Recontado por Lu Dias Carvalho
O oráculo estava sempre a mudar o destino dos humanos. E foi por isso que Laio, rei de Tebas, foi obrigado a abrir mão de seu filho recém-nascido, após ser advertido por um oráculo de que, caso esse viesse a crescer, tanto seu trono quanto sua vida correriam sério perigo. Diante de tal infortúnio, o rei delegou a um pastor a tarefa de matá-lo. Mas condoído por ter que dar cabo a um bebê, e também com medo de desobedecer a seu rei, o pobre homem amarrou a criança de cabeça para baixo numa árvore, e ali a deixou para que perecesse. Porém, um camponês encontrou-a e levou-a para seus amos, que a adotaram como filho, dando-lhe o nome de Édipo.
Muitos e muitos anos depois, já sendo Édipo um belo rapaz, o rei Laio, a caminho de Delfos, encontrando-se em seu carro, acompanhado por um de seus escravos, deparou-se com o rapaz, também em seu carro, na mesmíssima estrada. Esse se recusou a ceder o caminho ao rei, tendo por isso um dos cavalos morto pelo escravo. Revoltado, Édipo acabou matando o rei e o servo que o seguia, cumprindo-se a profecia do oráculo.
Poucos anos após tal acontecimento, Tebas viu-se sob o poder de um terrível monstro denominado Esfinge, metade leão (parte inferior) e metade mulher (parte superior), que era o terror dos viajantes, pois, do alto de um rochedo, obrigava todos a pararem, a fim de decifrar o enigma que lhes propunha. Quem respondesse seria salvo, e quem se desse mal seria morto. Nem é preciso dizer que todos pereciam. Ninguém mais queria ir a Tebas, tamanho era o amedrontamento dos viajores. Até que Édipo tomou para si a tarefa de dar fim à Esfinge, ainda que os relatos ouvidos fossem tenebrosos. E foi assim que, ao encontrá-la, ouviu o seu pérfido enigma:
– Qual é o animal que anda com quatro pés de manhã, com dois à tarde e com três à noite?
– É o homem, pois na infância ele engatinha, na juventude caminha ereto e na velhice, além dos dois pés, ainda usa um bastão. – respondeu-lhe prontamente o jovem Édipo.
Envergonhada, pois achava-se a tal, a Esfinge jogou-se do alto do rochedo, espatifando-se no chão. E Tebas passou a viver em paz. Em agradecimento, o povo da cidade proclamou Édipo como rei, dando-lhe a mão da rainha Jocasta, que ficara viúva com a morte do rei Laio, em casório. Portanto, o jovem herói não apenas matou o pai, como acabou se casando com a própria mãe, por desconhecer sua origem. Sem culpa alguma.
Tempos depois, a cidade de Tebas viu-se novamente devastada por outro flagelo – a peste. E de novo houve uma consulta ao oráculo, que revelou a causa daquela desgraça: o rei Édipo havia cometido dois crimes abomináveis, ao matar o pai e casar-se com a mãe. Horrorizada, Jocasta matou-se, enquanto Édipo, desvairado, furou os próprios olhos e abandonou Tebas. Todos os que o amavam abandonaram-no, exceto suas filhas, que o acompanharam em sua cegueira. Mas os deuses apiedaram-se desse homem inocente, restituindo-lhe a visão, após longo tempo de caminhada.
Nota: Édipo e a Esfinge, obra de Gustave Moreau
Fontes de Pesquisa
Mitologia/ Thomas Bulfinch
Mitologia/ LM
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Olá, Lu!
Também adoro estas histórias cheias de significado. E já que o Mário se arriscou com Electra, deixo aqui minha sugestão: Prometeu.
Um grande abraço,
Déborah
Déborah
Eu também sou apaixonada pela mitologia de todos os povos, especialmente a dos gregos. Irei atender a todos vocês. Não deixe de ver também a parte de PINTURAS MITOLÓGICAS, em que conto a história da pintura, de acordo com a mitologia.
Muito obrigada pela sua presença e comentário.
Grande abraço,
Lu
Lu Dias
Belo “reconto”. Aguardo ansiosamente o de Electra.
Abração
Mário Mendonça
Mário
Estou me deliciando ao pesquisar sobre a mitologia clássica. Não resta dúvida de que muitos mitos ainda virão. Também criei uma nova categoria denominada PINTURAS MITOLÓGICAS.
Abraços,
Lu