Autoria de Carlos Alberto Pimentel
Após viajar por este imenso país nos últimos 20 anos, de norte a sul e de leste a oeste, por mar, ar e terra, descobri o quanto eu amo a terra em que nasci. Só não conheço ainda o Amapá e o Tocantins. Conheci gente sofrida, mas hospitaleira e trabalhadora. Comi vatapá na Bahia e pato no tucupi no Pará. Churrasco na campanha Gaúcha e o tambaqui grelhado no restaurante da Bia, às margens do Rio Negro, em Manaus. Naveguei pelo Rio Negro, encantado com o boto cor de rosa e sentindo-me pequeno frente à imensa e bela Floresta Amazônica.
Já estive em 14 países e já trabalhei em dois, mas como seria se eu desistisse do Brasil? Como seria não ouvir o gorjeio das nossas aves, ver de perto a beleza das nossas matas e seus bichos, como o canto melancólico do sabiá? Deixar os meus amigos? Perder todos os vínculos de quase sete décadas de vida.
Algum leitor desatento, talvez, poderia entender esse meu lamento como uma patriotada. Não me importo. Descobri que, com raízes muito profundas fincadas aqui, não posso desistir do Brasil. Descobri que não posso desistir de minha pátria principalmente depois de uma experiência em viagem recente à terra dos pais da minha avó paterna: a Suíça.
Uma comerciante de Zurique, ao perceber o meu sotaque, quis saber de onde eu vinha. Ao saber, fez alguns comentários sobre o que lera nos jornais locais que me atingiram em cheio. Um dardo no coração! Imediatamente comecei a defender o meu Brasil – embora, infelizmente, muito do que ouvia era a mais pura verdade. Até aquele momento, pensava que o meu DNA fosse uma mistura: 50 % helvético e 50 % lusitano. Estava totalmente errado! Meu DNA é 100% brasileiro! Mais uma razão pela qual não consigo desistir do Brasil.
Apesar de ser bombardeado diariamente pela mídia com más notícias: corrupção, doentes em corredores de hospitais sofrendo, criminalidade crescente, governantes ladrões, etc., não posso desistir do Brasil. Já vivi no exterior por meses sem falar o Português – a sensação foi como comer todos os dias uma comida sem tempero! Que língua maravilhosa a nossa! Leva tanto sentimento. Saudade! O vínculo de gratidão ao outro ao dizer obrigado! Ela nos une nos quatro cantos desse imenso país, com regionalismos deliciosos. Meus amigos lá de fora ficam encantados quando a ouvem.
Muitos compatriotas mais jovens e qualificados estão desistindo do Brasil. Indo embora. Não os culpo. Eles têm razão de sobra. Foram os que mais sofreram com as canalhices dos maus políticos e maus empresários. Psicopatas e canalhas. Entretanto, as minhas raízes são muito profundas e, mesmo se quisesse, não poderia deixar o Brasil. Assim, só me resta lutar para mudar o meu país e, um dia, nele morrer. Não podemos mais deixar o Brasil ser estraçalhado nas mãos desses canalhas e psicopatas.
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Querido primo
Concordo com você. Mas parece que vai melhorar! Hoje, por exemplo, o TJ Mineiro decretou a prisão de um antes intocável membro do PSDB. Mas você tem razão quando menciona o materialismo como um grande problema da humanidade.
Querido Primo
Já sou muito idoso para permitir-me pensar em desistir ou não ter esperanças. Sempre fui romântico no sentido de fugir sempre da realidade. Sonhar é preciso, penso. Então, sempre estarei com meu país, cantando e sonhando tão lindamente na Aquarela do Brasil, de Ary Barroso. E ainda nos ideais maravilhosos de Taiguara, na poesia mais patriota de Gonçalves Dias, a Canção do Exílio. Ah, verdes mares bravios de minha terra natal, batendo forte no coração romântico de José de Alencar!
Agora, a corrupção é um dos instrumentos da desonestidade, máxime da sonegação, a mais terrível. É evidente que um povo culto, onde a educação é forte, a corrupção que se dobra à sonegação é mais difícil de ser encontrada. A corrupção pode acontecer em qualquer lugar, mesmo em um povo culto, mas que não tenha a base ética suficiente para manter a honestidade como um dos valores mais importantes. Exemplo disto é a crise internacional, iniciada em 2008, que ainda vivenciamos, mesmo em recuperação, onde banqueiros americanos, principalmente, lesaram o povo americano e os de quase todo o mundo. E eles não são iletrados.
Penso que o materialismo de hoje está destruindo quase tudo. E isto acontece, querido primo, em todo o mundo. Nos velhos tempos, os valores humanos eram outros. Tínhamos falhas, erros, o bem e o mal se digladiando. Acho que em todos os tempos isto aconteceu. No entanto, era um mundo muito melhor para se viver, pois havia muito mais amor, solidariedade, compaixão, amizade. E é através destes valores humanos que espero que meu Brasil trilhe, principalmente com a solidariedade e a compaixão, frutos do amor, que poderá nos permitir ter um país mais homogêneo, principalmente na cultura, educação e saúde.
Tenho esperança que possamos crescer, mas que o trigo floresça muito mais que o joio, que a humildade seja destacada e mostrada como um valor extraordinário, que o altruísmo abrace muitos corações, que o amor vença o ódio, a violência e a crueldade implantada pelo materialismo de nossos dias. E que não só o Brasil seja uma esperança, também sonho com um mundo melhor. Dificilmente iremos vê-lo, mas, como você, nunca desistirei.
Carlos
Concordo com você, mas está muito difícil viver em nosso amado Brasil. Confesso que não sei onde iremos parar. Você se referiu à partida de nossos talentos para o exterior, o que é verdade e lamentável. Inúmeros pesquisadores têm deixado nosso país, assim como nossos jovens. Ando muito triste com tudo. Será que a “Fênix” renascerá deste caos? Que os céus tenham piedade de nós.
Feliz por tê-lo aqui!
Abraços,
Lu
Lu
Eu voltei por acreditar que todos estamos a favor do Brasil. Você sabe que temos os mesmos interesses na cultura e na sede de conhecimento e troca de idéias. Obrigado pelos comentários generosos e respeitosos – já que não é segredo que divergimos no campo político em alguns pontos. Sou liberal e, dentro das minhas inúmeras limitações, acredito no regime democrático, num estado mínimo e na livre iniciativa. Sectarismos, posições radicais e partidos políticos que se transformam em seitas – quer de direita ou de esquerda – só semeiam o ódio e a desconstrução de sociedades. A História está repleta de exemplos. Recomendo, nesse sentido, a leitura do livro “Sapiens – A Brief History of HumanKind” do genial historiador Dr. Noah Yuval Harari. Porém, de nenhuma maneira, isso afeta a admiração que nutro pela sua inteligência, pelo seu trabalho e luta em prol de uma vida melhor ao nosso povo e na diminuição das desigualdades.
Um grande abraço,
Carlos A. Pimentel
Carlos Alberto
Amo o Brasil que é uma terra maravilhosa, rica, alegre e feliz! Temos que enfrentar os desafios da corrupção, dos desvios de verbas da educação e da saúde e da segurança e do transporte público. A riqueza de um país é o seu povo. Povo educado, com saúde e trabalhador!
Chegaremos lá um dia, se Deus quiser!
Geraldo,
Obrigado e concordo plenamente contigo.
Abraços,