquivo da categoria: Saúde Mental

Fórum para debate sobre problemas de saúde mental, com textos alusivos ao tema.

DEPRESSÃO E CAPACIDADE CEREBRAL

 Autoria de Lu Dias Carvalho

Então Pedro saiu do barco, andou sobre as águas e foi na direção de Jesus.  Mas, quando reparou no vento, ficou com medo e, começando a afundar, gritou: “Senhor, salva-me!”. Imediatamente Jesus estendeu a mão e o segurou. E disse: “Homem de pequena fé, por que você duvidou?” (Mateus 14:22-36)

A utilização insuficiente da capacidade cerebral pode ser tão nociva para o equilíbrio psíquico quanto o cansaço por excesso de atividade. (Stefan Klein)

Quando estou mergulhado nos meus personagens e na ação, não existem horários e nem refeições. Que me deixem tranquilo. (Heinz Konsalik )

Vimos em textos anteriores que se ocupar de outras tarefas – além de pensar somente em nós mesmos – é de suma importância para a saúde de nosso cérebro, pois ao se manter atarefado, ele se esquece de si mesmo e mostra-se mais feliz. Concluímos, portanto, que nosso cérebro parece não gostar do vazio, ou seja, que nos voltemos apenas para nós mesmos. O compartilhamento faz-lhe muito bem. Eis uma prova de que não nascemos para viver sozinhos, ou seja, nenhum homem é uma ilha.

Quando nos encontramos ao telefone numa conversa do nosso interesse, temos a tendência de ignorar o barulho à nossa volta, concentrando-nos no assunto em questão. Nossas preocupações e ruminações também funcionam como ruídos prejudiciais que se mostram ainda mais severos quando nosso cérebro não se encontra envolvido em tarefas que o levem a ignorá-los. Está aí o porquê de contar carneirinhos – como ensina a sabedoria popular – quando nos encontramos insones. Ao ocupar os neurônios com a contagem dos animaizinhos, acabamos impedindo que as preocupações e os pensamentos negativos imperem.

Nosso cérebro não descansa nunca. Quando nos encontramos em momentos de ociosidade, volta-se para as fantasias ou lembranças. O pior é que tem a tendência de escolher as mais desagradáveis. Por que isso? Porque nós somos mais atraídos pelo pessimismo, como se vivêssemos atentos a um perigo iminente, pois o nosso  instinto de sobrevivência está sempre a postos. O grito de “Fogo!” deixa-nos muito mais atentos do que se ouvíssemos um anúncio prazeroso. Entre uma ideia agradável e uma amedrontadora, surgindo ao mesmo tempo em nosso cérebro, a última sempre vence.  Segundo o biofísico Stefan Klein, o Evangelho de Mateus relata a correspondência entre percepção e sentimento, ao narrar o milagre no lago de Genesaré (em negrito no início deste texto). Pedro começou a sentir medo e fracassou quando passou a duvidar de si mesmo, ao atender o chamado do Mestre.

Não são poucas as vezes em que nos dispusemos a fazer uma tarefa e nem demos conta do tempo passando. Quando olhamos as horas, acabamos levando um susto, pois o tempo apresentado pelo relógio parece-nos irreal. Isso acontece quando a tarefa é desempenhada com concentração em razão de sua importância ou prazer, pouco importando qual seja ela (caminhar, ler, conversar, pintar, escrever, fazer uma comida, etc.). Por que isso acontece? Porque o cérebro encontra-se tão ativo que o “eu” fica em segundo plano.

A lenda grega sobre Sísifo (filho do Éolo), tido como o mestre da malícia e da rebeldia e um grande ofensor dos deuses, mostra-nos como a inutilidade de qualquer esforço feito pode parecer-nos um tormento, ao contrário de algo desejado:

Sísifo ao ser castigado por Zeus – o deus dos deuses – recebeu a incumbência de empurrar uma pedra ladeira acima  e colocá-la no topo de uma montanha. Contudo, ao chegar ao cume do monte, a rocha despencava-se de novo e de novo. A pedra não era pesada o bastante para significar um tormento. O castigo encontrava-se na inutilidade da tarefa, ou seja, na monotonia do trabalho executado por Sísifo vezes e vezes sem conta, sem nada exigir de seu cérebro, privando-o de qualquer euforia. É por isso que existe a expressão popular “trabalho de Sísifo”, originada  dessa lenda grega, relativa a todo tipo de trabalho ou situação que é interminável e inútil.

O trabalho executado, portanto, para provocar uma sensação de leve euforia no nosso cérebro, fazendo aflorar os sentimentos positivos, não deve ser por demais difícil e nem excessivamente fácil. Pesquisas mostram que se a tarefa executada é muito difícil ou extremamente fácil acaba por não trazer efeitos positivos para o cérebro.

Quando a atividade exige muito esforço, traz sensações de cansaço e esgotamento, sendo que a falta de êxito produz frustração. Se a tarefa é feita mecanicamente, sem qualquer desafio, nada exigindo do órgão cerebral, traz uma sensação de tédio – a mente não aceita a ociosidade – abrindo espaço para que os pensamentos ruins se instalem. O ideal é que a atividade executada estimule o cérebro na medida certa, fazendo surgir os sentimentos positivos. Logo, tanto uma atividade extremamente complexa quanto uma fácil demais não beneficiam o nosso cérebro.

Para concluir, é bom levarmos em conta a advertência do biofísico Stefan Klein: “Um amplo número de estudos psicológicos revela que as pessoas cuja ocupação habitual não solicita sua capacidade cerebral de modo satisfatório estão mais propensas a sofrer de depressão e angústia”.

Nota: ilustração – Manacá, obra de Tarsila do Amaral

Fonte de pesquisa:
A Fórmula da Felicidade – Stefan Klein – Editora Sextante

COMO AGIR DIANTE DA DEPRESSÃO

Autoria de Lu Dias Carvalho

 A depressão se instala quando a atividade cerebral não está sendo desenvolvida de forma plena. (Stefan Klein)

Aos poucos as pessoas em todo o mundo vão tomando consciência de que a depressão é uma doença seriíssima e não fruto de fricotes, chiliques ou dengues. Ela é uma resposta ao mau funcionamento do cérebro, instalando-se quando a atividade cerebral não funciona como deveria. Mas o que fazer quando essa doença mental abate-se sobre nós?  Seria melhor buscar um cantinho de jeito, esperando o tormento passar ou tocar a vida para frente, ainda que se deseje ficar apenas deitado num quarto escuro, sem qualquer contato com a vida lá fora, recolhendo-se diante de tamanha infelicidade? É isto que saberemos agora.

Pesquisas mostram que o fechar-se em si mesmo só fortalece o sofrimento, uma vez que o cérebro passa a não receber estímulos que o ajudem a retomar sua normalidade. O desânimo, a tristeza, a paralisia dos sentimentos e da razão acabam jogando o doente num abismo cada vez mais tenebroso. Portanto, a conclusão a que as pesquisas neste campo chegaram é que não fazer nada ou jogar a toalha, como se diz popularmente, é um péssimo remédio, ainda que, quando em depressão, seja difícil para o doente despertar seu próprio interesse no que quer que seja. A vítima da doença concentra-se em sua vida interior, centrando-se em seus pensamentos sombrios, buscando compreender – em vão –  o porquê de seu sofrimento.

A depressão leve que consiste naquela tristeza comum ao dia a dia , ou seja, aquela que toma conta de nós vez ou outra, pode facilmente ser debelada unicamente com a mudança de comportamento, sobretudo controlando os pensamentos e sentimentos negativos, a fim de que o estado depressivo não seja alimentado. Contudo, a depressão severa, além da mudança de comportamento também necessita de medicamentos que irão trabalhar no sentido de libertar o cérebro da apatia em que se vê atolado. Somente o especialista poderá diagnosticar o paciente e fazer a diferença entre as duas fases do estado de alma da pessoa.

É preciso muito cuidado com a tristeza acabrunhante, pois ela pode ganhar vida própria, alimentando-se de si mesma, até resvalar para algo mais sério, ou seja, para uma depressão severa. Sabe-se que o abatimento é muitas vezes gerado por uma carga excessiva de estresse (a perda de um ente querido, pressão no trabalho ou na família, doenças, separações, etc.), o que leva o organismo a dar sinais de que precisa de um tempo para sobreviver ao desânimo, cansaço e tristeza. É preciso compreender os sábios sinais do corpo e atendê-lo em suas necessidades.  

Muitas vezes, mesmo tendo passado o motivo da profunda tristeza, a vítima continua a alimentá-la com pensamentos e sentimentos negativos, afastando-se das pessoas e sentindo-se vítima da situação. Tal comportamento é um equívoco, pois apenas alimenta o círculo vicioso (inatividade/desânimo/inatividade). Deixar o mundo de fora, abrindo mão de seus estímulos é um péssimo negócio. Inteirar-se com ele é fundamental. Voltar o olhar para fora, lidando com outras pessoas e coisas contribui para romper o círculo vicioso dos pensamentos negativos e sentimentos ruins. Por que isto é bom? Porque o cérebro, quando atarefado, não mais se preocupa consigo mesmo, ou seja, ele se esquece de si mesmo e passa a preocupar-se apenas com o que está realizando.  Preencher o tempo é vital.

O biofísico Stefan Klein explica: “No estado de melancolia, o cérebro pode ser comparado a uma perna engessada há muito tempo. Quem já passou por isso sabe como os músculos se enfraquecem pela falta de exercício e como é doloroso dar os primeiros passos, a tal ponto que pensamos em desistir. No entanto, precisamos caminhar. Da mesma forma o cérebro tem que ser submetido a uma recuperação que possa ajudá-lo a superar o episódio depressivo. Qualquer tipo de atividade é válido para combater a tristeza. É como retomar as rédeas da própria vida. Quando nos ocupamos de alguma coisa, as faculdades cerebrais são mobilizadas e assim nos sobra menos tempo para alimentar pensamentos sombrios”.

Os portadores de depressão sabem que os medicamentos não fazem todo o trabalho necessário para que o cérebro retorne à sua normalidade. Mudar o comportamento é fundamental para estimular as células nervosas, seja durante uma depressão leve ou aguda. Quem quiser voltar a caminhar por conta própria, precisará de toda a sua boa vontade para recuperar suas faculdades cerebrais.

 Nota: ilustração – Serenata, obra de Di Cavalcanti

Fonte de pesquisa:
A Fórmula da Felicidade – Stefan Klein – Editora Sextante

DEPRESSÃO: COMO ACELERAR O CÉREBRO

Autoria de Lu Dias Carvalho

Quando nos ocupamos de alguma coisa, as faculdades cerebrais são mobilizadas e assim nos sobra menos tempo para alimentar pensamentos sombrios. (Stefan Klein)

Quem consegue vencer a inércia está dando o primeiro passo para adquirir um conceito melhor de si mesmo. (Stefan Klein)

Pesquisas comprovam que, “quando concentramos a atenção em uma atividade concreta, deixamos menos espaço para pensamentos e sentimentos pessimistas”, afirma Stefan Klein. O ideal, segundo o biofísico, é que a atividade escolhida leve-nos a um objetivo no qual obtenhamos êxito. Nessa fase de desânimo não adianta escolher metas difíceis de serem alcançadas, uma vez que o nosso cérebro encontra-se menos ágil, ainda longe de pôr em ação toda a sua capacidade de desempenho. Assim, as tarefas mais simples agem como um preaquecimento da mente e cada êxito alcançado é um passo no seu restabelecimento.

Todas as pessoas que já passaram por uma fase depressiva, ou nela ainda se encontram, sabem como é difícil a execução de quaisquer tarefas. O corpo fica pesado, inerte e só pede cama ou que o deixemos quietinho, distante de todos e de tudo. Atender o seu pedido é um grande erro, pois só faz enrijecer o cérebro. É preciso respirar fundo e reunir as minguadas forças ainda restantes para sair do marasmo. As tarefas iniciais podem ser relacionadas aos trabalhos domésticos ou qualquer outro tipo de exercício que não requeira muito esforço – sem estresse – e dê-nos a sensação de sucesso ao terminá-lo e ânimo para fazer outros.

A vivência do êxito, ao levar uma tarefa ao seu término, é muito importante no estado de tristeza em que o depressivo se encontra.  O neuropsicólogo Richard Davidson explica que “Isso se explica pelo funcionamento dos dois hemisférios cerebrais (assunto presente neste site). Nas fases de desânimo ocorre uma drástica redução da atividade da região frontal esquerda – a que nos impulsiona a estabelecer objetivos, mas que também controla as emoções negativas”. Contudo, quando a pessoa depressiva trabalha para atingir um objetivo, ainda que esse seja simples, ela passa a acionar essa metade do cérebro que se encontra com a sua atividade diminuída e que é importantíssima para ativar o bom humor. Ao atingir a meta proposta, os neurônios da região frontal remetem o sinal que provoca a percepção do êxito.

Fica patente, portanto, que a atividade física é de suma importância para as pessoas depressivas, pois ajuda na produção de sentimentos positivos. Contudo, ao iniciá-la, não se deve estabelecer metas mirabolantes que acabam – uma vez não cumpridas – levando ao desânimo e fazendo com que a pessoa abandone os exercícios. Na fase inicial a persistência é muito importante, uma vez que mil e uma desculpas (faz muito calor, está frio, parece que irá chover, o sol está de rachar, minha cabeça está querendo doer, não me sinto bem hoje…) aparecerão para que o depressivo continue em casa adubando sua melancolia.

Pesquisas mostram que a eficácia da atividade física para o cérebro é imediata. O neurocientista Fred Gage constatou, através de pesquisas com ratos, que “Os exercícios físicos favorecem o crescimento e até mesmo a formação de novos neurônios”. Segundo ele, houve, até mesmo nos animais que antes tinha dificuldade de aprender, um desempenho superior em razão da atividade física.

Por que os exercícios físicos são importantes:

  • Tornam a mente mais ágil.
  • Estimulam o crescimento das conexões neuronais que impedem a ocorrência do mais nefasto de todos os sintomas da depressão: a atrofia das células cinzentas (assunto presente neste site em O QUE É A DEPRESSÃO e COMO A DEPRESSÃO ACONTECE  dentre outros artigos).

Os benefícios da atividade física são sentidos logo após o término dos exercícios. Corpo e mente experimentam uma sensação de prazer que culmina com um bom banho. Mas por que isso acontece? O esforço físico libera serotonina (hormônio que regula o humor, sono, apetite, ritmo cardíaco, temperatura corporal, sensibilidade e funções intelectuais e, por isso, quando se encontra numa baixa concentração pode causar mau humor, dificuldade para dormir, ansiedade ou mesmo depressão). O biofísico Stefan Klein complementa que “Ao contrário das pílulas que apenas atenuam a melancolia, a atividade física também gera um sentimento positivo, pois o esforço libera as endorfinas que causam euforia”.

Ainda segundo o biofísico, a prática regular de exercícios de pelo menos três vezes por semana, durante ao menos meia hora, pode ser tão eficaz contra a melancolia quanto os melhores antidepressivos encontrados nas farmácias. Mas vale lembrar que nas depressões graves a prática de exercícios deve estar aliada aos medicamentos, conforme prescrição médica, pois uma coisa não exclui a outra.

Nota: ilustração – Roda de Peteca, obra de Heitor dos Prazeres

Fonte de pesquisa:
A Fórmula da Felicidade – Stefan Klein – Editora Sextante

QUANDO O PRAZER É PERIGOSO

Autoria de Lu Dias Carvalho

O que serve para tudo se presta ao abuso (ditado popular)

 A dependência é em parte determinada pelas circunstâncias da vida e em parte pelos genes. (Stefan Klein)

Não há quem não deseje ter uma vida plena de prazeres, contudo, a busca exagerada pelo aprazimento pode transformar-se numa faca de dois gumes. Isso acontece porque, ao ter a vontade saciada, a satisfação decresce rapidamente levando a pessoa a buscar uma nova, pois, como reza o dito popular, “os prazeres são efêmeros”. Como bem mostram os compradores compulsivos, o desejo passa a comandar a vontade, tornando o indivíduo refém de um anseio incontrolável. O biofísico Stefan Klein explica porque isso acontece: “Quando um estímulo desencadeia repetidamente o desejo, isso altera o modo de funcionamento de várias áreas do cérebro. Poderoso, o desejo pode transformar um indivíduo em um ser obcecado que não conhece mais limites e perde o sentido da realidade”.

O fato é que o ser humano possui apenas um circuito – um sistema multiuso – relacionado ao “desejo” que é o mesmo no que diz respeito ao aprazimento proporcionado pelos alimentos, pelo amor, reconhecimento social, etc., portanto, não importa qual seja o tipo de prazer para que a dopamina (conhecida como o neurotransmissor do prazer) seja produzida. Segundo pesquisas científicas, ao buscar mais e mais prazer, a pessoa acaba entrando no “fazer por fazer”, ou seja, a ação passa a ser mais importante e não a coisa em si. Para o comprador compulsivo, por exemplo, o ato de comprar é muito mais importante de que o objeto adquirido, enquanto para o glutão interessa apenas a ação de comer.  Para o sujeito refém do desejo, o que conta é a satisfação de seu anseio, o prazer antecipado daquilo que irá obter.

Os vícios nada mais são do que desejos descontrolados e um acidente na vida do indivíduo na busca pela felicidade, como explica Stefan Klein: “Dependendo da disposição genética, o prazer por comida pode se transformar em gula desenfreada; o gosto pela prática de esportes em um castigo obsessivo com corridas ou peso; a alegria com o ato de jogar ocasionalmente em uma prática constante. Todos esses comportamentos compulsivos surgem da mesma maneira. […] A evolução não programou nada para evitar que nos prejudicássemos dessa maneira, pois não podia prever essa circunstância que só ocorreria em um futuro distante. […] Há apenas dez gerações, na época em que a fome era um flagelo frequente em muitos países, não se tinha a ideia de que a agricultura mecanizada viria a ampliar a oferta de alimentos de tal forma que a obesidade se tornaria um grave problema de saúde pública. A dependência, portanto, não pode ser compreendida como um desejo que escapou do controle evolutivo”.

Ao ligar a procura obsessiva por prazer à busca pela felicidade, Stefan Klein relaciona até mesmo os sete pecados capitais a um desejo incontrolável para obter satisfação. Assim explica: “Orgulho é amor-próprio em altas doses, avareza é parcimônia excessiva e inveja é um exagero da nossa tendência natural de buscar nas outras pessoas um ponto de comparação. A gula surge sempre que o organismo não responde à ingestão de alimentos com a sensação de saciedade. A luxúria nos domina quando não encontramos no sexo uma satisfação plena, o que nos faz querer sempre mais. A ira é a agressividade descontrolada, não submetida à razão. A preguiça é o estado em que ficamos, quando, depois de um relaxamento saudável, não conseguimos recuperar o ritmo e a motivação naturais”.

Como podemos desligar o circuito da dependência predadora pelo prazer e escapar das tentações? Acionando o sistema de vigilância diária. Vigiando-nos o tempo todo, buscando sempre racionalizar os nossos desejos de modo a não nos tornar reféns deles. Epicuro de Samos, filósofo grego do período helenístico, já dizia: “O prazer não é um mal em si; mas certos prazeres trazem mais dor do que felicidade”, ou seja, quando deixa de ser prazer para se transformar em vício.

Nota: a ilustração é o quadro Os Sete Pecados Capitais de Bosch.

Fonte de pesquisa:
A Fórmula da Felicidade – Stefan Klein – Editora Sextante

A ALIMENTAÇÃO NO COMBATE AO TAG

Autoria de Lu Dias Carvalho

O TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizada) é um distúrbio que, segundo o manual de classificação de doenças mentais – DSM. IV – caracteriza-se pelo excesso de preocupação ou expectativa apreensiva. Trata-se de uma das doenças mentais que mais crescem em todo o mundo. Dentre os seus sintomas mais comuns podem ser listados: dificuldade de concentração, irritabilidade, inquietação, fadiga, tensão muscular, taquicardia, palpitações, falta de ar, aperto no peito, sudorese e perturbação do sono. Esses sintomas variam de uma pessoa para outra. Os portadores de tal transtorno possuem um nível alarmante de ansiedade que não corresponde aos acontecimentos responsáveis por gerá-lo. Esse transtorno muitas vezes aparece sem nenhum motivo aparente.

O transtorno da ansiedade generalizada não respeita idade ou gênero, podendo afetar pessoas de todas as idades, desde criança à velhice. As mulheres normalmente são um pouco mais vulneráveis ao TAG do que os homens. O diagnóstico médico é muito importante, pois os sintomas de tal transtorno são comuns a muitas outras doenças. Uma vez diagnosticado o transtorno – diagnóstico feito através de uma avaliação criteriosa – o doente será orientado por seu médico quanto ao tratamento, sendo que, na maioria das vezes, terá que fazer uso de antidepressivos por um determinado tempo. Deve também ser alertado para o fato de que deve seguir corretamente a prescrição médica, jamais interrompendo o tratamento sem o aval do médico, pois a retirada do medicamento não pode ser súbita.

O Dr. Dráuzio Varella alerta: “Se você é visto como alguém de estopim curto que anda sempre com os nervos à flor da pele e tem muita dificuldade para relaxar, provavelmente chegou a hora de procurar um médico para avaliar esse estado permanente de tensão e ansiedade. Se você cobra muito de si mesmo, está sempre envolvido em inúmeras tarefas e pressionado pelos compromissos, tente pôr ordem não só na sua agenda, mas também na sua rotina de vida, sem se esquecer de reservar um tempo para o lazer. Se não conseguir sozinho, não se envergonhe, peça ajuda”. Quanto mais cedo houver a busca por ajuda, menor será o sofrimento do portador do TAG.

A alimentação desempenha vital importância no combate ao TAG, assim como pode contribuir para estimulá-lo. Se ela sozinha não é capaz de curar a ansiedade, seu uso adequado é responsável por amenizá-la e muitas vezes impedir que surja. Os ansiosos, portanto, devem ter cuidado com aquilo que lhes entra pela boca. É sabido que bebidas que contêm cafeína – alcaloide psicoestimulante –, como café, chá-mate, chá-verde, erva-mate, chá-preto e refrigerantes contribuem para o aumento da ansiedade. A nutricionista Isabella Correia adverte: “A cafeína estimula o sistema nervoso, eleva o hormônio do estresse – o cortisol – e diminui a produção de serotonina no cérebro. Como consequência aumenta a tensão, a irritabilidade, o estresse, as dores de cabeça, a ansiedade e a compulsão por doce.”. No entanto, existem alimentos e substâncias que ajudam a combater o TAG. Vejamos alguns:

1. Chás – existem muitos chás (valeriana, folhas de maracujá, camomila, erva-cidreira, melissa, etc.) que contêm substâncias que acalmam e relaxam os músculos, diminuindo a ansiedade.

2. Peixes – aqueles que contêm ômega 3 e vitaminas do complexo B (atum, salmão, sardinha, etc.) são importantíssimos para a saúde do cérebro.

3. Chocolate – os seus flavonoides – que são um antioxidante – ajudam na produção de serotonina. Mas isso somente nos chocolates com uma alta concentração de cacau (a partir de 70%), de preferência sem açúcar.

4. Verduras verde-escuras (principalmente espinafre) – contêm ácido fólico, uma vitamina do complexo B que também ajuda na produção de serotonina.

5. Vitamina C – presente nas frutas cítricas, como laranja, acerola, caju, etc. Essa vitamina diminui a produção de cortisol (hormônio produzido em resposta ao estresse e à ansiedade).

6. Triptofano – aminoácido que ajuda na produção da serotonina. Proporciona bem-estar, ajuda o cérebro em suas reações químicas, regula o apetite, o sono e leva a uma sensação de confiança. Dentre os alimentos em que encontra presente estão a banana, nozes, queijo, grão-de-bico, etc.

Fontes de pesquisa:
https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/ansiedade-transtorno-de-ansiedade-
Segredos da Mente/ Cérebro e Depressão

ATENÇÃO AO ALARME DA ANSIEDADE

Autoria de Lu Dias Carvalho

 A ansiedade é uma excitação do sistema nervoso central que acelera o funcionamento do corpo e da mente. Quando estamos ansiosos, liberamos o neurotransmissor noradrenalina, que provoca toda essa excitação. (Sâmia Aguiar Brandão Simurro)

Quando (a ansiedade) passa a ser excessiva, com dificuldade de controle, comprometendo e trazendo prejuízos em áreas importantes da vida, temos que suspeitar do aparecimento do transtorno. (Ervin Cotrik)

 As causas emocionais (da Síndrome do Pânico) são diversas e, geralmente, são reflexos de situações do indivíduo que não foram resolvidas e “explodem” mais adiante em situações de ansiedade. (Bernard Miodownik)

 A mente cria válvulas artificiais para dar vazão a essa energia negativa (tensão gerada pela ansiedade). A partir daí, a pessoa começa a usar o próprio organismo como válvula de descarga. (Leonard Vereaque)

 A ansiedade faz parte da vida e sua raiz encontra-se no medo, o que é de suma importância para a nossa sobrevivência, pois desencadeia, numa situação de perigo, uma resposta de luta ou fuga quando isso se torna necessário. Contudo, quando foge à normalidade, é preciso estar atento ao alarme recebido, pois pode se tratar de um transtorno mental, envolvendo um nervosismo crônico, cuja gravidade é desproporcional à situação vivida. A ansiedade e seus transtornos tanto podem aparecer repentinamente – através de um ataque de pânico – ou gradativamente, e seus sintomas tanto podem ser mentais quanto físicos.

Existem diversos tipos de ansiedade, como também muitas causas que podem levar ao transtorno (fatores genéticos, personalidade ansiosa, ambiente estressante, doença física, abuso de drogas, acontecimentos traumáticos, maneira de encarar o dia a dia, tendências adquiridas no convívio com pessoas ansiosas, etc.). Esse transtorno começa a interferir na vida da pessoa – aprisionando-a em suas teias – ao trazer consigo um companheiro altamente indesejável: o medo extremado, desmedido e aterrador. O horror de passar por uma crise – momento em que a pessoa tenta evitar situações que levam à ansiedade extrema – acaba se resvalando para a Síndrome de Pânico (SP). Pesquisas apontam que pessoas com transtorno de ansiedade são duas vezes mais predispostas a sofrerem de depressão.

Uma vez que mente e corpo formam uma única unidade, nada mais comum que o fato de os fatores psicológicos contribuírem para o surgimento ou agravamento de inúmeros distúrbios físicos e as doenças orgânicas geradas afetarem o estado de espírito ou a forma de pensar e agir de um indivíduo. A ansiedade, por exemplo, é capaz de causar doenças como gastrite, úlceras, colites, taquicardia, hipertensão, cefaleia e alergias.  Portanto, a saúde mental e a física são como os dois lados de uma mesma moeda chamada “corpo humano”. São sintomas comuns a uma crise de ansiedade: coração acelerado, respiração ofegante, sudorese, tremores em várias partes do corpo, asfixia ou tontura, músculos tencionados, cérebro em pânico, etc.

São catalogados diversos tipos de distúrbios de ansiedade, sendo os mais comuns: transtorno da ansiedade generalizada (TAG); síndrome do pânico (SP); fobia social; fobias específicas; transtorno obsessivo compulsivo (TOC); transtorno de estresse pós-traumático (TEPT); ansiedade noturna. Podem ser listados como sintomas psicológicos da ansiedade: medo constante; nervosismo extremo; a sensação de que está para acontecer algo ruim; dificuldade de concentração; falta de controle sobre os pensamentos; insônia; irritabilidade; agitação de pernas e braços; preocupação exagerada, etc. Podem ser listados como sintomas físicos da ansiedade: dificuldade para respirar (respiração ofegante ou falta de ar); dor ou aperto no peito; aceleração do ritmo das pulsações cardíacas; excesso de transpiração; sensação de fraqueza ou cansaço; náusea; boca seca; mãos pés frios; tensão muscular; dor de barriga; diarreia, etc.

Embora os homens não se encontrem imunes ao transtorno de ansiedade – ocasionada principalmente por questões profissionais e financeiras – as mulheres compõem um número duas vezes maior. Isso acontece porque, além de lidarem com um número maior de obrigações e responsabilidades, elas ainda são vítimas das variações hormonais. Conhecendo, portanto, os alarmes dados pela ansiedade e sendo ela o gatilho para provocar outros transtornos mentais, quanto mais cedo o doente buscar ajuda, menor será o seu sofrimento.

Fontes de pesquisa
Segredos da Mente
https://www.minhavida.com.br/saude/temas/ansiedade
http:ansiedade-e-transtornos-relacionados-ao-estresse/considerações
https://universa.uol.com.br/noticias/redacao/2011/05/17/ansiedade