Autoria de Lu Dias Carvalho
O pintor italiano Gentile da Fabriano (c. 1370-1427), que tinha por nome verdadeiro o de Gentile di Niccoló di Giovanni Massi, sendo Fabriano o nome da cidade onde nascera, é tido como um dos mais importantes mestres do Gótico Tardio Italiano. Foi membro da guilda de São Lucas e também da guilda dos Físicos e Boticários. Recebeu influência do círculo artístico milanês e, possivelmente, do miniaturismo francês e holandês. Foi professor de Pisanello e Domenico Veneziano, dentre outros. O seu estilo era primoroso, caracterizado, sobretudo, pelo dourado, assim como pelos variados tons de cores de tratamentos de superfícies.
O políptico denominado Coroação da Virgem e Santos, também conhecido por Valle Romita, executado por Gentile, pressupõe-se que tinha como finalidade decorar o convento do Vale Romita, em Fabriano, pois não há nenhuma documentação escrita sobre sua origem. Em sua obra, trabalhada em ouro, que traz muita afinidade com o trabalho de Michelino da Besozzo, fica explícito o seu conhecimento de miniaturas e trabalhos gráficos. Trata-se de uma obra-prima, que hoje se encontra desmembrada, faltando a parte da crucificação, que ficava acima da cena da coroação. Não levando em conta as partes desaparecidas, o políptico conta com nove painéis, sendo o painel central o maior deles. Presume-se que tenha sido desmembrado no século XVIII.
A parte principal do políptico é o painel central, onde acontece a coroação da Virgem, suspensa no céu. Trajando um manto azul escuro, com a cabeça inclinada, Maria está sendo coroada por seu filho Jesus. Acima do par encontra-se Deus Pai, rodeado por inúmeros serafins, vistos como se estivessem em chamas. Entre a Virgem e Jesus vê-se uma pequena pomba, representando o Espírito Santo. Abaixo está um coro composto por oito anjos músicos.
Os painéis laterais, situados na parte inferior, trazem a figura dos santos, com seus corpos cobertos por uma elaborada roupagem. São Jerônimo usa uma vestimenta em vermelho, branco e ouro, assim como seu grande chapéu vermelho, seu atributo, e traz o modelo da igreja em suas mãos; São Francisco veste um hábito castanho, tem os pés nus, atributo de sua iconografia; São Domingos usa um manto preto e traz nas mãos um livro aberto e um lírio, enquanto Maria Madalena, que usa um vestido violeta e um manto avermelhado, traz na mão direita, equilibrado nas pontas dos dedos, um frasco de unguento, gravado em ouro, seu atributo. Os santos encontram-se de pé sobre um denso tapete de flores, e mostram-se em atitude contemplativa.
Os painéis superiores são menores e, por isso, os santos encontram-se sentados ou ajoelhados. À esquerda está São João Batista no deserto, e à direita vê-se São Francisco de Assis, recebendo os estigmas da Paixão de Cristo. Ambos encontram-se de perfil, ajoelhados em meio aos picos rochosos. São Tomás está sentado num ambiente exíguo, entre uma parede e uma porta, lendo seu livro de meditação. São Pedro, de joelhos, com o sangue a escorrer-lhe da cabeça, está sendo martirizado por um verdugo que faz cortes em sua cabeça. As cenas mostradas aqui são mais concretas, retratando episódios da vida dos santos.
Ficha técnica
Ano: c. 1400
Técnica: têmpera e ouro sobre madeira
Dimensões: 80 x 60 cm (painel central); 117 x 40 cm (painéis laterais); 60 x 40 (painéis superiores)
Localização: Museu de Brera, Milão, Itália
Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
http://www.arte.it/opera/polittico-di-val-romita-4669
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