Recontado por Lu Dias Carvalho
O jovem Narciso (Valentim) era conhecido por sua formosura assim como pelo seu orgulho. Era filho do deus-rio Cefiso e da ninfa Liríope. Ao nascer, o advinho Tirésias, pressagiou que ele viveria muitos anos, mas se jamais conhecesse sua própria figura.
Narciso era tão consciente de sua beleza, que dela fizera uma arma que não tardaria a voltar contra si mesmo. Nenhuma ninfa ou humana atraía-o, por isso, ele preferia permanecer na sua própria companhia. Seu coração era empedernindo em relação ao amor.
A ninfa Eco, favorita de Diana, foi uma das que se apaixonaram por Narciso, sendo prontamente ignorada. Revoltadas com o seu desdém, as ninfas dirigiram-se aos deuses para pedir-lhes que fizesse com que ele viesse um dia a conhecer o amor, ou seja, sofrer pela mesma causa que fazia os outros sofrerem. A deusa da vingança não tardou em executar o pedido das ninfas. O vaidoso não tardaria por esperar.
Certo dia, Narciso passou por um local do bosque, desconhecido para ele, bastante cansado, por ter se dedicado muito tempo à caça. Encontrava-se encalorado e sedento. A pouco passos de si, encontrava-se uma fonte cristalina, como nunca vira antes. Debruçou-se sobre ela, a fim de matar a sede. Mas que surpresa! Ali estava um ser da mais exuberante beleza. Ele logo imaginou se tratar do espírito das águas, que ali morava. Não conseguia tirar os olhos daquela visão, que não era outra senão a sua. Caiu de amores por si mesmo. Ao tentar beijar e abraçar sua imagem, ela fugiu com o farfalhar das águas. Ele aguardou calmamente seu retorno. Assim que as águas tranquilizaram-se, ela reapareceu. Ali ficou Narciso a mirá-la, enamorado.
Narciso, impregnado pela intensidade de suas emoções, dirigiu-se à imagem, perguntando-lhe o porquê de tamanho desdém para com ele, quando as ninfas morriam de amores por ele. Queria saber também por que ela repetia todos os seus gestos, mas fugia quando ele tentava tocá-la. Enquanto falava, suas lágrimas despencaram como uma torrente sobre a água, turvando-a e fazendo desaparecer a imagem, deixando-o enlouquecido de paixão. A ninfa Eco a tudo acompanhava, tristemente, sem nada poder fazer.
Depois de dias e dias ali na margem da fonte, sem comer ou beber, o jovem e belo Narciso foi definhando, definhando até morrer. As ninfas choraram tamanha beleza perdida. Preparam os ritos funerários para ele, mas não mais encontraram seu corpo. No lugar estava uma flor roxa, ladeada por folhas brancas, que tem seu nome e preserva sua memória.
Nota: Eco e Narciso, obra de J. W. Waterhouse
Fontes de pesquisa
Mitologia/ Thomas Bulfinch
Mitologia/ LM
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