Friedrich – CAMINHANTE SOBRE UM MAR…

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Autoria de Lu Dias Carvalho

A arte é finita, finitos são o conhecimento e a capacidade de todos os artistas. (Caspar David Friedrich)

 Caspar David Friedrich foi um dos maiores pintores do sublime no paisagismo romântico. (Antony Mason)

 Fecha teu olho corpóreo para que possas antes ver tua pintura com o olho do espírito. Então traz para a luz do dia o que viste na escuridão, para que a obra possa repercutir nos outros de fora para dentro. (Friedrich)

O pintor e escritor romântico alemão Caspar David Friedrich (1774 – 1840) era filho de um fabricante de sabão e velas. Estudou com Jens Juel, dentre outros, na Academia de Copenhague. A seguir foi trabalhar em Dresden como pintor de cenografia, onde se tornou amigo de muitos pintores do movimento romântico alemão, entre os quais se encontravam Georg Friedrich Kersting e Carl Gustave Carus. Ali retomou a pintura em tela. Foi membro da Academia de Berlim e da de Dresden.

Friedrich apreciava pintar paisagens, contudo, sem se ater a uma construção objetiva das mesmas. Em vez de criar uma representação objetiva da natureza em seus trabalhos,  procurou inserir em suas obras pensamentos e percepções metafísicas experimentadas por ele – um artista contemplativo. É tido como o criador da pintura paisagística alemã. Nutria uma grande reverência pela natureza. Acreditava que ela era dona de um poder grandioso e generosamente permitia ao homem dela desfrutar, mas com reverência.

A composição intitulada Caminhante sobre um Mar de Bruma – também conhecida como Viajante Observa um Mar de Bruma ou Andarilho Acima da Névoa ou ainda Montanhista em uma Paisagem de Neblina – é uma obra-prima do artista contemplativo que gostava de retratar a dramaticidade da natureza. Esta pintura é tida como uma das obras mais representativas do Romantismo. Nos últimos dois séculos a imagem transformou-se num ícone cultural. Tem sido dito que sua pintura traz embutido em si um significado simbólico, embora esse esteja muitas vezes imperceptível. Baseando-se nesta concepção, a pintura acima poderia simbolizar a decaída da esperança na Europa em razão das guerras napoleônicas.

A solitária figura humana – ampliada no que diz respeito à cena – de costas para o observador, encontra-se em primeiro plano, observando a paisagem alpina que se desenrola à sua frente. Parte do céu está coberta por nuvens. Ao fundo, próximo ao horizonte, o céu começa a mostrar-se luminoso.

O homem está vestido com um casaco verde-escuro sobre uma camisa verde-claro e botas. Encontra-se de pé, ereto, sobre um monte de escuras rochas escarpadas. Seu olhar ultrapassa o mar de brumas para se fixar ao longe, onde se erguem montanhas azuladas, semicobertas pelo nevoeiro que começa a dissolver-se. Ele segura uma bengala, apoiada na rocha, com a mão direita. Seus cabelos dourados estão revoltos pelo vento.

Friedrich apresenta aqui uma constante em seu trabalho que era o ato de contrastar espaços próximos e distantes. Entre a figura humana e o distante pico ele criou um denso mar de névoa que deixa alguns rochedos sobressaírem-se aqui e acolá, repassando um clima de grande mistério e trazendo uma sensação de isolamento, perda e infinito. A presença do homem é paradoxal, pois ao mesmo tempo em que mostra seu domínio sobre a paisagem, também deixa claro a sua insignificância – como ser humano – em meio a ela. Ele parece reverenciar a natureza, mas também deixa impressa a sua solidão.

Ficha técnica
Ano: 1817/18
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 98,4 x 74,8 cm
Localização: Hamburguer Kunsthalle, Hamburgo, Alemanha

Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Ed. Könemann
Romantismo/ Editora Taschen
https://www.artsy.net/article/artsy-editorial-unraveling-mysteries-caspar-david-friedrichs-

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2 comentaram em “Friedrich – CAMINHANTE SOBRE UM MAR…

  1. Adevaldo Rodrigues

    Lu,

    Muito interessante a figura solitária apreciando a natureza, o que nos dá uma sensação de paz e leveza.

    Quando observamos a imensa natureza sentimos uma sensação de perda do infinito. A pintura mostra a sensibilidade do artista em sua essência estética da paisagem romântica.

    O que chamou mais minha atenção foi a figura mostrada no alto da montanha, semelhante a um alpinista.

    Um forte abraço,

    Devas

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Devas

      Eu acho esta pintura realmente icônica. Ao compararmos a figura no cume da montanha, vestida bem diferente dos alpinistas dos dias de hoje, parece-nos mesmo muito estranha.

      Também sinto esta sensação de vastidão do infinito, o que, consequentemente, reduz a nossa importância ao nos sentirmos inseridos nele.

      Abraços,

      Lu

      Responder

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