Autoria de Lu Dias Carvalho
Eu sou o primitivo de uma nova arte. (Cézanne)
Esta pintura exagera o comprimento das costas do negro, demonstrando grande semelhança com a fotografia. A textura da tela, com um vermelho que sugere sangue, também parece evocar os ferimentos de Gordon, enquanto o branco pode ser lido como um monte de algodão, o que dá a dimensão dessa imagem, que deve ser entendida no contexto do debate abolicionista. ((Nicholas Mirsoeff, da Universidade de Nova York)
A composição O Negro Cipião, pintada por Cézanne, teve como modelo um negro que trabalhava na Academia Suíça de Paris que costumava servir de modelo para vários pintores, onde Cèzanne frequentava. O retrato foi feito no próprio atelier do artista e pertence à sua fase de transição, época em que ele ainda se encontrava em busca dos efeitos de claro-escuro e os contrastes luminosos, bem antes de brigar com o Impressionismo.
Na obra, um homem negro recostado, ao que parece ser um monte de algodão, parece descansar. Seu braço direito desce curvado sobre seu corpo, até tocar o assento do banco, que aparenta apertar com força, enquanto o esquerdo, apoiado no monte branco, serve de apoio para sua cabeça. Suas costas estão curvadas. Cipião traz o dorso nu e veste calças azuis. Juntamente com o monte branco, seu corpo forma um grande volume, num fundo opaco que salienta ainda mais a junção dos dois elementos.
Esta obra de Cézanne passou a fazer parte do Masp (São Paulo), em 1950. Depois de anos de estudos, ganhou um novo olhar, sendo Cipião visto não como um negro qualquer, mas como uma alusão clara à foto de um negro flagelado nos Estados Unidos, que foi publicada pela revista “Harper`s Weekly”, três anos antes de Cézanne ter pintado sua tela. Supõem os pesquisadores que, como se tratava da Guerra Civil Americana, a imagem em questão correu mundo, passando por Paris, onde era acalorado o debate dos abolicionistas, tendo Cézanne tomado conhecimento da mesma.
Esta obra de Cézanne é de uma grande sensibilidade. Vendo os detalhes da imagem, a posição de exaustão desse homem, tiramos muitas conclusões sobre a exploração do homem branco em relação ao trabalho escravo. Eu não me canso de analisar esta tela e cada vez mais percebo detalhes que passaram imperceptíveis. Esse grande gênio da pintura – aliás, todos os grandes gênios fazem isso – deixa-nos livres para viajar no tempo, refletir os momentos, tirar as nossas conclusões de que é necessário expandir o nosso pensamento para esferas inatingíveis. (Daisa Tavares Carrijo)
A fotografia de McPherson e Oliver era chamada de “Costas Açoitadas”, sendo Gordon o nome do negro açoitado.
Ficha técnica
Ano: c. 1867
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 107 x 83 cm
Localização: Museu de Arte de São Paulo, São Paulo, Brasil
Fontes de pesquisa
Cézanne/ Coleção Folha
Cézanne/ Coleção Girassol
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2015/07
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Lu
Eu não sei precisar ao certo a data da obra, mas sei que é mesmo muito antiga. Ela se encontra na casa dos meus pais. Tenho algumas fotos, não sei se e possível enviar por aqui, mas posso tentar. Se não for possível, diga-me o seu email e eu envio as fotos.
Marco Antônio
Caso você more numa cidade grande, poderá levar o quadro a uma galeria ou museu para avaliação. Em faculdades de arte eles também fazem isso. Quanto ao meu e-mail, ele se encontra na primeira página do blogue, à direita.
Abraços,
Lu
Lu
Gostaria de saber quantas cópias existem da obra “o negro cipião” Eu tenho uma com muitíssimos anos, posso comprovar com fotos. Alguém que tenha conhecimento e me possa ajudar nesta pesquisa, avise-me.
Marco Antônio
Eu tenho informações sobre o número de cópias da obra em questão. Qual é a data da sua? Caso alguém aqui saiba, com certeza irá lhe repassar tal informação. Agradeço a sua visita e fica o convite para que volte sempre.
Abraços,
Lu
Lu
Esta obra de Cézanne, “O negro Cipião”, é de uma grande sensibilidade. Vendo os detalhes da imagem, a posição de exaustão desse homem, tiramos muitas conclusões sobre a exploração do homem branco em relação ao trabalho escravo. Eu não me canso de analisar essa tela e cada vez mais percebo detalhes que passaram imperceptíveis. Esse grande gênio da pintura, aliás, os grandes gênios, deixam-nos livres para viajar no tempo, refletir os momentos, tirar as nossas conclusões de que é necessário expandir o nosso pensamento para esferas inatingíveis.
Daisa
Gostei tanto de seu comentário que o agreguei ao texto. Gostaria de tê-la mais vezes neste espaço, sobretudo apreciando as obras de arte. Agradeço a sua presença e comentário. Aguardo-a!
Abraços,
Lu