Autoria de Lu Dias Carvalho
Neste século XXI, a depressão está para a mente, assim como a obesidade está para o corpo. Ainda bem que a visão que se tem hoje sobre as doenças mentais vem libertando-as do baú dos preconceitos em que até então se encontravam. Antes, as informações eram escassas e, de modo geral, pertencentes apenas aos especializados em saúde mental. Hoje, qualquer pessoa sabe que a informação desejada está disponível, sem ter que quebrar a cabeça com as siglas apresentadas nos relatórios médicos, como se fossem uma receita de alquimia.
A democratização da informação relativa à saúde mental tem aberto janelas até então ocultas para os leigos, sendo as respostas extremamente rápidas, o que diminui o impacto da doença no paciente. As pessoas podem prevenir e tratar a doença mental, em alguns casos, apenas mudando seus hábitos: atividade física, vivência em grupo e os tratamentos não medicamentosos, quando se trata apenas de um estado depressivo passageiro. Mas é um profissional no assunto quem deve dar o veredito.
Muitas famílias carregam um extenso histórico de depressão. O que comprova que muita coisa ainda precisa ser feita na busca de respostas mais precisas e abrangentes. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), cerca de 8% a 20% da população mundial passará, durante a vida, por algum episódio depressivo. O que representa um universo bem significativo, levando em conta os mais de sete bilhões de habitantes do planeta.
Confirmam especialistas que casos mais leves respondem bem à psicoterapia e a tratamentos homeopáticos e fitoterápicos. Tratamentos que podem, simultaneamente, estar associados ao método alopático. É necessário, porém, não confundir qualquer laivo de tristeza com depressão. Todos nós temos os nossos dias de mau humor, como se o mundo desmoronasse em derredor. De modo que nem sempre tristeza e depressão fazem parte do mesmo pacote. Confusão que vem banalizando o diagnóstico da doença. É fato, que a tristeza faz parte do rol dos sintomas depressivos. A diferença está em que ela tende a minorar com o tempo, enquanto o quadro depressivo apenas se agrava. Para a tristeza, o melhor tratamento é elaborar modos diferentes de sentir e viver a vida, jogando fora as mágoas e mudando comportamentos arraigados que nos engolem como plantas carnívoras.
Dicas de combate à depressão
- Alguns alimentos, consumidos diariamente, contribuem para a prevenção da depressão, pois são ricos em triptofano, aminoácido que leva à produção de serotonina, melhorando a qualidade do sono: leite, feijão, lentilha, soja e carnes. Aconselha-se tomar um copo de leite antes de deitar.
- A cafeína presente no café, chá e chocolate melhora o desempenho cerebral, mas deve ser consumida sem excesso: duas xícaras de café ou chá e um tablete de chocolate por dia.
- Recomenda-se a ingestão de ômega 3, encontrado nos peixes e, principalmente, no salmão. Ajuda a proteger o cérebro e o coração.
- A pessoa deprimida precisa produzir laços. A musicoterapia, a yoga, a acupuntura, a atividade física a pintura, a produção de objetos com argila, etc., podem produzir efeitos benéficos. Também é através das palavras, que a pessoa encontra as razões de seu sofrimento, tendo possibilidades de trabalhar saídas para si.
- A eficácia do extrato da erva-de-São-João, no combate à depressão, foi comprovado por experiências médicas, sendo superior a alguns medicamentos alopáticos. Seu extrato deve ser usado sob a orientação médica, pois há restrições em sua utilização, associada a outros antidepressivos, anticoagulantes e medicações para o emagrecimento.
Entendendo melhor a depressão
- Sintomas psicológicos: tristeza, ansiedade, angústia, baixa autoestima, medo do futuro, desesperança, pessimismo, apresenta, também, dificuldade de atenção, concentração e memória.
- Sintomas físicos: mal-estar, desânimo, cansaço, alterações do apetite, hipersonia, assim como dificuldade para adormecer e manter o sono.
- Níveis de depressão: leve, moderada e grave. A avaliação é feita de acordo com a intensidade dos sintomas e de quanto eles interferem na vida da pessoa.
- Tratamento: não se fala em “cura” para a depressão, porque não é definida a sua causa. É um transtorno recorrente, mas pode ser controlado, de modo que a pessoa possa retomar as suas atividades profissionais e sociais.
A Tristeza
É um tipo de estado de ânimo ou afetivo de conotação penosa e desagradável. Representa uma reação a diversas situações, como perdas e preocupações. Pode ser uma reação leve ou intensa e durar mais ou menos tempo, dependendo do valor afetivo da situação vivida, mas, geralmente, tende a regredir em algum tempo.
O tratamento medicamentoso deve ser mantido com a dose adequada (mesmo que os sintomas regridam em pouco tempo) por um tempo não inferior a 6 meses, para evitar recaídas. A sua retirada deve ser lentamente, sob a supervisão do psiquiatra e, se os sintomas retornarem, deve-se mantê-lo por mais algum tempo, até que a sua retirada não se associe mais com o retorno de sintomas.
Nota: Parábola da Melancolia – Domenico Fette
Fonte de pesquisa: Jornal Pampulha/ 29 a 4 de setembro de 2009
Médica: Sandra Cavalcante, presidente da Associação Mineira de Psiquiatria (AMP)
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